sexta-feira, julho 29, 2011

Um quintal ecológico

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Goiba
Goiabeira

João Cruzué
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Este post é dedicado aos amigos que tenham um quintal onde bate a luz do sol e desejam se distrair com alguma atividade ou matar as saudades do campo - como eu. Antes de ir ao assunto, tenho bastantes coisas em Olhar Ecológico para você examinar.

Bem, no meu quintal uma das primeiras árvores que plantei foi uma goiabeira vermelha. Isso já faz mais de 25 anos. Minha filha tinha acabado de nascer e eu queria que ela tivesse uma árvore para amarrar uma gangorra.

Foi assim: ao passar pelo Rua Martiniano de Carvalho, na Bela Vista, tinha um senhor que vendia frutas debaixo de uma sombra. E eu vi umas goiabas lindas, com as cascas com muitas rugas que na terra dos mineiros se dá o nome de "carcachentas". Levei duas para casa e plantei algumas sementes no quintal. Casa nova, quintal vazio... E em alguns meses tinha mudas para mim e para os vizinhos.

O tempo passou e a goiabeira cresceu. Acho que lá pelos quatro/cinco anos, como imaginara, amarrei uma corda em um dos galhos do lado direito, próximo ao muro. Ali minha primeira filha balançava, colocando os pés lá em cima.

O tempo passou outros cinco anos, e agora a goiabeira estava ainda mais alta. E foi em um galho muito mais forte, do lado direito, que amarrei outra gangorra. Nela, minha outra filha balançava tão alto que seus pés quase tocavam as telhas da varanda.

É claro nestes dez anos cheguei a plantar uma mangueira, um limoeiro, um pé de mexerica, uma nespereira e por fim um caquizeiro. Naturalmente, embora o quintal seja bem pequeno, essas árvores em certas épocas serviram de tutor para meus pés de chuchus e maracujá.

A terra era ruim... mas eu não contava com a generosidade da primeira goiabeira. Todo ano, antes da primavera, ela derrubava todas suas folhas do chão. No verão, já eram algumas centenas de goiabas (bichadas) que seguiam pelo mesmo caminho. Embora fossem poucas as goiabas sem bichos (lagartinhas brancas) a massa orgânica de folhas e frutos colhidos eram depositados sobre a terra no fundo do quintal. Ali eu ia cobrindo de tempos em tempos com terra. Às vezes a chuva molhava, outras vezes eu mesmo aguava... e uma multidão de minhocas escuras (puladeiras) cuidavam de transformar aquelas folhas secas e frutos em terra orgânica escura em bem menos tempo que os dois anos de decomposição natural.

Pronto. É por isso que em matéria de chuchus devo ser o "plantador-mor" aqui de Sampa. Brincadeiras à parte, é raro um pé de chuchu meu não dar menos que uns 400 frutos por ano. Eu tenho aquela variedade verde-escura. Já acostumei com pencas de dois e até de três frutos. Também já tive um pé de maracujá com muita produção. Eles crescem e se apoiam (tutor) ora no pé de manga, ora no pé de goiaba.

E por falar em chuchus, suas folhas (quatro) fervidas em um litro de água, produzem um chá de excelente uso: reduzir a hipertensão. Junte mais um litro de água ao chá, e beba tudo no mesmo dia. Pode repetir na outra semana. Foi assim, junto com as caminhadas que faço, que minha pressão desceu de 16 para 12 x 8.

Poderia continuar falando do pé de caqui, da mexerica, do limão, mas vou continuar com a goiabeira. Uns seis anos atrás, veio um pedreiro e cimentou à volta do seu pé. Isso apodreceu sua casca, rente ao solo, e isso, infelizmente, a sentenciou à morte. Daí precisei serrar seus galhos, das pontas ao pé, com muita tristeza. Só para se ter uma ideia de quão doida era essa goiabeira, uma vez meu parente e eu contamos 182 goiabinhas verdes em dois metros de galho. Um absurdo. Uma boa notícia, porém, brotou daquele tronco moribundo. De suas raízes nasceu um pequeno galho, que cresceu, e hoje atinge uns sete metros de altura. Um novo galho, também do lado direito, já está pronto para receber a gangorra onde meu neto, o Nino, também vai balançar.

Por que um quintal ecológico? Bem, em meu plano inicial ao levar para casa aquelas duas goiabas vermelhas, para me prover de uma árvore, eu nunca imaginara que ela desse tantas folhas e tantos frutos todo ano para que tivesse um solo com uma riqueza orgânica tão efetivo. Bastava juntar aquilo lá no fundo do quintal e cobrir com terra, molhar, para que surgissem as minhocas e apressar o trabalho de decomposição. Terra escura da melhor qualidade, que depois de peneirada com areia e terra vermelha, é o "must" para canteirinhos ou porta-terra para cebolas, salsas, couves, lírios e outras flores. Substrato excelente também para fazer mudas em saquinhos ou bandeijas.

Se você me perguntar o que vou fazer com o fim das minhas férias, anote aí: trouxe uma cidra para casa. Ela deve possuir umas 70 sementes. Assim como já fiz no passado, vou plantar cada semente em um saquinho cheio de terra do quintal, para conseguir o maior número de mudas possíveis, para depois levá-las de volta para o sítio.

Conclusão: plante um pé de goiabeira vermelha no quintal. Em menos de seis anos você vai ter muitas folhas para montar uma "fábrica de minhocas" e galhos para fazer um balanço para seus filhos e quem sabe, netos.

Abraço do João.



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Um comentário:

joão disse...

gostei muito do post do quintal ecológico, morei 6 anos (dos 6 aos 12) numa casa com um quintal imenso. Tinha 2 jabuticabeiras, 1 goiabeira e 1 pé de acerolas. Plantamos milho, feijão (português, cortesia da tia lusitana rsrs!!!), couves, maracujás (que se enrolaram nas cercas de arame dos muros e na tela do galinheiro). Criamos galinhas, tive cachorros, coelhos, jabutis, peixes e tive o prazer de presenciar pintinhos nascerem, e de colher ovos logo depois que a galinha botava. Foi um tempo muito bom, que seu post me fez lembrar!!!

Desde cedo presenciar o ciclo da vida me ensinou uma grande lição: paciência. Pode parecer que é o contrário, a pressa, que faz cada minuto valer mais do que realmente custa, mas se não respeitarmos o ritmo do ambiente que nos cercam, nosso esforço será em vão (como quando eu tentei ajudar um pintinho a sair do ovo, ele morreu em 2 dias!!).

Ter paciência significa saber o momento certo das coisas, das épocas. Já dizia em Eclesiastes que há um tempo certo pra tudo na vida, e essa é uma grande verdade! Tempo de plantar, de cuidar da terra, dos animais, de protegê-los, de gastar, e claro, tempo de apreciar os frutos (no caso, frutos mesmo, verduras e ovos frescos !!!).

Todo esforço persistente tem recompensa. Não podemos deixar de ser persistentes, nem de aproveitar ao máximo os frutos do trabalho.

Bom, melhor eu parar de escrever, comentário já está imenso. Até mais, João!!