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O arrebatamento do profeta Elias
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Por: João Cruzué
Estive lendo esta semana o texto da Bíblia que registra a história da morte do filho da mulher sunamita. Ali, fiquei curioso com as atitudes de Geazi no cotidiano com o profeta Eliseu. Daí, nasceu o desejo de sair do perfunctório e fazer uma análise holística sobre este intrigante personagem.
Geazi aparece, pela primeira vez na Bíblia, atendendo uma ordem do profeta Eliseu, no segundo Livro dos Reis - 2Rs. 4:12. No desenrolar desse diálogo, fica bem entendido que, enquanto o profeta se preocupava com a vida espiritual das pessoas, Geazi se interessava pela vida particular delas.
-Então disse ele [Eliseu]: O que se há de fazer por ela? Ele já havia perguntado diretamente a ela do que precisava. Como foi muito discreta, e não dissera nada, o profeta foi confabular com o auxiliar.
-Ora, ela não tem filho, e seu marido é um velho. Esta foi a análise de Geazi.
Eliseu não sabia disso, mas Geazi estava muito bem informado. Bem informado e preconceituoso; traduzindo: uma mulher estéril casada com um bisvovô. A meu sentir, isto mostra indubitavelmente que Geazi tinha uma visão apequenada, olhava só para baixo.
Sinceramente, não sei qual foi o critério de Eliseu para escolher Geazi. Será que Eliseu aceitou a sugestão de alguém, em lugar de esperar pela resposta de Deus? Pergunto a você, no começo deste post, você acha que foi mesmo Deus que mescolheu Geazi para ser auxiliar do profeta Eliseu?
Continuando, com base na informação de Geazi, o profeta Eliseu mandou chamar a mulher sunamita e lhe fez uma promessa: "Por este tempo [mês] no próximo ano, abraçarás um filho. O que ela, a princípio não quis acreditar.
-Mas, eu analiso que não foi Deus que revelou a Eliseu que a mulher queria um filho. Isto foi dedução e sutil sugestão de Geazi. O profeta era um homem que andava na presença de Deus, chamou a mulher, prometeu, crendo ou não, a promessa se cumpriu.
Depois do menino grande, ele morreu de repente, talvez por um aneurisma cerebral. A cabeça começou a doer e não houve jeito. Ao meio-dia, expirou no colo da mãe que foi procurar o profeta no Monte Carmelo.
O profeta viu de longe sua aproximação. Enstão, disse a Geazi: "Eis aí a sunamita; corre-lhe ao encontro e pergunta se vai tudo bem. Quero interromper, para comentar que há um lindo hino cristão com a resposta a esta pergunta "Vai tudo bem, It is well on my soul".
A mulher se abaixou e segurou os pés de Eliseu. Qual foi a atitude de Geazi? Este procurou tirar a mulher dali, entendendo que ela estava importunando o profeta. O que posso ler nesta atitude? Que Geazi não possuía nenhuma intimidade com Deus. O profeta percebeu que ela estava com o espírito amargurado. Geazi, não. Não tinha nenhuma sensibilidade espiritual. Posso comparar isto à secura espiritual do sacerdote e do levita, no texto da parábola do bom samaritano. Sensibilidade zero.
Foi aí que o profeta Eliseu sofreu a primeira crítica da sunamita: Por ventura eu pedi ao senhor algum filho? Foi aí que o profeta sentiu na pele o que é tomar uma decisão fora da direção de Deus. Isto mesmo, que arranjou-lhe toda confusão foi Geazi.
Sendo assim, ele pôs Geazi a caminho. "Vista uma roupa, tome meu bordão e vai correndo. Não perca tempo saudando ninguém, nem responda saudações. Chega até onde está o menino e põe o meu bordão sobre o rosto do menino.
A esta altura, a mulher sunamita não concordou. E não concordou porque passou a conhecer que o auxiliar do profeta não tinha a virtude, a presença de Deus na vida; pelos gestos e atitudes ela viu que Geazi era um religioso estéril. Por isso, insistiu que Eliseu fosse até onde o menino estava.
Geazi foi correndo e voltou trazendo más notícias. "Eu coloquei o bordão na cara do menino, mas ele nem se mexeu, continua mortinho..."
Eliseu teve de orar 2 vezes a Deus para ver o menino ressuscitado. Pegou o menino, chegou até a sunamita e disse mais ou menos assim:
-Toma, sua incrédula! Ela se ajoelhou aos pés do profeta, colocou seu rosto no chão, pegou seu menino e saiu.
No capítulo 5 do mesmo Segundo Livro dos Reis, podemos conhecer outra face do caráter de Geazi - o Geazi avarento.
O general sírio Naamã recebeu a cura da lepra, banhando-se 7 vezes nas águas barrentas do Rio Jordão. O profeta Eliseu recusou os presentes do general, mas Geazi, sorrateiramente, foi e mentiu, dizendo que por motivo de "assistência social" o profeta Eliseu precisava de 1 talento de prata e 2 mudas de roupa. Sai, com 2 talentos de prata e 2 mudas de roupa. Geazi nem se deu ao trabalho de carregar; dois auxiliares do general carregaram aquilo até perto da casa de Geazi.
--Geazi, donde vens?
--Ah! meu senhor, teu servo não foi a parte alguma.
A Bíblia fala que o diabo é o pai da mentira, que mente desde o princípio e nele não há verdade alguma. A Bíblia registra as palavras de Jesus em São João 8:44, chamando os fariseus de filhos do diabo porque eram homicidas e mentirosos.
A lepra saiu de Naamã, mas por causa da mentira e avareza ela foi parar no meio da família de Geazi.
No capítulo 6 de 2Reis, o Rei da Síria fazia guerra contra Israel. A tática que o Rei e seus generais planejavam nas suas tendas, Deus revelava ao olhos do profeta Eliseu. Este, sendo revelado pelo Senhor, avisa o Rei de Israel: Evita de passar por tal e tal lugar, porque o exército da Síria vai estar lá.
Irritado, o Rei da Síria pensou que havia um espião de Israel no meio de seus generais. Ao saber que seus planos eram revelados por Deus ao profeta mandou cercar a cidade onde estava morando Eliseu e Geazi.
Pela manhã, o moço do profeta [Geazi] levantou-se e viu a cidade de Dotã cercada pelo exército sírio.
-Ai meu senhor! O que faremos agora?
E Eliseu orou, e disse:
--Ó SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja.
E o Senhor abriu os olhos dele, e ele viu que o monte estava cheio de carros de fogo em redor de Eliseu. Nesta sequência, eu posso ver que o Geazi cego, incrédulo, fofoqueiro, mesquinho, mentiroso e avarento, passou a ter visões espirituais.
No capítulo 8 de 2Reis, vemos, porém, um Geazi diferente, conversando com o Rei de Israel. E o Rei pediu: "Conta-me, peço-te, as grandes obras que o profeta Eliseu tem feito" E, enquanto ele estava contando como Eliseu ressuscitara o filho da sunamita, ela própria apareceu, de repente, perante o Rei, e Geazi falou: "Ó rei, meu senhor, esta é a mulher, e este é seu filho a quem o profeta Eliseu ressuscitou." Muito interessante esta passagem. Geazi falando e Deus trazendo a mulher durante o assunto, para confirmar o testemunho.
Minha conclusão: pelo que está exposto na Bíblia, Geazi foi um péssimo auxiliar de profeta no começo. Seu pior feito foi ter mentido ao general Naamã por motivos avarentos. Mas depois deste acontecimento, talvez por causa da maldição da lepra em sua família, Geazi pode ter mudado de caráter. Eu creio nisso, depois da oração do profeta Eliseu: Senhor, abre os olhos desse moço. Ali, Geazi começou a ver a majestade de Deus e o poderio dos exércitos celestiais. Geazi era um cego que passou a ver. Quando ele contava o testemunho do que Deus fizera, ressuscitando o filho da sunamita, eu posso ver um ex-fofoqueiro que passou a ser uma testemunha fiel dos milagres do Senhor Deus.
É isto que eu posso dizer, depois de ter analisado a obra completa da vida de Geazi na Bíblia.