"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro [nem com coelhos ou ovos de chocolate] que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo". 1 Pedro 1:18-19.
A Europa não quer mais saber de Jesus. O berço do protestantismo enfastiou-se da fé, e Cristo já não mais provoca nenhuma paixão entre eles. Estão literalmente frios na fé. Do continente que antes fazia arder o mundo com Luther, Wesley, Spurgeon, Carey, os missionários suecos e outros tantos, restaran apenas cinzas. Darwin é mais reverenciado por lá que Jesus Cristo. Alguém profanou ali o cristianismo, e desconfio que são os mesmos que, de escândalo em escândalo, também tem vem tornando o nome de Cristo repugnante diante dos perdidos no Brasil.
Deixando essas coisas de lado, quero aproveitar os dias que antecedem esta Páscoa de 2009 para falar sobre um assunto já muito conhecido de ouvir falar, mas completamente desconhecido de ver, de presenciar ao vivo.
Eu já sabia que o Centro de São Paulo tinha muitos moradores de ruas, principalmente crianças. Eu os vi em grupos recentemente. Puxando a memória, trabalhei muitos anos ali na década de 80, e, recentemente, voltei a fazê-lo - na mesma região. A cracolândia mudou de lugar. Há quase dois meses vejo "famílias" de moradores de ruas, grupos de adolescentes literalmente morando no centro. Tem um grupo que "mora" e dorme nos bancos do começo da Ladeira da Memória. Outro muito maior está na Rua 7 de Abril. Lá pelas 10:00h do dia ainda estão dormindo na calçada ao lado do prédio da Telefonica. Há outro que fica no viaduto Maria Paula. Todos dias, os caminhões pipa da prefeitura lavam merdas e xixis em todos estes lugares. Quando passo ao lado dessas pessoas e percebo que todas são usuários de cracks, colas e coisas piores, eu sinto uma dor muito grande em ver situação tão difícil que nem autoridades nem a Igreja têm conseguido resolver.
Mas, o que muito me perturbou o espírito aconteceu hoje, quando subia a Ladeira da Memória, às 09:00h da manhã, em direção ao trabalho. Uma criança de uns nove anos, debruçada sobre os joelhos, aspirava crack com um canudo de plástico grosso. Eu me senti o mais inútil dos crentes. Olhei, vi, entendi e clamei: Jesus Cristo! E fiz uma oração íntima por ela. Sabe o que é estar diante de uma pessoa que está sendo destruída por um processo diabólico e não ter nenhuma ordem de Deus dizendo - faça isto? Um sentimento de impotência. Eu ainda sigo alguns princípios de orientação espiritual e não me adianto sem ordens de Deus. Pelo jeito não somente eu, mas todos os crentes que andam pelo Centro de São Paulo.
Lionel Richie fez sucesso nos anos 80 com uma canção chamada "Jesus is Love". Eu gosto dela por causa da letra e da sequência de acordes do piano, mas ao mesmo tempo sinto muita tristeza quando a ouço, pois sua letra diz mais ou menos isto: Pai, ajuda suas crianças, não as deixe caídas pela beira da estrada... Esta canção traz a minha memória os vários grupos de crianças das ruas do Centro de São Paulo, que antes eu conhecia por ouvir falar, mas hoje vejo com meus próprios olhos. Eu e mais de um milhão de pessoas que passam todo dia pelos mesmos lugares.
Por que estas crianças se transformaram em moradores de ruas? Por que dormem nas calçadas debaixo de caixas de papelão? Eu presumo que elas vieram de lares desfeitos onde o diabo começou um processo de destruição, transformando crianças em lixo humano. Uma "máquina" maligna de processar e destruir seres humanos. Um processo que escandaliza, choca, mas com o passar do tempo insensibiliza a sociedade enquanto se perpetua. Não há dinheiro que faça trazer de volta suas famílias. Deixando para trás as consequências, creio que são produtos de lares onde faltava tudo: emprego, o pão, dignidade, respeito, amor, esperança. O mínimo. E por outro lado sobrou: fome, surras, ódio, brigas, estupros e expulsões. Depois de terem chorado a última lágrima, secaram os olhos e foram procurar na rua, no crack, na cola de sapateiro, o sono para escapar dos pesadelos da lucidez. É uma vergonha para mim, e para todo cidadão brasileira presenciar essas coisas. Vergonha, sim! Um país com um PIB de um trilhão de doláres, com um presidente, 27 governadores, 513 deputados federais, 81 senadores, ministros, juízes e intelectuais, banqueiros, pastores, bispos, bilionários, milionários, religiosos - todos nós somos, uns mais, outros menos, os sacerdotes e levidas da parábola do "Bom Samaritano".
Que os olhos de todos estejam voltados para a família. Se ela cair, cai a Igreja, cai a escola, cai a sociedade. O alicerce do lar ainda é o amor de um homem e de uma mulher. O equilíbrio da sociedade vem disso. Por que estas mazelas se multiplicam e afrontam a todos nós em pleno terceiro milênio? Porque há um processo diabólico a caminho uma cupinização dos alicerces da família. Filhos concebidos fora de um casamento formal; a banalização do amor verdadeiro e uma sociedade excessivamente erotizada, a prevalência do prazer sobre o amor, e como resultado seres humanos gerados e criados em condições piores que a de animais.
Que nesta Páscoa nos lembremos que Deus, na pessoa do Espírito Santo cuidou para que Jesus tivesse uma família e um lar formado por uma mãe e um pai. Que ele cresceu amado e aos doze anos já sabia ler e conhecia as escrituras sagradas. É bem verdade que Ele não teve um berço para se deitar quando veio ao mundo, não teve propriedades, nem um sepulcro próprio quando se foi. Mas uma família ele teve.
Jesus é a nossa Páscoa. Ele curou leprosos, os moradores de rua da sua época, também é o único e poderoso recurso para derrotar e desfazer as obras do diabo que tem transformado pessoas em lixo pelas ruas da cidade em nossa época. "Paizinho Celestial, veja esta grave situação, por favor separe e comissione mais pessoas com o ministério de socorro, para atender aos moradores de rua da Cidade de São Paulo, porque os samaritanos que aqui trabalham, não têm conseguido resolver o problema e a sociedade paulista já se acostumou com ele.
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