sexta-feira, maio 22, 2009

Como a visão pode mudar o futuro


João e Mané

Autor: ainda não conhecido

João era um importante empresário. Morava na zona nobre da cidade. Naquele dia, deu um beijo em sua esposa, fez em silêncio a sua oração matinal, agradeceu a Deus por sua vida, trabalho e realizações. Após tomar café da manhã com a família, levou as crianças ao colégio e se dirigiu para uma de suas empresas.

Chegou e cumprimentou com sorriso os funcionários, inclusive Dona Teresa, a faxineira. Tinha inúmeros contratos para assinar, decisões para tomar, reuniões, contatos com fornecedores e clientes, mas a primeira coisa que disse para sua secretária foi: "Calma, faça uma coisa de cada vez, sem stress".

À hora do almoço foi para casa. Curtir a família. À tarde soube que o faturamento do mês superou os objetivos. Mandou anunciar aos funcionários que teriam gratificações salariais no mês seguinte. Apesar da sua calma, ou por causa dela, conseguiu resolver toda a agenda daquele dia. Como já era sexta-feira, foi ao supermercado. Voltou para casa. Levou a família para jantar e depois foi dar uma palestra para estudantes sobre motivação para vencer na vida.

Enquanto isso, num bairro pobre de outra capital, vive Manoel, ou Mané, como era mais conhecido. Como em todas as sextas-feiras, foi para o bar jogar sinuca e beber com amigos. Já chegou nervoso, pois estava desempregado. Um amigo tinha lhe oferecido uma vaga em sua oficina. Auxiliar de mecânico. Ele recusou. Não gostava daqule tipo de trabalho. Não tinha filhos nem companheira. Sua terceira mulher partiu dias antes, dizendo que estava cansada de ser espancada. E, de viver com um inútil.

Estava morando de favor, num quarto imundo no porão de uma casa. Naquele dia, jogou e bebeu mais algumas, até o dono do bar pedir para ele ir embora. Pediu para pendurar a sua conta, mas seu crédito havia acabado, então armou uma tremenda confusão e o dono do bar ocolocou-o porta afora.

Sentado na calçada, Mané chorava pensando no que havia se tornado sua vida, quando seu único amigo, o mecânico, apareceu. Levou-o para casa, e perguntou a Mané: Diga-me, o que fez com que você chegasse até o fundo do poço desta maneira? Mané então desabafou.

--Foi minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo. Bebia. Batia em minha mãe. Não parava em emprego. Tínhamos uma vida miserável. Quando minha mãe morreu doente por falta de condições, eu saí de casa. Revoltado com a vida e com o mundo. Tive um irmão gêmeo, que também foi embora no mesmo dia. Foi para um rumo diferente e nunca mais o vi. Deve viver desta mesma forma".

Enquanto isso, João terminava sua palestra para estudantes na outra capital. Já estava se despedindo, quando um aluno ergueu o braço e lhe fez a seguinte pergunta: "Diga-me por favor, o que fez para que chegasse até onde está hoje, um grande empresário e um grande ser humano? João, emocionado, respondeu:

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-Foi minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia. Batia em minha mãe. Não parava em emprego. Tínhamos uma vida miserável. Quando minha mãe morreu, por falta de condições, eu saí de casa. Decidi que aquela vida não serviria para mim nem para minha futura família. Tinha um irmão gêmeo, que também saiu de casa no mesmo dia. Foi para um rumo diferente e nunca mais o vi. Deve viver desta mesma forma.

Moral da história: o que aconteceu com você até agora, não vai definir seu futuro, e sim a maneira como você vai reagir diante de tudo que aconteceu. Não se lamente pelo passado. Sua vida pode ser diferente. Construa você mesmo o seu futuro, mas sempre segurando na mão de DEUS. Encare tudo como uma lição de vida. Aprenda com seus erros e até mesmo com o erro dos outros. O que aconteceu é o menos importante. O que realmente importa é o que você vai fazer diante do que acontecer.

Colaboração: Irmã Dra. Ismênia Ferreira S. Silva


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Imposto de Renda - quanto valem seus dependentes


Jornalista Hélio Fraga


O pai moderno, muitas vezes perplexo e angustiado, passa a vida inteira correndo como um louco em busca do futuro, esquecendo-se do agora. Com prazer e orgulho, a cada ano, preenche sua declaração de bens para o Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito trabalho. Lotes, casas, apartamentos, sítio, casa na praia, automóvel do ano.

Tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas ele está sedimentando o futuro de sua família. Se partir de repente, já cumpriu sua missão e não vai deixá-la desamparada.

Todavia, para escrever cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta com um emprego só. É preciso ter dois ou três; vender parte das férias, levar serviço para casa. É um tal de viajar, almoçar fora, fazer reuniões, preencher a agenda - afinal, ele é um executivo dinâmico, não pode fraquejar.

Esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens, o valor que efetivamente conta, está em outra página do formulário de Imposto de Renda - naquelas modestas linhas, quase escondidas, em que se lê: relação de dependentes.São filhos que colocou no mundo, a quem deve dedicar o melhor do seu tempo. Os filhos, novos demais, não estão interessados em propriedades e no aumento da renda. Eles só querem um pai para conviver, dialogar, brincar.

Os anos passam, os meninos crescem, e o pai nem percebe, porque se entregou de tal forma à construção do futuro, que não participou de suas pequenas alegrias. Não os levou ou buscou no colégio; nunca foi a uma festa infantil. Um executivo não deve desviar sua atenção para essas bobagens.

Há órfãos de pais vivos porque estão o pai, para um lado, e a mãe, para outro, e a família desintegrada. Sem amor, sem diálogo, sem convivência que solidifica a fraternidade entre irmãos, abre caminho no coração, elimina problemas e resolve as coisas na base do entendimento.

Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos, que só se encontram de passagem em casa. E para ver os pais, é quase preciso marcar hora.

Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a mensagem que tenho para dar é: não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos. Dos dezoito anos de casado passei quinze absorvido por muitas tarefas, envolvido em várias ocupações e totalmente entregue a um objetivo único e prioritário: construir o futuro para três filhos e minha esposa.

Isso me custou longos afastamentos de casa; viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugadas no estúdio da televisão... Agora estou aqui com o resultado de tanto esforço; construí o futuro, penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda de Luiz Otávio e Priscila.

De que vale tudo o que ajuntei, se esses filhos não estão mais aqui para aproveitar isso conosco?

Se o resultado de trinta anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio e, desses bens todos, não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância, porque minha escala de valores mudou e o dinheiro passou a ter peso mínimo e relativo em tudo.

Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura do meu filho que se drogou e morreu; não foi capaz de evitar a fuga de minha filhinha que saiu de casa e prostituiu-se e dela não tenho mais notícias, para que serve? Para que ser escravo dele?

Eu trocaria - explodindo de felicidade - todas as linhas da declaração de bens por duas únicas que tive de retirar da relação de dependentes: os nomes de Luiz Otávio e de Priscila. E como doeu retirar essas linhas na declaração de 1986, ano base 85.

Luiz Otávio morreu aos quatorze anos e Priscila fugiu um mês antes de completar quinze.


Fonte: Depoimento de Hélio Fraga