terça-feira, dezembro 02, 2025

O Reino de Deus e o Grão de Mostarda

  

Jesus e a Mulher encurvada

João Cruzué

E Jesus ensinava no sábado em uma sinagoga. E veio ali uma mulher encurvada que há 18 anos sofria daquela envermidade. E depois desse encontro o Senhor comparou o Reino de Deus a uma semente de mostarda.

É impossível encontrar na história alguém que conheça melhor do que Cristo os detalhes da miséria humana. A causa da enfermidade daquela mulher era um espírito maligno enviado pelo diabo. Muitos não crêem na sua existência, mas está claro em Lucas 13:15-17 que Satanás trazia presa aquela mulher há 18 anos. Todo esse tempo com uma coluna encurvada era uma maldade sem limites. Foi por isto mesmo que Cristo veio - para desfazer as obras do diabo.

A mulher encurvada foi até a sinagoga por causa de Cristo.

A fama dos milagres de Cristo chegou até seus ouvidos, e ela desejou vê-lo. Dezoito anos de encurvamento era um longo tempo. Longo tempo de baixa autoestima, fuxicos, olhares curiosos. Deus estava atento a isto. Como estava atento a mulher do fluxo de sangue - 13 anos! Ao paralítico do Tanque de Betesda - 38 anos! A falta de um herdeiro para Abrão - 99 anos!

Em meio a tanta gente importante procurou um cantinho para ouvir. Mas Jesus não chamou os mais importantes, presentes na reunião. Ele olhou e viu o sofrimento daquela mulher. Depois de olhar ele a chamou: Mulher estás livre da tua enfermidade. Com esta ordem as correntes do diabo quebraram-se. Não contente com isto, impôs sobre ela as mãos, e ela endiretou-se e começou a glorificar a Deus.

E quando Deus começou a ser glorificado, o chefe da sinagoga em lugar de compartilhar daquela alegria, irritou-se ao ponto de repreender publicamente a Jesus, falando para a multidão: Seis dias há que se pode trabalhar. Vinde pois nestes dias para serdes curados e não nos sábados.

E até hoje, os seguidores do sábado continuam glorificando o sábado em lugar do Criador do sábado. Certa feita, passava eu, escritor deste blog, por um tempo muito difícil de falta dinheiro e emprego. Minha esposa e eu tínhamos um pequeno comércio na garagem de nossa casa. E um salão da Igreja A. foi aberto perto de nossa casa. E todo domingo vinha um senhor já bem de idade tentar nos re-envangelizar para o sabatismo. Sabedor de éramos crentes, ele insistia a apresentar um Cristo que sempre eu soube que foi muito perseguido por causa dos sábados. Ao recusar sua literatura pois já era cristão, o insistente "vovô" adv. começou a bater a poeira do sapato na calçada de nossa casa, em frente a dezenas de pessoas que passavam, acrescentando mais um prego a nossa angústia.

Mas, naquele mesmo mês, recebi uma dívida antiga. Foi o bastante para pagar todas as as dívidas e ainda sobrar um pouco. Não me lembro de quanto tempo o salão adventista permaneceu aberto. Mas, não prosperou e fechou.

Se aquela mulher foi àquela sinagoga outras vezes, nunca alguém percebeu que o diabo era o causador da sua enfermidade. Nem tiveram qualquer compaixão por ela. Então, depois de dizer o que pensava, o chefe da sinagoga ouviu de Jesus o que não queria: Hipócritas, cada um de vós não abre a porta do curral o seu boi ou o seu jumento para levá-lo a beber? Por que motivo não se deveria também livrar esta filha de Abraão a quem Satanás trazia presa há 18 anos?

Foi uma resposta tão constrangedora que ninguém ousou responder mais nada! Isso mostra quão destrutivos podem ser uma religião e um lider religioso desviado dos caminhos de Deus. São como uma laranja de gomos secos. Uma bela aparência por fora e um conteúdo seco.

A mulher encurvada recebeu sua cura porque no dia da sua bênção não ficou em casa. Nesses dias de tanto desânimo é muito comum ficar em casa. E fica-se em casa, hoje, porque a liturgia do culto será a mesma daqui a dez anos. Um desânimo alimentando o outro. E também era assim naquele tempo. Mas a fama dos milagres de Cristo foi atraíndo multidões por onde ele passava. E no dia que Cristo passou a mulher encurvada pensou que deveria valer o sacrifício de se aprontar e visitar a sinagoga.

Ela saíu de casa encurvada, mas voltou ereta; saíu triste, e voltou glorificando a Deus. Todos seus vizinhos devem ter se alegrado e chorado com ela.

O Reino de Deus, Cristo comparou como um pequeno grão de mostarda, que um hortelão semeia na sua horta. Ele brota, depois cresce tanto, e em seus ramos aninham-se os pássaros.

Aquela mulher quando saiu para a sinagoga levou consigo o seu grão de mostarda. Continue carregando também o seu, pois mas cedo do que pensa ele também vai brotar.


Com carinho,

Irmão João.





terça-feira, novembro 25, 2025

O Reino de Deus na Bíblia

 Grãos de mostarda

Salvadora persica

 João Cruzué

O Reino dos Deus é o grande tema que atravessa todo o Novo Testamento como um fio de ouro. Tudo começa com João Batista clamando no deserto: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus!” (Mt 3:2). Logo em seguida, o próprio Jesus inicia seu ministério com as mesmas palavras (Mt 4:17). Esse Reino não é, em primeiro lugar, um lugar no mapa, mas o governo ativo, vivo e poderoso de Deus invadindo a história humana. É Deus dizendo: “Chegou a hora de eu reinar de forma nova e definitiva no meio do meu povo e, através dele, sobre toda a criação”.

Jesus deixa claro que o Reino já chegou até nós na sua própria pessoa. Quando os fariseus o acusam de expulsar demônios por Belzebu, ele responde: “Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então é porque o Reino de Deus já chegou até vós” (Mt 12:28). As curas, os milagres, o perdão dos pecados, a ressurreição de mortos — tudo isso são sinais concretos, visíveis e palpáveis de que o poder do mundo futuro já está operando no presente. O Reino irrompeu como uma explosão de vida no meio de um mundo de morte.

Ao mesmo tempo, Jesus ensina que o Reino ainda não chegou em sua forma final e gloriosa. Por isso ele manda os discípulos orarem todos os dias: “Venha o teu reino” (Mt 6:10). Ele fala de um dia futuro em que os justos “brilharão como o sol no reino de seu Pai” (Mt 13:43) e em que o Filho do Homem voltará em glória para julgar as nações (Mt 25:31-46). Estamos vivendo, portanto, no “já” do Reino (ele já começou) e no “ainda não” (ainda aguardamos sua consumação). Essa tensão define a vida cristã: já somos cidadãos do Reino, mas ainda suspiramos pela sua manifestação total.

Uma das características mais chocantes do Reino é quem entra nele. Jesus diz que só entra quem se torna como uma criança: simples, dependente, sem pretensão de merecimento (Mc 10:14-15; Mt 18:3). Os ricos, os poderosos, os que confiam em si mesmos acham quase impossível passar pela “porta estreita”. Já os pobres de espírito, os pecadores que reconhecem sua miséria, as prostitutas e os cobradores de impostos arrependidos estão entrando à frente dos religiosos profissionais (Mt 21:31). O Reino subverte os valores do mundo.

Entrar e permanecer no Reino exige duas coisas inseparáveis: arrependimento verdadeiro e fé em Jesus como o Rei enviado por Deus. Não adianta ser descendente de Abraão ou cumprir rituais externos. É preciso nascer de novo, nascer “da água e do Espírito” (Jo 3:3-5). Quem entra vive uma vida transformada: ama a Deus sobre todas as coisas e ama o próximo como a si mesmo. Jesus resume toda a Lei nesses dois mandamentos e diz que deles “dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22:37-40). Obediência amorosa é a marca do cidadão do Reino.

Jesus usa dezenas de parábolas para explicar como o Reino funciona. Ele é como a minúscula semente de mostarda que se torna uma grande árvore (Mt 13:31-32), como fermento que leveda silenciosamente toda a massa (Mt 13:33), como um tesouro escondido no campo ou uma pérola de valor incalculável — quem o encontra vende tudo com alegria para possuí-lo (Mt 13:44-46). É também como um banquete de casamento para o qual os convidados originais (Israel incrédulo) recusaram vir, então as portas são abertas para todos os povos, bons e maus, mas quem entrar sem a “roupa de festa” (justiça de Cristo) será expulso (Mt 22:1-14).

O crescimento do Reino é, muitas vezes, invisível aos olhos do mundo. Começa pequeno, quase imperceptível — doze pescadores galileus, uma cruz romana, um túmulo vazio —, mas avança irresistivelmente. Jesus compara isso à semente que cresce sozinha, “primeiro a erva, depois a espiga, por fim o grão cheio na espiga” (Mc 4:26-29). Um dia, porém, esse grão se tornará a maior de todas as árvores. Quando Cristo voltar, ele entregará o Reino ao Pai, após ter destruído todo domínio, autoridade e poder, inclusive a própria morte (1Co 15:24-28).

A ética do Reino é revolucionária e muitas vezes escandalosa. Bem-aventurados os pobres, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os perseguidos (Mt 5:3-12). Os cidadãos do Reino amam os inimigos, abençoam quem os amaldiçoa, oram por quem os persegue, perdoam setenta vezes sete vezes, não julgam para não serem julgados, andam a segunda milha, dão a capa além da túnica. Essa vida só é possível porque o Rei já viveu tudo isso perfeitamente por nós e nos dá seu Espírito para vivermos o mesmo.

Não existe entrada no Reino sem cruz. Jesus foi coroado Rei exatamente quando foi levantado na cruz (Jo 12:32). Ele diz com todas as letras: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me” (Lc 9:23). Sofrimento, rejeição, humilhação fazem parte do pacote. O caminho da glória passa necessariamente pelo Calvário. Quem quiser reinar com ele precisa primeiro sofrer com ele (2Tm 2:12; Rm 8:17).

No final de tudo, o Reino será plenamente revelado em glória indizível. Haverá novos céus e nova terra, a Cidade Santa descerá como noiva adornada para seu marido, Deus habitará com os homens, enxugará toda lágrima, e não haverá mais morte, nem luto, nem choro, nem dor (Ap 21:1-4). Os redimidos de todas as tribos, línguas, povos e nações estarão diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e palmas nas mãos, e reinarão para todo o sempre (Ap 7:9-17; 22:5). O Reino dos Céus terá se tornado o Reino eterno de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos (Ap 11:15).

Esse é o magnífico retrato que o Novo Testamento pinta do Reino: já iniciado, crescendo escondido, avançando pela pregação do evangelho e pelo poder do Espírito, mas que explodirá em glória total quando o Rei voltar para fazer novas todas as coisas.


SP-25/11/2025.