terça-feira, dezembro 02, 2025

O Conflito de Jonas com a Vontade de Deus

 

Jonas em Ninive

João Cruzué

O livro do Profeta Jonas apresenta nas escrituras um conflito dramático entre a vontade humana e a vontade divina. Quando Deus ordenou a Jonas: "Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela" (Jonas 1:2), o profeta respondeu com uma fuga deliberada, embarcando em um navio para Társis, na direção oposta a Nínive. Este gesto revela não apenas desobediência do profeta, mas a rejeição consciente do propósito divino. Este ato inicial do livro expõe uma verdade profunda sobre a natureza humana: mesmo os servos de Deus podem resistir à sua vontade, quando esta contradiz os próprios valores, preconceitos ou expectativas humanas. A fuga de Jonas não era um ato de medo ou covardia; era uma objeção teológica e moral à missão que lhe fora confiada.

O cerne do conflito de Jonas com Deus se revela plenamente no capítulo 4, quando o profeta finalmente desnuda sua motivação: "Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal" (Jonas 4:2).

Jonas conhecia o caráter de Deus e precisamente por isso fugiu. Ele não queria que Nínive fosse poupada. Os ninivitas eram inimigos cruéis de Israel, conhecidos por sua brutalidade e violência. Na perspectiva de Jonas, eles mereciam juizo, não misericórdia. 

O profeta representa uma compreensão estreita da justiça divina - uma justiça que demandava punição para os ímpios, especialmente quando esses ímpios eram opressores de seu próprio povo.  O conflito, portanto, não era simplesmente entre obediência e desobediência, mas entre duas visões da justiça: a justiça retributiva que Jonas defendia versus a justiça restaurativa que Deus oferecia.

Deus não abandonou Jonas em sua rebelião, mas empregou uma série de intervenções pedagógicas para confrontar e transformar a vontade do profeta. A tempestade que ameaça o navio força Jonas a reconhecer publicamente sua fuga (Jonas 1:9-12). O grande peixe que o engole por três dias torna-se tanto instrumento de preservação quanto prisão de reflexão, onde Jonas ora seu salmo de arrependimento (Jonas 2). 

Após a pregação bem-sucedida em Nínive e o arrependimento da cidade, Deus ainda precisou lidar com a ira persistente de Jonas. A aboboreira que cresceu e murchou em um dia serviu como ilustração final: se Jonas teve compaixão da planta pela qual não trabalhou, quanto mais Deus deveria ter compaixão de 120.000 pessoas "que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda" (Jonas 4:11)? Cada intervenção divina visa não destruir a vontade de Jonas, mas expandir sua compreensão e transformar seu coração.

O conflito de Jonas ressoa profundamente com experiências cristãs contemporâneas. Quantas vezes resistimos à vontade de Deus porque ela nos chama a amar quem consideramos indigno de amor? Quantas vezes nossa teologia se torna refém de nossos preconceitos étnicos, políticos ou sociais? O livro de Jonas questiona toda forma de religiosidade que transforma Deus em validador de nossas próprias agendas. Jonas queria um Deus que condenasse seus inimigos, porém, descobriu um Deus que ama indiscriminadamente. Para nós hoje, isso significa confrontar nossa tendência de criar um Deus à nossa imagem - um Deus que odeia quem odiamos, que exclui quem excluímos, que pune como queremos punir. O profeta rebelde nos ensina que a vontade de Deus frequentemente desafia nossas zonas de conforto moral e nos chama a uma compaixão que transcende nossa compreensão natural de justiça.

A questão final que o livro deixa em aberto - Jonas nunca responde à pergunta de Deus sobre Nínive - é deliberada. Ela transfere a pergunta para cada leitor: aceitaremos a amplitude da misericórdia divina, mesmo quando ela beneficia aqueles que consideramos indignos? Renderemos nossa vontade à vontade de Deus, mesmo quando esta nos parece escandalosamente generosa? O silêncio de Jonas no final do livro é, paradoxalmente, um convite para que cada um de nós responda por si mesmo. 

Assim, a verdadeira obediência não é apenas fazer o que Deus ordena externamente, mas alinhar nosso coração com o coração de Deus - um coração que não deseja a morte do ímpio, mas que este se converta e viva (Ezequiel 33:11). Este permanece o desafio fundamental de toda vida cristã: permitir que a vontade de Deus transforme não apenas nossas ações, mas também nossos desejos mais profundos.

SP- 02/12/2025.





O Chipanzé , o DNA do Homem e a Nota de 2 Reais

  

João Cruzué

Em minha pesquisa no GPT-5 observei estas comparações entre o DNA do Homem e de alguns animais:

O Chipanzé compartilha 98 a 99% do nosso DNA; 

Os ratos têm 85%  do Genoma que está no DNA humano;

As vacas, 80%;

A mosca doméstica tem 60%;

O repolho de 40 a 50%;

O sapo, de 30 a 40%.

Se fossem impressos todos os pares de base do genoma humano em letras do tamanho das desse texto, teríamos 1.500 volumes de 700 páginas cada em tamanho A4.

Esta aparente igualdade desaparece quando se mostra o tamanho destas "pequenas " diferenças.

Se não houvesse esta informação, você iria inferir que o homem seria semelhante ao chipanzé, o chipanzé ao rato, o rato à vaca, a vaca à mosca das doméstica e a mosca ao repolho, e este ao  sapo. Uma baita distorção.

Em  termos práticos, comparar o homem ao chipanzé seria a mesma coisa que comparar uma nota de 100 com uma de 2 reais. Parece que têm a mesma cor... digamos que sejam 98% iguais. Mas eu duvido que você trocaria uma nota de 100 por uma de 2, porque esses 2% fazem grande diferença. 


O genoma humano possui aproximadamente 3 bilhões de pares de bases (3.000.000.000 ou 3.109) distribuídos em 46 cromossomos Wikipedia. Essa é a base numérica para todo s os cálculos de diferenças genéticas.

Cálculo Numérico da Diferença Genética entre Humanos e Chimpanzés

Com base nas informações coletadas sobre o genoma humano e estudos de comparação genética, apresento os cálculos detalhados das diferenças entre o DNA humano e do chimpanzé.

Dados Base para os Cálculos

O genoma humano possui aproximadamente 3 bilhões de pares de bases (3.000.000.000 ou 3.109) distribuídos em 46 cromossomos Wikipedia. Essa é a base numérica para todo s os cálculos de diferenças genéticas.

Diferentes Porcentagens e Seus Valores Absolutos

A diferença genética entre humanos e chimpanzés varia conforme a metodologia de análise utilizada. Aqui estão os cálculos para diferentes cenários:

Cenário 1: Diferença de 1,3%

Estudos que compararam amostras de 3 milhões de pares de base, representando cerca de 0,1% do genoma do primata, constataram uma diferença média de apenas 1,3% UNICAMP Blogs.

Cálculo: 3.000.000.000 × 0,013 = 39.000.000 pares de bases diferentes

Cenário 2: Diferença de 1,6%

Segundo alguns estudos, os humanos diferem dos chimpanzés comuns e pigmeus em cerca de 1,6% do DNA, portanto compartilham 98,4% Instituto Humanitas Unisinos.

Cálculo: 3.000.000.000 × 0,016 = 48.000.000 pares de bases diferentes

Cenário 3: Similaridade de 99,6%

Em 2005, pesquisadores que sequenciaram o genoma do chimpanzé constataram que humanos compartilham cerca de 99,6% do DNA com os chimpanzés Jornal da USP, o que significa uma diferença de 0,4%.

Cálculo: 3.000.000.000 × 0,004 = 12.000.000 pares de bases diferentes

Cenário 4: Análise Mais Ampla (95% de similaridade)

Uma estimativa que melhor representa o relacionamento evolutivo indica um grau de correspondência genômico entre 95% e 99% Wordpress. Considerando o extremo de 95% de similaridade (5% de diferença):

Cálculo: 3.000.000.000 × 0,05 = 150.000.000 pares de bases diferentes

Cenário 5: Gap Divergence (2025)

Um artigo científico publicado em abril de 2025 na revista Nature, usando o critério "gap divergence", mostrou uma diferença de aproximadamente 14,9%, o que significa que aproximadamente 85,1% do genoma humano tem correspondência direta com o genoma do chimpanzé Questão de Ciência.

Cálculo: 3.000.000.000 × 0,149 = 447.000.000 pares de bases diferentes

Resumo Comparativo em Números Absolutos

Método/Estudo

Diferença (%)

Pares de Bases Diferentes

Regiões codificantes similares

0,4%

12 milhões

Análise de sequências alinhadas

1,3%

39 milhões

Comparação genômica padrão

1,6%

48 milhões

Análise ampla com deleções/inserções

5%

150 milhões

Gap divergence (2025)

14,9%

447 milhões

Considerações Importantes sobre os Métodos

As estimativas mais altas de similaridade (próximas a 99%) consideram apenas as regiões alinhávei do genoma, comparando ponto a ponto os trechos que podem ser colocados lado a lado, enquanto a gap divergence leva em conta as regiões que nem sequer podem ser alinhadas, produzindo uma estimativa mais baixa de similaridade global Questão de Ciência. O material genético humano é constituído por 30% de genes propriamente ditos e 70% de sequências intergênicas (espaços entre os genes), sendo que os genes são formados aproximadamente por 95% de íntrons e 5% de éxons (sequências codificantes) Astropt.

Portanto, a diferença de 1,5% mencionada em sua pergunta corresponde a aproximadamente 45 milhões de pares de bases diferentes (3.000.000.000 × 0,015 = 45.000.000), um valor intermediário entre os diferentes métodos de análise utilizados pelos pesquisadores.


Fontes:

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📚 Fontes por organismo

🧬 1. Chimpanzé — 98–99%

  • The Chimpanzee Sequencing and Analysis Consortium (Nature, 2005).
    "Initial sequence of the chimpanzee genome and comparison with the human genome."
  • Atualizações confirmadas por:
    Rhesus Macaque Genome Sequencing and Analysis Consortium. Nature, 2007.

🐭 2. Rato — ~85%

  • Rat Genome Sequencing Project Consortium (Nature, 2004).
    "Genome sequence of the Brown Norway rat yields insights into mammalian evolution."

🐄 3. Vaca — ~80%

  • Bovine Genome Sequencing & Analysis Consortium (Science, 2009).
    "The Genome Sequence of Taurine Cattle."

🐖 4. Porco — 98% (genes) / ~85% (genoma total)

  • Swine Genome Sequencing Consortium (Nature, 2012).
    "Analyses of pig genomes provide insight into porcine demography and evolution."
  • Nota: os genes codificadores têm alta similaridade funcional; o genoma completo é menos similar.

🐸 5. Sapo (Xenopus tropicalis) — 30–40% genoma total

  • Xenopus Genome Project (Science, 2010).
    "The genome of the Western clawed frog Xenopus tropicalis."
  • Conservação de genes essenciais relatada pelo NCBI Homologene (~80% em genes ortólogos).

🪰 6. Mosca doméstica (Drosophila melanogaster / Musca domestica) — ~60%

  • Drosophila Genome Project (Science, 2000).
    "The genome sequence of Drosophila melanogaster."
  • Conservação funcional estimada pelo Homophila Project, vinculando genes de doenças humanas a genes da mosca.

🥬 7. Repolho (Brassica oleracea / plantas) — ~40–50%

  • Arabidopsis Genome Initiative (Nature, 2000) como referência vegetal (modelo).
    "Analysis of the genome sequence of the flowering plant Arabidopsis thaliana."
  • Estudos comparativos em Brassicas:
    Cheng et al., Nature Genetics (2014)
    "Genome sequencing of the Brassica oleracea genome reveals the asymmetrical evolution of polyploid genomes."

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