sexta-feira, abril 01, 2011

Discurso de Paraninfo, por Nizan Guanaes


Nizan Guanaes*

Dizem que conselho só se dá a quem pede. Mas, se me convidaram para paraninfo, acredito que tenho a licença de vocês para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns que julgo valiosos.

Não pautem suas vidas nem carreira pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, e o dinheiro virá como conseqüência.

Quem pensa só em dinheiro não consegue ser nem um grande bandido nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, aqueles que só pensam nele, não o ganham porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi, antes, construído na alma.

A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária que descreve o diálogo entre uma freira americana que cuidava de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles doentes com tamanha dedicação, disse-lhe: “Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo”. Ao que ela respondeu: “Eu também não, filho”.

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que Pensar e Realizar têm trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho: pense no seu país, porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e uma minoria tem mais do que precisa para viver. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada: os pobres vivem como bichos e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homem.

Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: “Seja quente ou seja frio. Não seja morno que eu te vomito”. É exatamente isso que está escrito na carta de Laudicéia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito! É preferível o erro à omissão; o fracasso, ao tédio; o escândalo, ao vazio, porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso, mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o remanso. Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não se acomode na extraordinária oportunidade de ter vivido.

Acredito que cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhando sempre com um saco de interrogações em uma das mãos e uma caixa de interrogações na outra.

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida que, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio, muito inteligente, porém fracassado, a contar tudo o que faria se fizesse alguma coisa.

Chega de poemas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta à noite, todo sábado e todo domingo, mas que toda segunda-feira não sabem o que ansiar, não sabem perder a pose e não sabem recomeçar porque não sabem trabalhar.

Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. Das 8 às 12, das 12 às 8, e mais, se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio e constrói prodígios.

Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida porque você vai trabalhar enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior e conversam as mesmas conversas; mas o tempo, que é mesmo o Senhor da Razão, vai bendizer o fruto do teu esforço. E só o trabalho te leva a conhecer pessoas e mundos que os preguiçosos nunca conhecerão.

... E isso se chama “sucesso”.



*Nizan Guanaes é Publicitário, fundador do IG e das agências DM9 e África), discursando como paraninfo na formatura de uma turma da FAAP.

Colaboração da colega Patricia Elaine, acadêmica de publicidade.



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Madre Teresa de Calcutá


Biografia de Madre Teresa de Calcutá

Prêmio Nobel da Paz de 1979

Mother Teresa
Madre Teresa em companhia das crianças

Nobel Foundation Site


Tradução: João Cruzué

Madre Teresa nasceu Agnes Gonxha Bojaxhiu, in Skopje - Macedônia, em 26 de agosto de 1910. Sua família era de descendência albanesa. Aos 12 anos de idade,Agnes sentiu poderosamente a chamada de Deus. Ela soube que tinha de ser uma missionária para espalhar o amor de Cristo. Com 18 anos ela deixou a casa paterna em Skopje, e se juntou às Irmãs de Loreto, uma comunidade irlandesa de freiras com missões na Índia. Depois de poucos meses de treinamento em Dublin, ela foi enviada para à Índia, aonde fez seus votos iniciais de freira, em 24 de maio de 1931.

De 1931 até 1948, Madre Teresa ensinou no Colégio Santa Maria de Calcutá, porém o sofrimento e a pobreza, que observava fora das paredes do convento, causou-lhe profunda impressão. Em 1948 ela recebeu permissão de suas superioras para deixar a escola no convento para devotar-se ao trabalho entre os mais pobres entre os pobres nas "favelas" de Calcutá. Embora não tivesse recursos financeiros, pois dependia unicamente da Providência Divina, ela começou uma escola ao ar livre para crianças daqueles bairros pobres. Logo outros voluntários se uniram à ela, e o suporte financeiro também apareceu. Isto lhe trouxe a possibilidade de estender o projeto da sua obra.

Em 07 de outubro de 1950, Madre Teresa recebeu permissão da Santa Sé para iniciar uma nova Ordem: As "Missionárias da Caridade", cuja tarefa principal era amar e cuidar daquelas pessoas que não tinham ninguém por si. Em 1965 a Sociedade tornou-se uma Família Religiosa Internacional por um decreto do Papa Paulo VI.

Hoje esta Ordem abrange ramos ativos e contemplativos de Irmãs e Irmãos em vários países. Em 1963 foi fundado tanto o seguimento Contemplativo das Irmãs como o ramo Ativo dos Irmãos . Em 1979 o ramo Contemplativo dos Irmãos foi acrescentado, e em 1984 o ramo do Sacerdócio foi estabelecido.

A Sociedade das Missionárias da Caridade espalhou-se por todo mundo, incluindo a antiga União Soviética e os países do Leste Europeu. Elas providenciam ajuda efetiva, para os mais pobres entre os pobres, em grande número de países da Ásia, África e América Latina. Elas também empreendem o trabalho de socorro seguindo-se a catástrofes naturais como: inundações, epidemias, fome e refugiados. A Ordem também possui Casas na América do Norte, Europa e Austrália, aonde cuidam de leprosos, alcoólatras, moradores de ruas e pessoas com Aids.

As Missionárias da Caridade são auxiliados e assistidos em todo mundo por colaboradores que se tornaram em uma Associação Internacional em 29 de março de 1969. Pelos anos de 1990 existiam mais de um milhão de colaboradores em mais de 40 países. Junto aos colaboradores, os Missionários leigos da Caridade procuram seguir o espírito e o carisma de Madre Teresa em suas famílias.

O trabalho de Madre Teresa tem sido reconhecido e aclamado através do mundo. Ela recebeu inúmeros prêmios e distinções, incluindo o Prêmio da Paz Papa João XXII e o Prêmio Nerhu pela promoção da paz internacional e entendimento(1972). Ela também recebeu o Prêmio Balazan(1979) e as condecorações Templeton e Magsaysay.

Fonte: Nobel Foundation Site

COMENTÁRIOS

Embora seja eu evangélico e Madre Teresa, católica, o trabalho social desenvolvido por ela na Índia transcende qualquer preconceito, pois teve como característica a linguagem universal do amor que apenas existe nos filhos de Deus. Ela pode ser perfeitamente comparada com a boa samaritana, da parábola de Jesus.

Estou lendo o mais recente livro: "Madre Teresa" publicado pela
Ediouro Livros. Ali pela primeira vez, são revelados os medos e angústias que Madre Teresa fazia tanta questão de preservar ocultos aos olhos da mídia. Ninguém jamais acreditaria, se ela contasse, que durante muito tempo orou e não recebeu respostas. Um período em que se sentiu vazia diante do silêncio de Deus. Muitos outros Cristãos também passaram por uma sensaçao de abandono semelhante, inclusive, o próprio Cristo. Transparece a mim que ela lutava com Deus em oração, na Índia, diante de uma opressão e miséria maligna enormes, cujo dimensão trazia-lhe um profundo sentimento de impotência.

A Índia dos Dalits, dos Intocáveis, das "Scheduled Castes", que pelos nossos recentes posts, nos mostram a mais cruel forma de dominação e opressão planejada dentro de uma religião(Hinduísmo), que arranca pela raiz qualquer dignidade e esperança humanas, principalmente, entre os mais pobres entre os pobres que Madre Teresa cuidava.

Em um mundo tão "moderno" onde diplomas de teologia são muito apreciados nas paredes
enquanto as grandes carências humanas são "resolvidas" apenas com teorias e "orações", o testemunho, a obra e os escritos de Madre Teresa são um "soco" no estômago pelo agir, pelo fazer, pela compaixão. Uma coisa muito interessante chamou-me a atenção neste livro: Eu esperava encontrar dezenas e dezenas de referências a Maria ou a Nossa Senhora, como é costume católico dizer. Mas nada! É Jesus , e Jesus, e Jesus quase do começo ao fim. Percebi que Madre Teresa de Calcutá conseguia ver a Índia com um legítimo olhar cristão.



cruzue@gmail.com



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