terça-feira, julho 28, 2009

Diálogo, comunhão e o perigo dos mal-entendidos


A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO


A confissao de Pedro
--Senhor, Tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.

João Cruzué

Quero aproveitar este princípio de tarde de um domingo ensolarado, aqui na Capital paulista, para voltar a escrever, desta vez sobre a importância do diálogo. E vou usar textos da Bíblia Sagrada para comentar e meditar sobre este assunto. Espero que isto contribua para melhorar tanto a minha quanto a sua capacidade de discernimento e com isso evitar catástrofes.

No capítulo 59 do Livro do Profeta Isaías está escrito que: "A mão do Senhor não está encolhida, para que possa salvar; nem o seu ouvido entupido, para que possa ouvir. Mas são as nossas iniqüidades que fazem divisão entre nós e o nosso Deus, e os nossos pecados que encobrem o rosto de Deus de nós, para que não nos ouça".

Apesar de termos uma boca e dois ouvidos, somos propensos e mal habituados a falar demais e ouvir pouco. Diante de uma situação dessa natureza, ao querer impor nossa vontade sem ouvir o que o próximo tem a dizer, matamos o diálogo e geramos a intolerância. Não há nenhum demérito em primeiro ouvir, e depois responder. Ouvir o que o nosso interlocutor tem a dizer não significa de forma alguma sinais de fraqueza ou aquiescência. Ao contrário: mostra equilíbrio e sabedoria. Deus não precisar ouvir ninguém para decidir sobre o que quiser, mas nem Ele, que é: onisciente, onipresente e todo-poderoso, usa de seus atributos divinos para exercer uma ditadura ou para impor na "marra" sua vontade sobre a nossa. "Não por força; nem por violência, mas pelo meu Espírito", assim diz o Senhor, segundo registrou o profeta Zacarias.

Quantas decisões erradas são feitas, quantos lares, quanta comunhão, quantas amizades podem ser destruídos pela falta do exercício do diálogo e da tolerância? Somos especialistas em entrar em situações constrangedoras ao acreditar em juízos nascidos de mal-entendidos. Não estou escrevendo sobre isto como se fosse Phd. em aconselhamento comportamental. Eu sei quem sou: o primeiro da fila dos necessitados para ouvir o que a Palavra de Deus tem a dizer. Não estou escrevendo fora de mim, pois este é um texto simples e tenho uma mente racional.

Um dos primeiros exemplos de queda por mal-entendidos e falta de diálogo foi o caso de Eva. Aprendo que não se deve dialogar nem com o diabo nem com ímpios, quando o assunto tem a ver com aconselhamento pessoal. Quando a serpente insinou que Deus estava mentindo quando disse que não comessem do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, ela estava maliciosamente dizendo que Deus não queria competidores; que a árvore traria todo o conhecimento a ponto de eles se tornasem como Deus. Entre o aviso do SENHOR e a insinuação da serpente nasceu uma desconfiança. Dessa desconfiança, veio o mal-entendido. Como não houve um diálogo entre Eva e Deus, questionando a conversa da serpente, o resultado foi o maior desastre que já se abateu sobre a humanidade - a morte pela força do pecado.

Moral da história: não devemos embarcar numa canoa aparentemente em bom estado, ouvindo apenas os argumentos do "vendedor". Precisamos, principalmente, ouvir a opinião do "especialista" em construção de barcos, para não embarcar em uma canoa furada. Existe muito mal-entendido por aí, consequência de assumir como "verdades", fatos distanciados disso.

Escolhi o segundo caso de falta de diálogo, entre Ló e Abraão, cujas consequências levaram trouxeram a ruína à vida do primeiro. Em certo momento da vida dos dois, começaram as contendas entre os empregados; disputas pelos melhores pastos para o gado. Os pastores de Abraão e de Ló começaram a discutir e brigar por causa de capim. O tio abriu o diálogo. para acabar com a cizânia. Concedeu ao sobrinho a opção de escolher, primeiro. O sobrinho, usando de esperteza, não deu seqüência ao diálogo, mesmo sabendo que a preferência da primeira escolha era do tio Abraão. Ló Escolheu as campinas do Jordão, que eram as melhores pastagens, tão verdinhas que pareciam o Jardim do Edem. Este foi um erro fatal.

Abraão, sentiu-seno prejuízo. Deus vendo a situação, apareceu-lhe para responder às aflições. Enquanto isso na campinha verdinha, o sobrinho começou sua aproximação com os moradores da região. Foi armar suas tendas próximo de Sodoma. Depois passou a morar na própria Sodoma. Levou sua família a fazer parte da sociedade local. Trouxe com isso o costume desta sociedade para dentro de sua casa. A ganância de Ló terminou em miséria. Sem gado e sem família, sua ingratidão foi tão grande que não encontrou forças para voltar para a companhia do Tio, para lhe pedir perdão.

Moral da história: não corra atrás de sonhos de prosperidade com os olhos fechados. Inicie um diálogo com Deus e pergunte a ele sobre o que pode estar escondido nas "campinas do Jordão", agradáveis à vista, mas escondido bem lá no fundo, pode estar um laço do diabo para você e sua família.

Agora em sua companhia vamos meditar sobre diálogo, exercício de tolerância e mal-entendidos na vida do Rei Davi, o home que tinha um coração segundo Deus. Davi é o exemplo típico do homem que tinha um grande diálogo e uma profunda comunhão com Deus. O Espírito de Deus, literalmente, se apoderou da vida de Davi. Todavia, foi o homem que menos diálogo teve com a família, e seu modo de agir representa nos dias de hoje a quase totalidade dos homens que exercem liderança cristã. Não preciso discorrer muito sobre isto. Davi tinha tempo para Deus, para liderar o reino, para sair com o exército, mas deixava os filhos crescendo ao deus-dará. O diabo, astuto, não perdoou isso. No primeiro dia que ficou ocioso em casa, deixando de ir para a guerra com Joabe, poderia ter convidado seus filhos para uma confraternização. Não fez assim. Acordou depois do meio dia, em meio à tarde, e sozinho foi para o terraço do palácio. O resto ficou por conta do diabo. Davi conquistou um trono. Foi o maior rei que Israel já teve. Mas se tornou um pai com um coração transpassado pela dor, porque nunca foi um bom pai de família. É isto que está acontecendo em nossos dias. Grandes pais. Grandes pastores. Grandes líderes. Grandes conquistadores. Mas ao negligenciar o amor devido à família e principalmente aos filhos, estão colhendo uma grande safra de caíns, esaús, absalões, nadabes, acãs, manassés, balaãos e judas.

Moral da história: O que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a própria família para o diabo?

Ainda desejo rever a parábola do filho pródigo para continuar nossa meditação, juntos. A história do filho pródigo é um exemplo típico do moço ou da moça cristã que trocou a comunhão com a família por um diálogo como pecadores aparentemente "mui" amigos. Tão logo colocou na a herança do pai na bolsa, o filho caçula foi se encontrar com seus falsos amigos. Aqueles que lhe venderam sonhos de uma terra de liberdade onde todas as coisas eram permitidas. Beber, dançar, se drogar e prostituir. Uma terra onde era proibido proibir.

Diz o apóstolo Paulo: todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm. O pai do filho pródigo tinha algo a dizer, mas percebeu que não seria ouvido, e a contragosto fez as contas e entregou a parte da herança, ainda em vida. Liberdade não é sinônimo de licença para pecar. A verdadeira liberdade é ter a Cristo e não ser escravo de vícios e pecados. A liberdade para pecar e fazer o que quiser não é verdadeira, ela esconde correntes e cadeados, cujas chaves estão nas mãos do diabo. Uma vez aberta a porta para os demônios, para os vícios, para as drogas, para a prostituição, para a pornografia, e para coisas piores a pessoa se descobre presa em um beco sem saída. O filho pródigo chegou a seguinte conclusão: ou morria de fome no meio de uma vida mais do que miserável ou voltava para casa, reabria o diálogo com seu pai, e lhe pedia perdão com sincero arrependimento.

Moral da história: Se esta é a sua situação, tome o mesmo caminho de volta e se concerte com as pessoas que magoou, para receber o perdão de Deus. Não existe liberdade na miséria, mas somente em Jesus Cristo.

E por fim vamos a um exemplo positivo: o do próprio Cristo. Era Deus, mas como homem não usurpou ser como Deus. Não precisava orar, mas amava de estar em comunhão com o Pai. Não precisava convidar homens para restaurar outros homens, mas escolheu doze leigos para o discipulado e os ensinou a ser pescadores de homens. Não precisava nascer em forma humana, para reconciliar a humanidade, mas por compaixão experimentou todos os sentimentos, angústias, solidão e sofreu os preconceitos e mal-entendidos da sociedade. Poderia ter nascido de uma família abastada para ter um berço ao nascer, mas acabou usando uma mangedoura. Jesus se tornou o mais humano dos homens. A cana quebrada não trilhou, e o morrão que fumegava não apagou. Era um especialista em abrir diálogos. Com nicodemos, com a mulher samaritana, com Zaqueu, com a mulher siro-fenícia, com Jairo, com a mulher do fluxo, com o mancebo de qualidade, coms os discípulos de Emaús, e com Simão Pedro.

E quando viu Pedro em amargura e fracasso, fez o que raramente temos visto nos dias de hoje: foi em busca da ovelha perdida. Estendeu-lhe a mão e transformou um discípulo fracassado e amargurado em um apóstolo cheio da graça e do poder de Deus. Jesus restaurou a Pedro pelo diálogo, pela tolerância com as fraquezas humanas.

Se o próprio Deus, em seu maior gesto de amor, enviou seu único filho para estabelecer o diálogopara restaurar os homens e desfazer os mal-entendidos e as outras obras do diabo, você e eu como cristãos não podemos ser intolerantes nem fechados ao diálogo. No exercício do diálogo vêm o entedimento a solução de mal-entendidos, a solução de dúvidas, e por consequinte a comunhão. Um versículo do apóstolo João: Se alguém disser que ama a Deus mas aborrece a seu irmão é mentiroso. Pois, quem não ama a seu irmão, ao qual vê, como pode dizer que ama a Deus, a quem não viu?

Conclusão: por falta de diálogo, às vezes, um pequeno mal-entendido pode se transformar em um grande problema, uma brecha no muro da graça de Deus. E depois que o muro se fender, o diabo vai entrar e sair quando quiser. É melhor pensar duas vezes abrir o diálogo e não deixar o muro cair.

Escrito em 30.11.2008

cruzue@gmail.com


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domingo, julho 26, 2009

Blogosfera Evangélica - Visão e Oportunidade


O que nos une - Cristo - deve ser mais forte,

do que o que nos separa.



João Cruzué

Fonte:
Blog Olhar Cristão

Sou um dos poucos "malucos" que vem publicando artigos visionários nesta Web. Minha intuição diz que estamos diante de uma oportunidade rara. De um momento decisivo. O que parecia ser apenas um hobby, um lazer de final de semana, momentos prazerosos diante da tela do computador, nos levou a perceber coisas com novos olhos.

WEB - A dimensão atual
Web é comunicação. Através dela um político negro se tornou Presidente da nação mais poderosa da terra. Apenas um vídeo, vazado clandestinamente, foi o bastante para tirar a ferrugem de um sonho de 23 anos de uma cantora desconhecida. A semelhança entre os dois casos foi tão grande que o primeiro chegou atrasado em um compromisso, porque ficou em casa para assistir o final do concurso da segunda. A Web talvez seja o único espaço realmente democrático em que o virtual pode ser transformado em real. Um sonho, em realidade. Principalmente se que estiver por traz dele é um batalhador ou uma batalhadora. Eu tenho também um sonho, uma visão, que estou sempre "tagarelando" aqui: que nós blogueiros evangélicos podemos construir uma ponte, juntos, para atravessar o "Jordão" e conquistar a "Canaã" digital.

Nossa oportunidade
Sem meias palavras. A geração atual de kids e teens, crianças e adolescentes , não se informa em jornais. Nem em revistas. Eles apreciam a tela de monitor. Seu mundo mágico se chama Internet. Ricos e pobres, católicos e crentes, meninos e meninas trocaram os livros de contos de fadas pela Internet. Ela é o meio, que alimenta suas curiosidades e desenvolve seus sonhos.

Curiosamente o acesso a este mundo virtual é um fenômeno muito recente. Ele está em constrante expansão. Há uma revolução em andamento. Nem a grande mídia, nem governos nem Igrejas detêm o controle do meio virtual. Liberalismo. O coração daquelas duas gerações ainda não foi conquistado. Minha visão é: por que não aceitamos o desafio e atravessamos este mais este Jordão de Língua portuguesa e espanhola?

O que podemos fazer.
Nossa forma de pensamento ocidental, individualista, precisa ser moldada. Trabalhada. Transformada em uma nova forma para que blogueiros mais engajados no Reino e comprometidos com o Rei, possam deixar de lado certas animosidades e mudar o entendimento em relação às suas referências. Temos muito mais a ganhar no diálogo e no estreitamento de relacionamentos. Conversar mais. Interagir. Se nos tornarmos mais próximos poderemos fazer e receber críticas. Receber e dar sugestões. Deixar bairrismos. Incentivar. Podemos e devemos trabalhar mais nisso.

Se conseguirmos compartilhar com desembaraço nossos pensamentos e ouvir as opiniões uns dos outros, podemos, sim, conquistar um grau de conhecimento coletivo ímpar e necessário para uma formação de opinião verdadeira. Isto tem sido dificuldado pela nossa forma rudimentar de comunicação entre nós mesmos. Somos simpáticos a um contador de visitas do que ao diálogo. Apreciamos reinar em ilhas pequeninas em lugar de desenvolver nosso potencial através da convivência coletiva. Há um ano temos fomentado a criação de blogs entre as lideranças evangélicas para publicação de conteúdo cristão para fazer contraponto a uma cultura secular e humanista já estabelecida na WWW.

O que de fato nós podemos fazer? Se evoluirmos para formas de pensamento mais eficientes, podemos trabalhar juntos na conquista de uma Visão maior: a produção de informação não apenas religiosa, mas sobre tudo. Tudo o que possa ser comentado, para atender à demanda de informação das novas gerações que já estão aí. Sim, decerto que nossa prioridade é comunicar o Evangelho, mas podemos produzir conteúdo sobre tudo. Com nossa cosmovisão. Lembro-me de um fato interessante. Quando Carey estava trabalhando na Índia ele precisou aprender o sânscrito, a língua dos brâmanes. Para conseguir recursos para imprimir Bíblias em 13 línguas diferentes, Carey ganhava rúpias dos próprios brâmanes ao imprimir literatura na língua deles.

Convite à travessia
Estamos diante de uma oportunidade rara. Existem duas gerações crescendo em nossos dias, em todo mundo, cujo meio de informação chama-se Internet. Há uma revolução em andamento na área de comunicações. A mídia tradicional está perdendo terreno. Quebrando. As grandes Igrejas brasileiras não tem foco nesta área. Estão presas no passado, infelizmente à formas de dominações que não funcionam com a nova geração. Minha visão não é reproduzir o atraso nem promover uma nova forma de dominação religiosa. Podemos aproveitar esta oportunidade rara, globalizada, para publicar conteúdo informativo, cultura e cristão. Em todas as áreas, em todos os lugares, em todas as línguas que pudermos. Alguém vai atravessar este Jordão.

Se exercitarmos entre nós, blogueiros evangélicos, o diálogo e nos reunirmos em torno da desta visão, poderemos, sim, ser e preparar grandes formadores de opinião e melhorarmos tudo o que está aí. Eu creio nesta visão.


SP 26.07.2009
cruzue@gmail.com

Projeto: Curso de Blogs

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