quinta-feira, abril 30, 2009

No passo do boi


João Cruzué

No passo do boi. Ouvi esta frase, muitas vezes, da boca de um pastor nosso que já está com o Senhor, desde 2001. Ele era da geração dos antigos pastores que se gastavam em oração pelas madrugadas orando por "A" ou por "B" de acordo com a voz do Espírito.

Pr. Luiz Vicente, mas conhecido por Luiz Branco, era filho de portugueses. Portugueses evangélicos, coisa rara de se ver. Nass reuniões de obreiros, do Setor Seis, uma vez por mês , domingo pela manhã, foram uma das melhores oportunidades que tivemos para estar ouvindo aquele homem de Deus. Ele costumava dizer que "nem sempre tinha pão no balcão da padaria" ao referir-se à falta de mensagem que poderia acontecer na rotina de um pastor em suas lides.

Mas não me lembro de ter faltado "pão" nos ensinos do Pr. Luiz.

Antes de ir ao assunto do "passo do boi" seria muito razoável que registrasse um testemunho que ele contava sobre uma experiência de oração do seu pai, crente português. Contava o Pr. Luiz que sua mãe estava morrendo de câncer no intestino. E que o pai ao ver o médico pressionando o ventre da esposa para eliminar muito pus, se indignou e tomou uma firme atitude .

O velho português desceu ao porão de sua casa e passou a manhã inteira orando. Quando acabou-lhe a voz, atravessou a tarde gemendo. A esposa não morreu. Só tempos bem mais tarde, porque do câncer ela foi curada na força de uma atitude de oração.

Este testemunho sempre nos comoveu, pois ele me diz que muitas coisas deixam de acontecer em nosso redor por falta de uma atitude firme.

Quanto ao passo do boi, é um ensino bem interessante. O Salmo 39, fala do cavalo e da mula. O cavalo, o símbolo da rapidez e da pressa; a mula já é um animal de carga, e montaria confiável para viagens longas. No quadro de Pedro Américo, o da Independência do Brasil, Dom Pedro I foi retratado sobre um belo cavalo branco. Mas a subida de Santos para São Paulo não era feita em cavalos, mas em lombo de burros e mulas. Dom Pedro, na ocasião, viajava em uma mula. Mas as mulas têm um detalhe ruim: são dadas a empacar. Quando teimam em não prosseguir, nem empurrando ou puxando, modificam sua atitude de teimosia.

O andar do boi é diferente do cavalo e da mula. Ele caminha devagar, mas firme. O passo do boi retrata a paciência, a moderação, a discrição e a constância. Seu andar calmo não chama atenção. Isso pode ser traduzido para nossa vida espiritual da seguinte forma: o importante daquilo que vamos fazer não é a velocidade da partida, mas atravessar a linha de chegada.

"Porém muitos primeiros serão derradeiros, e muitos derradeiros serão primeiros. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?" Dois excertos do Evangelho. É claro que o sentido literal desses dois versículos não é o mesmo do assunto do passo do boi. Mas, que tem alguma relação isso tem.

Nosso desejo de ser apreciados, elogiados, entronizados, famosos é um inconveniente que servirá de barreira para concluírmos com êxito o cruzar a linha de chegada. Por outro lado, a pressa em realizar as coisas sem a mínima oração foi a cova que engoliu Saul, o primeiro rei de Israel. Lidar com a própria vaidade é difícil.

Quantos casamentos são feitos de forma apressada e desfeitos mas rapidamente ainda? Será que as pessoas estão mesmo preocupadas com o próprio futuro ou querem apenas copiar o pensamento consumista do mundo: "O importante, é viver o momento"?

Não! Não posso concordar com isso. O cristão não deve se apressar para casar-se, nem para ser grande no ministério, nem para atingir o ápice da carreira na vida secular. Na pressa, ele pode escolher errado, vender os irmãos para chegar mais rápido a um cargo ministerial ou "pisar" no pescoço dos colegas de trabalho. Uma conquista mal estabelecida é efêmera.

Andar no passo do boi, segundo o saudoso Pastor Luiz Branco, significava ir devagar e sempre até alcançar o objetivo - uma conquista perene, perfeitamente de acordo com o Salmo 40.


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domingo, abril 26, 2009

Blogs - futuro da imprensa ou mídia ultrapassada?

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João Cruzué*
Tenho acompanhado atentamente as publicações sobre o futuro da imprensa mundial, portais de relacionamento social e o modismo do momento - o Twitter. Para onde caminha o destino da informação e que papel a liderança evangélica tprecisa exercer neste contexto? Vou deixar aqui minha opinião sobre este momento que poderia parafrasear da matemática como o Ponto de inflexão da imprensa mundial.

A Revista Veja desta semana - 23 a 29 de abril 2009, trás três páginas de reportagem abordando a questão, que não é novidade há bem tempo, exaustivamente abordado por Tim Berners-Lee, o "Pai do formato da página da WEB que abrimos hoje, em suas conferências. Nesta reportagem da Veja, assinada por André Petry, aquele mesmo que tem preconceito contra evangélicos, mas que de vez em quando condensa assuntos interessantes, podemos perceber claramente a agonia da imprensa mundial impressa em papel, ainda adquirida por nós na forma de jornais e revistas nas bancas da Cidade.

Grandes e centenários diários americanas estão quebrando, falindo, pedindo concordata ou aborrecidos com prejuízos devastadores em seus balanços. Sem muitas palavras, e tomando como exemplo o Jornal New York Times , considerado a "bíblia" vida do jornalismo americano, com jornalistas e fotógrafos superpremiados com muitos "Pulitzers" vejamos o seguinte: prejuízo no primeiro trimestre de 2008 de USD 335,000.00 (trezentos e trinta e cinco mil Dólares). Já no primeiro trimestre de 2009, este mesmo prejuízo explodiu para USD74,5 milhões de Dólares.

Semana passada, quando voltava do trabalho para casa, à noite, sentei-me no ônibus ao lado de um senhor que estava com um jornal intacto no colo. Como eu não saí mais tarde, e não tive oportunidade de comprar a "Folha" perguntei ao colega de banco se ele já tinha lido o jornal e se gostaria de vendê-lo. Ele, gentilmente, me deu o "Estadão" e ao agradecer descobri que era funcionário de um setor do Departamento Financeiro do Jornal O Estado de São Paulo. Ele se mostrava preocupado com a queda da publicidade que o Jornal estava enfrentando e sobre a forma (permutas) que o Jornal trabalha para auferir receita. Ele era economista, e no final anotou o nome do Blog Olhar Cristão.

A internet está sugando as receitas dos pequenos anúncios que são muito rentáveis para os grandes Jornais e Revistas. Inclusive, da Revista Veja, aonde trabalha o jornalista Petry. A Recessão e queda na publicidade das imobiliárias e indústria automobilística está "atropelando" a imprensa de papel, enquanto a evolução tecnológica digital provoca um grande "terremoto" com sua capacidade de disseminar a informação a uma velocidade alucinante.

O Twitter, o microblog e microsite de relacionamento social nascido em São Francisco, depois que foi adotado por celebridades "explodiu" no gosto popular para cerca de 8.300 novos adeptos por hora. Como você somente pode digitar um texto com 140 toques, ele é ótimo para "recadinhos" e útil para divulgar postagens do Blog Olhar Cristão e de tantos outros colegas, porque dentro desses 140 toques, podemos deixar o link. Mas ele apesar de "moderno" precisa da postagem do blog para linkar.

A dupla recessão-internet já levou jornais como o "Christian Science Monitor" a deixarem de existir na forma impressa em papel, porque na forma digital ainda não há viabilidade segura de se faturar com anúncios, com exceção do Google. Ele exerce um monopólio global, e se deu muito bem com anúncios digitais. Graças a Deus, o Google pode financiar plataforma gratuitas para criar e editar nossos Blogs, é o maior divulgador de nossas postatem, e até agora não nos obrigou a aceitar os "Ad senses"

Enquanto isso, a febre entre os americanos é um tal de "Jornalismo Cidadão" uma comunidade de contracultura jornalística e amadora que escreve um monte de coisas com erros de todo tipo para diversão dos leitores. Não foram os blogs que ficaram ultrapassados. Mesmo deficientes em cultura e jornalismo de padrão "Pulitzer" eles estão na crista. Se vão ficar é outra história, mas tenho um palpite muito interessante. Não para os Estados Unidos, mas para Blogs evangélicos no Brasil.

Como os jornais e revistas das grandes casas publicadoras brasileiras não dependem de publicidade para sobreviver, a imprensa evangélica de papel vai perder terreno, mas não se inviabiliza a curto prazo. O que vai inviabilizá-la é a nova geração-internet que não tem hábito de ler periódicos impressos. Tudo o que precisa está no computador e na Internet. Fico pensando no susto que muitos editores vão tomar com a potencialização da WEB3, em que a telefonia móvel vai ocupar o espaço dos monitores. E na velocidade que as coisas mudam, é bom ficar atento aos novos costumes da geração "teen".

Os blogs vieram para ficar. Pelo menos pelos próximos cinco anos. São democráticos, gratuitos, não são "tesourados" pelas liderannças das grandes denominações, são protegidos pela liberdade de expressão constitucional, além de prover muito conteúdo para portais como o Google, de igual para igual com os os grandes portais da imprensa. Com um fato interessante a comentar: a mídia secular não fala a língua dos evangélicos, mas os blogueiros União de Blogueiros Evangélicos, sim.

O que vai acontecer de agora em diante, é que as grandes lideranças da Igreja Evangélica vão entrar nesse negócio para exercer um peso e expressar uma opinião que pode não coincidir com os gostos da geração Internet. Esses "pesos pesados" vão chegar com atraso. E isso vai evitar o monopólio da comunicação evangélica. Blogueiros leigos ou não tão leigos que estão na Blogosfera há mais tempo contam com um experiência que não pode ser adquirida num passe de mágica. Por exemplo: os leitores não surgem do nada, e tendem a manter fidelidade com os Blogs que mais se identificam - principalmente os escritos por blogueiros sérios e engajados.

Se você exerce liderança em uma Igreja Evangélica, se atua na vida secular como profissional liberal ou educador ou educadora, sempre vai ter um lugar vazio a sua espera na Blogosfera, onde o Espírito Santo entra com a inspiração e você com a paixão. Você escreve seu testemunho, relata as grandes bênçãos que Jesus lhe deu, e o Espírito Santo leva o que você escreveu até aquela pessoa que precisa ouvir a voz de Deus. Você não precisa de uma pós-graduação em divindade para escrever, nem um canudo de mestre para publicar, nem autorização de ninguém para testemunhar. Que vai estar do outro lado, sedento, aflito, pródigo, não vai querer saber de teologia nem de blá-blá-blás teóricos. Mas ficará interessado e tocado no fundo do coração por aquela experiência que você passou quando teve um encontro com Cristo e foi curado, acalmado e reconciliado por Deus.

Acredite em você e não tenha medo de escrever aquilo que Deus fez por você. Crie seu blog, aprenda editá-lo; se precisar de ajuda aqui está nosso serviço de suporte para lhe ensinar os primeiros passos: Dicas para Blogar.

Cruzue@gmail.com


*João Cruzué é o atual administrador da UBE-União de Blogueiros Evangélicos, uma comunidade agregadora de mais de 3.000 blogueiros, publicadores de conteúdo cristão na rede mundial de computadores.




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