Mostrando postagens com marcador Marina Silva. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Marina Silva. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, outubro 06, 2014

Leitura da votação de Marina Silva em 2014


Por João Cruzué

No primeiro turno das eleições de 2010, Marina Silva conquistou 19.636.359 votos, representando 19,33% dos sufrágios para o cargo de Presidente [1].  Na eleição presidencial de 2014 sua performance [2] alcançou 21,32% com cerca de 21.173.000 votos, ficando na terceira posição.  Em cima destes números vai ser feita nossa análise.

Em primeiro lugar não houve queda no potencial de conquista de votos da Senadora Marina Silva. Ele se manteve intacto e até cresceu um  pouco. As circunstâncias partidárias também foram idênticas: tanto no PV quando no PSB, Marina estava na "garupa" e não governava as rédeas. Neste sentido, sem uma estrutura partidária forte, é muito difícil ganhar uma eleição no Brasil. Somente Collor conseguiu isto, quando ocorreu o primeiro pleito democrático para Presidente.

A votação da Senadora poderia ser maior, se ela tivesse um pouco mais de experiência em eleições majoritárias, em que os apoios dados não podem ser recusados. Receber apoio, não significa, necessariamente, atender a pleitos patrimonialistas. Marina recusou-se a subir no mesmo palanque de Geraldo Alckmin e de outros candidatos de outros partidos. 

No começo do mês de setembro, um dos coordenadores da campanha do ex-governador Aécio Neves sugeri que se jogasse a toalha em favor de Marina, mas Aécio permaneceu convicto, deu-se muito bem no último debate (na Rede Globo) e conquistou muitos votos que eram da candidata.

Lula perdeu três  eleições para presidente: 1990, 1994 e 1998, para ganhar sua primeira, em 2002. Neste sentido, com uma estrutura partidária forte, a Senadora Marina Silva ainda é um nome muito forte para os próximos oito anos. Neste tempo poderá desenhar um sólido programa de governo sem os vacilos apresentados agora.

Quem na verdade perderam feio nestas eleições foram os institutos de pesquisa. "Nunca na história deste país" houve coisas tão inexplicáveis... Com a palavra o IBOPE  e o DATAFOLHA.







.




terça-feira, setembro 16, 2014

Quem é Wayne Madsen o cara do boato de Marina e George Soros & CIA




Por João Cruzué - em 16.09.2014.

O meio evangélico está agitado por uma onda de boatos, que nenhum jornal sério teve interesse em publicar, mas que na mídia menor está fazendo o maior barulho. Um tal jornalista chamado Wayne Madsen especulou que a CIA está por trás da morte de Eduardo Campos, e que a candidatíssima Marina Silva é marionete de George Soros. Ponto. Então, eu fui fazer uma pequena investigação de quem é este "cara".

O que eu encontrei, é autoexplicativo. Há um "monte" de outros boatos que este Wayne Madsen espalhou como "jornalista investigativo". Tá tudo na Wikipedia .

1. Ele afirmou que Barack Obam era gay e que tinha um caso com três políticos americanos: Artur Davis, Deval Patrick e Bill Fristy.

2. Falou em 2003 que o ataque de 9/11 foi uma ação organizada pela Arabia Saudita com o Governo Bush. Mais tarde em 2010, disse que o 9/11 foi uma operação levada a cabo pelo Mossad, órgão de inteligência de Israel.

3. Em 2003 falou para um jornal palestino, que centenas de cientistas iraquianos que já estavam mortos ou morreram durante a guerra, na verdade foram capturados por grupos do Mossad operando no Iraque.

4. Em 2009 disse que o vírus H1N2 que trouxe uma pandemia em 1990, foi criado em laboratório militar americano.

5. Em 2008 Madsen disse que um grupo de operações não identificado consegui encontrar a certidão de nascimento de  Barack Obama lá no Quênia. Com isto, provava que Obama não era americano e não podia ficar na presidência.

6. E mais umas trocentas afirmações envolvendo o Mossad, Cia, Barack Obama...

Resumindo: WM só pode ter um parafuso a menos, tem vários parafusos a menos ou só falta por uma melancia na cabeça para chamar mais atenção.

Agora, cada um acredita no que quiser. 

Para mim, a fama que o tal Wayne espalhou me diz que ele não tem a  mínima credibilidade. Falar que a Cia mandou matar Eduardo Campos e que George Soros está manipulando Marina é muita besteira junta. Aliás, é a soma de todas as besteiras que ele já disse.










domingo, agosto 31, 2014

A Bíblia e o sofisma da maldição da cor negra





POR JOÃO CRUZUÉ

Comentário inicial do blogueiro: A pele negra, os olhos e  cabelos negros têm tudo a ver com a Melanina. Isto pode ser explicado cientificamente e nunca foi consequência de  maldição divina. Esta conversa fiada de que a cor negra dos africanos é decorrência da maldição de Caim, no passado era fundamento para escravagistas e, hoje, preconceito consciente ou repeteco de "papagaios" ignorantes. Na mesma linha vem a maldição de Canaã, neto de Noé, nascida para encobrir a falha da outra ilação, pois, Caim não chegou ao dilúvio. 

Pesquisando a Bíblia, ao meu ver nunca houve esta associação. E quando aparentemente ela veio, parece que teve uma resposta dura de Deus.  É muito provável que a sedição de Miriã e Arão em Números 12:1 tenha tido origem na cor da pele da mulher  de Moisés, que era cuxita (etíope). Se assim foi, Deus não deixou isso sem castigo. A lepra de Miriã  a deixou branca como a neve. Teria este castigo alguma repreensão direta contra a manifestação de racismo?  Não há detalhes no texto, mas o contexto  traz grande  possibilidade  desta interpretação.

Alguns linguarudos ignorantes vivem repetindo que Noé amaldiçoou a descendência de Cã com a cor negra. Outros, mais linguarudos ainda, especulam que uma das noras de Noé era negra. De qualquer forma,  creio que esta difamação teve origem na hipocrisia dos protestantes (Batistas) americanos do começo do século XX, que andavam com a Bíblia na mão e o ódio aos negros no coração. Se não fora DEUS, comissionando o  Pastor Martin Luther King Jr., até hoje, os negros ainda estariam oficialmente debaixo da segregação na América.  


E este assunto besta foi desenterrado pela mídia em 2012 patrulhando o polêmico Deputado Federal, Pastor Marcos Feliciano - que para mim falava demais. Tenho uma curiosidade: gostaria de saber de que versão da Bíblia  seria a literatura deste texto apócrifo: “Você e todos os seus descendentes serão eternamente amaldiçoados, e para diferenciá-los dos demais lhes darei a cor negra, a cor das trevas e do eterno pecado”.  Distorção grosseira de Gênesis 9:25 que NUNCA relacionou a maldição com a cor da pele de Cã ou de Canaã.
(Fim do comentário inicial).

Veja agora o texto da "Revista Despertai" 
e, lá no final, vou deixar minha opinião com a verdadeira origem da raça negra.

REVISTA DESPERTAI/TORRE DE VIGIA
Edição;  22 março 1978

[FORAM OS NEGROS  AMALDIÇOADOS NA BÍBLIA?]


"MUITOS líderes religiosos respondem que “Sim”. Os clérigos Robert Jamieson, A. R. Fausset e David Brown, em seu comentário bíblico, asseveram: “Maldito seja Canaã [Gênesis 9:25] — esta maldição se tem cumprido na . . . escravização dos africanos, os descendentes de Can.” — Comentary, Critical and Explanatory, on the Whole Bible (Comentário, Crítico e Explicativo, de Toda a Bíblia).

Afirma-se que não só a escravização dos negros cumpria tal maldição bíblica, mas que sua cor preta também. Assim, muitos brancos foram levados a presumir que os negros são inferiores, e que Deus propôs que fossem servos dos brancos. Muitos negros ficaram amargurados pelo tratamento recebido, em resultado desta interpretação religiosa. Uma delas observa:

[agora, o Testemunho de uma vítima do preconceito]:

“Era o verão de 1951 quando eu, menina curiosa de 7 anos, sentei nos degraus da Primeira Igreja Batista em ‘Sheepshead Bay’, Brooklyn, e chorei. Tentara diligentemente esfregar a negritude de minha pele até ela sair, porque minhas coleguinhas brancas tinham comentado que era repulsiva. Esfregá-la com detergente Ajax apenas deixou uma mancha vermelha, inchada, que doía, quase tanto quanto meu coração infantil, quando comecei a ponderar por que um Deus de amor me tinha feito negra, a menos que não me amasse.

“Tinha ouvido dizer que isso era devido a uma maldição imposta por Deus à nossa raça. Mas, não conseguia entender ou compreender o que havíamos feito a Deus para merecer tal castigo. E acho, refletindo, que no fundo do coração eu sempre nutri um ressentimento particular contra Deus por me fazer negra e me colocar num mundo branco.

“Nos distúrbios esmagadores das zombarias e epítetos raciais de minhas coleguinhas, tais como: ‘Se é branca, é linda criança; se é morena, só nos dá pena; se negra é, aqui não ponha o pé’, surgiu uma condição marcada, em que comecei a ferver de raiva, especialmente diante de meninas brancas da minha idade.”

Que dizer dessa maldição bíblica? São negras as pessoas por causa duma maldição imposta por Deus a algum ancestral delas? E sofreram os negros séculos de escravidão em cumprimento desta maldição? Ensina realmente a Bíblia tais coisas? Vejamos. O relato bíblico em pauta reza:

“E [Noé] bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos os seus irmãos fora. . . . E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera. E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos. E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.” — Gên. 9:21-27, Tradução Almeida.

Tem-se afirmado que esta maldição bíblica marca os negros para a servidão perpétua. Com efeito, em 1838, o realizador duma cruzada anti-escravista, Theodore Weld, escreveu num tratado popular: A “profecia de Noé [supracitada] é o vade-mécum [companheiro constante] dos senhores de escravos, e eles jamais se aventuram a sair sem ele”. — The Bible Against Slavery (A Bíblia Contra a Escravidão), página 66.

Mas, primeiro de tudo, queira notar que nada se diz neste relato bíblico sobre alguém ser amaldiçoado com a negritude de pele. E, observe, também, que foi Canaã, e não seu pai Cã, que foi amaldiçoado. Canaã não tinha pele negra, nem seus descendentes, que se fixaram na terra que se tornou conhecida como Palestina. (Gên. 10:15-19) Os cananeus, com o tempo, foram subjugados pelos israelitas, descendentes de Sem, e, mais tarde, pela Medo-Pérsia, Grécia e Roma, descendentes de Jafé. Tal subjugação dos cananeus cumpriu a maldição profética sobre seu ancestral, Canaã. A maldição, assim, nada teve que ver com a raça negra.

De onde, então, proveio a raça negra? Dos outros filhos de Cã, Cus e, provavelmente, também de Pute, cujos descendentes se fixaram na África. Mas, como vimos, a Bíblia não diz absolutamente nada sobre os descendentes negros de tais homens serem amaldiçoados! Todavia, presumiu-se incorretamente que assim o foram. Quando é que os comentaristas eclesiásticos começaram a aplicar a maldição a Cã?

Um eclesiástico de uns 1.500 anos atrás, Ambrosiaster, aplicou-a assim, dizendo: “Devido à sua tolice, Cã, que tolamente zombou da nudez de seu pai, foi declarado escravo.” E John F. Maxwell observa em seu recente livro Slavery and the Catholic Church (A Escravidão e a Igreja Católica): “Este exemplo desastroso de exegese [explicação] fundamentalista continuou a ser usado por 1.400 anos e levou ao conceito amplamente expendido de que os negros africanos foram amaldiçoados por Deus.”

Até mesmo há uns cem anos atrás a Igreja Católica detinha o conceito de que os negros foram amaldiçoados por Deus. Maxwell explica que este conceito “aparentemente sobreviveu até 1873, quando o Papa Pio IX associou uma indulgência à oração em favor dos ‘desgraçados etíopes da África Central, para que o Deus Todo-poderoso remova inteiramente a maldição de Cã de seus corações’”.

Todavia, mesmo antes do começo da cristandade há mais de 1.500 anos atrás, sim, possivelmente mesmo antes de Jesus Cristo viver na terra, os rabinos judeus ensinavam uma estória sobre a origem da pele negra. Afirma a Encyclopœdia Judaica: “O descendente de Cã (Cus) tem pele negra como castigo por Cã ter tido relações sexuais na arca.”

“Estórias” similares foram inventadas nos tempos modernos. Os defensores da escravidão, tais como John Fletcher, de Luisiana, EUA, por exemplo, ensinavam que o pecado que motivou a maldição de Noé fora o casamento inter-racial. Afirmava que Caim fora assolado com a pele negra por matar seu irmão, Abel, e que Cã pecara por se casar com alguém da raça de Caim. É digno de nota, também, que Nathan Lord, presidente da Faculdade Dartmouth, no último século, atribuiu também a maldição de Noé sobre Canaã, parcialmente, ao “casamento misto proibido [de Cã] com a raça previamente iníqua e amaldiçoada de Caim”.

Mas, tais ensinos não têm nenhuma base na Bíblia. E houve gente, nos séculos passados, que mostravam que a maldição proferida por Noé estava sendo aplicada erroneamente aos negros. À guisa de exemplo, em junho de 1700, o Juiz Samuel Sewall, de Boston, EUA, explicou: “Pois Canaã é a pessoa amaldiçoada três vezes, sem se mencionar Cã. . . . Ao passo que os da raça negra [em inglês, Blackmores] não descendem de Canaã, mas de Cus.”

Também, em 1762, certo John Woolman publicou um tratado em que argumentava que a aplicação desta maldição bíblica, de forma a justificar a escravização de pessoas e privá-las de seus direitos naturais, “é uma suposição embrutecida demais para ser admitida pela mente de qualquer pessoa que sinceramente deseje ser governada por sólidos princípios”.

Imensos danos resultaram da aplicação errônea, por parte de eclesiásticos, desta maldição bíblica! A escravização dos negros africanos, e os maus tratos que lhes impuseram, desde os dias da escravidão, não podem de forma alguma ser justificados pela Bíblia. A verdade é: Os negros não são, e jamais foram, amaldiçoados por Deus!"


---fim---

Opinião do Blogueiro sobre a origem da raça negra:

Na minha vida de cristão  ouvi muitas vezes, sempre de pessoas iletradadas, que nem pensavam direito no que repercutiam, que a cor negra da pele era maldição de Caim. Sem ficar repetindo esse assunto, e indo direto ao ponto, a pessoa que ressuscita este tipo de  texto em pleno século XXI está procurando encrenca. 

A Genética, um ramo da verdadeira Ciência que trata, entre outras coisas, do estudo do DNA, genes, cromossomos, bases de ligação, já jogou luz suficiente neste assunto, para dar a entender a quem investiga a beleza da criação de Deus que este tipo de comentário não resiste à mais simples lógica científica. Se Caim ou Canaã foi amaldiçoado com a pele negra, como ficaria explicada a cor negra das aves, dos peixes e dos  animais? Será que somente o homem possui a cor da pele negra?

Se nós cristãos cremos pela fé que Deus criou o corpo do homem e da mulher, também devemos crer que Ele potencializou sua genética (DNA) para produzir filhos e filhas com diferentes cores de: pele, olhos e cabelos. A esta opinião devo acrescentar as Leis de Mendel, que tratam do estudo das características recessivas e dominantes transmitidas pela união de indivíduos diferentes da mesma espécie.

A pele negra, os olhos e  cabelos negros tem tudo a ver com  Melanina e nunca foi uma maldição divina. Sua origem é genética e tem perfeita explicação na Biologia. 

Pesquisando a Bíblia, é muito provável que a sedição de Miriã e Arão em Números 12:1 tenha tido origem na cor da pele da mulher  de Moisés, que era cuxita (etíope). Se assim foi, Deus não deixou isso barato. Se a lepra de Miriã  a deixou branca como a neve, teria este castigo alguma repreensão direta contra racismo?  Por que Deus escolheu um castigo que mudou a cor da pele de Miriã para um branco extremo? 

Bem, se em nossos dias alguém ainda fica falando ou citando abobrinhas racistas, principalmente nos púlpitos de Igrejas, talvez esteja mesmo procurando "lepra" para se coçar. Depois não  me venha com conversa de perseguição injusta por causa da fé... Pois em Provérbios 26:3 está escrito: "O açoite é para o cavalo, o freio é para o jumento, e a vara é para as costas dos tolos." 

Por fim, O Brasil segue firme no caminho da democracia. Da mesma forma que nos Estados Unidos um mestiço (de pai negro e mãe branca) tem sido Presidente há quase 08 anos, aqui,existe a possibilidade de a mesma coisa acontecer.







domingo, agosto 17, 2014

A hora e a vez de Marina Silva


João Cruzué

Uma coisa ficou bastante clara: tudo o que humanamente podia ser feito para melar a candidatura de Marina Silva, o PT fez. Deste há muito, quando foi preterida por Lula em favor de Dilma Rousseff, nossa atual Presidente. No começo do ano, o projeto da Rede Sustentabilidade foi zicado até naufragar. Depois, entre tantos que lhe ofereceram uma porta, ela e seus amigos foram parar no PSB, um partido em que ela ficaria em segundo plano. Era o sonho de consumo do PT. Por fim, estava previsto que ela embarcaria no mesmo avião de Eduardo Campos, pois ambos estavam no Rio. Ele embarcou sozinho e foi encontrar seu destino no Guarujá. Na última hora ela decidiu viajar para São Paulo em um avião de carreira, junto com seus assessores, provavelmente, porque não haveria espaço para todos no jatinho. Eu tenho uma dúvida, que somente vai ser esclarecida depois de novembro.

E minha dúvida é: por trás daquela senhora de coque assembleano, mas, paradoxalmente, gosta de usar colares de contas indígenas, há uma pessoa que tem um hábito disciplinado de praticar a ORAÇÃO ou tudo o que tem acontecido na vida dela não passa de simples coincidências? Se for mesmo uma mulher de oração, do tipo que mostra para Deus as vigarices e patifarias da baixa política brasileira, uma coisa pode acontecer: Se Deus ouvir as orações dela e tiver decidido que ela é o melhor para o Brasil nos próximos quatro anos, vai ser muito difícil lhe tirar a Presidência. Evidentemente, esta questão fica condicionada ao SE.

Um fato é inegável: ela está de volta e no centro das atenções da mídia e de sues adversários políticos. Nos últimos quatro anos, seu projeto político se era pequeno agora não é mais, pois teve tempo necessário para refletir e discutir. Por outro lado, a economia brasileira vai mal das pernas. Estes dois fatores conjugados podem tornar muito difícil  as pretensões de nossa atual Presidente.

De minha parte vejo as coisas da seguinte forma: O Brasil é um país com um enorme dívida social. A bolsa-família foi uma benção, mas ela já deu o que tinha de dar. É preciso de outras políticas para melhorar a renda das classes menos favorecidas. Vejo o enfoque na Educação um excelente começo. Marina sabe disso, porque veio de baixo. Em seu caminho, cresceu tanto espiritualmente como intelectualmente e politicamente.

Daqui a dois meses as urnas vão falar. Estou orando para que falem de acordo com a vontade de Deus.  No momento, peço ao Senhor que conforte a dor da  família Campos.







.




domingo, outubro 03, 2010

Marina Silva alcança 20% dos votos e tira vitória de Dilma

.


João Cruzué

A grande família evangélica brasileira se uniu em torno da candidatura de Marina Silva. Com cerca de 20% dos votos, hoje, 03 de outubro de 2010, ela deixou Dilma Roussef com água na boca forçando a realização do segundo turno no dia 31 de outubro próximo.

As pesquisas tanto do Ibope quanto do Datafolha não conseguiram mostrar a dinâmica do voto nesta última semana. A diferença foi muito grande, no caso de Marina de 13 para 19,51%. De 52% (Dilma) para 46%. Erraram feio.

O voto evangélico ficou dividido, mas a maioria dos crentes ficou com Marina, apesar das defecções das grandes lideranças dentro das Assembleias de Deus - Pastor Manoel Moreira - Ass. Deus Madureira, e do Pr.Silas Malafaia, os membros não seguiram suas orientações.

Irmã Marina Silva encantou a muita gente cristã e não cristã pela sua coerência, testemunho de vida e ausência de hipocrisia. Travou sua batalha de forma limpa e com muito esforço. Eu e minha casa ficamos muito satisfeitos com a performance desta senhora que não tem vergonha de usar a legítima pituca das mulheres assembleianas.

Ela não encantou somente a nós, evangélicos, mas também a muitos católicos da ala carismática. Diga-se com justiça, que a questão do plebiscito sobre aborto, questionado com estardalhaço pelo Pastor Silas Malafaia, são bandeiras do Partido Verde, que não é propriedade da candidata, há pouco tempo na casa.

Parabéns Irmã Marina, pelo testemunho que mostrou que a senhora não tem do que se envergonhar e nós, evangélicos, ficamos orgulhosos da sua postura cristã.






.

sábado, outubro 02, 2010

Jose Serra vai para o segundo turno


.
Serra e Dilma
.João Cruzué

Não posso afirmar hoje, sábado - 02.10.2010, o que as urnas ainda não contaram, isto seria antidemocrático, pois as urnas ainda não falaram. Mas a redução do número de indecisos depois dos dois últimos debates, apontam com muita força a direção de um segundo turno.

O voto evangélico, está mostrando seu peso no prato da balança nesta decisão. A consciência dos crentes está ainda viva com os ataques feitos à família, por políticos afinados das bandeiras do aborto, do casamento gay, PL 122 - que os blogueiros evangélicos vêm combatendo tenazmente. Prova disso é a subida da candidatura de Marina Silva nestas duas últimas semanas finais de campanha. O segundo turno vai acontecer, por causa dos votos dados pelos evangélicos à Marina.

Marina Silva, embora não seja perfeita, diga-se com muita justiça, que em nenhum momento usou da sua fé para garimpar votos em púlpitos e altares. Na reta final foi desprezada por dois pastores de peso da sua própria Igreja, A Assembleia de Deus. Mas eles desembarcaram sozinhos. O voto evangélico continua com Marina Silva, o que motivou uma convocação de líderes evangélicos,de última hora, feita pelo Presidente Lula,que percebeu a fuga dos crentes por causa da posição da candidata governista em favor do aborto. Para recuperar o terreno perdido, Dilma foi obrigada a mentir e dizer que não apoiava o aborto, muito pelo contrário, não obstante, etc.

As pesquisas eleitorais do Ibope e Datafolha feitas depois dos dois últimos debates, e divulgadas hoje, mostram que não há mais certeza de uma vitória no primeiro turno. Na minha opinião, e observando o viés de sangria das estatísticas publicadas, Marina pode receber 20% dos votos, Serra: 32%, os pequenos candidatos 2%, e Dilma ficaria com 46%. Segundo turno.

Resumindo, como é antidemocrático dizer antes da apuração de votos que vai haver segundo turno, vou dizer que, minha intuição sugere, com todo respeito, que teremos segundo turno, sim!

Isso vai ser muito bom. Quem comprou a Revista Veja hoje nas bancas, viu aquilo que o mundo inteiro está dizendo: O Brasil está realizando a pior campanha eleitoral para presidente de todos os tempos. Não há propostas, nem ideias, nem comprometimento que apaixone os eleitores. Só política de generalidades. Até uma campanha de sociedade amigos de bairro é bem mais excitante.

Quem sabe com o segundo turno, saia alguma proposta decente da toca do coelho. Marina Silva, mesmo não indo para o segundo turno, é a grande personagem destas eleições, pois em nenhum momento teve a máquina governamental a seu favor, nem usou de hipocrisia, nem mentiu sobre a questão do aborto para enganar os cristãos.

Que Deus abençoe com saúde, paciência e sabedoria o próximo presidente do Brasil a ser escolhido nas urnas pelo povo brasileiro.


SP - 02.10.2010, 21:48h.



quinta-feira, junho 03, 2010

Quando a diferença faz toda diferença

.

João Cruzué

Um grupo de dissidentes do Partido Verde liderado por Rose Lossaco rasgou as carteirinhas de filiação, indignado com a mudança do partido depois do lançamento da p
ré-candidatura da Senadora Marina Silva à Presidência do país.

"Sofremos um estupro ideológico. Com a entrada da senadora evangélica o PV abandonou as causas históricas do partido, como a legalização do aborto e a união civil dos homossexuais. "Ajudei a fundar o partido e não vou admitir que joguem seu programa no lixo por causa da crença de uma só pessoa" - reclamou a dissidente Rose Lossaco.


Para receber a senadora Marina o PV criaram uma cláusula de consciência que permite aos afiliados se opor a itens do Estatuto do partido por convicções religiosas.

O grupo dissidente liderado por Rose Lossaco promove nesta quinta-feira o primeiro encontro nacional em Belo Horizonte. Vai anunciar apoio a Dilma Rousseff, do PT porque Dilma apoiaria as causas (aborto, casamento gay...) que são renegadas pela Senadora Marina Silva.

O Partido Verde também teve outra baixa em protesto à pré-candidatura de Marina. Foi o presidente do grupo gay da Bahia, Marcelo Cerqueira, que trocou o PV pelo Partido dos Trabalhadores e a provável razão foi a recusa da Senadora Marina Silva de segurar a bandeira do arco-íris, o símbolo mundial do movimento LGTBS.

A Senadora Marina Silva é uma pessoa muito ética e consciente - ela não usa da sua fé para política, porque um representante político exerce seu mandato em benefício da população "como um todo" porque seu mandato é público, aliás como deve ser. Quem mais tem a ganhar com os efeitos de sua candidatura, depois de julho, será o próprio Partido Verde, porque o PV é apenas nacional, enquanto o currículo da Senadora Marina Silva tem reconhecimento mundial.

E a discriminação que vem recebendo (de alguns) dentro do próprio partido mostra que é definitivamente cristã, porque sua crença pessoal tem provoca do reações anti-cristãs.







sexta-feira, novembro 20, 2009

Biografia da Senadora Marina Silva

.
Marina Silva


Marina Silva está em seu segundo mandato no Senado Federal, com duração até 31 de janeiro de 2011. O primeiro mandato da senadora começou em fevereiro de 1995. De janeiro de 2003 a maio de 2008, ela esteve licenciada do Senado para assumir o Ministério do Meio Ambiente, de onde saiu no dia 13 de maio de 2008, retornando à Casa.

Eleita para o Senado pela primeira vez, aos 36 anos, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), como representante do Acre, Marina Silva foi a senadora mais jovem da história da República, e a mais votada no Estado, com 42,77% dos votos válidos. Derrubando velhos caciques da política regional e rompendo com uma antiga tradição no Acre pela qual só chegavam ao Senado ex-governadores ou grandes empresários.

Atualmente, Marina Silva participa como membro titular das comissões de Meio Ambiente, e de Constituição e Justiça e preside a Subcomissão Temporária - Fórum das Águas das Américas e Fórum Mundial das Águas. É suplente nas comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional, de Educação, Cultura e Esporte, de Direitos Humanos e Legislação Participativa, e de Assuntos Econômicos.

Entre as mais de 100 proposições apresentadas pela senadora, desde o primeiro mandato, destacam-se 54 projetos de lei, dentre eles, o texto propondo a criação do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal- FPE - para as unidades da Federação que abrigarem em seus territórios unidades de conservação da natureza e terras indígenas demarcadas.

Marina Silva também apresentou um projeto proibindo, por cinco anos, o plantio e a comercialização de alimentos contendo organismos geneticamente modificados (ogms) ou derivados, em todo o territorio nacional. Apresentou, ainda, projeto dispondo sobre os instrumentos de controle do acesso aos recursos genéticos do país.

Nos cinco anos do Governo Lula, Marina Silva optou por não fazer pirotecnia, mas trabalhar por políticas estruturantes, baseadas em quatro diretrizes básicas: maior participação e controle social; fortalecimento do sistema nacional de meio ambiente; transversalidade nas ações de Governo; e a promoção do desenvolvimento sustentável.

A ex-ministra sempre afirmou que fazia uma política de Governo. Para tanto, procurou imprimir na equipe do Governo Lula uma visão de trabalho integrado no tratamento das questões relacionadas com a proteção do meio ambiente. Foi assim, por exemplo, que o Governo passou a exigir dos aproveitamentos hidrelétricos a serem leiloados a obtenção da Licença Prévia, para que a viabilidade ambiental dos empreendimentos fosse avaliada antes da concessão para a exploração privada. Também baseado nessa diretriz, o Ministério, por intermédio do IBAMA, passou a ser ouvido prioritariamente antes da licitação dos blocos de petróleo e a variável ambiental começou a pontuar nas várias ações de Governo que envolviam o desenvolvimento sustentável.

Ministra do Meio Ambiente foi o primeiro cargo que Marina Silva exerceu no Executivo, a partir de janeiro de 2003. Convidada para continuar na equipe do segundo mandato do Presidente Lula, Marina Silva introduziu importantes reformas na estrutura do Ministério do Meio Ambiente. No primeiro mandato eram cinco secretarias, de Qualidade Ambiental, da Amazônia, de Biodiversidade e Florestas, de Desenvolvimento Sustentável e de Recursos Hídricos, que precisavam passar por mudanças.

A partir de 2007, o ministério começou a contar com uma nova estrutura, quando foi criada a Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental que, entre outras atribuições, cuidaria do tema que passou a dominar as preocupações no mundo, as mudanças do clima. A nova estrutura foi completada com as secretarias de Biodiversidade e Florestas, de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável e a de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental.

Ao lado dessas secretarias, também foi criado o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, uma autarquia com autonomia administrativa e financeira, para propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as unidades de conservação (UCs) federais, atividades que até então, eram desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A criação de uma autarquia específica para cuidar da gestão de unidades de conservação federais atendeu a uma reivindicação antiga do movimento ambientalista.

Antes, no primeiro mandato do governo Lula, já havia criado o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, para atuar na gestão florestas públicas federais e incentivar as praticas sustentáveis de atividades florestais, como o manejo florestal, o processamento de produtos florestais e a exploração de serviços florestais.

O IBAMA, reestruturado e fortalecido, pode melhor dedicar-se ao trabalho de execução dos processos de licenciamento ambiental, autorizações para uso sustentável dos recursos naturais, monitoramento e fiscalização de atividades predatórias.

Um novo formato para o sistema de licenciamento permitiu um aumento de 50% no total de licenciamentos ambientais entre 2003 e 2006, passando da média de 145 empreendimentos licenciados por ano para 220 licenciamentos de qualidade, com baixo grau de contestação judicial. Para que esses resultados pudessem ser obtidos, foram implementadas medidas de ordem estrutural. A antiga Coordenação Geral de Licenciamento Ambiental foi transformada em uma diretoria específica para o licenciamento, com três coordenações gerais: de empreendimentos de geração de energia hidrelétrica, de petróleo e gás e de transporte, mineração e obras civis.

Os recursos humanos para o licenciamento tiveram um tratamento especial. Em 2003, a equipe técnica da Coordenação-Geral era formada por sete servidores efetivos e 71 contratados temporariamente. Ao sair do MMA, Marina deixou na Diretoria de Licenciamento um quadro com 149 servidores efetivos e 31 temporários, num universo de 180 funcionários. Deixou, também, um sistema que disponibiliza na internet todas as informações relativas aos licenciamentos de competência do IBAMA, por meio do Sistema Informatizado de Licenciamento Ambiental (Sislic), como: relatórios de impacto ambiental, pareceres técnicos e editais de convocação de audiências públicas. Em quatro anos, o IBAMA concedeu licenças para 21 hidrelétricas, o que representa mais de 4.690 mw, todas sem judicialização.

O grande desafio que a ex-ministra encontrou em 2003 foi o crescimento acelerado do desmatamento da Amazônia. Quando o Governo Lula começou, o desmatamento estava em 27 mil quilômetros quadrados, a então ministra conseguiu levar o assunto para o centro de decisão do Governo com a criação pelo Presidente, em 2004, do Plano de Ação para Prevenção e o Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, reunindo 14 ministérios, coordenados pela Casa Civil, com a secretaria-executiva exercida pelo Ministério do Meio Ambiente. Em três anos, o desmatamento na Amazônia caiu para 11 mil e quinhentos quilômetros quadrados, uma redução de 57% na área desmatada.

O Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia implementou uma verdadeira revolução no modo de elaborar e implementar políticas públicas na Amazônia. Em primeiro lugar, porque acabou com a velha idéia de que desmatamento era problema da área ambiental e tornou todos os ministérios, sobretudo os da área do desenvolvimento, co-responsáveis com a busca e a implementação de políticas públicas que eliminassem os incentivos diretos e indiretos criados em várias dessas políticas setoriais.

O plano se baseou em três eixos: o combate às práticas ilegais, o ordenamento territorial e fundiário e o apoio às atividades produtivas e sustentáveis. No período em que Marina Silva esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente foi apreendido um milhão de metros cúbicos de madeira, presos mais de 700 criminosos, desmontadas mais de 1.500 empresas ilegais e inibidas 37 mil propriedades de grilagem. O trabalho do IBAMA contou com a ajuda da Polícia Federal, do Ministério da Defesa e do INCRA, setores que lidam com a agenda de combate a ilegalidades, no esforço de ampliação das ações de fiscalização e de inteligência.

Outro importante ganho estrutural foi à criação de 24 milhões de hectares de unidades de conservação (UCs) em áreas de fortíssima pressão da fronteira predatória, mudando procedimentos anteriores que criavam essas unidades em regiões remotas e de baixa pressão fundiária. Também foram homologados 10 milhões de hectares de áreas indígenas, além da criação dos distritos florestais sustentáveis, visando ao uso sustentável da madeira, com certificação e manejo florestal, para valorizar a floresta em pé.

O Plano também aperfeiçoou o sistema de monitoramento por satélite, criando o Sistema Deter, do INPE, (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que permite o monitoramento quase em tempo real e torna a ação fiscaliza tória mais eficiente. Tudo isso disponível na internet para que a sociedade brasileira possa acompanhar e fazer o constrangimento ético a todos os agentes envolvidos na solução ao problema, tanto governo como setor empresarial.

O esforço do governo para reduzir o desmatamento na Amazônia permitiu ao Brasil rever as restrições que vinha apresentando no âmbito da Convenção de Mudanças Climáticas, da ONU, para assumir metas internas de redução de emissão de gases de efeito estufa, uma vez que o desmatamento representa 75% de nossas emissões, segundo o último relatório de emissões realizado pelo País. Essa importante revisão de posicionamento da diplomacia brasileira aconteceu na 13ª Conferência das Partes (COP) da Convenção de Mudanças Climáticas, realizada em dezembro de 2007, em Bali, quando liderou o grupo de 22 países em desenvolvimento que passou a aceitar o estabelecimento de metas voluntárias que possam ser medidas, notificadas e verificadas.

Aquela posição também credenciou o País para lançar nessa mesma COP-13 o Fundo Amazônia, um projeto piloto de incentivo à redução de emissões de gases de efeito estufa devido a desmatamento de florestas tropicais. Esse fundo - já adotado no Brasil - se constituiria de doações voluntárias de países e empresas. Na ocasião, a Noruega já anunciou a decisão de apoiar o fundo brasileiro com a doação inicial de US$ 1 bilhão.

Antes mesmo da realização da COP-13, o Presidente Lula assinou decreto instituindo o Grupo de Trabalho Interministerial que elaborou o projeto de lei que estabelece a Política Nacional de Mudanças Climáticas – já encaminhado ao Congresso Nacional - e o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, colocado sob consulta pública para discussão pela sociedade.

No final de 2007, atendendo a proposições da então ministra, o Presidente Lula adotou novas e contundentes medidas para o combate ao desmatamento da Amazônia, diante de sinais de que as taxas poderiam voltar a crescer. Lista de municípios prioritários para ações preventivas para o controle dos desmatamentos, recadastramento de todos os imóveis rurais da região, embargo da produção agropecuária e de exploração madeireira nas áreas desmatadas ilegalmente e suspensão do crédito bancário para os ilegais foram algumas das medidas.

Às vésperas de sua saída do Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva propôs e o Presidente aprovou a criação de uma linha de crédito para recuperação da área de reserva legal com espécies nativas. Foi uma das várias medidas previstas na Operação Arco Verde, lançada no dia 5 de maio, junto com Plano Amazônia Sustentável –PAS – e concebida para oferecer estímulos e iniciar o processo de resgate das atividades agropecuárias e florestais da região para a legalidade e sustentabilidade.

Ainda no primeiro mandato do Presidente Lula, Marina Silva propôs e viu aprovada a Lei sobre Gestão de Florestas Públicas, que regulariza o uso sustentável das florestas públicas brasileiras, além de criar o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal. Quando saiu do Governo, a ex-ministra deixou o processo de licitação para a primeira concessão de exploração sustentável da floresta já em fase de avaliação das propostas.

No ministério do Meio Ambiente, Marina também encaminhou para a Presidência da República, entre outros, o anteprojeto de lei sobre Acesso a Recursos Genéticos, Conhecimentos Tradicionais e Repartição de Benefícios, assim como o projeto de lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em tramitação no Congresso Nacional.

O combate ao desmatamento da Amazônia, cujas florestas estão sob o olhar atento de todo o mundo, foi um grande desafio para a ex-ministra enquanto ela esteve à frente do MMA. Mas foi também na administração de Marina Silva que o Ministério do Meio Ambiente criou um espaço institucional para a discussão, elaboração e implementação de política para cada bioma brasileiro, ao lado da Amazônia: para a Caatinga, o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pampa, o Pantanal e para as Zonas Costeiras e Marinhas.

A vida política de Marina Silva começou em 1984, quando ela fundou a CUT no Acre, junto com Chico Mendes, ele coordenador, ela vice. Com a intensa atividade de Chico Mendes nos seringais de Xapuri, Marina assumia na maior parte do tempo a liderança do movimento sindical no Estado. E foi para ajudá-lo na candidatura a deputado estadual que Marina filiou-se ao PT em 1985, fazendo, nas eleições do ano seguinte, a dobradinha com o líder seringueiro e candidatando-se a deputada federal. Marina ficou entre os cinco candidatos mais votados no Estado, mas o PT não alcançou o quociente eleitoral e ela não conquistou a vaga para a Câmara Federal na Constituinte. Chico Mendes também não chegou à Assembléia Estadual.

Em 1988, foi eleita como a vereadora mais votada para a Câmara Municipal de Rio Branco e conquistou a única vaga da esquerda. Em dois anos de mandato como vereadora, Marina promoveu polêmicas que mudaram a política do Acre. Começou por devolver o dinheiro das gratificações, auxílio-moradia, e outras mordomias que os demais vereadores recebiam sem questionamento. Entrou com processo na justiça exigindo que todos fizessem o mesmo, mostrou nos jornais e na televisão o valor dos salários pagos aos vereadores, que a maioria da população desconhecia. Ganhou a oposição e até a ira dos adversários, mas recebeu uma solidariedade popular nunca antes destinada a nenhum político do Estado.

Em l990, candidatou-se a deputada estadual. Obteve novamente a maior votação. O PT e os partidos coligados elegeram três deputados estaduais e conseguiram colocar Jorge Viana, o candidato ao governo, no segundo turno das eleições. Marina não era mais uma voz solitária, transformara-se numa das lideranças de um movimento com grande força no Acre.

Uma pesquisa da Universidade do Acre, à época, mostrou que Marina teve a melhor atuação parlamentar entre os deputados estaduais naquele período. Campeã de tribuna, apartes, indicações e projetos, seu desempenho foi ainda mais surpreendente pelo fato de ter ficado mais de um ano afastada da Assembléia, por problemas de saúde. No final do primeiro ano de mandato, em uma viagem ao interior do Estado, passou mal e teve que ser trazida rapidamente para a capital e ser internada em um hospital. Começou um longo período de sofrimento, com seu estado de saúde agravando-se progressivamente sem que os médicos conseguissem detectar as causas.

Viajou para São Paulo, recorreu à ajuda de Lula, Telma de Souza, Genoíno e outros amigos do PT para conseguir um melhor tratamento e exames mais completos. Mas foi ela própria quem intuiu o diagnóstico: contaminação por metais. Os exames não detectavam isso e ninguém acreditava. Um dia, viu em uma revista o nome de um especialista no assunto e foi procurá-lo sozinha. Amostras de seu cabelo foram enviadas para um laboratório nos Estados Unidos e revelaram que sua suspeita era verdadeira: uma contaminação por metais pesados, provavelmente contraída nos tratamentos contra a leishmaniose, quando ainda vivia no seringal, havia progressivamente provocado prejuízos neurológicos e atingido vários de seus órgãos.

Um problema adicional: o tratamento não poderia ser iniciado imediatamente, pois Marina estava grávida de sua filha caçula, Mayara, que nasceria em meados de l992. Só depois do nascimento da filha, pode finalmente tomar os medicamentos capazes de combater a contaminação. Hoje, diz que recuperou "80 por cento" de suas capacidades, mais ainda vive sob uma rígida dieta da qual foram banidos os alimentos artificiais e toda espécie de enlatados. Mesmo assim, enfrentou estoicamente uma campanha para o Senado que exigiu freqüentes viagens por todo o Estado, de carro, avião, barco e até mesmo longos deslocamentos a pé.

Vencida a campanha, o passo seguinte era corresponder às grandes esperanças que o povo acreano depositava em sua atuação no Senado, que começou em 1995. Marina fez mais que isso: em pouco tempo tornou-se não apenas a principal voz da Amazônia, mas também uma importante referência na política nacional.

A história de vida de Marina Silva é povoada de grandes momentos. Mas ela nasceu em um ambiente simples. Numa colocação de seringa chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco. Hoje, o local é um projeto de assentamento de agricultores executado pelo INCRA, mas em 8 de fevereiro de l958, data de seu nascimento, não havia estradas e a longa viagem pelo rio tornava quase impossível qualquer assistência médica. As parteiras dos seringais "pegavam" as crianças e, com olho experiente, diagnosticavam se tinham ou não condições de "vingar" em meio à alta mortalidade infantil da floresta. Dos onze filhos de Pedro Augusto e Maria Augusta – pais de Marina Silva, três morreram ainda pequenos. Ela ficou sendo a segunda mais velha dos oito sobreviventes, sete mulheres e um homem.

A família baixou o rio para tentar a vida em Belém do Pará. Não deu certo. O pai trouxe todo mundo de volta ao seringal, fazendo uma enorme dívida com o patrão seringalista que pagou as despesas da viagem. As filhas foram o auxílio de que se valeu para pagar a dívida: Marina e as irmãs cortaram seringa, plantaram roçados, caçaram, pescaram, ajudaram a restabelecer as finanças e a estabilidade da família no seringal.

Escola não havia. Aos 14 anos Marina aprendeu a conhecer as horas no relógio e as quatro operações básicas da matemática para não ser enganada pelos regatões na venda da borracha. Aos 15 ficou órfã de mãe e, como a irmã mais velha havia casado, assumiu a chefia da casa e a criação dos irmãos mais novos. Mas aos 16 anos contraiu hepatite e teve que ir para a cidade, em busca de tratamento médico. Resolveu ficar, trabalhando como empregada doméstica, porque queria estudar. Tinha um sonho: ser freira. Havia aprendido com a avó as rezas e devoções da religião católica. Achava que na vida religiosa poderia formar seu caráter dentro da moralidade exigida pelas tradições dos nordestinos que povoaram os seringais da Amazônia, sendo seu pai um deles. Ao mesmo tempo, ficava fascinada pela possibilidade de estudar nas escolas da Igreja, que eram as melhores da região.

Começou a freqüentar as aulas do Mobral, depois o curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever. Foi morar com as freiras. Fez o supletivo de 1º grau. Matriculou-se no colegial, mas foi novamente no supletivo que obteve o diploma de 2º grau. Antes dos 20 anos, já se preparava para fazer o vestibular e entrar na universidade. A essa altura, já havia abandonado o sonho de ser freira. Freqüentando as reuniões das Comunidades Eclesiais de Base e aproximando-se dos grupos de teatro amador, percebeu que não aspirava à vida do convento, mas a ação no mundo. E que isso não representava nenhum prejuízo em suas convicções religiosas e morais. Nas lutas dos moradores de seu bairro, descobriu a política não-partidária dos movimentos sociais. Na escola, aproximou-se das lideranças do movimento estudantil.

Uma nova hepatite fez com que perdesse as provas do vestibular. Deixou o noivo Raimundo Souza esperando e pediu ajuda ao Bispo D. Moacir Grecchi para viajar a São Paulo em busca de tratamento. Quando voltou, o casamento adiou por mais um ano sua entrada na Universidade. Mas no ano seguinte, já grávida da primeira filha, iniciou o curso de História, que concluiu em quatro anos. Foi o padre João Carlos, da paróquia que freqüentava, quem sugeriu o nome hebraico Shalon para filha. Um ano depois, nasceu Danilo, nome colocado em homenagem a um amigo, artista plástico e companheiro do grupo de teatro.

Na universidade descobriu o marxismo. Entrou para o PRC, um dos vários grupos semi-clandestinos que atuavam na oposição ao regime militar. Começou a dar aulas de História e freqüentar as reuniões do movimento sindical dos professores. Casou-se duas vezes. Do segundo casamento, com Fabio Vaz de Lima, nasceram mais duas filhas: Moara e Mayara.

O horizonte de Marina Silva nunca parou de se alargar. Hoje, ao currículo onde reúne a experiência como professora de História, líder estudantil, sindical, vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do Meio Ambiente Marina está juntando um curso de pós-graduação em Psicopedagogia, que deverá concluir ainda em 2008 e acrescentará mais um campo de atuação na história dessa ex-seringueira que até os 16 anos pouca sabia da vida urbana, mas já conhecia a fundo os segredos da floresta.

A biografia de Marina Silva fez com que ela fosse escolhida pelo jornal britânico The Guardian, em 2007, uma das 50 pessoas em condições de ajudar salvar o planeta. Mas sua lista de premiações e reconhecimentos nacionais e internacionais é longa. Entre muitos outros, ela recebeu o prêmio "2007 Champions of the Earth", o maior prêmio concedido pelas Nações Unidas na área ambiental. No dia 29 de outubro de 2008, a senadora recebeu das mãos do príncipe Philip da Inglaterra, no palácio de Saint James. em Londres, a medalha Duque de Edimburgo, em reconhecimento à sua trajetória e luta em defesa da Amazônia brasileira - o prêmio mais importante concedido pela Rede WWF. Em junho de 2009 recebeu o prêmio Sophie, por seu trabalho em defesa do maio ambiente, oferecido pela fundação norueguesa Sophie, criada pelo escritor norueguês Jostein Gaarder, autor do best seller "O Mundo de Sofia".Marina Silva está em seu segundo mandato no Senado Federal, com duração até 31 de janeiro de 2011. O primeiro mandato da senadora começou em fevereiro de 1995. De janeiro de 2003 a maio de 2008, ela esteve licenciada do Senado para assumir o Ministério do Meio Ambiente, de onde saiu no dia 13 de maio de 2008, retornando à Casa.

Eleita para o Senado pela primeira vez, aos 36 anos, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), como representante do Acre, Marina Silva foi a senadora mais jovem da história da República, e a mais votada no Estado, com 42,77% dos votos válidos. Derrubando velhos caciques da política regional e rompendo com uma antiga tradição no Acre pela qual só chegavam ao Senado ex-governadores ou grandes empresários.

Atualmente, Marina Silva participa como membro titular das comissões de Meio Ambiente, e de Constituição e Justiça e preside a Subcomissão Temporária - Fórum das Águas das Américas e Fórum Mundial das Águas. É suplente nas comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional, de Educação, Cultura e Esporte, de Direitos Humanos e Legislação Participativa, e de Assuntos Econômicos.

Entre as mais de 100 proposições apresentadas pela senadora, desde o primeiro mandato, destacam-se 54 projetos de lei, dentre eles, o texto propondo a criação do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal- FPE - para as unidades da Federação que abrigarem em seus territórios unidades de conservação da natureza e terras indígenas demarcadas.

Marina Silva também apresentou um projeto proibindo, por cinco anos, o plantio e a comercialização de alimentos contendo organismos geneticamente modificados (ogms) ou derivados, em todo o territorio nacional. Apresentou, ainda, projeto dispondo sobre os instrumentos de controle do acesso aos recursos genéticos do país.

Nos cinco anos do Governo Lula, Marina Silva optou por não fazer pirotecnia, mas trabalhar por políticas estruturantes, baseadas em quatro diretrizes básicas: maior participação e controle social; fortalecimento do sistema nacional de meio ambiente; transversalidade nas ações de Governo; e a promoção do desenvolvimento sustentável.

A ex-ministra sempre afirmou que fazia uma política de Governo. Para tanto, procurou imprimir na equipe do Governo Lula uma visão de trabalho integrado no tratamento das questões relacionadas com a proteção do meio ambiente. Foi assim, por exemplo, que o Governo passou a exigir dos aproveitamentos hidrelétricos a serem leiloados a obtenção da Licença Prévia, para que a viabilidade ambiental dos empreendimentos fosse avaliada antes da concessão para a exploração privada. Também baseado nessa diretriz, o Ministério, por intermédio do IBAMA, passou a ser ouvido prioritariamente antes da licitação dos blocos de petróleo e a variável ambiental começou a pontuar nas várias ações de Governo que envolviam o desenvolvimento sustentável.

Ministra do Meio Ambiente foi o primeiro cargo que Marina Silva exerceu no Executivo, a partir de janeiro de 2003. Convidada para continuar na equipe do segundo mandato do Presidente Lula, Marina Silva introduziu importantes reformas na estrutura do Ministério do Meio Ambiente. No primeiro mandato eram cinco secretarias, de Qualidade Ambiental, da Amazônia, de Biodiversidade e Florestas, de Desenvolvimento Sustentável e de Recursos Hídricos, que precisavam passar por mudanças.

A partir de 2007, o ministério começou a contar com uma nova estrutura, quando foi criada a Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental que, entre outras atribuições, cuidaria do tema que passou a dominar as preocupações no mundo, as mudanças do clima. A nova estrutura foi completada com as secretarias de Biodiversidade e Florestas, de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável e a de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental.

Ao lado dessas secretarias, também foi criado o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, uma autarquia com autonomia administrativa e financeira, para propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as unidades de conservação (UCs) federais, atividades que até então, eram desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A criação de uma autarquia específica para cuidar da gestão de unidades de conservação federais atendeu a uma reivindicação antiga do movimento ambientalista.

Antes, no primeiro mandato do governo Lula, já havia criado o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, para atuar na gestão florestas públicas federais e incentivar as praticas sustentáveis de atividades florestais, como o manejo florestal, o processamento de produtos florestais e a exploração de serviços florestais.

O IBAMA, reestruturado e fortalecido, pode melhor dedicar-se ao trabalho de execução dos processos de licenciamento ambiental, autorizações para uso sustentável dos recursos naturais, monitoramento e fiscalização de atividades predatórias.

Um novo formato para o sistema de licenciamento permitiu um aumento de 50% no total de licenciamentos ambientais entre 2003 e 2006, passando da média de 145 empreendimentos licenciados por ano para 220 licenciamentos de qualidade, com baixo grau de contestação judicial. Para que esses resultados pudessem ser obtidos, foram implementadas medidas de ordem estrutural. A antiga Coordenação Geral de Licenciamento Ambiental foi transformada em uma diretoria específica para o licenciamento, com três coordenações gerais: de empreendimentos de geração de energia hidrelétrica, de petróleo e gás e de transporte, mineração e obras civis.

Os recursos humanos para o licenciamento tiveram um tratamento especial. Em 2003, a equipe técnica da Coordenação-Geral era formada por sete servidores efetivos e 71 contratados temporariamente. Ao sair do MMA, Marina deixou na Diretoria de Licenciamento um quadro com 149 servidores efetivos e 31 temporários, num universo de 180 funcionários. Deixou, também, um sistema que disponibiliza na internet todas as informações relativas aos licenciamentos de competência do IBAMA, por meio do Sistema Informatizado de Licenciamento Ambiental (Sislic), como: relatórios de impacto ambiental, pareceres técnicos e editais de convocação de audiências públicas. Em quatro anos, o IBAMA concedeu licenças para 21 hidrelétricas, o que representa mais de 4.690 mw, todas sem judicialização.

O grande desafio que a ex-ministra encontrou em 2003 foi o crescimento acelerado do desmatamento da Amazônia. Quando o Governo Lula começou, o desmatamento estava em 27 mil quilômetros quadrados, a então ministra conseguiu levar o assunto para o centro de decisão do Governo com a criação pelo Presidente, em 2004, do Plano de Ação para Prevenção e o Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, reunindo 14 ministérios, coordenados pela Casa Civil, com a secretaria-executiva exercida pelo Ministério do Meio Ambiente. Em três anos, o desmatamento na Amazônia caiu para 11 mil e quinhentos quilômetros quadrados, uma redução de 57% na área desmatada.

O Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia implementou uma verdadeira revolução no modo de elaborar e implementar políticas públicas na Amazônia. Em primeiro lugar, porque acabou com a velha idéia de que desmatamento era problema da área ambiental e tornou todos os ministérios, sobretudo os da área do desenvolvimento, co-responsáveis com a busca e a implementação de políticas públicas que eliminassem os incentivos diretos e indiretos criados em várias dessas políticas setoriais.

O plano se baseou em três eixos: o combate às práticas ilegais, o ordenamento territorial e fundiário e o apoio às atividades produtivas e sustentáveis. No período em que Marina Silva esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente foi apreendido um milhão de metros cúbicos de madeira, presos mais de 700 criminosos, desmontadas mais de 1.500 empresas ilegais e inibidas 37 mil propriedades de grilagem. O trabalho do IBAMA contou com a ajuda da Polícia Federal, do Ministério da Defesa e do INCRA, setores que lidam com a agenda de combate a ilegalidades, no esforço de ampliação das ações de fiscalização e de inteligência.

Outro importante ganho estrutural foi à criação de 24 milhões de hectares de unidades de conservação (UCs) em áreas de fortíssima pressão da fronteira predatória, mudando procedimentos anteriores que criavam essas unidades em regiões remotas e de baixa pressão fundiária. Também foram homologados 10 milhões de hectares de áreas indígenas, além da criação dos distritos florestais sustentáveis, visando ao uso sustentável da madeira, com certificação e manejo florestal, para valorizar a floresta em pé.

O Plano também aperfeiçoou o sistema de monitoramento por satélite, criando o Sistema Deter, do INPE, (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que permite o monitoramento quase em tempo real e torna a ação fiscaliza tória mais eficiente. Tudo isso disponível na internet para que a sociedade brasileira possa acompanhar e fazer o constrangimento ético a todos os agentes envolvidos na solução ao problema, tanto governo como setor empresarial.

O esforço do governo para reduzir o desmatamento na Amazônia permitiu ao Brasil rever as restrições que vinha apresentando no âmbito da Convenção de Mudanças Climáticas, da ONU, para assumir metas internas de redução de emissão de gases de efeito estufa, uma vez que o desmatamento representa 75% de nossas emissões, segundo o último relatório de emissões realizado pelo País. Essa importante revisão de posicionamento da diplomacia brasileira aconteceu na 13ª Conferência das Partes (COP) da Convenção de Mudanças Climáticas, realizada em dezembro de 2007, em Bali, quando liderou o grupo de 22 países em desenvolvimento que passou a aceitar o estabelecimento de metas voluntárias que possam ser medidas, notificadas e verificadas.

Aquela posição também credenciou o País para lançar nessa mesma COP-13 o Fundo Amazônia, um projeto piloto de incentivo à redução de emissões de gases de efeito estufa devido a desmatamento de florestas tropicais. Esse fundo - já adotado no Brasil - se constituiria de doações voluntárias de países e empresas. Na ocasião, a Noruega já anunciou a decisão de apoiar o fundo brasileiro com a doação inicial de US$ 1 bilhão.

Antes mesmo da realização da COP-13, o Presidente Lula assinou decreto instituindo o Grupo de Trabalho Interministerial que elaborou o projeto de lei que estabelece a Política Nacional de Mudanças Climáticas – já encaminhado ao Congresso Nacional - e o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, colocado sob consulta pública para discussão pela sociedade.

No final de 2007, atendendo a proposições da então ministra, o Presidente Lula adotou novas e contundentes medidas para o combate ao desmatamento da Amazônia, diante de sinais de que as taxas poderiam voltar a crescer. Lista de municípios prioritários para ações preventivas para o controle dos desmatamentos, recadastramento de todos os imóveis rurais da região, embargo da produção agropecuária e de exploração madeireira nas áreas desmatadas ilegalmente e suspensão do crédito bancário para os ilegais foram algumas das medidas.

Às vésperas de sua saída do Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva propôs e o Presidente aprovou a criação de uma linha de crédito para recuperação da área de reserva legal com espécies nativas. Foi uma das várias medidas previstas na Operação Arco Verde, lançada no dia 5 de maio, junto com Plano Amazônia Sustentável –PAS – e concebida para oferecer estímulos e iniciar o processo de resgate das atividades agropecuárias e florestais da região para a legalidade e sustentabilidade.

Ainda no primeiro mandato do Presidente Lula, Marina Silva propôs e viu aprovada a Lei sobre Gestão de Florestas Públicas, que regulariza o uso sustentável das florestas públicas brasileiras, além de criar o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal. Quando saiu do Governo, a ex-ministra deixou o processo de licitação para a primeira concessão de exploração sustentável da floresta já em fase de avaliação das propostas.

No ministério do Meio Ambiente, Marina também encaminhou para a Presidência da República, entre outros, o anteprojeto de lei sobre Acesso a Recursos Genéticos, Conhecimentos Tradicionais e Repartição de Benefícios, assim como o projeto de lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em tramitação no Congresso Nacional.

O combate ao desmatamento da Amazônia, cujas florestas estão sob o olhar atento de todo o mundo, foi um grande desafio para a ex-ministra enquanto ela esteve à frente do MMA. Mas foi também na administração de Marina Silva que o Ministério do Meio Ambiente criou um espaço institucional para a discussão, elaboração e implementação de política para cada bioma brasileiro, ao lado da Amazônia: para a Caatinga, o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pampa, o Pantanal e para as Zonas Costeiras e Marinhas.

A vida política de Marina Silva começou em 1984, quando ela fundou a CUT no Acre, junto com Chico Mendes, ele coordenador, ela vice. Com a intensa atividade de Chico Mendes nos seringais de Xapuri, Marina assumia na maior parte do tempo a liderança do movimento sindical no Estado. E foi para ajudá-lo na candidatura a deputado estadual que Marina filiou-se ao PT em 1985, fazendo, nas eleições do ano seguinte, a dobradinha com o líder seringueiro e candidatando-se a deputada federal. Marina ficou entre os cinco candidatos mais votados no Estado, mas o PT não alcançou o quociente eleitoral e ela não conquistou a vaga para a Câmara Federal na Constituinte. Chico Mendes também não chegou à Assembléia Estadual.

Em 1988, foi eleita como a vereadora mais votada para a Câmara Municipal de Rio Branco e conquistou a única vaga da esquerda. Em dois anos de mandato como vereadora, Marina promoveu polêmicas que mudaram a política do Acre. Começou por devolver o dinheiro das gratificações, auxílio-moradia, e outras mordomias que os demais vereadores recebiam sem questionamento. Entrou com processo na justiça exigindo que todos fizessem o mesmo, mostrou nos jornais e na televisão o valor dos salários pagos aos vereadores, que a maioria da população desconhecia. Ganhou a oposição e até a ira dos adversários, mas recebeu uma solidariedade popular nunca antes destinada a nenhum político do Estado.

Em l990, candidatou-se a deputada estadual. Obteve novamente a maior votação. O PT e os partidos coligados elegeram três deputados estaduais e conseguiram colocar Jorge Viana, o candidato ao governo, no segundo turno das eleições. Marina não era mais uma voz solitária, transformara-se numa das lideranças de um movimento com grande força no Acre.

Uma pesquisa da Universidade do Acre, à época, mostrou que Marina teve a melhor atuação parlamentar entre os deputados estaduais naquele período. Campeã de tribuna, apartes, indicações e projetos, seu desempenho foi ainda mais surpreendente pelo fato de ter ficado mais de um ano afastada da Assembléia, por problemas de saúde. No final do primeiro ano de mandato, em uma viagem ao interior do Estado, passou mal e teve que ser trazida rapidamente para a capital e ser internada em um hospital. Começou um longo período de sofrimento, com seu estado de saúde agravando-se progressivamente sem que os médicos conseguissem detectar as causas.

Viajou para São Paulo, recorreu à ajuda de Lula, Telma de Souza, Genoíno e outros amigos do PT para conseguir um melhor tratamento e exames mais completos. Mas foi ela própria quem intuiu o diagnóstico: contaminação por metais. Os exames não detectavam isso e ninguém acreditava. Um dia, viu em uma revista o nome de um especialista no assunto e foi procurá-lo sozinha. Amostras de seu cabelo foram enviadas para um laboratório nos Estados Unidos e revelaram que sua suspeita era verdadeira: uma contaminação por metais pesados, provavelmente contraída nos tratamentos contra a leishmaniose, quando ainda vivia no seringal, havia progressivamente provocado prejuízos neurológicos e atingido vários de seus órgãos.

Um problema adicional: o tratamento não poderia ser iniciado imediatamente, pois Marina estava grávida de sua filha caçula, Mayara, que nasceria em meados de l992. Só depois do nascimento da filha, pode finalmente tomar os medicamentos capazes de combater a contaminação. Hoje, diz que recuperou "80 por cento" de suas capacidades, mais ainda vive sob uma rígida dieta da qual foram banidos os alimentos artificiais e toda espécie de enlatados. Mesmo assim, enfrentou estoicamente uma campanha para o Senado que exigiu freqüentes viagens por todo o Estado, de carro, avião, barco e até mesmo longos deslocamentos a pé.

Vencida a campanha, o passo seguinte era corresponder às grandes esperanças que o povo acreano depositava em sua atuação no Senado, que começou em 1995. Marina fez mais que isso: em pouco tempo tornou-se não apenas a principal voz da Amazônia, mas também uma importante referência na política nacional.

A história de vida de Marina Silva é povoada de grandes momentos. Mas ela nasceu em um ambiente simples. Numa colocação de seringa chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco. Hoje, o local é um projeto de assentamento de agricultores executado pelo INCRA, mas em 8 de fevereiro de l958, data de seu nascimento, não havia estradas e a longa viagem pelo rio tornava quase impossível qualquer assistência médica. As parteiras dos seringais "pegavam" as crianças e, com olho experiente, diagnosticavam se tinham ou não condições de "vingar" em meio à alta mortalidade infantil da floresta. Dos onze filhos de Pedro Augusto e Maria Augusta – pais de Marina Silva, três morreram ainda pequenos. Ela ficou sendo a segunda mais velha dos oito sobreviventes, sete mulheres e um homem.

A família baixou o rio para tentar a vida em Belém do Pará. Não deu certo. O pai trouxe todo mundo de volta ao seringal, fazendo uma enorme dívida com o patrão seringalista que pagou as despesas da viagem. As filhas foram o auxílio de que se valeu para pagar a dívida: Marina e as irmãs cortaram seringa, plantaram roçados, caçaram, pescaram, ajudaram a restabelecer as finanças e a estabilidade da família no seringal.

Escola não havia. Aos 14 anos Marina aprendeu a conhecer as horas no relógio e as quatro operações básicas da matemática para não ser enganada pelos regatões na venda da borracha. Aos 15 ficou órfã de mãe e, como a irmã mais velha havia casado, assumiu a chefia da casa e a criação dos irmãos mais novos. Mas aos 16 anos contraiu hepatite e teve que ir para a cidade, em busca de tratamento médico. Resolveu ficar, trabalhando como empregada doméstica, porque queria estudar. Tinha um sonho: ser freira. Havia aprendido com a avó as rezas e devoções da religião católica. Achava que na vida religiosa poderia formar seu caráter dentro da moralidade exigida pelas tradições dos nordestinos que povoaram os seringais da Amazônia, sendo seu pai um deles. Ao mesmo tempo, ficava fascinada pela possibilidade de estudar nas escolas da Igreja, que eram as melhores da região.

Começou a freqüentar as aulas do Mobral, depois o curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever. Foi morar com as freiras. Fez o supletivo de 1º grau. Matriculou-se no colegial, mas foi novamente no supletivo que obteve o diploma de 2º grau. Antes dos 20 anos, já se preparava para fazer o vestibular e entrar na universidade. A essa altura, já havia abandonado o sonho de ser freira. Freqüentando as reuniões das Comunidades Eclesiais de Base e aproximando-se dos grupos de teatro amador, percebeu que não aspirava à vida do convento, mas a ação no mundo. E que isso não representava nenhum prejuízo em suas convicções religiosas e morais. Nas lutas dos moradores de seu bairro, descobriu a política não-partidária dos movimentos sociais. Na escola, aproximou-se das lideranças do movimento estudantil.

Uma nova hepatite fez com que perdesse as provas do vestibular. Deixou o noivo Raimundo Souza esperando e pediu ajuda ao Bispo D. Moacir Grecchi para viajar a São Paulo em busca de tratamento. Quando voltou, o casamento adiou por mais um ano sua entrada na Universidade. Mas no ano seguinte, já grávida da primeira filha, iniciou o curso de História, que concluiu em quatro anos. Foi o padre João Carlos, da paróquia que freqüentava, quem sugeriu o nome hebraico Shalon para filha. Um ano depois, nasceu Danilo, nome colocado em homenagem a um amigo, artista plástico e companheiro do grupo de teatro.

Na universidade descobriu o marxismo. Entrou para o PRC, um dos vários grupos semi-clandestinos que atuavam na oposição ao regime militar. Começou a dar aulas de História e freqüentar as reuniões do movimento sindical dos professores. Casou-se duas vezes. Do segundo casamento, com Fabio Vaz de Lima, nasceram mais duas filhas: Moara e Mayara.

O horizonte de Marina Silva nunca parou de se alargar. Hoje, ao currículo onde reúne a experiência como professora de História, líder estudantil, sindical, vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do Meio Ambiente Marina está juntando um curso de pós-graduação em Psicopedagogia, que deverá concluir ainda em 2008 e acrescentará mais um campo de atuação na história dessa ex-seringueira que até os 16 anos pouca sabia da vida urbana, mas já conhecia a fundo os segredos da floresta.

A biografia de Marina Silva fez com que ela fosse escolhida pelo jornal britânico The Guardian, em 2007, uma das 50 pessoas em condições de ajudar salvar o planeta. Mas sua lista de premiações e reconhecimentos nacionais e internacionais é longa. Entre muitos outros, ela recebeu o prêmio "2007 Champions of the Earth", o maior prêmio concedido pelas Nações Unidas na área ambiental. No dia 29 de outubro de 2008, a senadora recebeu das mãos do príncipe Philip da Inglaterra, no palácio de Saint James. em Londres, a medalha Duque de Edimburgo, em reconhecimento à sua trajetória e luta em defesa da Amazônia brasileira - o prêmio mais importante concedido pela Rede WWF. Em junho de 2009 recebeu o prêmio Sophie, por seu trabalho em defesa do maio ambiente, oferecido pela fundação norueguesa Sophie, criada pelo escritor norueguês Jostein Gaarder, autor do best seller "O Mundo de Sofia".



Fonte: Senado Federal

Nota: A Senadora Marina Silva é pré-candidata à Presidência da República para as eleição de 2010, pelo Partido Verde.



.