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terça-feira, dezembro 09, 2025

Quando vai Chegar o Reino de Deus?

 

A conversão de Zaqueu

João Cruzué

O Reino de Deus, na perspectiva pentecostal, não é um conceito distante nem uma promessa adiada. Ele começa exatamente onde o senhorio de Cristo é recebido. Quando Jesus toma o lugar que Lhe pertence, quando o coração se rende e o Espírito Santo passa a governar a vida do crente, o Reino já está presente. Para nós, pentecostais, o Reino não é apenas explicado — é vivido. Ele se manifesta nas orações que tocam o céu, nos cultos onde a presença de Deus é palpável e na transformação diária que só o Espírito pode realizar.

Esse Reino avança, não permanece estático, nem espera circunstâncias favoráveis para se mover. Onde a Palavra é anunciada com convicção e o Espírito opera com liberdade, o Reino se expande. A cada vida regenerada, a cada lar restaurado, a cada pessoa liberta do pecado, o domínio de Cristo se estabelece com mais força. Evangelizar não é apenas falar de Jesus; é estender Seu governo, desfazer obras das trevas e abrir espaço para que a luz de Deus prevaleça.

Os sinais e dons espirituais, tão caros à fé pentecostal, são vistos como expressões concretas desse Reino entre nós. Uma cura, uma libertação, uma palavra profética, uma resposta de oração — nada disso é acidental. Cada intervenção é um lembrete vivo de que o Rei está presente e que Seu poder continua o mesmo. Quando o oprimido é liberto, o Reino se afirma; quando o enfermo se levanta, o Reino se revela; quando o Espírito toca a Igreja, o Reino avança silenciosamente, mas com autoridade.

Mas também sabemos que este Reino, embora já presente, ainda não se completou. Vivemos numa tensão entre o “já” e o “ainda não”. Já experimentamos a presença, mas ainda aguardamos a glória. Já desfrutamos do governo do Espírito, mas ainda esperamos o governo visível do Senhor Jesus Cristo que voltará. Por isso, a igreja pentecostal vive com o coração desperto, em constante expectativa. Não se acomoda, não negocia a esperança e não se esquece de que cada culto pode ser o prelúdio de algo maior.

Assim, o Reino de Deus, em nossa compreensão, é realidade espiritual que transforma e promessa futura que sustenta. Ele alcança o crente hoje, moldando caráter, quebrando cadeias, renovando forças e produzindo santidade. E dominará o mundo amanhã, quando todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor. Até que esse dia chegue, continuamos orando com convicção, e desejando: "Maraná ta"!

SP - 12/2025




Porque Cristo não Curou todos os Doentes

 

O paralítico do Tanque 

João Cruzué

Os milagres e sinais, quando vistos pela lente da exegese bíblica, não são meros acontecimentos extraordinários lançados na história para despertar espanto. Eles surgem como atos deliberados de Deus, marcados por propósito, direção e pedagogia espiritual. Em cada intervenção, não é apenas o braço de Deus que se move, mas a revelação de Seu caráter, conduzindo homens e mulheres a enxergarem além do fenômeno imediato, para o significado eterno que ele aponta.

No Antigo Testamento, os “sinais” — aqueles gestos divinos que rasgam o curso natural das coisas — aparecem como confirmações da presença e palavra de Deus. A sarça que ardia sem se consumir, o Mar Vermelho que se abriu e o maná que caía do céu não eram apenas respostas às necessidades do povo; eram declarações de quem Deus é. Por trás de cada detalhe, a mão do Senhor ensinava Israel a abandonar os ídolos, fortalecer a fé e caminhar com confiança, mesmo quando a estrada lhes era desconhecida.

Entre os profetas, os milagres surgem como selo que autentica a voz do mensageiro. Elias e Eliseu não buscavam aplausos nem recompensas; suas ações serviam para lembrar ao povo que o Deus de Israel não estava calado. A exegese mostra que os sinais ali não eram para “convencer por força”, mas para conduzir o coração à obediência. Um milagre, para o profeta, era antes um chamado do que um espetáculo.

Quando chegamos ao Novo Testamento, especialmente ao Evangelho de João, os milagres ganham novo nome e novo peso: são “sinais”. Isso porque apontam para Alguém. A água transformada em vinho revela sua autoridade sobre a criação; o cego que passa a enxergar revela quem é a verdadeira luz; a ressurreição de Lázaro revela a fonte da vida. João deixa claro que cada sinal tem um alvo: conduzir o homem a reconhecer que Jesus é o Filho de Deus e, reconhecendo, crer.

Mas a exegese também nos obriga a reconhecer algo que o leitor desatento pode ignorar: nem todos foram curados. Jesus passou por cidades onde muitos continuaram enfermos. Não porque Lhe faltasse poder, mas porque a lógica divina não é a distribuição igualitária de prodígios, mas a realização do propósito do Pai. Os sinais são atos escolhidos, não automatizados; são respostas à agenda eterna de Deus, não a demandas humanas.

Nas cartas apostólicas, os milagres continuam a aparecer, mas agora como extensão da obra de Cristo por meio do Espírito. São dons distribuídos como o Espírito quer, sempre para edificação e não para exibição. Paulo deixa isso claro quando orienta a igreja de Corinto: sinais não são troféus espirituais, mas ferramentas. E, como toda ferramenta divina, precisam servir ao corpo de Cristo, jamais ao ego de alguém.

Há, aqui, uma tensão inevitável: vivemos entre o “já” e o “ainda não”. Os milagres nos lembram que o Reino já irrompeu, mas ainda não se consumou. Hoje vemos cura, libertação e transformação; amanhã veremos redenção plena, quando Deus enxugará toda lágrima. Assim, os sinais de agora não são a promessa final, mas o anúncio preliminar do que está por vir. São lampejos do futuro, entregues como consolo para o presente.

Por fim, quando interpretados com cuidado, os milagres deixam de ser curiosidades sobrenaturais e se tornam janelas para a realidade de Deus. Eles não são o centro da fé, mas apontam para o centro: o próprio Senhor. A exegese nos mostra que o milagre mais importante não é o que transforma circunstâncias, mas o que transforma o coração. Assim, cada sinal, grande ou pequeno, cumpre sua função maior: reconduzir a criatura ao Criador e lembrar a todos nós que, por trás de cada ato visível, sempre há um propósito eterno em movimento.


SP-09/12/2025

terça-feira, dezembro 02, 2025

O Reino de Deus e o Grão de Mostarda

  

Jesus e a Mulher encurvada

João Cruzué

E Jesus ensinava no sábado em uma sinagoga. E veio ali uma mulher encurvada que há 18 anos sofria daquela envermidade. E depois desse encontro o Senhor comparou o Reino de Deus a uma semente de mostarda.

É impossível encontrar na história alguém que conheça melhor do que Cristo os detalhes da miséria humana. A causa da enfermidade daquela mulher era um espírito maligno enviado pelo diabo. Muitos não crêem na sua existência, mas está claro em Lucas 13:15-17 que Satanás trazia presa aquela mulher há 18 anos. Todo esse tempo com uma coluna encurvada era uma maldade sem limites. Foi por isto mesmo que Cristo veio - para desfazer as obras do diabo.

A mulher encurvada foi até a sinagoga por causa de Cristo.

A fama dos milagres de Cristo chegou até seus ouvidos, e ela desejou vê-lo. Dezoito anos de encurvamento era um longo tempo. Longo tempo de baixa autoestima, fuxicos, olhares curiosos. Deus estava atento a isto. Como estava atento a mulher do fluxo de sangue - 13 anos! Ao paralítico do Tanque de Betesda - 38 anos! A falta de um herdeiro para Abrão - 99 anos!

Em meio a tanta gente importante procurou um cantinho para ouvir. Mas Jesus não chamou os mais importantes, presentes na reunião. Ele olhou e viu o sofrimento daquela mulher. Depois de olhar ele a chamou: Mulher estás livre da tua enfermidade. Com esta ordem as correntes do diabo quebraram-se. Não contente com isto, impôs sobre ela as mãos, e ela endiretou-se e começou a glorificar a Deus.

E quando Deus começou a ser glorificado, o chefe da sinagoga em lugar de compartilhar daquela alegria, irritou-se ao ponto de repreender publicamente a Jesus, falando para a multidão: Seis dias há que se pode trabalhar. Vinde pois nestes dias para serdes curados e não nos sábados.

E até hoje, os seguidores do sábado continuam glorificando o sábado em lugar do Criador do sábado. Certa feita, passava eu, escritor deste blog, por um tempo muito difícil de falta dinheiro e emprego. Minha esposa e eu tínhamos um pequeno comércio na garagem de nossa casa. E um salão da Igreja A. foi aberto perto de nossa casa. E todo domingo vinha um senhor já bem de idade tentar nos re-envangelizar para o sabatismo. Sabedor de éramos crentes, ele insistia a apresentar um Cristo que sempre eu soube que foi muito perseguido por causa dos sábados. Ao recusar sua literatura pois já era cristão, o insistente "vovô" adv. começou a bater a poeira do sapato na calçada de nossa casa, em frente a dezenas de pessoas que passavam, acrescentando mais um prego a nossa angústia.

Mas, naquele mesmo mês, recebi uma dívida antiga. Foi o bastante para pagar todas as as dívidas e ainda sobrar um pouco. Não me lembro de quanto tempo o salão adventista permaneceu aberto. Mas, não prosperou e fechou.

Se aquela mulher foi àquela sinagoga outras vezes, nunca alguém percebeu que o diabo era o causador da sua enfermidade. Nem tiveram qualquer compaixão por ela. Então, depois de dizer o que pensava, o chefe da sinagoga ouviu de Jesus o que não queria: Hipócritas, cada um de vós não abre a porta do curral o seu boi ou o seu jumento para levá-lo a beber? Por que motivo não se deveria também livrar esta filha de Abraão a quem Satanás trazia presa há 18 anos?

Foi uma resposta tão constrangedora que ninguém ousou responder mais nada! Isso mostra quão destrutivos podem ser uma religião e um lider religioso desviado dos caminhos de Deus. São como uma laranja de gomos secos. Uma bela aparência por fora e um conteúdo seco.

A mulher encurvada recebeu sua cura porque no dia da sua bênção não ficou em casa. Nesses dias de tanto desânimo é muito comum ficar em casa. E fica-se em casa, hoje, porque a liturgia do culto será a mesma daqui a dez anos. Um desânimo alimentando o outro. E também era assim naquele tempo. Mas a fama dos milagres de Cristo foi atraíndo multidões por onde ele passava. E no dia que Cristo passou a mulher encurvada pensou que deveria valer o sacrifício de se aprontar e visitar a sinagoga.

Ela saíu de casa encurvada, mas voltou ereta; saíu triste, e voltou glorificando a Deus. Todos seus vizinhos devem ter se alegrado e chorado com ela.

O Reino de Deus, Cristo comparou como um pequeno grão de mostarda, que um hortelão semeia na sua horta. Ele brota, depois cresce tanto, e em seus ramos aninham-se os pássaros.

Aquela mulher quando saiu para a sinagoga levou consigo o seu grão de mostarda. Continue carregando também o seu, pois mas cedo do que pensa ele também vai brotar.


Com carinho,

Irmão João.





terça-feira, novembro 25, 2025

O Reino de Deus na Bíblia

 Grãos de mostarda

Salvadora persica

 João Cruzué

O Reino dos Deus é o grande tema que atravessa todo o Novo Testamento como um fio de ouro. Tudo começa com João Batista clamando no deserto: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus!” (Mt 3:2). Logo em seguida, o próprio Jesus inicia seu ministério com as mesmas palavras (Mt 4:17). Esse Reino não é, em primeiro lugar, um lugar no mapa, mas o governo ativo, vivo e poderoso de Deus invadindo a história humana. É Deus dizendo: “Chegou a hora de eu reinar de forma nova e definitiva no meio do meu povo e, através dele, sobre toda a criação”.

Jesus deixa claro que o Reino já chegou até nós na sua própria pessoa. Quando os fariseus o acusam de expulsar demônios por Belzebu, ele responde: “Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então é porque o Reino de Deus já chegou até vós” (Mt 12:28). As curas, os milagres, o perdão dos pecados, a ressurreição de mortos — tudo isso são sinais concretos, visíveis e palpáveis de que o poder do mundo futuro já está operando no presente. O Reino irrompeu como uma explosão de vida no meio de um mundo de morte.

Ao mesmo tempo, Jesus ensina que o Reino ainda não chegou em sua forma final e gloriosa. Por isso ele manda os discípulos orarem todos os dias: “Venha o teu reino” (Mt 6:10). Ele fala de um dia futuro em que os justos “brilharão como o sol no reino de seu Pai” (Mt 13:43) e em que o Filho do Homem voltará em glória para julgar as nações (Mt 25:31-46). Estamos vivendo, portanto, no “já” do Reino (ele já começou) e no “ainda não” (ainda aguardamos sua consumação). Essa tensão define a vida cristã: já somos cidadãos do Reino, mas ainda suspiramos pela sua manifestação total.

Uma das características mais chocantes do Reino é quem entra nele. Jesus diz que só entra quem se torna como uma criança: simples, dependente, sem pretensão de merecimento (Mc 10:14-15; Mt 18:3). Os ricos, os poderosos, os que confiam em si mesmos acham quase impossível passar pela “porta estreita”. Já os pobres de espírito, os pecadores que reconhecem sua miséria, as prostitutas e os cobradores de impostos arrependidos estão entrando à frente dos religiosos profissionais (Mt 21:31). O Reino subverte os valores do mundo.

Entrar e permanecer no Reino exige duas coisas inseparáveis: arrependimento verdadeiro e fé em Jesus como o Rei enviado por Deus. Não adianta ser descendente de Abraão ou cumprir rituais externos. É preciso nascer de novo, nascer “da água e do Espírito” (Jo 3:3-5). Quem entra vive uma vida transformada: ama a Deus sobre todas as coisas e ama o próximo como a si mesmo. Jesus resume toda a Lei nesses dois mandamentos e diz que deles “dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22:37-40). Obediência amorosa é a marca do cidadão do Reino.

Jesus usa dezenas de parábolas para explicar como o Reino funciona. Ele é como a minúscula semente de mostarda que se torna uma grande árvore (Mt 13:31-32), como fermento que leveda silenciosamente toda a massa (Mt 13:33), como um tesouro escondido no campo ou uma pérola de valor incalculável — quem o encontra vende tudo com alegria para possuí-lo (Mt 13:44-46). É também como um banquete de casamento para o qual os convidados originais (Israel incrédulo) recusaram vir, então as portas são abertas para todos os povos, bons e maus, mas quem entrar sem a “roupa de festa” (justiça de Cristo) será expulso (Mt 22:1-14).

O crescimento do Reino é, muitas vezes, invisível aos olhos do mundo. Começa pequeno, quase imperceptível — doze pescadores galileus, uma cruz romana, um túmulo vazio —, mas avança irresistivelmente. Jesus compara isso à semente que cresce sozinha, “primeiro a erva, depois a espiga, por fim o grão cheio na espiga” (Mc 4:26-29). Um dia, porém, esse grão se tornará a maior de todas as árvores. Quando Cristo voltar, ele entregará o Reino ao Pai, após ter destruído todo domínio, autoridade e poder, inclusive a própria morte (1Co 15:24-28).

A ética do Reino é revolucionária e muitas vezes escandalosa. Bem-aventurados os pobres, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os perseguidos (Mt 5:3-12). Os cidadãos do Reino amam os inimigos, abençoam quem os amaldiçoa, oram por quem os persegue, perdoam setenta vezes sete vezes, não julgam para não serem julgados, andam a segunda milha, dão a capa além da túnica. Essa vida só é possível porque o Rei já viveu tudo isso perfeitamente por nós e nos dá seu Espírito para vivermos o mesmo.

Não existe entrada no Reino sem cruz. Jesus foi coroado Rei exatamente quando foi levantado na cruz (Jo 12:32). Ele diz com todas as letras: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me” (Lc 9:23). Sofrimento, rejeição, humilhação fazem parte do pacote. O caminho da glória passa necessariamente pelo Calvário. Quem quiser reinar com ele precisa primeiro sofrer com ele (2Tm 2:12; Rm 8:17).

No final de tudo, o Reino será plenamente revelado em glória indizível. Haverá novos céus e nova terra, a Cidade Santa descerá como noiva adornada para seu marido, Deus habitará com os homens, enxugará toda lágrima, e não haverá mais morte, nem luto, nem choro, nem dor (Ap 21:1-4). Os redimidos de todas as tribos, línguas, povos e nações estarão diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e palmas nas mãos, e reinarão para todo o sempre (Ap 7:9-17; 22:5). O Reino dos Céus terá se tornado o Reino eterno de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos (Ap 11:15).

Esse é o magnífico retrato que o Novo Testamento pinta do Reino: já iniciado, crescendo escondido, avançando pela pregação do evangelho e pelo poder do Espírito, mas que explodirá em glória total quando o Rei voltar para fazer novas todas as coisas.


SP-25/11/2025.

 


terça-feira, dezembro 30, 2014

O encontro de Marta e Maria com Jesus

O Reino dos céus é como um rei que preparou um banquete Mt 22:2


Wilma Rejane

Betânia era uma pequena cidade, a duas milhas de distância de Jerusalém, o nome é uma referência a “lugar de figos verdes”. Jesus e os discípulos frequentavam Betânia, haviam se tornado amigos da família de Marta, Maria e Lázaro. Nessa residência eles geralmente se reuniam para refeições e ensino da Palavra. É curioso, mas os três irmãos pareciam ser órfãos, pois em nenhum momento se ouve falar de seus pais, nem mesmo quando da morte e ressurreição de Lázaro. Uma pequena família liderada pela irmã mais velha chamada Marta, seu nome reflete bem sua condição: “Marta = dona de casa”.

Do encontro de Jesus com esses irmãos aprendemos lições magníficas, e aqui trato especificamente do episódio que ficou conhecido como “Jesus na casa de Marta e Maria”. São cinco versos do Evangelho de Lucas 10: 38-42: 

  • Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado onde certa mulher chamada 
  • Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra.
  • Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!"
  • Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas;
  • Todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada".

No diálogo com Jesus, há referência explícita sobre “ ansiedade, preocupação e ocupação”. Essas coisas estão presentes em Marta que se movimenta de um lado para outro da casa, na intenção de proporcionar uma ceia de qualidade aos anfitriões. Já Maria reflete o caráter de alguém disposto a aprender, a crescer espiritualmente, a companhia de Jesus é o maior atrativo para ela.

Maria demonstra de inicio, maior discernimento e prontidão sobre as coisas do Reino de Deus e Marta é bem eficiente e hábil com as questões domésticas. Olhando para as duas irmãs e seus modos de comportarem-se diante de Jesus, aprendemos sobre relacionamentos com Deus e com os homens.

Tenho lido e relido diariamente essa passagem, com o objetivo de não me deixar “tragar” pelas muitas ocupações diárias, pela ansiedade e perturbação que tão de perto nos ronda em um mundo que exige cada vez mais rapidez e diversidade de talentos. Algumas pessoas já acordam com a mente repleta de pensamentos sobre o dia que inicia e no raiar do sol, já se faz um  diagnóstico de cansaço e  murmurações. Assim como Marta, na melhor das intenções.

Porém, é com Maria que está a chave para a paz e a confiança diária. Jesus diz: “Marta, Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas, todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu essa boa parte”. Ou seja: o melhor dos banquetes ofertado a Jesus, não se compararia ao Banquete que Ele tinha a oferecer para elas, as irmãs. O melhor vinho, a melhor carne de carneiro, as mais finas especiarias sobre à mesa, eram meros coadjuvantes, o melhor da festa era Jesus, e Maria estava desfrutando disso.

Poderíamos perguntar: "se Marta não cuida da refeição, seria desleixo. Quem iria servir?" Jesus não repreende o trabalho de Marta em detrimento da acomodação de Maria, mas elogia Maria chamando a atenção de Marta para que esta não negligencie a comunhão com Deus.

A atenção de Maria para com Jesus pode ainda simbolizar: reservar tempo para nossos relacionamentos familiares e sociais. Ouvir as pessoas, sentar com elas, dedicar tempo para família, amigos. É que às vezes, as coisas parecem ocupar o lugar das pessoas, sendo que estas últimas são infinitamente mais valiosas e carentes de afeto e atenção. Claro, coisas por mais caras que sejam não ocupam de fato, lugar de pessoas essa é uma ilusão, porém real em nossos dias.

Já fui como Marta até aprender com Jesus que precisava parar, rever valores, agir como Maria. Ela sentou aos pés de Jesus para ouvi-Lo em um tempo que apenas homens faziam isso. Os discípulos podiam ser vistos frequentemente aos pés de seus mestres, enquanto que as mulheres, ficavam de pé, ao longe. Maria fez diferente e melhor, ela anelou a companhia de Jesus e debruçou todo seu ser em atenção as palavras do Mestre, aos Seus pés. Essa é “melhor parte” que nos tranquiliza diante da correria do mundo.

Você está ansioso, preocupado, submerso em muitos afazeres? Pare um pouco, reserve um tempo para ficar a sós com Jesus. Converse, escute. Leia a Palavra de Deus e entregue para Ele todo o fardo. Um verso de Mateus nos diz: “Não andeis preocupados, cuidadosos com muitas coisas...” Mt 6:25. A tradução para “andeis cuidadosos” é “merimnao” de “merizo”, que quer dizer “dividir em partes” (Dicionário Strong 3309) . Marta estava dividida, preocupada, ansiosa. Maria não.

O exemplo de servir, estava em Maria e não em Marta, irônico, não? Logo Marta que não parava de   trabalhar? O problema não era o trabalho, mas a atitude. Sua mente, seu espírito estavam atribulados porque lhe faltava a comunhão. Maria, a mais nova, também era prendada na cozinha e certamente uma boa auxiliar doméstica, mas priorizava o relacionamento com Jesus. Priorizar Jesus. Não conheço nada mais balsâmico, eficaz e tranquilizador do que aprender com Jesus e obedecer a Ele.


“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. ” Filipenses 4:4-7

Amados irmãos, essa reflexão também é para mim, pois necessito priorizar o relacionamento com Jesus e não murmurar, estressar  e desesperar pelas muitas ocupações diárias e relacionamentos sociais. Acumular preocupações e ansiedades não resolvem a vida, só atrapalham. Na casa de Marta, Maria e Lázaro, Jesus nos ensina. E quando houve algo grave na casa dos irmãos (a morte de Lázaro por exemplo), Jesus foi ao encontro da família e socorreu-os. Ele não foi no mesmo instante que ficou sabendo da morte do amigo, porque eles precisavam aprender ainda outras coisas sobre fé e amor. Mas Ele foi.

Marta convidou Jesus para ir até sua casa, a família amava a Jesus e Ele também os amou. E mesmo quando acharam que o Amigo estava distante, Ele estava próximo e atento. Que nosso vida seja como essa lição da “casa dos figos verdes” que alimenta aos anfitriões, mas prioriza o ser alimentado por Deus.

Amém.