É muito apreciada no meio evangélico, a conversa do Rei Assuero com Hamã, o Superintendente do Reino da Pérsia, sobre o que deve se devia fazer com o homem de cuja honra o Rei se agradava. Este assunto bem humorado nos lembra a rasteira que o esperto superintendente levou do Rei. Mas, afora o bom humor, há algo muito mais profundo na questão que nos mostra o trabalhar contínuo de Deus na vida do crente para prepará-lo, para o dia das grandes bênçãos.
Levar vantagem às custas dos outros, é fato rotineiro na vida da gente, e até muito apreciado por esta geração. A Lei de Gerson. O malandro e o otário. O pianista e o carregador de piano. O que anda com sinceridade diante de Deus, mas que sempre está por baixo, e irmão esperto e o ímpio nadando de braçada no oceano de bênçãos.
Ansiedade. Murmuração. Desânimo. Injustiça. Nenhuma destas quatro coisas se vê no livro de Ester com relação a Mordecai. Ele fez bem ao Rei, mas foi outro que levou a honra, sem ter feito nada. Quando o Hamã, o Primeiro Ministro, passava, todo joelho se dobrava. Menos o de Mordecai, o homem certo, momentaneamente no lugar errado.
E depois de certo tempo por cima da "carne seca", Hamã e sua mulher teceram planos para pendurar o pescoço do judeu em uma trave muito alta. Nesse ponto Deus, que aparentemente estava distante, deixou de acompanhar e partiu para a ação.
De noite fugiu o sono do Rei Assuero. E ele sentiu um desejo de reler o Livro de Crônicas do reino. E ao pegar o Livro, abriu aleatoriamente um página, e lá estava o registro da boa ação de Mordecai.
--Que honra e distinção recebeu este homem por seu feito? Perguntou o Rei.
--Coisa nenhuma se lhe fez! Responderam seus assistentes.
E nesse exato momento Hamã entrou no pátio, com o propósito de pedir o pescoço de Mordecai.
E o Rei Assuero perguntou-lhe: Que se fará ao homem de cuja honra o Rei se agrada?
E o Superintendente Hamã, cheio de presunção e interesse respondeu:
Tragam a veste real que o rei costuma vestir, como também o cavalo em que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe a coroa real na sua cabeça. E entregue-se a veste e o cavalo à mão de um dos príncipes mais nobres do rei, e vistam delas aquele homem a quem o rei deseja honrar; e levem-no a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!
Então, disse o Rei a Hamã: Apressa-te, toma a veste e o cavalo, como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está assentado à porta do rei; e coisa nenhuma omitas de tudo quanto disseste.
E Hamã tomou a veste e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!
Deus não se agrada de qualquer oração. E tem oração, que é tudo, menos oração. Murmuração.
O que é murmuração e que resultados ela traz? Imagine a seguinte situação:
1. Mardoqueu ou Mordecai vai e fica de ouvido atento aos planos de assassinato do Rei. Depois corre até os ouvidos das pessoas mais íntimas dele e delata aqueles planos. O Rei é salvo, e na semana seguinte chama para ser seu primeiro ministro uma pessoa interesseira.
2. Frustrado, Mordecai vai para casa e começa a orar. Senhor, como pode se esquecer de mim desta maneira. Fui eu quem livrou o Rei de ser assassinado, e agora em vez de honra, não aconteceu nada. E para piorar, o Senhor deixou o Rei honrar um sujeito ímpio, que nunca fez nada para ele. Da próxima vez que ouvir algum plano, eu fico na minha e que se dane o Rei!
Mas não foi isso que aconteceu. A Bíblia não fala que Mardoqueu deu um pio contra Deus. Em tempos atuais, em que os protestos e manifestações estão em alta, Mordecai foi protestar sozinho no pátio do Rei. Tendo sido mal interpretado, levou um pito da Rainha Ester. Reagiu e disse com muita franqueza que a Rainha estava sendo omissa! Fez bem, o que tinha de fazer. Fez certo a coisa certa.
Deus mudou a sorte de Mardoqueu porque ele não era um murmurador. Em Ester 4:1 está dito qual foi sua reação diante de Deus. Ele rasgou suas vestes, se vestiu de saco de cinza, e foi andando e clamando com grande clamor pelo meio da cidade. Luto, jejum, lamentação e saco de cinza.
No tempo certo, o impostor ficou sem o pescoço e o justo foi colocado em seu lugar. Isto nos mostra que nem sempre o caminho pela terra dos filisteus é o melhor caminho para se chegar em Canaã. Ou, que o caminho mais fácil e o mais curto é o caminho para se chegar à presença de Deus. Foi assim com Abraão, Jacó, Moisés e Davi.
Não murmure. Não fique ansioso. Continue com as mãos nos remos. Continue segurando o arado. Quando chegar o dia em que seus adversários se reunirem para pedir o seu pescoço, a mão de Deus vai se levantar e colocar o seu pé sobre o pescoço deles.
É assim que Deus faz com o homem ou a mulher de cujo coração Ele se agrada!
Ô glória!!!