Por Soraia Amaro - Diario de Aveiro - Portugal
Quarta-feira 23 de abril de 2008
"Dom Ximenes Belo, participou ontem, como convidado de honra, numa Conferência Intercultura realizada no âmbito das comemorações do Ano Europeu do Diálogo Intercultural. O antigo bispo de Dili e Prêmio Nobel da Paz 1996 falou pouco e defendeu a tolerância e a aceitação das diferentes fés.
«Enquanto não se resolver a guerra entre religiões não haverá paz». As poucas palavras de D. Ximenes Belo ontem, antes da Conferência Inter-Religiosa promovida pela Escola Profissional de Aveiro, foram no sentido de caminhar para a aceitação das diferenças. «Mesmo que em Portugal tenhamos hoje um clima de tranquilidade, devemos continuar a aprender para ajudar outros povos a viver com tolerância», defendeu o bispo emérito de Dili.
Questionado acerca de existirem hoje mais muçulmanos do que católicos, D. Ximenes Belo apontou a democracia como «factor fundamental» à coexistência de diferentes religiões. O importante, considera, não é «ser um grupo mais ou menos numeroso», mas «mostrar a nossa fé e abertura aos outros».
A Conferência Inter-Religiosa reuniu ontem representantes de diferentes credos no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. Anselmo Borges representou o catolicismo, Faranaz Keshavjee a comunidade ismaelita e Joshua Ruah falou em nome do judaísmo.
Falando à comunicação social, Faranaz sublinhou que «diálogo pressupõe uma atitude pluralista» e lamentou que, apesar de se virem promovendo mais acções deste tipo, «infelizmente, pouquíssimos ou nenhuns passos são dados».
O primeiro passo a dar será «combater a ignorância», considera a representante desta comunidade muçulmana, o que deverá passar pela educação. «Começa nas escolas, com a forma como as crianças conhecem as outras religiões: não só como ‘o outro’, mas como parte da nossa cultura civilizacional», referiu Faranaz. «Esta é a barreira que tem sido encontrada: a dificuldade em dar este salto pluralista», disse.
«O fato de existirem mais muçulmanos que católicos não é um fator preocupante», apontou a representante da comunidade ismaelita em Portugal. «O único factor que considero preocupante é a preocupação sobre os números», arrematou.
Joshua Ruah concorda que os números não são o mais importante «Não me faz nenhuma impressão… Eu pertenço a um grupo religioso que é sempre minoritário em todo o lado, por isso os números para mim não têm interesse», afirmou o ex-presidente da Comunidade Judaica de Portugal. «O que interessa é o que cada grupo faz a favor do encontro com a Humanidade», apontou.
O representante do judaísmo na Conferência Inter-Religiosa acredita que só haverá entendimento entre as várias «correntes de pensamento» - termo que prefere a religiões – «a partir do momento em que a pessoa humana for considerada como tal». Mais do que religiosa, a questão é, para Joshua Ruah, ética. «A Humanidade terá de se aglomerar por princípios que estejam acima das diferenças, princípios de cariz ético», defendeu, remetendo para «um patamar acima dos próprios credos, de crença na Humanidade».
Neste campo, afirmou, «as religiões têm um papel muito importante: um papel pedagógico, de ensinar aos seus crentes esta coisa simples de que o outro é para ser respeitado».
Para além de participar na Conferência Inter-Religiosa enquanto convidado de honra, o antigo bispo de Dili foi homenageado pelos «altos serviços prestados ao povo de Timor em particular e à Humanidade em geral», numa pequena cerimônia realizada na Escola Profissional de Aveiro, onde Dom Ximenes Belo se deslocou, a convite desta instituição de ensino".
Diário de Aveiro
Homenagem do Blog Olhar Cristão aos leitores de Aveiro - Portugal
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Quarta-feira 23 de abril de 2008
"Dom Ximenes Belo, participou ontem, como convidado de honra, numa Conferência Intercultura realizada no âmbito das comemorações do Ano Europeu do Diálogo Intercultural. O antigo bispo de Dili e Prêmio Nobel da Paz 1996 falou pouco e defendeu a tolerância e a aceitação das diferentes fés.
«Enquanto não se resolver a guerra entre religiões não haverá paz». As poucas palavras de D. Ximenes Belo ontem, antes da Conferência Inter-Religiosa promovida pela Escola Profissional de Aveiro, foram no sentido de caminhar para a aceitação das diferenças. «Mesmo que em Portugal tenhamos hoje um clima de tranquilidade, devemos continuar a aprender para ajudar outros povos a viver com tolerância», defendeu o bispo emérito de Dili.
Questionado acerca de existirem hoje mais muçulmanos do que católicos, D. Ximenes Belo apontou a democracia como «factor fundamental» à coexistência de diferentes religiões. O importante, considera, não é «ser um grupo mais ou menos numeroso», mas «mostrar a nossa fé e abertura aos outros».
A Conferência Inter-Religiosa reuniu ontem representantes de diferentes credos no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. Anselmo Borges representou o catolicismo, Faranaz Keshavjee a comunidade ismaelita e Joshua Ruah falou em nome do judaísmo.
Falando à comunicação social, Faranaz sublinhou que «diálogo pressupõe uma atitude pluralista» e lamentou que, apesar de se virem promovendo mais acções deste tipo, «infelizmente, pouquíssimos ou nenhuns passos são dados».
O primeiro passo a dar será «combater a ignorância», considera a representante desta comunidade muçulmana, o que deverá passar pela educação. «Começa nas escolas, com a forma como as crianças conhecem as outras religiões: não só como ‘o outro’, mas como parte da nossa cultura civilizacional», referiu Faranaz. «Esta é a barreira que tem sido encontrada: a dificuldade em dar este salto pluralista», disse.
«O fato de existirem mais muçulmanos que católicos não é um fator preocupante», apontou a representante da comunidade ismaelita em Portugal. «O único factor que considero preocupante é a preocupação sobre os números», arrematou.
Joshua Ruah concorda que os números não são o mais importante «Não me faz nenhuma impressão… Eu pertenço a um grupo religioso que é sempre minoritário em todo o lado, por isso os números para mim não têm interesse», afirmou o ex-presidente da Comunidade Judaica de Portugal. «O que interessa é o que cada grupo faz a favor do encontro com a Humanidade», apontou.
O representante do judaísmo na Conferência Inter-Religiosa acredita que só haverá entendimento entre as várias «correntes de pensamento» - termo que prefere a religiões – «a partir do momento em que a pessoa humana for considerada como tal». Mais do que religiosa, a questão é, para Joshua Ruah, ética. «A Humanidade terá de se aglomerar por princípios que estejam acima das diferenças, princípios de cariz ético», defendeu, remetendo para «um patamar acima dos próprios credos, de crença na Humanidade».
Neste campo, afirmou, «as religiões têm um papel muito importante: um papel pedagógico, de ensinar aos seus crentes esta coisa simples de que o outro é para ser respeitado».
Dom Ximenes Belo homenageado
Para além de participar na Conferência Inter-Religiosa enquanto convidado de honra, o antigo bispo de Dili foi homenageado pelos «altos serviços prestados ao povo de Timor em particular e à Humanidade em geral», numa pequena cerimônia realizada na Escola Profissional de Aveiro, onde Dom Ximenes Belo se deslocou, a convite desta instituição de ensino".
Diário de Aveiro
Homenagem do Blog Olhar Cristão aos leitores de Aveiro - Portugal
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