domingo, janeiro 15, 2012

Marta Suplicy, o cardeal Raymundo Damasceno e o PL 122


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Cardeal Raymundo Damasceno e senadora Marta Suplicy

João Cruzué

Causou-me profunda estranheza a ausência de autoridades eclesiásticas romanas na audiência pública que tratava do projeto de lei 122/06 na Comissão de Direitos Humanos do Senado, em 29 de novembro 2011. E ao abrir a página A3, do caderno de Opiniões da Folha de São Paulo de hoje, domingo, 15/01/2012, com matéria assinada pelo Dr. Francesco Scavolini*, fiquei com as orelhas em pé.

É mais do que notória, a ausência dos ícones da Igreja Romana nos polêmicos assuntos de interesse secular: Lei da "Homofobia", Aborto e constituição de "família" por homossexuais. E uma das possíveis razões para a falta de enfrentamento seja o grande telhado de vidro (pedofilia) e de outro lado, com certeza as ordens explícitas de Sua Santidade.

O encontro do Cardeal Damasceno com a Senadora Marta Suplicy em data próxima de 08 de dezembro passado, quando ela retirou o PLC 122 da pauta de votação da CDH ficou evidente quando Sua Eminência negou ter feito um acordo, enquanto Sua Excelência dizia em entrevistas na TV que tinha atendido a todas sugestões do Cardeal.

Que sugestões foram estas? Por que o Cardeal não se fez pronunciar na audiência pública da CDH de 29 de novembro? Já estava tudo combinado? É assim que o Cardeal trata de questões que interessam muito às famílias brasileiras? A impressão que fica, é que somente alguns líderes evangélicos têm de fato compromisso com o destino desta nação que a cada dia se mostra mais duvidoso, porque sob a face de uma "modernidade" que ninguém sabe o que é, procuram tirar todos os freios morais de uma sociedade para deixá-la à deriva.

Pr. Silas Malafaia e esposa Irmã Elizete com a família.

Apóstolo Valdemiro Santiago e esposa, Irmã Francileia


Pr. José Wellington e esposa, Irmã Vanda Freire

Missionário Romildo R. Soares e esposa, Irmã Madalena

Também o que pode se esperar das lideranças de uma Igreja cujo conceito de família não é flexionado nos padrões Bíblicos: "Convém que o Bispo seja casado". Como alguém que não constituiu uma família formal poderia mesmo defender seus arcabouços? É por isso que a nação brasileira vai se tornar predominantemente evangélica nos próximos 20 anos.



Segundo o Dr. Scavolini, "A suspeita de que tenha havido, sim, um acordo entre o cardeal e Marta é reforçado pelo próprio comportamento de Damasceno" que depois de ter recusado o convite para expor na CDH do Senado a posição da Igreja Católica sobre a PL da Homofobia, não hesitou em receber a senadora Marta Suplicy na Sede da CNBB, contrariando o que está escrito na 2ª Carta de São João.

Conclusão: A família? ora a família... vem depois dos interesses políticos da Santa Sé. É esta a impressão que fica. O que mais tenho a dizer? Parabéns Pr. Silas Malafaia, por estar presente e dar a cara para bater em todas estas audiências públicas (aborto e PLC 122) em Brasília.


* Doutor em jurisprudência pela Universidade de Urbino, da Itália, e especialista em direito canônico.



Para onde vai a Igreja Evangélica brasileira

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Fonte: Google
João Cruzué

Este é um tema muito difícil de abordar e considerando que alguém tem que dizer alguma coisa, neste início de 2012, a ocasião é oportuna e o tempo apropriado. São quatro, hoje, ao meu ver, os maiores protagonistas individuais do crescimento da Igreja Evangélica no Brasil: Apóstolo Valdemiro Santiago, Pastor Silas Malafaia, Missionário Romildo R. Soares e Bispo Macedo. Respectivamente os líderes das Igrejas: Mundial do Poder de Deus, Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Internacional da Graça de Deus e Igreja Universal do Reino de Deus. Estas Igrejas, sob estas lideranças, praticam uma evangelização agressiva.

Nos anos 90s, a população evangélica dobrou, e creio que isto pode ser creditado a forte entrada da Igreja Universal na TV aberta, pregando um Evangelho de libertação. Junto com o Bispo Macedo estava, em segundo plano, o Missionário R. R. Soares, na liderança da Igreja Internacional da Graça de Deus.

Na primeira década do século 21, aquele crescimento vigoroso empacou. A Igreja Católica começava a apoiar a corrente Carismática, na tentativa de matar dois coelhos com uma só cajadada: Defenestrar o estrado feita pela Teologia da Libertação e barrar a perda de fiéis para as Igrejas Evangélicas. Isto funcionou bem até 2006. Dali por diante, estudos da FGV, apontavam que a taxa de crescimento dos evangélicos voltou ao mesmo patamar dos anos 90s.

A Igreja Universal neste período (2001 - 2010) trocou a mensagem do Evangelho de libertação por uma mensagem focada na prosperidade. Saíram de cena as entrevistas com demônios e chegou a pregação um evangelho antropocêntrico. Deus a serviço do homem. O meio para se conseguir um fim. A isso adveio uma coisa pior: O uso da Rede Record, comprada indiretamente com dinheiro de dízimos e Ofertas, para disseminar novelas perniciosas e programas mundanos.

E no final da década passada, o Bispo Valdemiro Santiago começou a se destacar no cenário brasileiro, pregando um Evangelho de curas e milagres, levando para a Televisão o ministério que o Pastor David Miranda deixou só no rádio. Com a utilização maciça de espaços das TVs abertas o Apóstolo Valdemiro estava fazendo aquilo que a Igreja Deus é Amor não teve visão para mudar. E se deu muito bem, inaugurando no dia 1º de janeiro deste ano o megatemplo "Cidade Mundial", na Av. Monteiro Lobato, em Guarulhos. Com direito a realizar três cultos para 150 mil pessoas cada, deixando um engasgo de 20 km no trânsito da Rodovia Presidente Dutra e as autoridades da Polícia Rodoviária Federal e do Aeroporto Internacional de Guarulhos TIRIRICA da vida. E Ficou mal na história a Polícia Militar de São Paulo que estimou a presença de fiéis no local em apenas "50 mil" pessoas.

A competição pelos espaços na TV aberta por estas quatro Igrejas, se já era bem acirrada, agora está em plena guerra, respeitando as devidas proporções. E as redes de TV, espertas, estão dobrando o faturamento nas "costas" dessas Igrejas. O cálculo do custo-benefício é muito simples: Maior tempo na TV, maior pregação do Evangelho e principalmente maior arrecadação. E maior arrecadação: mais templos, mais cruzadas, mais investimentos em treinamento de pastores mais jovens, mais missões no exterior; verdadeiras multinacionais.

Para onde vai a Igreja Evangélica Brasileira?

Espero que não vá para o brejo. Como aconteceu nos anos 80s com a Igreja Evangélica dos Estados Unidos, onde os escândalos de prostituição e as briguinhas e ciumeiras entre Jim Baker [¹], Jimmy Swaggart & companhia [²] detonaram a credibilidade da Assembleia de Deus por lá com escândalos de prostituição e estelionato. Os afluentes que desembocaram todo este esgoto vieram de uma situação de extrema vaidade: Cada ministério se dizia deter o "monopólio" do Espírito Santo. E esta loucura foi parar no maior pântano de descrédito que já se viu por lá. Será que isto vai se repetir no Brasil?

Eu oro para que isto não aconteça, mas a julgar pela competição por espaços na TV aberta (meio) para evangelizar e arrecadar fundos, à medida que outros Valdemiros e Silas forem se destacando e juntando aos quatro que chegaram, pode ser que uma onda de pedradas em telhados de vidro venha produzir uma reação em cadeia que infelizmente pode respingar lama em quem for hipócrita.

Guerra de vaidades. Se isto vier a acontecer, a pregação do Evangelho vai ser tão escandalizada que sua santidade, o Papa Bento XVI, vai mandar um cartão de agradecimentos para cada um. Ele que vem ao Brasil este ano, para tentar estancar o êxodo nas fileiras católicas.

Antes de terminar, vou parafrasear um versículo bíblico: Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro, e perder a sua alma, além de jogar a família inteira no inferno?

Menos vaidade e mais juízo. É isso que precisa ser dito agora, para que não se repitam aqui os mesmos escândalos, acontecidos no passado em terras americanas. Se isso for levado em conta, em 20 anos os evangélicos serão maioria neste país.