terça-feira, dezembro 09, 2025

Pesquisa sobre o Fim do Mundo - I


Nova Terra

João Cruzué

Na compreensão popular, a expressão “fim do mundo” costuma ser associada à destruição completa do planeta — um colapso total onde nada sobreviveria. É uma ideia moldada por filmes, rumores, previsões sensacionalistas e imaginário coletivo, não pela Bíblia. Nesse entendimento comum, o fim do mundo aparece como um evento caótico e imprevisível, provocado por guerras globais, desastres naturais gigantescos ou impactos cósmicos. A visão dominante é aniquiladora: tudo termina, e a existência deixa de continuar.

A ortodoxia bíblica, porém, apresenta um conceito muito diferente. Quando a Escritura fala do “fim”, ela se refere ao encerramento de uma era — o término do sistema atual marcado por injustiça, corrupção e pecado. Não se trata do fim da criação, mas do fim da ordem presente. O termo usado por Jesus (sunteleia tou aiōnos, Mt 24:3) significa literalmente “conclusão da era”, não destruição do mundo físico. Em vez de aniquilação, o foco bíblico é transformação, purificação e renovação.

Segundo o ensino das Escrituras, aquilo que muitos chamam de “fim do mundo” corresponde ao conjunto de eventos escatológicos que culminam no retorno de Cristo, na ressurreição dos mortos, no juízo final e no estabelecimento definitivo do Reino de Deus. Textos como 2 Pedro 3:10, frequentemente interpretados como destruição total, na verdade descrevem um processo de refinamento, semelhante ao fogo que purifica o ouro. O universo não é eliminado, mas restaurado para cumprir plenamente o propósito de Deus.

Enquanto a visão popular enxerga o fim como algo sem controle, aleatório e destrutivo, a ortodoxia bíblica mostra que tudo ocorre dentro de um plano ordenado. Cada etapa — arrebatamento (na leitura pré-tribulacionista), tribulação, milênio, juízo final e novos céus e nova terra — segue uma sequência com sentido e propósito. Nada é acidental; tudo está sob a direção soberana de Deus.

Assim, o contraste é claro: para a cultura popular, o fim do mundo é destruição; para a Bíblia, é renovação. O mundo como o conhecemos realmente chegará ao fim, mas não por aniquilação — e sim para dar lugar ao mundo que Deus sempre planejou: renovado, justo, livre do mal e repleto da glória divina. A mensagem bíblica não é de desespero, mas de esperança: Deus não destrói Sua criação; Ele a conduz ao seu destino perfeito.


SP-09/12/2025.



Autores demonstrados no texto:

-Gordon Fee (interpretação de “aiōn” e “consumação da era”);

-D. A. Carson (Mateus 24:3 e linguagem apocalíptica);

-Leon Morris (relação AT/NT em temas escatológicos);

-John Stott (visão equilibrada entre juízo e renovação);

-Russell P. Shedd (ênfase no Reino de Deus como renovação, não aniquilação);

Autores Pentecostais:

-Stanley Horton – forte ênfase na renovação da criação e consumação do plano divino;

-Myer Pearlman – didática clara sobre “fim da era”;

-George Eldon Ladd – conceito chave de já e ainda não do Reino.


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