Estação da primavera no Japão.
Por Cíntia Kaneshige
Oi sr. João,
Em primeiro lugar gostaria de agradecer pelo email. Em segundo lugar tenho orado para que Senhor o capacite a administração dos blogs e de todas as suas atividades.
Falando particularmente, aqui em casa está tudo bem. Meu esposo voltou a trabalhar semana passada depois de um mês em casa. Deus não deixou nada faltar neste mês! As crianças estão bem,a pequenininha está sempre com uma gripezinha ou com a garganta irritada por causa do tempo.
A situação econômica vem se estabilizando muito lentamente. A reação muito passiva do governo não é a esperada pela população. O país inteiro está ressabiado, com medo de tudo e todos. Casos como o possível míssil da Coréia do Norte e a gripe suína que ainda passa longe daqui, deixaram as pessoas histéricas e receosas.
Quem foi atingido pelo desemprego, continua desempregado e com poucas chances de recolocação no mercado de trabalho. Províncias como a de Toyota, onde funciona a montadora de carros com o mesmo nome, têm índices alarmantes de desemprego, em principalmente para os estrangeiros.
Mas em algumas províncias, pessoas têm conseguido contratos para serviços temporários. Algumas fábricas estão recontratando antigos funcionários, mas ainda andamos na corda bamba, pois nenhum contratante está mais fazendo longos contratos de serviço. Apenas contratos de um mês e muitas reduções de salário e na carga horária.
Há muitas pessoas desabrigadas passando necessidades, mas o governo tem ampliado o setor de informações sobre subsídios e auxílios que existem na legislação, bem como as medidas emergências para tentar amenizar os efeitos da crise.
O governo do Japão fez uma proposta polêmica aos dekasseguis (descendentes estrangeiros): ofereceu uma ajuda de custo para regresso ao país natal a cada integrante da família no valor de Y300 mil (cerca de US$3,000) para o chefe de família,e mais Y200mil (US$2,000) para cada dependente. Mas a condição para aceitar este dinheiro é ter o visto retirado. Quem aceitar este dinheiro não terá mais direito a entrar no país.
Por esse motivo, muitas pessoas têm hesitado em aceitar a proposta, apesar de ser uma boa quantia em dinheiro. A maior parte tem esperança de que a situação do país venha melhorar, embora não haja expectativa a curto prazo por parte do governo. Não querem abrir mão do seu visto, mesmo que para isso passem por dificuldades em todos os sentidos.
A situação dos grupos de apoio e das igrejas que se engajaram na missão de auxílio a comunidade brasileira por aqui são precárias, pois contavam com doações, o que hoje não acontece mais. As igrejas em sua maioria minguaram, vendo boa parte dos irmãos regressando ao Brasil. Algumas não têm conseguido pagar o aluguel e terão que fechar as portas.
No entanto, para aqueles que têm permanecido, apesar da dificuldade, Deus permanece fiel dando o sustento e operando milagres. No meu caso em particular, no mês em que meu marido ficou desempregado, bateram no nosso carro. O seguro pagou o dobro do seu valor, e com o dinheiro conseguimos comprar um carro mais barato e com o restante pagamos nossas contas e estamos vivendo.
Então, enquanto não chega a nossa hora de ir embora, continuamos evangelizando japoneses. Tarefa não muito fácil, mas tremendamente recompensadora.
O senhor pode publicar na forma que desejar, edite livremente!!
Um abraço, e mais uma vez obrigada por se importar conosco!
Acesso ao Blog da Irmã Cíntia
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