sábado, outubro 20, 2012

CGADB 2013 - Menos política e mais evangelização

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João Cruzué

Estou escrevendo este artigo a uma semana da decisão do segundo turno das eleições paulistanas. Um dos maiores embates políticos da  nação. De um lado está o autor  "kit gay" e do outro, um vovô cuja esposa cortou o cabelão para evitar o rótulo de crente. Bem, eu vou aproveitar este momento para fazer uma crítica quanto ao futuro da  Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Naturalmente, nem tudo que vou  escrever vai agradar aos leitores deste blog, uma vez que não sou, nem pretendo ser, o dono da verdade - que não é outro, a não ser Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Dito isto, vamos adiante.

Na Rede TV, em São Paulo -Capital, hoje não está sendo veiculado o programa Vitória em Cristo - do Pastor Silas Malafaia.  Não foi ao Ar o programa da Igreja Presbiteriana, nem os 15 minutos do Pastor Jabes, nem o programa do Pastor Silas - das 09 às 10:00 h. Nada. Desconfio de que  deve ter alguma liminar, alguma coisa que barrou o programa do pastor. Esta reação, com certeza, tem a ver com a fala do Pastor Silas Malafaia, que extrapolou o limite do bom senso.dizendo uma grande  besteira: Que iria "arrebentar" com Haddad nas urnas com o assunto do kit gay.

Não vai. 

E não vai porque o que está em questão não são  assuntos religiosos, mas as coisas inerentes ao próximo governo político de uma metrópole  com 11,3 milhões de pessoas.  Pastor Silas se esqueceu da máxima de Jesus Cristo. Dai a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus. Cada um no seu quadrado.

O povo pode ser ignorante, mas quando descobre a verdade ele não é burro. Celso Russomano não foi para o segundo turno, em São Paulo, porque o conceito que o povo hoje tem da Igreja Universal e do Bispo Macedo é péssimo. Se fosse bom, como no tempo em que o Senador Crivella financiou com sua voz o desenvolvimento da Fazenda Canaã, a história de Russomano teria sido outra.

Creio que a  função principal da Igreja é fazer política, senão ser  sal para conservar a  terra que se vai corrompendo dia a dia. A Igrerja não foi instituída por Jesus Cristo para o governo secular da Terra, mas para anunciar o Evangelho aos habitantes do reino espiritual do pecado e da CORRUPÇÃO carimbar seus passaportes para o Reino de Deus , àqueles que aceitarem de bom grado a palavra da salvação.

 Quando uma liderança da Igreja ultrapassa a linha do bom senso, o resultado é um tiro no pé - e má fama para a Igreja. Foi isso que o Pastor Silas fez. Achou que faria a diferença se convidando para um debate que não era da sua conta.  Eu posso criticá-lo, porque sou contribuinte do seu Ministério. Como neste momento ele deve se achar que tudo que faz e diz está   acima  qualquer crítica, não vai ouvir ninguém.

A Igreja Evangélica do ramo pentecostal, que era completamente alienada da política, tomou gosto pela coisa, e pendeu para o outro extremo -  ser um dos agentes principais do próprio processo político. Ora, o bom senso não está nos extremos. A Bíblia diz assim: que aquele que milita, não deve se embaraçar com os negócios desta vida, a fim de agradar aquele que o alistou para a "guerra". Guerra contra as trevas espirituais. O curioso é que, aqueles que ensinam a Bíblia, costuma não ter tempo aferir se estão seguindo a Bíblia.

Fernando Haddad vai ser o próximo prefeito de São Paulo. Eu não vou votar nele. mas, vai ganhar a eleição com um "pé nas costas". E vai ganhar porque a periferia da Cidade ficou abandonada. O povo neste momento não está preocupado com kits ou coisas parecidas, mas com  a Saúde - que não funciona; com o trânsito, que está travado; com a segurança, em uma cidade em que até a própria polícia não tem segurança. Diante disso o assunto do kit gay do Pastor Silas é coisa terciária, foi isso mesmo que várias lideranças evangélicas paulistanas pesquisaram e concluiram.

Penso que  pregação contra o kit gay, neste momento, é  tranca em porta arrobada. E deixando o Pastor, para falar sobre a Igreja evangélica - e principalmente a Assembleia de Deus, o que ela deveria ter feito - não fez - mas,  ainda há tempo de fazer - é trabalhar em um projeto evangelístico  nacional de cunho SOCIAL, levando o Cristo COM MAIS ENTUSIASMO tanto para cada coração paulistano quanto brasileiro.

A Assembleia de Deus está perdendo mais tempo com projetos políticos e  com sua própria política eclesiástica (Eleições da CGADB)  do que com o  objetivo que a tornou a maior Igreja Evangélica brasileira.  JESUS SALVA, JESUS CURA, JESUS LIBERTA E LEVA PARA O CÉU. A Assembleia de Deus trocou o principal pelo secundário, com um agravante: ela veio da classe "D" e "E" para a classe "C". Mas, à medida que vai se afastando da pobreza, vai construindo um muro alto para não mais ver a pobreza que ficou do outro lado.

O que a Igreja precisa é de um grande projeto de evangelização pessoal. Mas não é isto que está sendo desenhado nos bastidores da Igreja. Ela está encantada com o poder político, segue pelo mesmo caminho da Igreja Católica que já quebrou a cara com isto.
Há uma verdade inequívoca que não pode ser DESMENTIDA: os agentes do tráfico de drogas em São Paulo e nas grandes cidades brasileiras têm  conquistado mais jovens e adolescentes para mercadejar o pó, do que a Igreja Assembleia de Deus tem trazido para dentro de seus templos para cantar nos grupos de jovens. E alguém já disse com muita propriedade: que os nomes dos jovens encarcerados de hoje são muito esclarecedores. E  digo mais, se alguém fizer uma pesquisa entre os fiéis que descem às águas dos tanques batismais assembleanos, vai constatar que na verdade a esmagadora maioria veio das próprias famílias.

A Igreja Evangélica Assembleia de Deus está se distanciando dos pobres e necessitados, porque está perdendo a sentimento da solidariedade como na parabola do bom samaritano. Os olhos de suas lideranças no momento estão mais entusiasmados com o poder político, construção de grandes templos e com a  eleição da  presidência da CGADB em 2013.

Isto é uma vergonha. Do que adianta ter 12 veradores evangélicos na Câmara  Municipal se  o entusiasmo dos jovens crentes está se arrefecendo, a  periferia não se vê mais a ação da Igreja que está sendo substituída pelos "missionários" do tráfico de drogas? Porque a Igreja não está funcionando? Uma provável resposta é: porque os fiéis se animam com os projetos de suas lideranças. E, quando há mais campanha política no púlpito do que o fogo do Espírito Santo, o resultado não poderia ser diferente - a PERDA DE CREDIBILIDADE! Diante da mocidade da Igreja e diante da sociedade.

Portanto, menos projetos políticos, menos política eclesiástica  e mais Espírito Santo nos púlpitos  e mais Evangelho para os pobres - para quem saiam da pobreza, pois antes da  Educação o que mais redistribui  renda em qualquer país é a aceitação do Evangelho. Onde Jesus entra, a miséria vai embora e a pobreza vai sendo combatida.








5 comentários:

Carlos Roberto, Pr. disse...

Caro amigo Pb. João Cruzue,

Assino seu texto integralmente, apenas lembro que o pastor Silas Malafaia por decisão própria já deixou a CGADB, o que não quer dizer que o texto não sirva para todos nós que pertencemos à CGADB! rsrs

Parabéns!

Um grande abraço,

Seu conservo e admirador de sempre,

Pr. Carlos Robertolowthna 26

Cristao confuso disse...

Olá.

O que vejo hoje é que o olhar cristão vê o que lhe convém, tem uma visão parcial onde, por ser imitador de Cristo, deveria ser uma macro e imparcial visão.

O tal "kit gay" não foi criado pelo Haddad, foi copiado - ou baseado, se preferir - no que o próprio partido do "velhinho" que você citou é filiado. Isso é sabido.

Sem o "kit gay", não haveria argumentação entre os evangélicos que desabonasse o candidato de esquerda, nem bandeira nenhuma para o Malafaia justificar militâncias em São Paulo, onde ele não vota, assim como também não vota, assim como também não vota em Natal, mas apoia candidato do PMDB, por exemplo.

Em época de eleição, o problema gay vira uma cruzada pelo Graal.

Enquanto isso, os viciados, traficantes e prostitutas tem endereço certo em São Paulo, como na Cracolândia, e parece ser tratado não como um problema social, mas religioso, já que os únicos empenhados nessa batalha são parcos missionários - que só fazem cuidar do viciado, mas nada podem contra o "viciador".

Creio realmente que, antes de trabalharmos no resgate dos perdidos - pela droga ou pela vida, os tais cristãos evangélicos deveriam trabalhar no resgate de seus próprios valores.

Paz,

Joao Cruzue disse...

A José Luis Oliveira,


Agradeço seu comentário.

Infelizmente, a perda de valores não é atributo exclusivo dos evangélicos.

E a opinião dos evangélicos se tornou conhecida em toda mídia. Até pela Presidente.

Agora, política demais dentro da Igreja é pior do que alienação antiga.


Volte sempre.


Joao Cruzue disse...


Pastor Carlos,

Como este blog tem um bom alcance, faço a minha crítica no sentido construtivo. Amo a Assembleia de Deus, Igreja que me ensinou a Palavra de Deus.

E uma das faces do amor é a crítica e o dizer NÃO a certas coisas.

Fui honrado com a sua visita.

A paz do Senhor, para Irmã Sarah


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Pr. Paulo Pontes disse...

Tens razão, irmão Cruzué. Ao longo da história fomos ensinados e temos ensinado que "a razão de ser e de existir da igreja na terra, visa, acima de qualquer coisa, a pregação do evangelho completo e a conquista de almas para o reino de Deus... sem perder a visão do Calvário!" - E agora? Como resgatar os valores perdidos? Como restaurar a identidade?