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sexta-feira, julho 29, 2011

Um quintal ecológico

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Goiba
Goiabeira

João Cruzué
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Este post é dedicado aos amigos que tenham um quintal onde bate a luz do sol e desejam se distrair com alguma atividade ou matar as saudades do campo - como eu. Antes de ir ao assunto, tenho bastantes coisas em Olhar Ecológico para você examinar.

Bem, no meu quintal uma das primeiras árvores que plantei foi uma goiabeira vermelha. Isso já faz mais de 25 anos. Minha filha tinha acabado de nascer e eu queria que ela tivesse uma árvore para amarrar uma gangorra.

Foi assim: ao passar pelo Rua Martiniano de Carvalho, na Bela Vista, tinha um senhor que vendia frutas debaixo de uma sombra. E eu vi umas goiabas lindas, com as cascas com muitas rugas que na terra dos mineiros se dá o nome de "carcachentas". Levei duas para casa e plantei algumas sementes no quintal. Casa nova, quintal vazio... E em alguns meses tinha mudas para mim e para os vizinhos.

O tempo passou e a goiabeira cresceu. Acho que lá pelos quatro/cinco anos, como imaginara, amarrei uma corda em um dos galhos do lado direito, próximo ao muro. Ali minha primeira filha balançava, colocando os pés lá em cima.

O tempo passou outros cinco anos, e agora a goiabeira estava ainda mais alta. E foi em um galho muito mais forte, do lado direito, que amarrei outra gangorra. Nela, minha outra filha balançava tão alto que seus pés quase tocavam as telhas da varanda.

É claro nestes dez anos cheguei a plantar uma mangueira, um limoeiro, um pé de mexerica, uma nespereira e por fim um caquizeiro. Naturalmente, embora o quintal seja bem pequeno, essas árvores em certas épocas serviram de tutor para meus pés de chuchus e maracujá.

A terra era ruim... mas eu não contava com a generosidade da primeira goiabeira. Todo ano, antes da primavera, ela derrubava todas suas folhas do chão. No verão, já eram algumas centenas de goiabas (bichadas) que seguiam pelo mesmo caminho. Embora fossem poucas as goiabas sem bichos (lagartinhas brancas) a massa orgânica de folhas e frutos colhidos eram depositados sobre a terra no fundo do quintal. Ali eu ia cobrindo de tempos em tempos com terra. Às vezes a chuva molhava, outras vezes eu mesmo aguava... e uma multidão de minhocas escuras (puladeiras) cuidavam de transformar aquelas folhas secas e frutos em terra orgânica escura em bem menos tempo que os dois anos de decomposição natural.

Pronto. É por isso que em matéria de chuchus devo ser o "plantador-mor" aqui de Sampa. Brincadeiras à parte, é raro um pé de chuchu meu não dar menos que uns 400 frutos por ano. Eu tenho aquela variedade verde-escura. Já acostumei com pencas de dois e até de três frutos. Também já tive um pé de maracujá com muita produção. Eles crescem e se apoiam (tutor) ora no pé de manga, ora no pé de goiaba.

E por falar em chuchus, suas folhas (quatro) fervidas em um litro de água, produzem um chá de excelente uso: reduzir a hipertensão. Junte mais um litro de água ao chá, e beba tudo no mesmo dia. Pode repetir na outra semana. Foi assim, junto com as caminhadas que faço, que minha pressão desceu de 16 para 12 x 8.

Poderia continuar falando do pé de caqui, da mexerica, do limão, mas vou continuar com a goiabeira. Uns seis anos atrás, veio um pedreiro e cimentou à volta do seu pé. Isso apodreceu sua casca, rente ao solo, e isso, infelizmente, a sentenciou à morte. Daí precisei serrar seus galhos, das pontas ao pé, com muita tristeza. Só para se ter uma ideia de quão doida era essa goiabeira, uma vez meu parente e eu contamos 182 goiabinhas verdes em dois metros de galho. Um absurdo. Uma boa notícia, porém, brotou daquele tronco moribundo. De suas raízes nasceu um pequeno galho, que cresceu, e hoje atinge uns sete metros de altura. Um novo galho, também do lado direito, já está pronto para receber a gangorra onde meu neto, o Nino, também vai balançar.

Por que um quintal ecológico? Bem, em meu plano inicial ao levar para casa aquelas duas goiabas vermelhas, para me prover de uma árvore, eu nunca imaginara que ela desse tantas folhas e tantos frutos todo ano para que tivesse um solo com uma riqueza orgânica tão efetivo. Bastava juntar aquilo lá no fundo do quintal e cobrir com terra, molhar, para que surgissem as minhocas e apressar o trabalho de decomposição. Terra escura da melhor qualidade, que depois de peneirada com areia e terra vermelha, é o "must" para canteirinhos ou porta-terra para cebolas, salsas, couves, lírios e outras flores. Substrato excelente também para fazer mudas em saquinhos ou bandeijas.

Se você me perguntar o que vou fazer com o fim das minhas férias, anote aí: trouxe uma cidra para casa. Ela deve possuir umas 70 sementes. Assim como já fiz no passado, vou plantar cada semente em um saquinho cheio de terra do quintal, para conseguir o maior número de mudas possíveis, para depois levá-las de volta para o sítio.

Conclusão: plante um pé de goiabeira vermelha no quintal. Em menos de seis anos você vai ter muitas folhas para montar uma "fábrica de minhocas" e galhos para fazer um balanço para seus filhos e quem sabe, netos.

Abraço do João.



Não deixe de me visitar em Olhar Ecológico



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sexta-feira, setembro 19, 2008

Ecologia bíblica


"O justo florescerá como a palmeira"

Salmo 92

Imperial palm
Palmeiras Imperiais do Jardim Botânico Rio de Janeiro


Cedrus libani
Cedro do Líbano
Joao Cruzue

A palavra Ecologia tem origem no grego “oikos" e significa casa; "logos", estudo, reflexão. Então: estudo da casa ou de forma mais genérica do lugar onde se vive. Adiante vamos ver alguns textos "ecológicos" da Bíblia.

"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus e credes também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver estejais vós também." João 14: 1 - 3.

"O justo florescerá
como a palmeira; crescerá como o cedro do Líbano. Os que estão plantados na Casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes, para anunciarem que
o Senhor é reto; ele é a minha rocha, e nele não há injustiça" Salmo 92: 12 - 15.

"E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvores são para a saúde das nações." Apocalipse 22:1-2

"Até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto; então, o deserto se tornará em pomar, e o pomar será tido por bosque; o juízo habitará no deserto, e a justiça morará no pomar. A terra geme e desfalece; o Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se torna como um deserto, Basã e Carmelo são despidos de suas folhas. As feras do deserto se encontrarão com as hienas, e os sátiros clamarão uns para os outros; fantasmas ali pousarão e acharão para si lugar de repouso
". Livro do Profeta Isaias

"O deserto e a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso. Os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus," Livro do Profeta Isaias

"Abrirei rios nos altos desnudos e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em açudes de águas e a terra seca, em mananciais. Plantarei no deserto o cedro, a acácia, a murta e a oliveira; conjuntamente, porei no ermo o cipreste, o olmeiro e o buxo. Alcem a voz o deserto, as suas cidades e as aldeias habitadas por Quedar; exultem os que habitam nas rochas e clamem do cimo dos montes." Livro do Profeta Isaias

"Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo. Os animais do campo me glorificarão, os chacais e os filhotes de avestruzes; porque porei águas no deserto e rios, no ermo, para dar de beber ao meu povo ao meu escolhido
" Livro do Profeta Isaias


cruzue@gmail.com


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segunda-feira, agosto 25, 2008

Como fazer um viveiro de mudas

Ecologia

Foto: João Cruzué
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mudas de cidra

Como fazer um viveiro de mudas com saquinhos de polietileno

Por João Cruzué

1 - Introdução

Fazer mudas de plantas além de ser um processo dinâmico, é um eterno aprendizado e eu adoro isso. Quero compartilhar com você minha cultura matuta neste negócio, quem sabe não se apaixona também? No decorrer do texto vou grifar algumas palavras de propósito para que pesquise mais na WEB. Conheço três processos de propagação de plantas: semeadura, estaquia e clonagem. Do mais simples ao mais sofisticado. Cada um está ligado à quantidade exigida de mudas.

2 – Processos de propagação

I - Clonagem de meristemas -Por exemplo se alguém precisa plantar, digamos 100 hectares de bananeiras, iria demandar digamos 100 mil mudas. Considerando que cada bananeira leva um ano para produzir duas ou três mudas. Se você estiver começando do zero, quantos anos levará para conseguir tantas mudas? Então neste caso, sei que a EMBRAPA-Mandioca e Fruticultura em Cruz das Almas - Bahia, recomendaria a tecnologia de clonagem de meristemas e a construção de um laboratório/estufa totalmente esterilizado para produzir em um/dois anos as 100 mil mudas. As grandes plantações de eucalipto também recorrem ao mesmo processo.

II - Estaquias - Sobre o processo de propagação, lembro-me bem quando assisti o Globo Rural e certo cultivador de goiabas cortava a ponta dos ramos de goiabeiras adultas, tamanho de uns 15cm – as estacas. Depois utilizava uma auxima de nome Ácido Indolbutírico ou Indolacético, cuja função é induzir artificialmente cada estaca a emitir raízes. Cada estaca (a ponta dos galhos) era fincada em um saquinho de polietileno (lona plástica). Milhares de saquinhos com as estacas eram reunidos em uma estufa para que em temperatura e umidade ideais pudessem pegar ou brotar em um ano. Com isso atenderia a necessidade de mudas requisitadas usando os ramos das árvores mais produtivas.

III – Semeadura – é o processo de propagação mais simples, artesanal, mais barato e também o meu preferido, uma vez que faço isto por prazer e não tenho grandes demandas de plantas senão as minhas próprias. Considerando que neste texto este é o processo principal, tome nota de algumas dicas de como fazer mudas utilizando os saquinhos de polietileno.

A) Vantagens do uso do saquinho para o plantio de sementes:

* Facilidade irrigação e cuidados – porque você reúne vários deles em um só lugar próximo da sua casa, no quintal da cidade ou mesmo na cobertura de um prédio. Isto seria um viveiro ou para quem nunca trabalho com mudas, diria que é um berçário de plantas.

* A segunda vantagem é: com as mudas crescidas elas podem ser plantadas em qualquer lugar, mesmo a quilômetros de distância. Por exemplo, meu pai (já falecido) adorava doce de cidras. Quando eu ainda era criança, ele trouxe algumas mudas de um sítio que ele possuía perto de Mariana, em Minas Gerais. Além do famoso doce de cidra de “curtir”, a casca desta planta cítrica, quando utilizada em muitos tipos de doces, simplesmente deixa um aroma fantástico. Ao perceber que as cidreiras estavam morrendo, era minha função fazer mais mudas para que não se perdesse a espécie. Recentemente, trouxe das Gerais um fruto para fazer as mudas aqui mesmo na Capital paulista. Seis meses depois, além de presentear alguns amigos com algumas mudas, viajei 900km com dezenas delas para plantá-las no sítio da família. Quando você faz uma muda dentro de um saquinho de polietileno (plástico) ela pode ser transportada com segurança para qualquer lugar sem ferimentos.

* Há plantas que não podem ser arrancadas do chão e transplantadas em outro lugar, pois não emitem novas raízes – é o caso do mamoeiro. Outras, precisam justamente ser arrancadas e transplantadas para que desenvolvam melhor suas raízes – os tomateiros, pimentões, alfaces, escarolas, cebolas, salsas etc. Tratando-se de árvores, na dúvida se a espécie pode ser arrancada ou não, é muito mais seguro e prático encher saquinhos de terra misturada, colocar ali as sementes, e quando as mudas estiverem grandinhas plantá-las no lugar definitivo, previamente escolhido – cortando apenas o fundo da embalagem de polietileno, sem ferir as raízes.


B) Terra, ferramentas, embalagens e dicas para semear um viveiro de plantas.

* Embalagem econômica – o saquinho de polietilileno do tipo usado para produzir mudas de café. Nas grandes e pequenas cidades isto pode ser adquirido nas casas agrícolas. O custo do milheiro deles fica em torno de R$7,00 a R$15,00. Há saquinhos de muitos tamanhos, estamos falando de um dos menores deles – os usados para semear café. (dados de 2009)

* A terra para encher os saquinhos pode ser uma mistura de três componentes, 1/3 de terra vermelha de barranco de estradas ou argilosa; 1/3 de areia de construção média, e 1/3 de material orgânico, minha preferência é por esterco de gado seco ( boi), na falta dele, esterco de galinha ou terra vegetal. Argila, areia e matéria orgânica. Os três carrinhos cheios são suficientes para produzir terra peneirada para 120 a 150 saquinhos.

* A terra deve ser bem misturada com uma enxada e pá. Use um carrinho de pedreiro para medir a argila, areia e a matéria orgânica. Depois de ter misturado os três substratos faça um monte e abra uma cratera nele, como se fosse um pequeno vulcão.

* Dentro desta cratera de “vulcão” adicione três baldes com água, um de cada vez e não deixe entornar. Use balde de 10 litros e ponha três colheres de cal de parede dentro de cada e misture bem com a água. O cal pode ser encontrado em qualquer casa de materiais de construção. A função do canal é neutralizar a acidez, comum em terras brasileiras. Em terras ácidas, muitos macros e micronutrientes minerais costumam ficar indisponíveis às raízes das plantas. É como se os alimentos existissem mas estivessem trancados à chaves.

* Ferramentas usadas para trabalhar na construção de um viveiro: enxada, pá, carrinho de pedreiro, balde de 10 litros, uma peneira de arame de crivo médio para groso, um pedaço de cano ou uma garrafa pet de boca larga (yorgut de 1 litro) serrada ao meio, para encher os saquinhos de terra. É para vestir a boca da pet dentro do saquinho.

* A mistura de terra deve ser peneirada antes de ir para os saquinhos. Por isso atenção neste detalhe: quando você misturar argila+areia+matéria orgânica e depois a água de cal. Se usou como medida os carrinhos de pedreiro, sei que três baldes com 10 litros de água (com o cal) não vão transformar a mistura em barro. Depois de ter colocado a água, misturado, a massa deve ficar no ponto; nem seca e nem barrenta, justamente para passar com facilidade pelos crivos da peneira.

* Para encher os saquinhos do tipo café no monte de terra duas improvisações legais: ou um pedaço de cano comum de duas polegadas de diâmetro e 20cm de tamanho ou uma garrafa PET de yogurt de um litro. Ela tem o bico mais largo que as pets de refri. Você vai encher a meia-garrafa pet com terra com a boca do saquinho aberta, como bico da garrafa dentro. No uso do pedaço de cano, você primeiro “veste” o saquinho dentro dele, para depois enfiá-lo no monte de terra e erguê-lo. Essas duas “ferramentas” aumentam a velocidade do acondicionamento da terra dentro dos saquinhos.

* Ao encher de terra os saquinhos, segurá-los com as mãos para “batê-los suavemente no chão para recalcar a terra e deixá-los com os volumes corretos.

* Esterilização da terra misturada – se você quiser adicionar um pouco mais de tecnologia no processo de fazer suas mudas através de sementes, anote mais esta dica. Quando você mistura a argila com areia e matéria orgânica, ali existem fungos, nematóides e outros micróbios que podem parasitar as raízes das futuras plantinhas. Dependendo do grau da esterilização você eliminará as pragas indesejáveis na mesma proporção. Conheço três métodos: dois naturais – a luz do sol e o calor do fogo. E um químico que não uso nem recomendo: a fumigação com brometo de metila, a mesma usada nos grandes armazens de cereais.

** A luz do sol – depois que misturar argila, areia, matéria orgânica , e molhar com água de cal, espalhe bem o composto, ralo, sobre uma superfície cimentada. Ajunte para depois revirar com a enxada ou rodo de café umas três vezes por dia. Debaixo de um dia de sol forte é provável que todos os fungos e micróbios tenham sido eliminados, mas eu apostaria em dois ou três dias de sól pleno.Detalhe só coloque os baldes com água depois do sol.

** Com o calor do fogo – neste processo molhe o composto de argila+areia+matéria orgânica, misture com a enxada e pá depois da água. Use restos de madeira e aproveite aquelas casas de cupins que estas pragas costumam construir nos troncos das árvores, caso more em sítio. A quantidade de restos de madeira ou galhos secos suficientes para a esterilização, imagino que seja a necessária para a cratera de 60cm² ou 60 x 60cm com uma altura suficiente de uns 25-30cm. Junte o composto úmido na forma de um pequeno vulcão e abra uma boa cratera nele. Acenda o fogo, de preferência à tardinha, em lugar seguro, longe de crianças, no chão. Depois que as madeiras estiverem em brasas, junte de novo a terra do composto em cima dessas brasas de deixe de um dia para o outro. Neste processo o aquecimento por contato será lento e crescente. Mesmo enterradas, haverá oxigênio para que as brasas se queimem até se tornarem cinzas. E se o processo escolhido for mesmo pelo fogo e brasas, sei que depois não vai restar nenhum fungo, nematóide nem qualquer outro micróbio. Alguns verdureiros descendentes de japoneses, do cinturão verde da cidade de São Paulo, costumam usar este processo de esterilização em equipamentos do tipo fogão de lenha com grandes chapas de metal para colocarem a terra. Um último aviso - não vá colocar fogo perto de vegetação. Seu esterilizador de substrato deve ficar em lugar com no mínino uns 15 metros de raio de qualquer vegetação.

No dia seguinte, tudo ainda vai estar quente. Molhe um pouco, para executar o peneiramento do composto, agora enriquecido pelo potássio da cinza e sem nenhum micróbio!

Dica: use uma máscara simples de poluição para não respirar o pó, quando manuzer sua terra de mudas preparada.

Importante: Se você usou esse processo, não semeie nada pelo menos antes de uma semana. A cinza desta mistura antes deste tempo vai desidratar toda semente que ficar em contato com ela. Por este detalhe, já perdi a primeira semeadura de maracujás e mamoeiros.

C) O plantio, irrigação e sombreamento das sementes plantadas em saquinhos

* Encha o saquinho usando o pedaço de cano ou a meia garrafa PET até uns 4 ou 5cm da borda. Bata o saquinho no chão para a terra acomodar no nível correto.

* Coloque duas ou três sementes - separadas uma das outras – sobre a terra. e acondicione um saquinho junto do outro – no lugar escolhido para o viveiro, tanto em estufa, ou tendal coberto de folhas de palmeira, a semelhança de plantio de sementes de café. Depois de semeado o último saquinho, molhe bem – com água limpa - um por um. usando por exemplo uma garrafa PET com a tampa com um furo razoável. De nada adiantaria esterilizar todo o composto se na hora de irrigar a água for suja e contaminada.

* Depois de todos os saquinhos semeados e irrigados, passamos à etapa de cobertura das sementes. Cada semente tem uma profundidade adequada. Para sementes de árvores em termos gerais creio que uma cobertura de 2 a 3cm da mesma terra é o suficiente. Mas cada caso é um caso. Recapitulando: saquinho cheio e socado a 4cm da borda; semeado com duas ou três semente espalhadas sobre a terra; irrigação com água limpa, cobertura com terra até um centímetro da borda.

* Bom senso: o saquinho semeado e pronto deve estar com um volume de terra até um centímetro abaixo da borda. Se a profundidade certa para a semente for de dois centímetros, somando com o espaço vazio até a borda são 3cm. Isto significa que no primeiro enchimento com terra deve ser feito a 3cm da borda. No caso de minhas mudas de cidra, mamoeiro e maracujazeiro procedi assim. Contudo sei que existem árvores cujas sementes demandariam que suas sementes fossem colocadas em profundidades maiores.

* Irrigação – Eu costumo colocar as mudas em uma superfície cimentada e plana, para efetuar duas formas de irrigação simultâneas. Por inundação e por aspersão. os saquinhos têm furos no fundo e nas laterais. Considerando uma quantidade de 300 saquinhos acondicionados em um espaço plano e cimentado de 2,5m por 60cm de largura, deixo três espaços vazios para despejar a água de três baldes, um em cada espaço. Esta água irriga “subindo” na terra de cada um. É uma irrigação bem rápida. Entretanto a terra da superfície que está sobre as sementes costuma não ficar umedecida, daí ser necessário irrigar cada saquinho com uma garrafa PET com a tampa furada ou com um regador de crivos finos. O importante é que a terra dos saquinhos fiquem mesmo a um centímetro da borda, para que o plástico não dobre sobre ela e impeça uma correta irrigação.

Nível de umidade – evitar os dois extremos: nem barro nem terra seca. Irrigar cedo de manhã e à tardinha. Para irrigar corretamente, retirar a cobertura do sombreamento.

* Sombreamento – sementes germinam corretamente no escuro. Há casos como as de eucalipto que se não ficarem completamente cobertas em escuridão total - não germinam. Por isso, é preciso fazer o sombreamento. Mesmo debaixo de estufas devem ser sombreadas à escuridão. Em minhas mudas de mamoeiro, cidras e maracujazeiros em pequenas quantidades uso folhas de jornal. Em médias quantidades, sem estufa, uso folhas de palmeiras, sobre estrutura de madeira ou bambu, primeiramente a pouca altura dos saquinhos, para completa escuridão; depois subindo gradativamente à medida que germinam até poderem receber a luz do sol da manhã e depois retirando completamente. Aqui também o bom senso precisa atuar: a proteção do sombreamento é usada do plantio à germinação; germinando as sementes e apresentando as primeiras folhinhas, as mudinhas devem ser “apresentadas” ao sol. Como disse no começo o processo de aprendizagem para estas coisas é caso a caso e dinâmico. Só o exercício vai levar à acumulação do conhecimento.

D) Adubação química

Se você quiser adicionar de novo um pouco mais tecnologia ao processo de fazer suas mudas a partir de sementes, anote mais algumas dicas.

* quando você adicionou matéria orgânica em seu composto de terra, e usou a luz do sol para esterilizá-lo, ficou tudo bem com a adubação orgânica. Quando você adicionou 3 colheres de cal de parede em cada balde de 10 litros de água e molhou a argila+areia+matéria orgânica você teoricamente corrigiu a acidez que é prevalente nos solos brasileiros, ainda mais que dois terços do composto que você fez eram de areia e matéria orgânica – ácidos por natureza. Mas quimicamente, isto é, uma reposição dos macro e micro elementos ausentes na terra, você ainda não fez nada.

* Os solos brasileiros já exauridos são muito pobres principalmente em P – Fósforo, um macronutriente ligado diretamente frutificação. Em segundo lugar e com menos intensidade de N – Nitrogênio e depois em K – Potássio. Adubar quimicamente seria repor estes elementos no solo. As fontes desses elementos que os encontramos no mercado vem de processos químicos de fabricação, embora o fósforo possa ser adquirido de pedras naturais. Considerando apenas estes macronutrientes, a conhecida fórmula NPK.

* Existe quatro formas básicas de adubação. A adubação de cova ou de fundo de cova cuja fórmula mais conhecida é a 04-14-08 ou 4% de N(Nitrogênio) 14% de P(Fósforo) e 8% de K(Potássio). Por que esta adubação deve ser feita no fundo da cova? Porque o Fósforo uma vez na cova ele não “sobe” nem “desce” sob o efeito da irrigação. A raiz da planta tem de passar por ele para que absorva este elemento. O Potássio tem uma mobilidade mediana e o Nitrogênio já se desloca pela ação da água de irrigação. Por isso as fórmulas de adubação de cova são colocadas abaixo das sementes para que ao germinarem as raízes passem pelos adubos.

* Importante – as sementes não podem ficar em contato direto com o adubo químico, sob pena de desidratação ou serem “queimadas”. O adubo deve ficar a uns três dedos ou quatro centímetros abaixo das sementes. Entre a semente e o adubo químico é claro que fica a terra. Repetindo a fórmula de NPK para adubação de cova é a popular 4-14-8.

* A segunda forma de adubação chama-se adubação por cobertura. Neste tipo de adubação – que não é usado em viveiro de mudas em saquinhos de polietileno, a fórmula química é colocada ligeiramente abaixo da superfície do solo, para que pela ação da água de irrigação ou da chuva desça até às raízes de uma planta jovem ou adulta já transplantada para seu lugar definitivo. Em são Paulo conheço a Fórmula NPK 10.10.10 – 10% de N(Nitrogênio) e a mesma porcentagem de Fósforo e Potássio – produzidos com geralmente a partir de fontes de Elementos diferentes da fórmula de adubação de cova.

* A terceira forma de adubação chama-se adubação foliar. Ela pode ser usada em duas situações. Na primeira quando houve algum erro ou em adubações de cova ou de cobertura. Para sanar imediatamente a deficiência adquire-se produtos disponíveis no mercado, geralmente em pacotes de um, dois quilos que podem ser diluídos em água e aplicados com pulverizadores diretamente sobre as folhas das plantas, na parte da manhã quando os estômatos das folhas ainda estão abertos. A segunda situação acontece quando existe uma deficiência ou sintoma de carência de um micronutriente, como por exemplo Zinco, Boro e algumas vezes Cálcio. É muito mais econômico pulverizar com com 20 30 gramas em água diretamente sobre a planta, que despejar centenas de quilos de uma fonte desses Elementos no solo de grandes ou pequenas áreas. Ainda mais se considerarmos que bastam duas aplicações assim por ano ou nem isso.

* A quarta e mais sofisticada fórmula de adubação é feita diretamente na água da irrigação, sendo primeiramente usadas em estufas com plantios hidropônicos e depois em plantios abertos por sistemas de gotejamento. Naturalmente isso não é usado em processos artesanais de semeadura em saquinhos.

Ufa! Acho que aí está uma boa parte do conhecimento sobre agricultura que este matuto, aprendeu praticando. Hoje ele fala inglês e a contragosto mora longe do sítio.

Abaixo mais algumas fotos - que não foram tiradas por mim- onde aparecem sacos de polietileno maiores e adequados para o acondicionamento de mudas que geralmente são para grandes projetos ou para comércio. Sugeri o uso do saquinho usado para mudas do café pois é menos terra no enchimento.

saquinhos com mudas de camu-camu em três momentos

e mudas de gravinhola
Autoria de João Cruzué


Veja mais no Blog Olhar Ecológico
cruzue@gmail.com



segunda-feira, dezembro 17, 2007

Blog ecologicamente correto

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mudas de "cidra" com 90 dias
clique na imagem para ampliar

O Blog Olhar Cristão está engajado nas políticas de proteção ambiental e redução de emissão de CO2. Em setembro de 2007, depois de retornar da Região do Vale do Rio Doce - Interior de Minas Gerais, trouxemos cerca de 70 sementes de uma variedade rara de planta cítrica, cujo fruto é especial para fazer e aromatizar doces. Confira você mesmo o resultado depois de 90 dias de cuidados. Naquela ocasião publicamos um artigo ensinando como usar o saquinho de polietileno para fazer mudas. Elas não estão "fofinhas"?

Como fazer mudas de árvores
- matéria publicada aqui no Blog Olhar Cristão em 21.09.2007 - em homenagem ao Dia da Árvore.

João Cruzue
http://olharcristal.blogspot.com
cruzue@gmail.com


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