terça-feira, junho 11, 2019

Fernando Henrique Cardoso e o Valor das Igrejas Evangélicas




Evangelização ao ar-livre
JOÃO CRUZUÉ

Em recente entrevista dada ao jornalista Anchieta Filho da Rádio Jovem Pan, o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso surpreendeu a todos com esta pergunta: "Porque existe um crescimento tão grande de certas denominações pentecostais? E responde: Porque elas formam uma rede de solidariedade, o país está precisando disso. 

E ele continuou: Essa é uma constatação preciosa, esse crescimento das igrejas evangélicas só acontece porque elas contribuem de forma importante para mudar e disciplinar a vida das pessoas, tornando-as melhor. Porque se expandiria tanto uma coisa que lhes faria mal? 

O comentário sobre o assunto está em Opinião  escrito por Reinaldo de Azevedo no portal da Jovem Pan.

Quero dar início ao meu comentário dizendo que o ex-presidente sempre bem recebido entre os pentecostais, e deles recebeu muitas orações, principalmente por ter sido o homem abençoado por Deus (embora ateu) para debelar a inflação que literalmente devorava o salário do pobre qual uma praga de gafanhotos. O Plano Real implantado em 1994, teve como seu  principal articulador político o Ministro da Economia, que mais tarde veio a ser candidato e Presidente do Brasil por duas vezes.

O Presidente Cardoso nesta entrevista tocou no ponto: As igrejas pentecostais formam uma rede de solidariedade. E testemunho que está solidariedade é harmoniosa em todo Estados da federação. E quando alguém vai e fala de Jesus e um ouvinte dá lugar àquela Palavra de Deus, há uma transformação de vida. O que era desprezível, começa a ter utilidade. A disciplina que o Presidente fala é a DOUTRINA. Palavra que é ensinada na maioria das Igrejas Pentecostais, o famoso Culto de Doutrina que bem conhecemos, por exemplo, da Igreja Assembleia de Deus. Ali é insculpido, gota a gota, a palavra que muda o caráter de uma vida, qual uma gota de água batendo sobre uma pedra. Devagar e serenamente a Palavra de Deus vai incrustando valor ao que nada valia para a sociedade.

Quando, por exemplo, um alcoólatra aceita Jesus, o SENHOR o liberta do vício. Quebra a força maligna do gosto da bebida em sua boca. E, agora, deixando de beber, leva o seu salário integralmente para a sua família. A obra é feita pelo Espírito Santo, através de esforço de um crente que vai até onde está o bêbado para lhe falar de Jesus. E o mesmo Espírito é o agente que liberta o ladrão do pecado de roubar. E ele deixa de roubar e passa a trabalhar para seu sustento e para o sustento dos seus. E estas mudanças são VALORES que são lapidados pela PALAVRA de DEUS apregoada dentro de uma comunidade pentecostal.

E o presidente se admira de ver como o número dos crentes crescem em todo Brasil. Em pesquisas minhas publicadas sobre população evangélica, trago a informação de que a média aritmética deste crescimento ANUAL  de 1960 a 2010 é uma taxa de 5,7%, sendo de 4,91% a média anual da última década. E ele se admira este crescimento porque é justificado pela introdução de um valor social na vida do cidadão.

FHC conclui o assunto, perguntando: Por que se expandiria tanto uma coisa que lhes faria mal? Ou traduzindo em miúdos: Por que se fala tanto mal das Igrejas Pentecostais e elas continuam com um crescimento firme e constante?  Como sociólogo ele bem sabe que ninguém vai atrás de uma coisa que lhe dê prejuízo, que lhe desanime ou deprecie.

E meu comentário sobre este ponto é o seguinte:  Há um rótulo de ladrão atirado sobre os Pastores Evangélicos. E muitos deles, reconheço, ainda não foram quebrados para reaprender a viver com simplicidade. Mas 99,99% desses pastores são homens honrados, determinados, solidários, bons ensinadores da palavra de Deus, e bons lapidadores de almas. Eles conseguem adicionar valor a quem não tinha nenhum. E nisto, o presidente está certo: ninguém continua indo a uma Igreja, se de lá não estiver vindo resultados, o que chamamos de BENÇÃOS. Eu sei que do dia da prestação de contas a JESUS, está escrito que muitos pastores também irão para o inferno por torpe ganância e exploração de ovelhas. O sucesso de um pastor nunca foi nem será  garantia de que Deus se agrada do caráter dele.

Em tempos em que o crack e a cocaína deterioram a sociedade brasileira, onde mais estes agrilhoados pelas drogas vão buscar socorro, senão de Deus através de um crente amoroso ou na porta da Casa de Deus. A política não tem respostas para isto. Os programas que são implantados não atendem nem 1% das reais necessidades. A resposta para um dependente de crack, de cocaína ou de qualquer outra miséria está na Palavra de Deus. Disse Jesus: Vinde a mim todos vós que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo [maneira santa de viver] e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e encontrarei alívio para vossas almas.

Sei que o ex-presidente estava falando de política, economia, eleição, mas seus olhos de oitenta e poucos anos ainda estão atentos. Um povo só vai para frente quando mantém altos valores dentro de suas famílias. E o melhor lugar para se aprender  a ter valor é dentro de uma Igreja. Não é a Igreja que muda a pessoa, mas a Palavra de Deus que ela apregoa, esta sim, tem a semente da transformação.

Diante desta palavra de encorajamento (indireto) de nosso ex-presidente, que não é outra coisa senão uma das formas de Deus falar conosco, e ele fala até  pela boca de um ateu (com todo respeito) o que devemos fazer, a não ser continuar nossa rede de solidariedade. Muitos a desconhecem, mas ela funciona muito bem desde Roraima até o Rio Grande do Sul. Ninguém pode estar vendo nem sabendo daquela alma perdida que você levou para Jesus. Até na Igreja, podem pensar que ela levantou a mão para Deus porque foi parar na Igreja sozinha.  Você e eu sabemos que isto não é verdade. Foi fruto de oração, interação, paciência e muito amor de Deus.

E por fim quero alertar para mais um fato. Esta rede de solidariedade já foi maior no passado. Hoje, muitos já se esqueceram do lugar de onde vieram, e já não têm mais o primeiro amor de ir até as periferias, favelas, hospitais e cidades pobres para para uma dívida de gratidão, ou seja: se alguém veio até você para falar do amor de Deus, agora, você também deve ir para fazer a mesma coisa. Se você hoje tem um curso superior, concluiu uma pós-graduação, um mestrado, ou até um doutorado, lembre-se de que a mão do SENHOR é que trouxe prosperidade a sua vida. E, sendo assim, ensine também os seus queridos. Diga-lhes de onde veio, porque veio e como veio. Mantenha  cheia de valores a sua família. A alegria do SENHOR é a nossa força. E quando estamos fazendo aquilo que o SENHOR determina, o ESPÍRITO SANTO se alegra, e sua alegria é estampado no sorriso de nosso rosto. E quando não estamos fazendo o que DEUS determina para que fizéssemos, se olharmos nosso rosto no espelho, vamos ver que ele perdeu o brilho do contentamento.

Deus abençoe o  nosso ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso.











sábado, junho 01, 2019

A voz de Deus e a voz do diabo no Livro de Jó

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Jó, ladeado por Zofar (E), Bildade, Elifaz e Eliú (D)
João Cruzué

Fiz algumas anotações a partir do capítulo 31 do Livro de Jó, disposto a entender o longo discurso do jovem Eliú. Durante este tempo de meditação, comecei a perceber a grande fragilidade da justiça humana perante a justiça de Deus. É com muito gosto que desejo compartilhar meus achados com você, e o principal deles é que nada tenho feito daquilo que poderia planejar para fazer e isto me preocupa.

No capítulo 31, Jó colocou diante dos próprios olhos o caráter  de uma vida inteira. Aqui ele passou em revista as principais regras sociais e morais de um crente em JEOVÁ da sua época: O cuidado com o olhar, e a vigilância atenta contra os enganos de um coração que poderia se inclinar para o adultério à porta da casa do próximo. O zelo pelos direitos trabalhistas dos servos, o negar de um desejo de comida dos pobres, ou uma palavra não, diante dos olhos de uma viúva aflita. O prazer de um bom prato, sem a menor lembrança da necessidade daquele órfão. A indiferença diante da nudez e a não preocupação com aqueles que estão no relento nos dias de frio.

Mas, nada encontrou.

E, continuava Jó fazendo um check-list do compliance sobre a lista de normas de comportamento e da moral de sua época. A análise da qualidade de seu cobertor de pele de cordeiro diante da cobertura de frio de um desamparado. Jó procurou nos recônditos de sua memória se algum dia enxotou de sua porta alguém que veio lhe pedir um auxílio. Depois avaliou o comportamento do seu coração diante do ouro e do celeiro de uma grande fazenda. Examinou se seu coração não andou adorando o sol e a lua, desprezando o Deus Todo Poderoso. 

Mas, nada encontrou.

Jó também procurou em sua vida encontrar um momento onde se alegrou com a desgraça de algum inimigo seu, e se gargalhou quando o mal atingiu a casa de seus adversários. Checou nas anotações da sua memória se por ventura, algum dia, deixou de dar pousada ao estrangeiro e ao estranho que passava a noite na rua. Considerou também se não caiu no pecado de Adão, que pecou,  se escondeu, e pois a culpa em Deus por lhe ter dado aquela mulher. E por fim considerou se havia comido do começo da colheita do produtor prometendo pagar no futuro, sem nunca ter pagado e entristecendo com isto a alma de quem trabalhou.

Mas, no seu coração nada encontrou de injustiça, e assim termina o capítulo 31.

Nos capítulos 32 até o 37, um novo personagem aparece: o jovem Eliú, falando, repreendendo e acusando a Jó Durante seis capítulos inteiros. Falou mais que os quatro capítulos de Elifaz, o mais velho dos amigos de Jó. Mais que os três capítulos de Bildade e mais que os dois capítulos de Zofar. Eliú comparou a sua língua a um odre novo cheio de mosto pronto para estourar.

O curioso é que as palavras de Eliú, na maioria das vezes passam pelo terreno da sabedoria e, subitamente ele aparece dizendo coisas desta natureza: Os grandes não são os sábios nem os velhos entendem o que é reto. Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso os faz entendidosMinha intuição diz que ele estava sendo muito presunçoso. Nas entrelinhas, estava dizendo que ele era inspirado pelo Todo Poderoso, por isto era mais sábio que a sabedoria dos três amigos de Jó.

Disse mais à frente para Jó que fora Deus quem o havia derrubado e não homem algum. Ao falar assim, ficou notório que a inspiração de Deus que dizia ter era falha. Neste ponto, mora um grande perigo: de sermos seguidores de falsos líderes religiosos. Durante 90% dos discursos dos "eliús" nós ouvimos obviedades acacianas. Nos 10% restantes, que não estamos atentos vem o fermento maligno que pode nos desviar do caminho. Se Eliú fosse de fato inspirado por Deus, saberia que não fora Deus quem derrubara Jó, mas o diabo. A presunção de Eliú o levou à soberba - o dono da verdade. A soberba é um pecado mortal.

No capítulo 34;11, Eliú voltou a bater na mesma tecla dos três amigos de Jó - sobre a lei moral da semeadura: "Porque, segundo a obra do homem, Ele lhe paga; e faz que cada um ache segundo o seu caminho". E continuou Eliú nos vv. 35 e 36: "Jó falou sem ciência, e às suas palavras falta prudência. Pai meu! Provado seja Jó até o fim, pelas suas respostas de homens malignos"

No capítulo 38, Deus aparece falando com Jó. Não houve resposta de Jó para Eliú. Também não há mais menção dele nos capítulos restantes do livro. Deus ficou irado com o comportamento e as palavras do três amigos de Jó, todavia, nem citou o nome de Eliú. Muito interessante! Foi o que mais falou e nada ouviu como réplica. A única resposta que encontrei foi esta: Quando alguém diz que fala pelo Espírito de Deus sem que isto seja verdade, seu coração está morto no engano, que teve origem na presunção e na soberba.

Quanto a Jó, depois dos conselhos misturados com agressões gratuitas, alcançou a graça de Deus. O Deus Todo-Poderoso, primeiro, confrontou a ciência de Jó no capítulo 39. E Jó descobriu que sabia muito pouco das obras da criação de Deus. Mas, Deus não disse a Jó nem uma palavra sobre sua situação miserável. Também não comunicou a Jó que fora o diabo o agente causador de tudo. 

No capítulo 40, Jó experimentou que sua justiça pessoal era como nada diante da glória de Deus: "Eis que sou vil, que te responderia eu? A minha mão ponho na minha boca"E Deus continuou falando das grandezas de sua criação. E Deus foi crescendo em profundidade  e altura diante dos olhos de Jó.

No capítulo 42, Jó se humilha e diz: "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido". Entretanto, é nos versículos 5 e 6 que Jó chega a consciência da sua nano justiça  diante da incomensurável justiça de Deus: "Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza".

E foi assim que depois de ter perdido todo seu patrimônio, enterrado todos seus filhos, adoecido e ferido em carne viva por uma doença desconhecida, sofrido a ação de uma terrível lavagem cerebral e de ter ouvido a falsa sabedoria de um jovem presunçoso, que Jó teve um encontro com Deus. O Deus Todo-Poderoso que ele conhecia de ouvidos, se tornou visível diante de seus olhos. E quando Jó ficou diante da presença de Deus, ele teve a exata medida da justiça humana: um nada, diante da santidade de Deus.

Em nenhum momento Deus julgou necessário dizer a Jó que por trás de todas aquelas desgraças estava um diabo invejoso. Se tivesse feito isso, Jó poderia ter se transformado em um caçador de demônios e perderia todo o seu tempo com  foco apenas em demônios e deixando as coisas mais importantes por fazer. Como não dissera nada, Jó nada soube a não ser que deveria orar por  três amigos enrascados.  

Depois disso, Deus virou o cativeiro de Jó. Ele teve uma nova família com  sete filhos e três filhas e um patrimônio dobrado. E para não começar do zero, Deus tocou no coração de todos os parentes e conhecidos que foram até sua casa com presentes de valor para se alegrarem com Jó.

Final: Deus ainda não apareceu diante dos meus olhos. Talvez isto nunca aconteça. Mas, já estou bem ciente de que por mais santo e justo que eu seja, não vou conseguir ficar de pé ou vivo diante da presença Dele.