"MINHA RESPOSTA A BENEDICTU"
Por Christopher HitchensWashington Post - 16 abril 2008
Tradução: João Cruzué
Na Terça feira, o papa disse que 'Estava profundamente envergonhado" pelo escândalo e assegurou aos católicos [americanos] que os seminários não tolerarão a pedofilia. "Ela é um grande sofrimento para a Igreja nos Estados Unidos, para a Igreja em geral, e para mim pessoalmente, que isto pode acontecer," disse Bento XVI aos repórteres. "Se eu lesse as histórias dessas vítimas, seria difícil para mim entender como foi possível que sacerdotes traíssem deste modo sua missão de trazer a cura e levar o amor do Deus para essas crianças.'
Em sua resposta, o Pontífice omitiu completamente a natureza do escândalo de pedofilia clerical. O escândalo não é a presença de pedófilos na igreja, mas a institucionalização do atentado violento ao pudor infantil pela proteção da informação e até promoção (por não-pedófilos) daqueles que são culpados dele. O ofensor mais doloroso neste aspecto é o [ex]cardeal americano Bernard Law*, atualmente uma figura honrada no Vaticano. Esta expressão do desprezo pelas vítimas faz do próprio Papa um cúmplice direto na mesma atrocidade que se emociona em denunciar".
Por Christopher Hitchens - Artigo Washington Post
Tradução: João Cruzué
NOTAS
1 . "O Cardeal Bernard Law foi o primeiro membro da cúpula da Igreja Católica a renunciar por causa dos escândalos de pedofilia de sacerdotes.Mais de 400 supostas vítimas de abusos por sacerdotes apresentaram acusações em Boston, e a arquediocese considera a possibilidade de se declarar em profunda crise. Law, que é acusado de tentar esconder os casos de sua então arquidiocese em Boston e transferir os sacerdotes acusados de pedofilia de uma paróquia para outra, disse que agora vai tirar férias.'Quero tirar férias, mas é importante dizer que continuarei disponível, se for preciso, para qualquer processo legal', acrescentou". Jornal Folha São Paulo 16.12.2002".
2 . Cardeal acusado de acobertar pedófilos reza pelo papa
ASSIMINA VLAHOU - da BBC Brasil, em Roma- 12/04/2005
O cardeal Bernard Francis Law, ex-arcebispo de Boston, foi recebido com protestos ao celebrar a missa em memória do papa João Paulo 2º, na Basílica de São Pedro. Envolvido no escândalo de abusos sexuais a menores por parte de padres na igreja católica dos Estados Unidos, Law foi obrigado a se demitir em 2002. Ele teria acobertado padres acusados de pedofilia e protegido-os, mandando-os para outras dioceses ou paróquias, sem avisar aos parentes das vítimas.
Nesta segunda feira, o cardeal Bernard Law foi escalado para celebrar uma das 9 missas que se realizam a cada dia em sufrágio da alma de João Paulo 2º desde o funeral.
Sermão
Na verdade, este convite era quase automático, visto que o cardeal é arcipreste da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma - um título apenas honorífico. Em seu sermão, o cardeal americano recordou João Paulo 2º, dizendo que "nesta basílica o corpo do papa espera pela ressurreição".
Fora da basílica, dois representantes de vítimas de abusos sexuais de padres vindos especialmente dos Estados Unidos, protestavam contra a presença de Law.
Vítimas
Barbara Blain, presidente da associação das vítimas de Chicago, que conta com 5 mil componentes e que tem representantes em 60 cidades nos Estados Unidos, é uma delas.
Ela mesma diz ter sido vítima de abusos quando tinha 12 anos. Com uma foto de quando era menina pendurada no pescoço, Barbara se apresentou na praça de São Pedro, diante das câmeras de dezenas de televisões para manifestar sua indignação pelo fato de o cardeal de Boston estar rezando a missa em memória de João Paulo 2º.
"É incrível que o cardeal Law tenha um papel tão importante, que reze uma das missas em memória do papa, num momento como esse, de passagem de pontificado", disse aos jornalistas, debaixo de uma forte chuva e acompanhada por dois seguranças do Vaticano.
Barbara Blain disse ter vindo a Roma também para render homenagem à memória de João Paulo 2º. Antes de deixar a praça e se dirigir à basílica, afirmou que sua intenção é pedir ajuda e fazer de tudo para que a verdade sobre o cardeal Bernard Law seja conhecida.
"É incrível que Bernard Law seja um dos 115 cardeais que elegerão o novo papa. A esperança é que ninguém o ouça", afirmou.
Ela disse que centenas de católicos americanos estão chegando a Roma para participar dos protestos. É provável que a mensagem destas pessoas chegue até os cardeais. Mas encontrá-los é praticamente impossível.
Reunidos diariamente nas congregações anteriores ao conclave que começa dia 18 e escolherá o sucessor de João Paulo 2º, os cardeais não são acessíveis. Uma das raras possibilidades de vê-los em público é durante as missas em memória do pontífice morto no dia 2 de abril, como esta rezada pelo cardeal Law.
Eles estão proibidos até de dar entrevistas e se encontrar com jornalistas. Nas reuniões diárias, os cardeais debatem os principais problemas da Igreja Católica. Eles deverão definir a linha que o futuro papa vai seguir e os problemas mais urgentes que terá de enfrentar.
Escândalo
Cerca de 500 vitimas processaram a diocese de Boston, que conseguiu evitar a falência vendendo terrenos e propriedades. O custo dos ressarcimentos às vitimas ficou em torno de US$ 86 milhões. Segundo um relatório da igreja americana, ficou comprovado que em todo o país cerca de 4 mil padres foram acusados de abusos sexuais contra 10 mil jovens, na maioria meninos.
O caso tornou-se um dos maiores escândalos a atingir a Igreja Católica".
Artigo na Folha São Paulo-12.04.05
cruzue@gmail.com
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1 . "O Cardeal Bernard Law foi o primeiro membro da cúpula da Igreja Católica a renunciar por causa dos escândalos de pedofilia de sacerdotes.Mais de 400 supostas vítimas de abusos por sacerdotes apresentaram acusações em Boston, e a arquediocese considera a possibilidade de se declarar em profunda crise. Law, que é acusado de tentar esconder os casos de sua então arquidiocese em Boston e transferir os sacerdotes acusados de pedofilia de uma paróquia para outra, disse que agora vai tirar férias.'Quero tirar férias, mas é importante dizer que continuarei disponível, se for preciso, para qualquer processo legal', acrescentou". Jornal Folha São Paulo 16.12.2002".
2 . Cardeal acusado de acobertar pedófilos reza pelo papa
ASSIMINA VLAHOU - da BBC Brasil, em Roma- 12/04/2005
O cardeal Bernard Francis Law, ex-arcebispo de Boston, foi recebido com protestos ao celebrar a missa em memória do papa João Paulo 2º, na Basílica de São Pedro. Envolvido no escândalo de abusos sexuais a menores por parte de padres na igreja católica dos Estados Unidos, Law foi obrigado a se demitir em 2002. Ele teria acobertado padres acusados de pedofilia e protegido-os, mandando-os para outras dioceses ou paróquias, sem avisar aos parentes das vítimas.
Nesta segunda feira, o cardeal Bernard Law foi escalado para celebrar uma das 9 missas que se realizam a cada dia em sufrágio da alma de João Paulo 2º desde o funeral.
Sermão
Na verdade, este convite era quase automático, visto que o cardeal é arcipreste da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma - um título apenas honorífico. Em seu sermão, o cardeal americano recordou João Paulo 2º, dizendo que "nesta basílica o corpo do papa espera pela ressurreição".
Fora da basílica, dois representantes de vítimas de abusos sexuais de padres vindos especialmente dos Estados Unidos, protestavam contra a presença de Law.
Vítimas
Barbara Blain, presidente da associação das vítimas de Chicago, que conta com 5 mil componentes e que tem representantes em 60 cidades nos Estados Unidos, é uma delas.
Ela mesma diz ter sido vítima de abusos quando tinha 12 anos. Com uma foto de quando era menina pendurada no pescoço, Barbara se apresentou na praça de São Pedro, diante das câmeras de dezenas de televisões para manifestar sua indignação pelo fato de o cardeal de Boston estar rezando a missa em memória de João Paulo 2º.
"É incrível que o cardeal Law tenha um papel tão importante, que reze uma das missas em memória do papa, num momento como esse, de passagem de pontificado", disse aos jornalistas, debaixo de uma forte chuva e acompanhada por dois seguranças do Vaticano.
Barbara Blain disse ter vindo a Roma também para render homenagem à memória de João Paulo 2º. Antes de deixar a praça e se dirigir à basílica, afirmou que sua intenção é pedir ajuda e fazer de tudo para que a verdade sobre o cardeal Bernard Law seja conhecida.
"É incrível que Bernard Law seja um dos 115 cardeais que elegerão o novo papa. A esperança é que ninguém o ouça", afirmou.
Ela disse que centenas de católicos americanos estão chegando a Roma para participar dos protestos. É provável que a mensagem destas pessoas chegue até os cardeais. Mas encontrá-los é praticamente impossível.
Reunidos diariamente nas congregações anteriores ao conclave que começa dia 18 e escolherá o sucessor de João Paulo 2º, os cardeais não são acessíveis. Uma das raras possibilidades de vê-los em público é durante as missas em memória do pontífice morto no dia 2 de abril, como esta rezada pelo cardeal Law.
Eles estão proibidos até de dar entrevistas e se encontrar com jornalistas. Nas reuniões diárias, os cardeais debatem os principais problemas da Igreja Católica. Eles deverão definir a linha que o futuro papa vai seguir e os problemas mais urgentes que terá de enfrentar.
Escândalo
Cerca de 500 vitimas processaram a diocese de Boston, que conseguiu evitar a falência vendendo terrenos e propriedades. O custo dos ressarcimentos às vitimas ficou em torno de US$ 86 milhões. Segundo um relatório da igreja americana, ficou comprovado que em todo o país cerca de 4 mil padres foram acusados de abusos sexuais contra 10 mil jovens, na maioria meninos.
O caso tornou-se um dos maiores escândalos a atingir a Igreja Católica".
Artigo na Folha São Paulo-12.04.05
cruzue@gmail.com
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Um comentário:
Caro irmão João Cruzué,
Paz seja contigo!
quero lhe parabenizar pelo seu blog, que tem atingido um nível bastante alto, tanto em seus temas, como em seus comentários.
Que o doce Espírito Santo possa estar a cada dia lhe proporcionando vigor, inspiração e revelação para que vc mantenha-se como coluna neste trabalho de comentar fatos tão delicados e importantes na web, à luz da Palavra de Deus.
Em Cristo,
Lincoln
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