terça-feira, abril 01, 2014

O que diz o silêncio na Bíblia

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João Cruzué


No livro de Eclesiastes está escrito que tudo tem seu tempo determinado e que há tempo para todo propósito debaixo do céu. Inclusive o tempo de falar e tempo de ficar calado. Também há outras formas de silêncio na Bíblia que merecem uma boa análise. Então vamos ver isso de mais perto.
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No Salmo 115:17 está escrito que os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio. Esta semana foi particularmente dura quanto a esta forma, pois minha cunhada Dalva, a mais alegre, a mais barulhenta, faleceu e está em um lugar de silêncio na cidade de Barra do Turvo/SP


No Evangelho segundo Mateus, no capítulo 26, também está escrito que Jesus guardava silêncio diante do sumo sacerdote judeu no dia do julgamento. O líder religioso perguntava, mas Jesus continuava calado. Talvez admirado da ignorância dele, tão fora de sintonia com Deus. Então o sumo sacerdote perguntou: Conjuro-te perante o Deus vivo que nos diga se tu és o Cristo, o filho de Deus. Então Jesus abandonou o silêncio e produziu a prova oral que o condenou à morte. "Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu." Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: "Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!" Para um Judeu, Deus é único e não tem filho.

No Centro da Cidade de São Paulo as pessoas também fazem silêncio diante dos grupos de viciados em crack e loucos da Região da Praça da República. É o silêncio da desigualdade e da impotência. Se o próprio viciado não procurar por ajuda, ele não pode ser forçado nem ajudado. O silencio diante de uma liberdade da escolha de autodestruição.

Em Lucas 15, um pai amoroso não disse uma palavra quando o filho mais novo pediu a herança e foi embora de casa. Nada do que o pai dissesse teria valor. Foi o silêncio do amor e da sabedoria. Aquele pai aguardou em silêncio até o dia que avistou o filho retornando para casa. Então começou a falar sem parar: Trazei-me depressa a melhor roupa, ponde-lhe um anel na mão, sandálias nos pés, trazei-me o bezerro cevado e matai-o; comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha se perdido e foi achado!"

No Evangelho segundo João, um grupo de fariseus levou uma mulher adúltera diante de Jesus. Eles queriam ver sangue;  acusavam e Jesus permanecia em silencio. Eles continuaram acusando enquanto Jesus escrevia na areia. Não  disse uma palavra. Quando os homens calaram-se Jesus disse: "Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra." Ele guardou silêncio diante da hipocrisia, quando ela se calou, ouviu uma crítica certeira. E foi em silêncio que eles foram embora. Um silêncio de vergonha.
Em Apocalipse 8, por quase meia hora se fez silêncio no céu. O silêncio da expectativa.

Existe também o silêncio dos covardes, que no tempo de falar preferem ficar calados. Há ainda o silêncio de um coração contrito cujas palavras e gemidos já se esgotaram em oração. E  há o silêncio da dor, da opressão, onde a língua permanece muda, enquanto as lágrimas falam.

Para cada tempo e ocasião existe uma forma de silêncio adequada. Mas eu guardei a melhor para o final. Se você ainda não aceitou Jesus Cristo como Senhor da sua vida, ou está distanciado dele como o filho pródigo, não fique em silêncio diante da oportunidade quando você ouvir a voz de Deus falando a sua alma.



cruzue@gmail.com

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Biografia de Madre Teresa de Calcuta


Prêmio Nobel da Paz de 1979

Mother Teresa
Madre Teresa e as crianças
. Nobel Foundation Site


. Tradução: João Cruzué

Madre Teresa nasceu Agnes Gonxha Bojaxhiu, in Skopje - Macedônia, em 26 de agosto de 1910. Sua família tinha descendência albanesa. Aos 12 anos de idade, a adolescente Agnes sentiu a poderosa chamada de Deus. Ela soube que seria uma missionária para espalhar o amor de Cristo. Com 18 anos, ela deixou a casa dos pais em Skopje  e juntou-se às Irmãs de Loreto, uma comunidade irlandesa de freiras com missões na Índia. Depois de poucos meses de treinamento em Dublin, ela foi enviada para à Índia, onde fez seus votos iniciais de freira  em 24 de maio de 1931.

De 1931 a 1948, Madre Teresa ensinou no Colégio Santa Maria de Calcutá, porém o sofrimento e a pobreza que observava fora das paredes do convento lhe causou profunda impressão. Em 1948 ela recebeu permissão de sua superiora para deixar a escola no convento para devotar-se ao trabalho entre os mais pobres entre os pobres, nas favelas de Calcutá. Embora não tivesse recursos financeiros, pois dependia unicamente da Providência Divina, a Madre começou uma escola ao ar livre, para crianças daqueles bairros pobres. Logo outros voluntários uniram-se à ela. O suporte financeiro também apareceu e isto  trouxe-lhe a possibilidade de estender o projeto da obra.

Em 07 de outubro de 1950, Madre Teresa recebeu permissão da Santa Sé para iniciar uma nova Ordem: As "Missionárias da Caridade", cuja tarefa principal era amar e cuidar daquelas pessoas que não tinham ninguém por si. 

Em 1965, a Sociedade tornou-se uma Família Religiosa Internacional por um decreto do Papa Paulo VI.

Hoje esta Ordem abrange ramos ativos e contemplativos de Irmãs e Irmãos em vários países. Em 1963 foram fundados tanto o seguimento Contemplativo das Irmãs como o ramo Ativo dos Irmãos. Em 1979 o ramo Contemplativo dos Irmãos foi acrescentado e em 1984 o ramo do Sacerdócio foi estabelecido.

A Sociedade das Missionárias da Caridade espalhou-se por todo mundo, incluindo a antiga União Soviética e os países do Leste Europeu. Elas providenciam ajuda efetiva, para os mais pobres entre os pobres, em grande número de países da Ásia, África e América Latina. Elas também empreendem o trabalho de socorro seguindo-se a catástrofes naturais como: inundações, epidemias, fome e refugiados. A Ordem também possui Casas na América do Norte, Europa e Austrália, aonde cuidam de leprosos, alcoólatras, moradores de ruas e pessoas com Aids.

As Missionárias da Caridade são auxiliadas e assistidas em todo mundo por colaboradores que se constituiram em uma Associação Internacional em 29 de março de 1969. Pelos anos 90s existiam mais de um milhão de colaboradores em mais de 40 países. Junto aos colaboradores, os Missionários Leigos da Caridade procuram seguir o espírito e o carisma de Madre Teresa em suas famílias.

O trabalho de Madre Teresa tem sido reconhecido e aclamado através do mundo. Ela recebeu inúmeros prêmios e distinções, incluindo o Prêmio da Paz Papa João XXII e o Prêmio Nerhu pela Promoção da Paz Internacional e Entendimento (1972). Ela também recebeu o Prêmio Balazan (1979) e as condecorações Templeton e Magsaysay.

Fonte: Nobel Foundation Site

COMENTÁRIOS
Embora seja evangélico e Madre Teresa, católica, o trabalho social desenvolvido por ela na Índia transcende a qualquer preconceito, pois teve como característica a linguagem universal do amor, que caracteriza os filhos de Deus. Ela pode ser perfeitamente comparada com a boa samaritana da parábola de Jesus em tempos de pastores e levitas de coração árido.

Já li o livro: "Madre Teresa" publicado pela 
Ediouro Livros. Ali pela primeira vez, são revelados os medos e angústias que Madre Teresa fazia tanta questão de preservar ocultos aos olhos da mídia. Ninguém jamais acreditaria, se ela contasse, que durante muito tempo orou e não recebeu respostas. Um período em que se sentiu vazia diante do silêncio de Deus. Muitos outros Cristãos também passaram por uma sensaçao de abandono semelhante, inclusive, o próprio Cristo. Transparece a mim que ela lutava com Deus em oração, na Índia, diante de uma opressão e miséria maligna enormes, cujo dimensão trazia-lhe um profundo sentimento de impotência.

A Índia dos Dalits, dos Intocáveis, das "Scheduled Castes", que pelos nossos recentes posts, nos mostram a mais cruel forma de dominação e opressão planejada dentro de uma religião (Hinduísmo), que arranca pela raiz qualquer dignidade e esperança humanas, principalmente, entre os mais pobres entre os pobres que Madre Teresa cuidava.

Em um mundo tão "moderno" onde diplomas de teologia são muito apreciados nas paredes
 enquanto as grandes carências humanas são "resolvidas" apenas com teorias e "orações", o testemunho, a obra e os escritos de Madre Teresa são um "soco" no estômago pelo agir, pelo fazer, pela compaixão. Uma coisa muito interessante chamou-me a atenção neste livro: Eu esperava encontrar dezenas e dezenas de referências a Maria ou a Nossa Senhora, como é costume católico dizer. Mas nada! É Jesus , e Jesus, e Jesus quase do começo ao fim. Percebi que Madre Teresa de Calcutá conseguia ver a Índia com um legítimo olhar cristão.

João Cruzué

cruzue@gmail.com

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