sábado, março 07, 2009

Ruth Doris Lemos na história do IBAD

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher de 2009
O Blog Olhar Cristão decidiu destacar a força da grande dama do IBAD
Missionária Ruth Doris Lemos

O casal: Irmã Doris e o Pastor João Kolenda Lemos

Por João Cruzué - em 1988

O IBAD é um seminário que gera simpatias no Brasil, na América do Sul, Europa e África. Sua história pioneira remonta ao final da década de 50, em que falar de criação de um instituto bíblico, era algo inadmissível para a IEAD. Hoje, graças a Deus, por isso, não comvém lembrar detalhes do passado. Parafraseando o Pastor Hidekazu Takayama, ex-aluno do IBAD "Para quem tem uma chamada de Deus, cada ano no IBAD representa cinco anos de experiência.

Para falar sobre o IBAD, irmão Gil Araújo e eu fomos até Pindamonhangaba (março de 1988) entrevistar a Missionária e Pastora Ruth Doris Lemos, esposa do Pastor João Kolenda Lemos, na chácara sede do Instituto. O casal Kolenda Lemos são os fundadores do INSTITUTO BÍBLICO DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS – IBAD, criado em 1958, com o objetivo de ser um referencial de ensino da palavra de Deus e moldagem de vidas aos jovens chamados para serviço do Senhor.

Irmã Doris, como é conhecida entre os alunos, nasceu nos Estados Unidos da América em uma pequena cidade do Wisconsin – mesmo estado de origem do saudoso missionário Lawrence Olson. Ela estudou teologia no Instituto Bíblico dos Grandes Lagos, e é ministra do Evangelho há 30 anos no Distrito Norte do estado da Califórnia.

O casal se conheceu nos EUA, casaram-se, e em 1951 vieram para o Brasil. A princípio trabalharam juntos na CPAD; ele como tesoureiro e ajudando na área de literatura; ela com literatura infantil, embora conhecesse muito pouco de português. Em 1955, foi ao ar pela primeira vez o programa “ Voz das Assembléias de Deus” dirigido pelo missionário Lawrence Olson. Os Kolenda ajudavam tanto na produção do programa e irmã Doris acompanhava os hinos com um órgão litúrgico. Em 1956 foram para os EUA, retornando no ano seguinte.

A semente do que viria ser o IBAD brotou entre 1956/1957. As coisas começavam a acontecer. O irmão João Kolenda Lemos deixou a CPAD e iniciou um árduo trabalho de tradução de livros, manuscritos e outras literaturas para a língua portuguesa preparando material para um instituto bíblico. Este trabalho durou um ano e meio, aproximadamente.

O Coração do casal Kolenda Lemos agora batia mais forte. A visão de Deus eles possuíam, a literatura já estava traduzida – mas onde começar?

"Mudamos para São Paulo em 1958. Nosso sonho era abrir a escola na Capital, porém todas as portas estavam fechadas para nós. Não encontramos nenhum apoio da Igreja para abrir o instituto. Tentamos por seis meses, mas não deu certo" – relata irmã Doris.

"Então decidimos procurar por uma cidade em um raio de 200 km ao redor da cidade de São Paulo. Nada. Naquela época, pastoreava a IEAD de Pindamonhangaba o saudoso Pastor João Joaquim de Oliveira, grande mestre do ensino da palavra de Deus, em todo Brasil. Ele tinha tudo para ser contra a idéia, mas entre todos os pastores em São Paulo foi o único que pensava diferente. Ele foi favorável e deu-nos um incentivo que nunca nos esquecemos.

'Olha irmãos, é muito oportuna a idéia de se abrir um Instituto de Ensino Bíblico permante; quanto maior for o número de jovens que passar a estudar a palavra de Deus, melhor. Eles precisam de um curso em um internato onde possam preparar suas vidas para o ministério da igreja. Sou 100% a favor da idéia.'

Deus colocara a visão de um instituto bíblico no coração do jovem João Kolenda Lemos quando fazia o bacharelado em teologia no Instituto Bíblico Central das Assembléias de Deus americana, em Springfield, no estado do Misouri. Certa ocasião, quando ele estava no 2º ano do curso, assentado em um banco da capela ele contemplava cerca de 1.000 alunos que estudavam consigo. Ele pensou: “Como são privilegiados, esses jovens, e talvez nem saibam disso”. Foi naquele momento que Deus deu-lhe a visão e o Espírito falou audível em seu coração – “Foi justamente por esta razão, que Eu o trouxe aqui!”

"Mudamos para Pindamonhangaba com o coração cheio de esperança, mas com os bolsos completamente vazios. Não estávamos ligados a nenhuma missão que provesse nosso sustento. A família, de vez em quando nos ajudava. Iniciamos o IBAD em uma casa duplex onde hoje fica o Lyons Club. Morávamos de um lado, e no outro funcionava o Internato. Começamos com quatro alunos, dois paulistas e dois do Estado de Minas. Quando vieram estudar conosco dois casais, cedemos nossa casa e fomos morar em outro local. Para ajudar no sustento do IBAD e também nas despesas do lar a Irmã Doris lecionava inglês na Faculdade de Taubaté e em cursos particulares."

A Faculdade eram bastante “puxada”. Eu começava a dar aulas às 07:00 e terminavam no turno da noite às 23:00h. Com o salário ganho, dava para custear o aluguel das três casas – recorda irmã Doris.

Depois de um ano naquele endereço, Deus nos mostrou a sede atual – uma chácara dentro da cidade de Pindamonhangaba. A história da compra desta chácara aconteceu assim: Sempre tivemos visitas para nossos cultos matutinos. Naquele ano, 1959, João começou a anunciar nos cultos que se alguém soubesse de alguma propriedade que estivesse à venda, reportasse a ele, porque nós queríamos mudar para uma sede própria. Foi dessa maneira que veio a resposta.

Certo irmão, soube de uma chácara, bem próxima ao Centro da cidade que estava à venda. Fomos visitar a propriedade e ficamos deslumbrados. Sabíamos que Deus tinha preparado aquele lugar para nós, mas as finanças nos traziam incertezas. O preço, em 1959, girava em torno de USD7,800 Dólares; as condições eram: 50% em seis meses ( 25% a cada trimestre) e o restante em sete anos. Ganhávamos apenas cerca de USD200. Dólares por mês – como conseguríamos dois mil Dólares em três meses?

Escrevi para meu Pai, José, nos EUA. No dia que ele recebeu minha carta, ele tinha acabado de receber USD2,200 Dólares de bônus de final de ano para reposição de estoques – ele era criador de galinhas e perus. Deus tocou em seu coração e ele destinou dois mil dólares para os 25% da entrada da chácara, e por isso fechamos o negócio. Neste ponto da entrevista, irmã Dóris ficou muito emocionada.

Papai apresentou nossa necessidade a duas Igrejas americanas locais e eles nos ajudaram a pagar os outros 25% da entrada ao final dos seis meses. Ao final, graças a inflação brasileira, depois de sete anos o custo total da propriedade ficou em USD5,780 Dólares. Papai, hoje, mora na glória, mas foi ele que se privou financeiramente para que o sonho da sede própria do IBAD se concretizasse, além de comunicar com as igrejas que visitava sobre nossos compromissos e necessidades. Em 2009 o IBAD vai completar seu jubileu de ouro, com certeza com muita alegria, desde já, estendemos um convite especial a todos os ex-alunos para celebrar com júbilo os 50 anos do primeiro Instituto Bíblico das Assembléias de Deus no Brasil."

Entrevista feita por João Cruzué para o Jornal Arauto Cristão em 1988.

Dedicatória: à Irmâ Doris o meu carinho e o reconhecimento de que a senhora foi muito importante em minha vida, quando convidou-me, em 1988, para dar uma palestra sobre edição de jornais evangélicos a uma classe de estudantes do Instituto. Na ocasião tive a oportunidade conhecer e almoçar com seu esposo, o Pastor João Kolenda Lemos, no refeitório do IBAD. Aquele convite deu relevância ao meu trabalho jornalístico.

Coral Ibad

Ainda não terminou. Agora ouça o Coral do IBAD pela ocasião da Comemoração de seu Jubileu de Ouro. Na Regência ela, Irmã Doris: Coral do Ibad .

.

.

3 comentários:

Cristian Mesquita disse...

Justa homenagem a matriarca dos ibadianos.

Em outubro de 2008 foi comemorado o Jubileu de Ouro do Ibad e tive o prazer de participar. Foi muito bom reencontrar o casal Dorris/João Kolenda Lemos, os atuais diretores, amigos...

Gravei um vídeo da apresentação especial do Coral do Ibad:
http://www.youtube.com/watch?v=T7sM6O5WbmQ

daladier.blogspot.com disse...

Para todos os efeitos, ela é ou não uma pastora? Só falta o crachá. Só nãover quem não quer!

hcgalvao disse...

Homenagem elegante.