quinta-feira, fevereiro 13, 2014

O vento e o mar na vida do cristão


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Os discípulos cruzando o Mar da Galiléia
João Cruzué

Quero deixar algumas linhas sobre dificuldades de orientação para cristãos já amadurecidos. Conhecedores da Palavra, mas insatisfeitos,  à procura da Igreja perfeita. Um dilema bastante comum em nossos dias.

A Igreja do Senhor é perfeita. Todavia, é constituída de membros imperfeitos, que por opção pessoal, podem ser lapidados ou não pela palavra. Não sei o porquê, mas por duas vezes Ernest Hemingway veio a minha mente, quando dei título ao post (O velho e o mar) e neste parágrafo, quando lembrei-me de parte daquele prefácio do Livro Por Quem os Sinos Dobram - "Nenhum homem é uma ilha". Uma tendência ao individualismo, ao isolamento, pode produzir uma insatisfação com a própria Igreja. Neste ponto, começamos  ver no próximo defeitos que na verdade também estão em nós.

Jesus ordenou aos discípulos que cruzassem o "Mar" da Galiléia, enquanto ficava para trás, com certeza para orar. Interessante: se Jesus era Deus, por que precisava orar? A resposta era o hábito da comunhão com o Pai. Mas, há um algo didático neste hábito. Se o Perfeito buscava comunhão, através da oração, para suas orientações diárias, os cristãos maduros também carecem aprender o mesmo hábito para manter viva a mesma comunhão.

Os discípulos corriam perigo de morte e o Senhor os viu em plena luta e os socorreu. Entrando no barco e repreendendo o vento e o mar. Há muitos cristãos à deriva, açoitados pela força do vento e fúria do mar. O vento das novidades e o mar do secularismo. Ficamos insatisfeitos e esta insatisfação pode ser benéfica ou maligna.

Uma crise pode nos forçar a um aumento da sede de comunhão com o Senhor. Neste sentido, é Deus quem nos coloca no barco e manda atravessar o mar. Embora não esteja no barco o tempo todo, ele nos observar atentamente. Isso produz experiência, crescimento e maior comunhão.

Outra crise de insatisfação pode nos açoitar - como a do filho pródigo. Esta não produz nem sede de oração, nem desejo de comunhão com Deus. São olhos que focam apenas defeitos naquilo que observam: excesso de ortodoxia, liturgias adormecedoras, pastores ignorantes, antagonistas em lugar de irmãos, o mundo parece mais interessante que a viver da fé. Aqui mora o perigo.

Não era a "casa" do filho pródigo que era defeituosa. Não havia nada errado com ela. O coração do moço, sim, é que estava envenenado pelo mundo ou, eventualmente, pelas murmurações do irmão mais velho. Sua insatisfação o levou ao desvario, ao desperdício e aos porco. As orações do pai o trouxeram de volta, pois coube a ele o benefício da inexperiência.

A insatisfação de cristãos experientes pode ser mais complexa. Se por um lado é difícil encontrar uma Igreja que possa satisfazer a visão de cada um, por outro o conhecimento bíblico de lidar com a situação já faz parte da bagagem. Se Jesus, que era muito mais experiente e sábio que qualquer cristão maduro resolvia seus problemas de orientação e solidão através de mais comunhão, não há outro caminho buscá-la por orações sinceras. Se ele, como profundo conhecedor dos corações e da hipocrisia humana não desperdiçava seu tempo anotando defeitos, nem murmurando das pessoas, pois este comportamento mesquinho é maligno. O diabo quando nos vê, só enxerga coisa ruim, mas Jesus não é assim: Ele vê com olhos compassivos e ainda que a pessoa só tenha uma virtude, é sobre esta virtude que Ele foca e nos faz saber.

O "mar" está revolto por causa da fúria do vento? Quem sabe a solução não esteja em abandonar o barco, mas em trazer Jesus para dentro dele?

...Ou para dentro do seu coração!


domingo, fevereiro 09, 2014

Livro Matriz Pentecostal Brasileira



João Cruzué


Em outubro do ano passado, o Sociólogo Gedeon  Freire Alencar lançou um livro muito interessante contendo pesquisas históricas, principalmente, sobre as primeiras décadas da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Brasil. Título da obra: MATRIZ PENTECOSTAL BRASILEIRA - de 1911 a 2011. Editora Novos Diálogos.



GEDON FREIRE DE ALENCAR é Doutor em Ciências da Religião pela PUC-SP, membro da Associação Brasileira de Historia das Religiões (ABHR) e da Rede Latino-americana de Estudos do Pentecostalismo (RELEP) e autor de outros livros: Protestantismo Tupiniquim: Hipóteses sobre a (não) contribuição evangélica à cultura brasileira, livro vencedor do Prêmio Areté 2006, e Assembleias de Deus. Origem, construção e militância - 1911-1946.

Duas entrevistas suas:  

A mais recente, no blog Teologia Pentecostal de Gutierrez Siqueira.

e a Arsenal do Crente datada de  novembro de 2007.


Das pesquisas de Gedeon, cópia de uma carta de obreiros nordestinos da Assembleia de Deus brasileira incomodados com uma "pedra" do sapato. Machistas, ameaçavam sutilmente um levante, caso os Líderes Igreja Sueca não impedisse uma mulher, a missionária Frida Vingren de exercer liderança na Assembleia de Deus brasileira.

Ainda não li o livro, que deve ser muito interessante, por ser a visão e a pesquisa de um sociólogo.

Segue cópia da carta, conseguida pelo pesquisador dos arquivos de parentes dos missionários suecos.