domingo, fevereiro 27, 2011

Café com Jesus 6


.
O ARGUEIRO E A TRAVE

trave
Duas traves
João Cruzué


Vejo que estamos na temporada de diagnósticos sobre a situação da Igreja Evangélica no começo desta segunda década dos anos 2000s. Todos eles bem críticos. Também quero emitir uma opinião, mas uma opinião destoante. Quando falo de Igreja Evangélica, a primeira imagem que deve aparecer na minha frente, é a minha própria situação espiritual diante de Deus. Eu não estaria sendo justo com Deus nem honesto comigo mesmo se fosse analisar o argueiro da Igreja sem levar em consideração a possibilidade de uma trave à frente dos olhos.

Vou levar em consideração que:
1 - A Igreja não é Evangélica nem Católica. Foi o Senhor Jesus Cristo que lançou sua pedra fundamental, há 2000 e poucos anos, e o que conta efetivamente na sua composição não são os registros do rol de denominação alguma, mas os nomes daqueles que foram salvos, perseveraram, e mantêm seus nomes escritos no Livro da Vida.
2 - Cristãos nominais nem sempre são Cristãos de verdade


O QUE ESTÁ ERRADO

Em primeiro lugar considero a perda gradual da comunhão com o Espírito Santo, que não mora nesta ou naquela Igreja. Seu templo é o nosso corpo, e continua conosco se não o magoarmos, afastarmos e o apagarmos de nossas vidas. Não é a Igreja que esfria, mas cada um de nós que perde o calor do Espírito, ao teimar em tomar atitudes erradas e
fazer escolhas contrárias a vontade do Senhor. De escolha em escolha, de teimosia em teimosia, o Espírito vai se entristecendo, o primeiro amor se vai, e meus olhos começam a sentir que a temperatura da Igreja caiu.

Mas na verdade fui eu quem provocou queda na sua temperatura. Ora, ora, isto está se tornando muito comum no tempo. A inversão de valores. A busca pela presença do Espírito de Deus cedeu lugar a coisas "mais" imediatas, e a forma da pirâmide de necessidades está de cabeça para baixo. O mais importante, que sustenta nossa vida espiritual está em baixo, mas desejamos nos dar bem e não mais depender a CADA DIA da providência do Senhor. Algo do tipo: Alma, deita e regala-te, pois tens no depósito muitos bens!


INDIVIDUALISMO EXARCERBADO

Vivemos na época do pós-modernismo, onde princípios e marcos foram banalizados e desacreditados. O amor, a moral, a política, as relações familiares são relativisadas como produtos descartáveis. Um zilhão de informações e transformações agride nossos sentidos e paradoxalmente nos esvaziam. Consumismo, secularismo, narcisismo, a coroação do eu, o excesso de abertura de novas igrejas. O não contentamento, a pressa e a velocidade estão ditando as normas de tudo.

Sem a dependência de Deus, seremos como um barco perdido, varrido pelas ondas e açoitado por fortíssimos ventos. É preciso uma âncora. E esta âncora não pode chegar ao fundo sem ter tempo para estar na presença de Deus. Orações não são coisas descartáveis. O tempo da oração não pode ser reduzido, reduzido e reduzido a cinco minutinhos - por semana. Para buscar a presença de Deus é preciso estar na presença de Deus. Isso vem sendo desrespeitado ultimamente. Se eu não tenho este tempo, e você também não, é bem provável que culpemos a Igreja pela nossa frieza.

Deixar nossa vontade em segundo plano e colocar a de Deus em primeiro lugar na nossa vida, é o retrato da fotografia da Igreja de hoje, E quem é esta Igreja: eu e você.


ATITUDES PESSOAIS

Não posso escrever muito, pois não é preciso muitas palavras para concluir o assunto. O quanto você e eu desejamos pagar para que a Igreja de hoje deixe de ser fria, ineficaz, ineficiente e pouco efetiva?

Bem, isto depende de cada um de nós. Se cada crente tomar aquela atitude necessária para subir em um grau a temperatura da sua vida espiritual, isto vai também refletir positivamente na congregação.

O quanto estamos conscientes e dispostos a melhorar nossa situação espiritual? O apóstolo Paulo citou uma frase de autoria do Mestre que diz: "Melhor coisa é dar do que receber". Estamos dando alguma coisa ao nosso próximo? Pelo menos já descobrimos que é este próximo? Temos incluído este próximo em nossas atividades anuais? Temos planejado repartir com nosso próximo uma parte daquilo que temos recebido com tanta fartura? Enfim, estamos mesmo interessados em solidariedade e compaixão? Se não estivermos, não podemos dizer que amamos Deus, se nem conseguimos perceber os seres humanos que fazem parte da nossa comunidade.

A Igreja está "ruim", porque eu estou aquém do que deveria estar. Antes de criticar a Igreja, eu preciso passar as mãos à frente dos olhos, pode ser que uma trave esteja bem ali, tirando a visão de mim mesmo.

Para mudar a Igreja, devo começar produzindo uma mudança em minha vida. Eu preciso que Deus transforme um carvão em brasa e este carvão sou eu. A partir do momento que houver o fogo do Espírito em mim, é possível compartilhar com os outros que ainda estão apagados. Por último, não é possível fazer nada sem Jesus, pois sem Ele nada podemos fazer". Para meditação, II Crônicas 7:14/15




Em Cristo,



João Cruzué.

cruzue@gmail.com

Se você gostou, leia também:


Projeções da população evangélica para 2010



INTRODUÇÃO

Por João Cruzué/Blog Olhar Cristão

Quando fiz as projeções abaixo, EM ABRIL DE 2009, eu pensava que, no Censo do IBGE de 2010, contivesse uma pergunta específica sobre Religião no questinário comum de pesquisa. Entretanto, quando o Censo ocorreu, a pergunta religiosa não esteve presente naquele questionário. Ela foi feita em questionário próprio, distribuido por amostragem científica, para projetar dados estatísticos sobre a religão dos brasileiros.

Resumindo, não houve contagem, mas uma amostragem científica, do tipo pesquisa eleitoral. Portanto, se você ler nos jornais, livros ou internet que a população evangélica do Brasil será de 57 milhões em 2011 ou 109 milhões até 2020, trata-se apenas de especulação sem suporte estatístico das fontes oficiais: IBGE, TSE e FGV. Para que as projeções da SEPAL se tornem realidade, é preciso que que cada um dos 40 milhões de evangélicos de 2010, ganhe para Cristo, pelo menos 3 pessoas não evangélicas. E para que isto aconteça, embora muito simples na teoria, na prática não é tão simples assim, porque o discipulado é coisa do passado! Infelizmente. Seria preciso que cada congregação desenvolvesse um projeto de discipulado prático (e não teórico) e começasse a influenciar a comunidade local, não com palavras, mas com ações sociais em benefício dos mais humildes. A Igreja Evangélica parou de crescer porque se fechou em quatro paredes, e passou a usar a Televisão. Mas televisão não gera discipulado.

Nosso trabalho, feito em abril de 2009, usou séries históricas do IBGE e alguns dados da FGV, que com certeza não vieram de contagens oficiais, mas de projeções feitas por amostragem em censos anteriores. Demais disso, além do IBGE, tivemos estatísticas mais recentes vindas do site do TSE e, a julgar pelos 70 deputados federais evangélicos eleitos em 2010, é bem possivel que estejamos perto de 20% da população brasileira. Ir MUITO além disso, não tem nenhuma SUSTENTAÇÃO das fontes de pesquisas oficiais.


SEGUE A MATÉRIA DE ABRIL DE 2009

PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO EVANGÉLICA PARA 2010

Proj2009
As informações da tabela são oficiais,
exceção aos dados de 2010, que foram projetados


João Cruzué

Cópia não autorizada

Semana passada, publiquei um artigo incluindo uma projeção da população evangélica para 2010 com base na evolução estatística de 2001 até 2003, cujas fontes foram o IBGE e a FGV. Depois de colocar o assunto em debate no mural da comunidade Ning da UBE, percebi que as interpretações do texto foram variadas e, de certa forma, distorcidas. Então, aproveitando o descanso desta Sexta-feira Santa, pensei em desenvolver o tema usando de uma abordagem crítica.

Dados da tabela acima provenientes do IBGE com informações desde 1890, mostram que a população de religião evangélica em 1991 era de 13.189.284 fiéis. Cerca de 8,98% da população brasileira com 146.825.425 habitantes na época.

Dez anos depois, o IBGE fez o Censo demográfico de 2000; os dados foram os seguintes: a população brasileira aumentou para 169.779.170 e os evangélicos foram contados em15,4% da população, cerca de 26.184.941 crentes. Em dez anos os evangélicos praticamente dobraram - de 13,2 para 26,1 milhões. Um crescimento de quase 98% em 10 anos.

Em 2010 o IBGE vai realizar novo recenseamento. Considerando os 17,88% que a FGV- Fundação Getúlio Vargas, uma instituição de grande conceito na área estatística, estimou para a população evangélica em 2007, como um dado confiável, o Blog Olhar Cristão publicou uma projeção para 2010 estimando em 19% o número dos evangélicos sobre uma população brasileira de 192 milhões de habitantes. Isso resulta em 36.480.000 crentes, mas por outro lado, mais de 150 milhões de não crentes.(1)

Se considerarmos que este número está dentro de uma realidade bem provável, vamos ter um crescimento de 39,72%, menos da metade do que crescemos entre 1991 e 2000, que foi de 97,59% - conforme está registrado em nossa tabela.

A pergunta que vem agora é: Por que os evangélicos perderam o fôlego? Parafraseando o apóstolo Paulo: Corríeis tão bem, quem vos impediu de continuar a carreira no mesmo ritmo? Isso mesmo: o que aconteceu para uma queda de 40% - de 98 para 40%?

Tendo dito isto, gostaria de fazer uma análise do que está acontecendo nesses últimos nove anos com a Igreja Evangélica. Direto ao ponto: O Evangelho da "prosperidade", a novidade introduzida pelas Igrejas Neo-pentecostais na década de 1991-2000 perdeu o encanto e se revelou descartável. A inovação eficiente nos anos 90 trouxe um componente estranho para os primeiros nove anos do nosso século: as pessoas perderam o entusiasmo por ele e aguardam uma outra novidade que agrade aos seus ouvidos. Para mim, o Espírito Santo foi trocado pela "novidade" dos anos 90, mas a energia daquela "prosperidade" minguou, assim como o azeite das lamparinas da Parábola das dez virgens, do Evangelho. Como bem criticou alguns blogueiros da comunidade, a quantidade não trouxe qualidade.

Para não ser prolixo, vou concluir. O método que Jesus Cristo usou há 2000 anos ainda se mostra o mais eficiente para nortear a Igreja. Quando ele concluiu seu ministério, estima-se que tivesse 500 discípulos. Discipulado. A TV mostra-se eficiente para evangelizar, mas ela tem um ponto falho: não produz discipulado! Não, porque trata-se de um veículo de entretenimento descartável na sua essência. E, discipulado significa um novo convertido aprendendo com um cristão maduro - em comunhão com o Espírito Santo. Para por isto em prática não é necessário um mega-projeto nem recursos financeiros astronômicos, basta implantar em cada Igreja a volta do discipulado. Ainda não inventaram nada melhor para a prosperidade da Igreja.

1 - "Crentes" era o rotulo que os evangélicos recebiam no Brasil antes da década de 90.


Original publicado no Blog Olhar Cristão em: 10/04/09

-------------------------------------------------------------

ANÁLISE

SOBRE UMA PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO DE IGREJAS EVANGÉLICAS
Com base em dados anteriores do IBGE

João Cruzué

Data de publicação desta projeção: 05.04.2009.


Project

O Blog Olhar Cristão elaborou a projeção tendo como base os números oficiais do Censo Demográfico do IBGE do ano 2000 e uma população evangélica em 2007 estimada pela FGV em 17,88%. Com base nessas informações estimou em 19% a população de evangélicos para 2010. Esta projeção atende ao princípio da razoabilidade e destoa de muitos dados ufanistas. Depois do Censo demográfico do IBGE de 2000, não existe nenhuma fonte com dados reais.

Antes de olhar a tabela da projeção que fiz em abril de 2009, quero dizer hoje (02.11.2010) o seguinte: O Censo que o IBGE está terminando esses dias, não está contando pessoas por religião. O agente que veio em minha casa e talvez na sua, não perguntou sobre a minha religião. Eles vão fazer isto também por AMOSTRAGEM. Neste sentido, a projeção que fiz em abril do ano passado (2009) continua de pé.



Confirmando: Censo de 2000: população: 169.799.170; evangélicos: 26.184.941 - 15,4%. Projeção para 2010: Censo da população: 192.000.000; evangélicos 36.480.000 - 19,0%.

Análise.Em 1991, era de 9% a participação dos Evangélicos na população do Brasil. De 1991 a 2000 houve um grande crescimento e esta taxa subiu para 15,4%. Foi durante esta época que surgiram com força o evangelismo pela TV com o Bispo Macedo da Igreja Universal e o Missionário Romildo R. Soares da Igreja da Graça. Também foi nesta década que a Igreja Batista encantou uma geração de adolescentes e jovens com o aparecimento da excelente Banda mineira - Diante do Trono - liderada por Ana Paula Valadão.

De 1991 a 2007 o crescimento patinou. Segundo Pesquisas da Fundação Getúlio Vargas, em 2007 os evangélicos eram estimados em 17,88% da população brasileira. Isto foi motivo de comemoração pela Igreja Católica que ficou aliviada da perda constante de membros para o lado evangélico. Para o próximo censo demográfico de 2010, o Blog Olhar Cristão projetou um pequeno crescimento, situando em 19% a porcentagem de evangélicos. Sinceramente, esperamos que esta taxa seja maior, embora a realidade nos aponta para uma taxa sem brilho.

Ainda há tempo para refletir sobre o pouco crescimento de 2000 (15,4%) a 2003 (17,88%), caso queiram desconsiderar os 19% projetados por nós para o censo do IBGE de 2010. Por que o freio de mão está puxado?

Vamos apresentar algumas causas, sem pretensão de ser donos da verdade. Uma delas é a excessiva esposição da mensagem "dinheiro" através da TV e do rádio. É um "pede-pede-$" que assusta os não crentes. Isto leva a uma interpretação literal de ganância e avareza. A outra causa é a quantidade elevada de novas Igrejas que se funda todo dia. Todos querem ser pastores, e a presuposição de que as "outras" não sou do "meu" gosto. Por que será? Mas não é isso que é preponderante sobre a queda brusca na taxa de crescimento.

Pessoalmente, creio que hoje não se ganha mais almas apenas com um Evangelho de palavras. Evangelho é poder de Deus, e o poder de Deus são palavras confirmadas com sinais e maravilhas. Em uma geração que praticamente abandonou e desprezou o Espírito Santo de Deus, não me admira que a Igreja esteja trabalhando pouco e colhendo mais pouco ainda. O principal agente da conversão de pecadores está sendo apagado e relegado a terceiro plano, enquanto que o evangelho da "vitória" campea a muito tempo nos primeiros lugares no gosto do povo.

As grandes Igrejas Evangélicas não têm mais projetos e a visão acabou-se. Estão contentes com o tamanho dos próprios rebanhos. Hoje, talvez não esteja equivocado se disser que um projeto político gere mais paixão do que um projeto evangelístico. Billy Graham, um estrangeiro, no ocaso de seus 90 anos, mostrou às lideranças da Igreja Brasileira o caminho de um grande projeto. Ele veio, foi-se, e tudo voltou ao dantes. Morno.

Há um grande equívoco na maneira política das grandes Igrejas Evangélicas brasileiras. Não é um projeto político que vai levar a Igreja Evangélica a se dar bem no Brasil. É melhor um projeto evangelístico de grande envergadura. Se a Igreja desenvolver e se apaixonar por um grande projeto, vai voltar a crescer com mais ímpeto. É melhor ter 50% da população brasileira crente em cristo, do que ter 100 deputados na Câmara Federal. É muito simples: dos 50%, sem nenhum projeto político, sairão muito mais que 100 deputados - além do principal: que é agradar ao Espírito Santo e ao Senhor Jesus. Já não se trata de tornar o Brasil evangélico, mas de levar as almas dos perdidos, dos pródigos, dos gays, das prostitutas, dos grandes traficantes de drogas - a CRISTO.

Observando as últimas taxas de crescimento da Igreja Evangélica brasileira, podemos fazer uma interpretação com base em uma analogia: O noivo está chegando, mas está faltando azeite nas lamparinas dos convidados. A ceia das bodas está preparada, mas cada um, à sua maneira, não está de fato interessado em ir na festa.

Isso precisa mudar.

Publicação original no Blog Olhar Cristão em: 05/04/09

-------------------------------------------


João Cruzué/cruzue@gmail.com


.