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terça-feira, dezembro 30, 2014

O encontro de Marta e Maria com Jesus

O Reino dos céus é como um rei que preparou um banquete Mt 22:2


Wilma Rejane

Betânia era uma pequena cidade, a duas milhas de distância de Jerusalém, o nome é uma referência a “lugar de figos verdes”. Jesus e os discípulos frequentavam Betânia, haviam se tornado amigos da família de Marta, Maria e Lázaro. Nessa residência eles geralmente se reuniam para refeições e ensino da Palavra. É curioso, mas os três irmãos pareciam ser órfãos, pois em nenhum momento se ouve falar de seus pais, nem mesmo quando da morte e ressurreição de Lázaro. Uma pequena família liderada pela irmã mais velha chamada Marta, seu nome reflete bem sua condição: “Marta = dona de casa”.

Do encontro de Jesus com esses irmãos aprendemos lições magníficas, e aqui trato especificamente do episódio que ficou conhecido como “Jesus na casa de Marta e Maria”. São cinco versos do Evangelho de Lucas 10: 38-42: 

  • Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado onde certa mulher chamada 
  • Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra.
  • Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!"
  • Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas;
  • Todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada".

No diálogo com Jesus, há referência explícita sobre “ ansiedade, preocupação e ocupação”. Essas coisas estão presentes em Marta que se movimenta de um lado para outro da casa, na intenção de proporcionar uma ceia de qualidade aos anfitriões. Já Maria reflete o caráter de alguém disposto a aprender, a crescer espiritualmente, a companhia de Jesus é o maior atrativo para ela.

Maria demonstra de inicio, maior discernimento e prontidão sobre as coisas do Reino de Deus e Marta é bem eficiente e hábil com as questões domésticas. Olhando para as duas irmãs e seus modos de comportarem-se diante de Jesus, aprendemos sobre relacionamentos com Deus e com os homens.

Tenho lido e relido diariamente essa passagem, com o objetivo de não me deixar “tragar” pelas muitas ocupações diárias, pela ansiedade e perturbação que tão de perto nos ronda em um mundo que exige cada vez mais rapidez e diversidade de talentos. Algumas pessoas já acordam com a mente repleta de pensamentos sobre o dia que inicia e no raiar do sol, já se faz um  diagnóstico de cansaço e  murmurações. Assim como Marta, na melhor das intenções.

Porém, é com Maria que está a chave para a paz e a confiança diária. Jesus diz: “Marta, Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas, todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu essa boa parte”. Ou seja: o melhor dos banquetes ofertado a Jesus, não se compararia ao Banquete que Ele tinha a oferecer para elas, as irmãs. O melhor vinho, a melhor carne de carneiro, as mais finas especiarias sobre à mesa, eram meros coadjuvantes, o melhor da festa era Jesus, e Maria estava desfrutando disso.

Poderíamos perguntar: "se Marta não cuida da refeição, seria desleixo. Quem iria servir?" Jesus não repreende o trabalho de Marta em detrimento da acomodação de Maria, mas elogia Maria chamando a atenção de Marta para que esta não negligencie a comunhão com Deus.

A atenção de Maria para com Jesus pode ainda simbolizar: reservar tempo para nossos relacionamentos familiares e sociais. Ouvir as pessoas, sentar com elas, dedicar tempo para família, amigos. É que às vezes, as coisas parecem ocupar o lugar das pessoas, sendo que estas últimas são infinitamente mais valiosas e carentes de afeto e atenção. Claro, coisas por mais caras que sejam não ocupam de fato, lugar de pessoas essa é uma ilusão, porém real em nossos dias.

Já fui como Marta até aprender com Jesus que precisava parar, rever valores, agir como Maria. Ela sentou aos pés de Jesus para ouvi-Lo em um tempo que apenas homens faziam isso. Os discípulos podiam ser vistos frequentemente aos pés de seus mestres, enquanto que as mulheres, ficavam de pé, ao longe. Maria fez diferente e melhor, ela anelou a companhia de Jesus e debruçou todo seu ser em atenção as palavras do Mestre, aos Seus pés. Essa é “melhor parte” que nos tranquiliza diante da correria do mundo.

Você está ansioso, preocupado, submerso em muitos afazeres? Pare um pouco, reserve um tempo para ficar a sós com Jesus. Converse, escute. Leia a Palavra de Deus e entregue para Ele todo o fardo. Um verso de Mateus nos diz: “Não andeis preocupados, cuidadosos com muitas coisas...” Mt 6:25. A tradução para “andeis cuidadosos” é “merimnao” de “merizo”, que quer dizer “dividir em partes” (Dicionário Strong 3309) . Marta estava dividida, preocupada, ansiosa. Maria não.

O exemplo de servir, estava em Maria e não em Marta, irônico, não? Logo Marta que não parava de   trabalhar? O problema não era o trabalho, mas a atitude. Sua mente, seu espírito estavam atribulados porque lhe faltava a comunhão. Maria, a mais nova, também era prendada na cozinha e certamente uma boa auxiliar doméstica, mas priorizava o relacionamento com Jesus. Priorizar Jesus. Não conheço nada mais balsâmico, eficaz e tranquilizador do que aprender com Jesus e obedecer a Ele.


“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. ” Filipenses 4:4-7

Amados irmãos, essa reflexão também é para mim, pois necessito priorizar o relacionamento com Jesus e não murmurar, estressar  e desesperar pelas muitas ocupações diárias e relacionamentos sociais. Acumular preocupações e ansiedades não resolvem a vida, só atrapalham. Na casa de Marta, Maria e Lázaro, Jesus nos ensina. E quando houve algo grave na casa dos irmãos (a morte de Lázaro por exemplo), Jesus foi ao encontro da família e socorreu-os. Ele não foi no mesmo instante que ficou sabendo da morte do amigo, porque eles precisavam aprender ainda outras coisas sobre fé e amor. Mas Ele foi.

Marta convidou Jesus para ir até sua casa, a família amava a Jesus e Ele também os amou. E mesmo quando acharam que o Amigo estava distante, Ele estava próximo e atento. Que nosso vida seja como essa lição da “casa dos figos verdes” que alimenta aos anfitriões, mas prioriza o ser alimentado por Deus.

Amém.

quinta-feira, julho 26, 2012

A oração do vinhateiro


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"Senhor, deixa-a este ano,

até que eu a escave e a esterque"
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Foto: Joao Cruzué
Figueira
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.João Cruzué

"E dizia esta parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi procurar nela fruto, não o achando. E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não o acho; corta-a. Por que ela ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; e, se der fruto, ficará; e, se não, depois a mandarás cortar." (Lucas 13; 6/9)

Fico imaginando que essa palavra tem muito a ver comigo. Uma única figueira plantada no meio da vinha. Na verdade uma intrusa. Da mesma forma que eu, entre tantas pessoas melhores, fui chamado e depois escolhido pelo Senhor. Uma oportunidade ímpar. Isso mostra a ação da incompreensível graça de Deus em busca dos perdidos, quebrantados e desprezados.

Uma figueira no meio do vinhedo. Uma ovelha negra; um filho pródigo; um caso perdido. Não importa! Se Deus olhar e inclinar Seu rosto para você, tudo pode mudar. Só não muda, se você não quiser.

A figueira é uma planta interessante. No inverno, perde todas suas folhas. Um olhar descuidado observará troncos e galhos tortos, aparentemente mortos. Mas antes que a primavera chegue, ela brota e rebrota. Folhas cobrem de verde aquilo que estava seco e parecia ter perdido a vida. Ano após ano, é assim seu ciclo de vida.

Durante muito tempo plantei figueiras, com nenhum sucesso. Até descobrir que é no verão - e não no inverno - que é seu melhor tempo de plantar. E basta um ou dois anos para que ela comece a produzir figos.

Tenho me preocupado muito nesses últimos anos, sobre estar dentro da vontade de Deus para produzir frutos no tempo e no lugar certos. É pura realidade que as respostas as nossas orações são condicionais. Se no tempo de Deus, o Senhor enviar uma bênção e nós estivermos ocupados com algo - ainda que seja um plano - em nossos corações - para glória do sue Nome, ela chegará até nós. Mas se os cuidados dessa vida nos levarem a deixar em segundo plano os propósitos divinos para nossas vidas, um, dois, três anos seguidos, corremos o risco de sermos arrancados da Igreja do Senhor e nunca mais brotarmos no fim do inverno.

Aborrece-me sobremaneira ver a forma pouco zelosa de como certas igrejas evangélicas tratam desse assunto. Enquanto o vinhateiro disse ao Dono da Vinha que tivesse um pouco de paciência, e esperasse mais um ano, muitos pastores fingem que não veem uma multidão de pessoas ociosas, infrutíferas e tristes. Parece-me que elas foram instruídas apenas a ouvir, cantar, e contribuir (principalmente), sem serem arguidas porque não buscam com zelo saber e fazer o que Deus planejou para que fizessem.

E o crente que não produz fruto na vida espiritual está condenado à morte. Sim, pois o Espírito Santo não ficará para sempre na vida de alguém que não trabalha em um propósito para a glória de Deus. 
Para conhecer e trabalhar neste propósito é preciso, oração, jejuns, conhecimento da Palavra e desejo intenso de glorificar a Deus com a vida, o coração e a alma.