domingo, outubro 11, 2009

Dia das Crianças - Nao despreze o Dia das coisas pequenas


"Quem Desprezará o Dia das Coisas pequenas?"
Zacarias 4:10

Foto de crianças do Peru
Projeto Piura de Missões do Pr. Leonardo Gonçaves

João Cruzué

Temos um casal de irmãos brasileiros, Pr. Leonardo e Jonara Gonçalves trabalhando com missões em terras peruanas. Eu pedi, e fui presenteado com lindas fotos de crianças do Projeto Piúra, uma missão da Igreja Batista lá no Peru. Em homenagem ao trabalho dele, estou redigindo este texto que fala sobre crianças na Igreja. Eu já sou um "tiozão" de 53 anos de idade, cara feia, e dizem os da casa - muito rabugento. Na verdade a "cara" é feia, mas o coração é mole. Eu gosto de crianças. Fico muito triste com a forma com que elas são tratadas dentro da Igreja. Separadas, acusadas de barulhentas, sem modos, ciganas dentro do templo, sujeitas a broncas do púlpito. Assim com advertiu o Profeta Zacarias, também vou somar com ele e dizer que não podemos desprezar o dia das coisas pequenas.

Em 1995, eu estava dirigindo uma congregação da Assembléia de Deus no Parque Santo Antônio. Era um dos bairros onde mais se matava na periferia da Zona Sul de São Paulo. Era minha primeira experiência como pastor de Igreja, e estava no meu primeiro ano. A congregação era muito simples, um prédio alugado onde se acomodava cerca de 100 pessoas. A maioria delas de famílias de pernambucanos emigrantes da Região dos engenhos falidos, povo muito paciente que nos suportou com bravura e muito oraram por mim e minha casa.

No primeiro domingo de minhas atividades como dirigente daquela Igreja, observei um fato curioso: durante a Escola Dominical, as crianças se ajoelhavam no chão para desenharem com lápis de cor nas lições que estavam apoiadas no assento dos bancos. Aquilo chamou minha atenção. Entre os membros daquela congregação havia um jovem senhor que era marceneiro, e junto com ele fizemos planos para construir duas mesas de fórmica.

Dito e feito. Compramos uma grande chapa de madeira, a folha de fórmica, cola, lixas, pregos, um cortador de fórmica, sarrafos para as laterais e cavaletes. Mãos à obra e duas mesas ficaram prontas. Depois de montadas sobre dois cavaletes, cada, ficaram exatamente na altura de uma criança. E nós vimos que aquilo era bom, parafraseando o primeiro capítulo de Gênesis.

Não sei de onde surgiu tantas crianças. Cerca de 30 a 40. A partir daquela data, até os dias de hoje, nenhuma criança daquela Igreja precisou se ajoelhar no chão frio para estudar ou desenhar sua lição. Foi o investimento de maior retorno que eu vi naquele lugar.

Cada Igreja tem aquele grupo que mais se destaca no culto ao Senhor. Na AD do Parque Santo Antônio era o grupo infantil. Minha filha caçula, na época, tinha quatro aninhos. Quando ela cantava com a irmã mais velha, imitava um contralto, pois era uma voz rouca, grave, parecendo um besourinho. Sabe o que aconteceu? Deus deu uma unção de louvor tão forte, que ao solar alguns hinos no grupo das crianças, a Igreja se alegrava em Espírito. Aquela unção continuou até a adolescência. A voz de besourinho sumiu e em seu lugar Deus colocou um timbre maravilhoso. Amanhã é dia de meu aniversário e se eu pudesse, lhe pediria que cantasse aquele Hino "Milagres" que o Robson cantava.

O coral infantil daquela Igreja era o melhor grupo da congregação. Entre quase setenta congregações do Setor, ficava entre os três primeiros. Crianças simples, que moravam quase todas em terrenos da Prefeitura à beira de Córregos. Mas o louvor era de primeiro mundo.Angelical. Sabedora disso, uma vizinha nossa da Igreja Presbiteriana, que trabalhava na Casa de Cultura da Prefeitura do Município de São Paulo em Santo Amaro, indicou o nosso coralzinho para cantar em um evento da Igreja Metodista Alemã, ou algo parecido, que acontecia todo ano no Bairro do Brooklin.

Na época, as crianças já possuíam lindas e longas becas azuis e brancas que desciam ao chão. Entre os corais que se apresentaram, deixando a modéstia de lado, foi o melhor ou um dos melhores. Na mesma semana, atendi um telefonema de um senhor nos convidando para cantar em um evento de Natal no Salão de Convenções do Anhembi - o maior de São Paulo. Recusamos o convite, mas ficamos muito honrados.

E tudo começou com um olhar e a constatação de que o chão frio não era o melhor lugar de apoio para se desenhar uma lição de Escola Dominical. Hoje, não estou mais no ministério pastoral. Mas, se algum dia o Senhor me quiser à frente de outra congregação, meu primeiro investimento sabe onde será? Na área infantil.

O desprezo a esta gente pequena e a rabugice contra o barulho e o corre-corre, não passa despercebido pelos olhos de uma criança, quando ela está na Igreja. Ela é pequena no tamanho, mas percebe muito bem quando não é bem recebida e nem aceita. Deveríamos tratá-las como príncipes, estender o tapete vermelho quando entrasse na Igreja, sob um mar de aplausos. É isto que estamos vendo? Eu creio que não.

Não estaria longe da verdade se dissesse que muitas famílias cristãs não sabem mais como fazer para levar seus filhos adolescentes aos cultos. Uma multidão deles estão amargos, tristes, deprimidos quando chega o domingo e não têm mais vontade de ir na Igreja. Eu sei que há muitas outras causas, mas quem é que deixaria de ir em um lugar onde sempre foi bem recebido e amado? Por que será que ambientes e músicas não cristãs estão atraindo tanto os filhos dos crentes? Pode ser que, quando pequenos, não eram bem recebidos nem tratados como gente - porque eram só "crianças".

O culto na Igreja não pode ser apenas um tempo e espaço exclusivo de adultos. Não sou favorável a que elas fiquem separadas durante o culto. Isto tem cheiro de segregação. Gueto!

Investir no Ministério Infantil traz altos retornos. Se os nossos filhos adolescentes têm mais prazer de ir a qualquer lugar, menos na Igreja, isto é sinal de que algo está errado e precisa ser corrigido. Em tempos tão difíceis em que os agentes do tráfico estão recrutando os filhos dos mais pobres para seguir "plano de carreira" no ramo do "pó", a Igreja evangélica precisa traçar uma estratégia nova e fazer planos e criar projetos, para transformar o tempo do culto e de outras atividades a coisa mais prazerosa da vida de uma criança.

Jesus é o exemplo de amor e visão do ministério infantil.



cruzue@gmail.com
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Dia das Crianças - O ministério do missionário George Muller


George Müller.
George Fredrick Müller
(27.09.1805 - 10.03.1898)
Tradução de João Cruzué

UM TESTE DE FÉ

Sem o sustento do pai, George Müller ficou sem um centavo. Em breve, depois de apresentar o problema para Deus, ele foi convidado para ensinar alemão para alguns professores americanos visitantes, e por isso ele recebeu muito mais do que na verdade necessitava.


O maior obstáculo que George Müller tinha que ultrapassar era a obtenção de um passaporte para se matricular em uma escola de treinamento de missões em Londres, porque se esperava que ele prestasse o serviço militar. Depois de muito orar ele seguiu adiante com o processo de alistamento no exército e seguindo uma bateria de exames médicos ele foi dispensado do serviço ativo por saúde insatisfatória.

George Müller em 1829 seguiu seu caminho para Londres para a escola de treinamento em missões para trabalhar com judeus. Depois de um breve tempo na escola ele ficou seriamente doente e quase morreu. Durante sua recuperação em Devon, cidade de Teignmouth que a vida de George Müller sofreu outra mudança de rumo.

PREGANDO O EVANGELHO

George Müller conheceu Henry Craik, um escocês que se tornou seu amigo íntimo, e foi este calmo, devoto e erudito homem que o ensinou a necessidade de crer sinceramente, e ser obediente a vontade de Deus. Depois de desistir da escola de missões para assumir compromissos de pregação, George Müller conseqüentemente aceitou o pastorado de uma Igreja em Teignmouth com um ordenado de 50 Libras anuais. Ele sentiu que Deus proveria todas as suas necessidades e que ele se colocaria inteiramente na dependência do Senhor. Daquele momento em diante, até a sua morte em 1898, George Müller cresceu em obediência e confiança em Deus em todas as coisas.

A MUDANÇA DE DIREÇÃO

Com a ajuda de seu bom amigo Henry Craik , ele ganhou um grande entendimento das escrituras e da vontade de Deus. Durante este período de aprendizagem em Teignmouth George observou que muitos pregadores falhavam ao comunicar as verdades do evangelho e tendiam a ler sermões escritos, os quais eram sempre apologéticos, carentes de convicção e inspiração. Assim que George Müller começou a pregar a Palavra de Deus de uma maneira direta, dinâmica e sem rodeios, ele foi continuamente encorajado pela resposta de muitos ouvintes e pelo crescente número de conversões.

A despeito da crescente resposta a sua pregação, havia muitos que reagiam energicamente contra sua aproximação direta, mas de qualquer modo eles pareciam sem forças para lhe fazer qualquer coisa, a não ser ouvir.

MUDANDO PARA BRISTOL

Em 1830, George Müller casou-se com Mary Groves que se tornou uma verdadeira companhia e apoio para os anos de mudança que viram a seguir. Depois dois anos em Teignmouth ele sabia que seu tempo ali estava chegando ao fim, embora estivesse bem estabelecido e muito feliz, ele sentia que uma mudança era iminente.

Henry Craik já estava em Bristol quando escreveu para seu melhor amigo convidando-o para fazer a mesma mudança, George sabia que esta chamada era de Deus. Assim, em 1932 ele e Mary Müller partiram de Devon, cidade de Teignmouth com destino a Bristol onde Deus tinha um plano preparado para seu agora servo fiel.

O ORFANATO

George Müller pediu a Deus 1.000 Libras e as pessoas certas para dirigir tal lar. Dentro de cinco meses seu pedido foi providenciado. A senhora Muller, junto com suas amigas começaram a mobiliar o primeiro Lar na Rua Wilson em São Paulo, área de Bristol, para acomodar trinta meninas. Os Lares de Órfãos se tornaram o quinto objeto do SKI.

Mais três casas na Rua Wilson foram arrumadas, prontas para abrigar mais 130 crianças. Em 1845 quando este número para além das premissas adicionais, George percebeu a necessidade de estabelecer um propósito para construir uma casa para acomodar 300 crianças. Este projeto requeria uma grande soma de 10.000 Libras.

Uma vez mais as orações de George Müller foram respondidas e os fundos necessários forma providenciados e ele comprou um sítio na área rural de Ashley Down, exatamente fora dos limites da cidade, bem abaixo do preço pedido. Em 1849 o primeiro Lar foi inaugurado acomodando 300 crianças.

Por volta de 1870 havia um total de cinco Casas em Ashley Down valendo 100.000 Libras e abrigando mais de 2.000 crianças. Todo o dinheiro e os funcionários vieram como resultado direto da oração, sem nenhuma dívida incorrida e nenhum apelo ou pedidos jamais foram feitos. Há muitas histórias memoráveis sobre as respostas de oração. Os edifícios e trabalho continua sendo um testemunho da graça de Deus e de sua fidelidade.

The George Müller Foundation

Direto da fonte: http://www.mullers.org/cm/general/127
Tradução de João Cruzué - SP 09.07.2008

Leia também: A conversão de George Müller


cruzue@gmail.com