Por Wayde I. Goodall
https://enrichmentjournal.ag.org - ano 1996
Embora passem grande parte do tempo com pessoas, relacionamentos profundos e transparentes com seus pares são raros. Estima-se que 70% dos ministros não tenham um amigo íntimo. O mesmo percentual apresenta hoje uma autoimagem mais baixa do que quando iniciou no ministério. Ministros podem pastorear grandes igrejas e ter inúmeros conhecidos, mas permanecer isolados e solitários. Isso é trágico. Amizades entre pares são importantes. Cuidar uns dos outros é bíblico. Ter pessoas diante das quais prestamos contas é essencial.
Daniel fazia parte de um grupo de quatro — Hananias, Misael, Azarias e Daniel. Esse grupo de amigos unidos cria uns nos outros e orava em favor uns dos outros (ver Daniel 2:16-18). Nosso Senhor Jesus formou um grupo chamado apóstolos e, dentro desse grupo, havia ainda um círculo menor com Pedro, Tiago e João. Paulo parecia ter um grupo específico de ministros com os quais passava muito tempo. Quando estavam no seminário, João e Charles Wesley, George Whitefield e vários outros faziam parte de um grupo chamado Clube Santo. Esse grupo se apoiava mutuamente, e muito se escreveu indicando que eles mantinham uns aos outros em prestação de contas quanto à vida cristã.
Grupos de prestação de contas certamente não são novidade. Tive o privilégio de fazer parte de grupos assim várias vezes, em diferentes contextos ministeriais. Essas experiências estão entre as mais ricas que já tive no ministério. Laços profundos foram formados. Cuidávamos sinceramente uns dos outros. Direcionamento espiritual era frequentemente oferecido. Orávamos uns pelos outros. Se algum membro começasse a se afastar de suas convicções ou da fé, o grupo o chamava à responsabilidade.
Howard Hendricks, conhecido conferencista e professor do Seminário Teológico de Dallas, estudou 237 casos de homens de Deus que experimentaram queda moral. Ele encontrou apenas um fator comum: nenhum dos 237 mantinha relacionamentos de prestação de contas com outros homens. Aqueles que levam a sério uma vida pura e eficaz diante do Senhor encontrarão mais força quando caminham acompanhados de verdadeiros irmãos.
Por que formar um grupo?
Uma das razões é que as pessoas precisam de relacionamentos — amigos comprometidos e piedosos que as encorajem, amem e orem por elas. Louie Giglio define um grupo de prestação de contas da seguinte forma:
“Um grupo de prestação de contas é um lugar onde você é consistentemente franco, aberto, honesto e vulnerável quanto às suas fragilidades potenciais e reais, em um ambiente de amor mútuo, confiança, aceitação e desafio, com o objetivo de ser conformado à imagem de Cristo e concluir bem a corrida.”
O escritor de Eclesiastes afirmou: “Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque, se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante” (4:9-10). Em grupos de prestação de contas, os membros precisam concordar com princípios básicos: oração, confidencialidade, honestidade, busca do bem mútuo e compromisso com cada pessoa do grupo.
Pessoas com lutas semelhantes tendem naturalmente a se unir. Ministros enfrentam desafios semelhantes em sua vocação, além de pressões específicas na vida pessoal e familiar. Grupos muito grandes reduzem a intimidade, comprometem a confidencialidade e geralmente criam dificuldades de agenda.
Uma abordagem sensível é essencial. Ore sobre quem deve ser convidado e peça que a pessoa também ore a respeito da formação do grupo. Dê tempo para que cada possível membro avalie o nível de compromisso necessário. A liderança pode ser compartilhada após a definição de diretrizes claras, a menos que Deus levante claramente um líder específico.
Perguntas de prestação de contas
Charles Swindoll, Chuck Colson, Steve Farrar e outros recomendam perguntas como:
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Você esteve com alguma mulher esta semana de forma inadequada ou que pudesse parecer imprópria aos olhos de outros?
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Você foi completamente irrepreensível em todas as suas transações financeiras esta semana?
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Você se expôs a material sexualmente explícito esta semana?
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Você passou tempo diário em oração e nas Escrituras esta semana?
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Você cumpriu o chamado do seu ministério esta semana?
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Você acabou de mentir para mim?
Os irmãos Wesley, George Whitefield e outros de seu grupo usavam o seguinte compromisso:
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Não ouviremos nem buscaremos voluntariamente nada de negativo uns sobre os outros.
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Se ouvirmos algo negativo, não nos apressaremos em acreditar.
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Comunicaremos o fato diretamente à pessoa envolvida o mais rápido possível.
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Até que isso seja feito, não falaremos uma palavra a mais sobre o assunto a ninguém.
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Nem depois disso comentaremos com terceiros.
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Não abriremos exceção a essas regras, a menos que a consciência nos obrigue absolutamente.
Jerry Jenkins oferece conselhos úteis no que chama de “cercas de proteção moral”, enfatizando que ministros precisam uns dos outros não apenas para saber que alguém se importa e ora por eles, mas também para celebrar vitórias espirituais e permanecer firmes diante das investidas do inimigo.
Assim como leões isolam a presa do rebanho para atacá-la, Satanás busca isolar aqueles que caminham sozinhos no ministério.
SP- 18/12/2025
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