João Cruzué
Estamos na primeira semana de outubro de 2012. O primeiro turno das eleições municipais está marcado para o dia sete. A efervescência eleitoral está no ápice; em alguns lugares mais outros menos. Voto na Capital paulista desde 1974 - a primeira eleição direta - ainda no meio dos anos de chumbo. Sou crente desde aquela época, e o assunto que estou tratando é se a Igreja deve ou não se meter com política.
Primeiro vamos pontuar uma coisa: política e poder político.
Em minha pesquisa na internet, escolhi a explicação mais simples que vem do site do MPF - Ministério Público Federal: "A palavra política tem vários significados. Um deles é o ato de governar, de administrar e cuidar das instituições públicas, ou seja, do Estado."
Quando olhamos para o passado, principalmente antes da Revolução Francesa, vemos a Igreja Católica exercendo o poder político. Em nossos dias, também podemos ver o Irã - a antiga Pérsia - também sendo governado por religiosos. Minha opinião? A religião no comando de um país é a pior forma de ditadura. O passado e o presente nos ensinam a ficar atentos quanto a isto. Religião no poder é símbolo e prática de INTOLERÂNCIA.
Por outro lado, se a governança religiosa é um desastre, o ensino do exercício da política aos fiéis é necessário, principalmente em um país latino como o nosso - cheio de governos populistas e assistencialistas, que preferem dar o peixe (para cevar o pobre) em lugar da vara e das iscas de pescar.
Gastar bem os dinheiros públicos cujas fontes vêm de nossos bolsos é um dever da União, do Estado e do Município. Como existem várias necessidades e recursos limitados para atendê-las, aqui entra o exercício da política, das negociações, das ponderações, das pressões - como um cabo de guerra. O recurso deve ir para onde é mais necessário.
Quando o Brasil saiu da ditadura, a participação popular nos assuntos políticos não apareceu de um dia para o outro. Os militares condicionaram o povo a não participar dela. Isto ainda acontece hoje, trinta anos depois.
Se como governo político temporal a Igreja é um desastre a ser evitado, ela totalmente ausente da política e não cumpre sua missão cristã de zelar pela paz, prosperidade e esclarecimento das comunidades. O ensino da política aos cidadãos, no meu entendimento, é uma normal da Igreja, uma vez que ensina o espiritual.
O cidadão comum precisa ser esclarecido quanto às propostas políticas de seus futuros mandatários. Quanto ao equilíbrio do poder. Quanto ao incentivo aos cidadãos de bem a participarem direta e indiretamente do processo político. A Igreja, na pessoa de seus pastores, padres, bispos, obreiros, precisa cobrar melhor distribuição de renda. Ensinar que o salário e o pró-labore são melhores que as bolsas-esmolas. Que a dependência do povo à eternas medidas de compensação de renda, leva este povo à subserviência de governos populistas.
Os oficiais religiosos não devem abandonar a batina e o paletó para servirem a um governo menor de natureza terrena, a não ser em situações especiais de direção divina. O que aconteceu recentemente no Paraguai é um belo exemplo disso. O que aconteceu no "mensalão" também é outro. Dai ao púlpito o que é do púlpito, e a césar o que é de César. Cada um no seu quadrado. O chamado de Deus para o púlpito é só para o púlpito. Deus não vai trocá-lo no meio do caminho para a tribuna. A posição do púlpito é mais alta que a da tribuna.
O fiel tem direitos de cidadania iguais aos dos não religiosos.
A vocação para o governo da coisa pública também é uma bênção. A arte de conversar, e conversar, e fazer acordos, e definir prioridades, e atender às necessidades prementes não são habilidades naturais de todos. Toda autoridade vem de Deus, e a bagunça, o vácuo de poder são situações a serem evitadas, pois quando um país perde o governo, passa a sofrer os desmandos e a carnificina de grupos de poder.
A Igreja deve sim cuidar da oração da assistência aos necessitados, mas sem esquecer de atuar na alfabetização e esclarecimentos políticos de seus fiéis. Ensiná-los, sim. Manobrá-los e explorá-los, não. A tolerância e respeito à cidadania dos não religiosos é o ponto de equilíbrio, para a paz de um país.
O Brasil tem muitas desigualdades, muita gente dependente de esmolas do governo, que não está presente no dia a dia do povo, mas a Igreja está. Na parábola do "Bom Samaritano" temos um bom exemplo bíblico da falta de atuação de religiosos quanto às necessidades mais urgentes do povo, mas ocupados com seus próprios labores, o levita e o sacerdote abandonaram o objeto da sua fé, atribulados com coisas secundárias.
Ensinar apenas o "Pai Nosso" ao ignorante que não tem nada para comer, é um ato de hipocrisia ímpar. Cuidar dos rudimentos da fé de um fiel sem abrir os olhos da sua cidadania, é como calçar o tênis do maratonista em pé errado. É dar um livro, sem ensinar a ler.
O voto é inegociável e secreto. O voto de cabresto é uma atividade existente no meio das Igrejas, sempre denunciada pela Imprensa livre. Tem gente que está tão acostumada a ver com os olhos dos outros que nem percebe a existência do cabresto. Se isto não é esclarecido na Igreja, muito provavelmente esta prática, ali dentro seja comum. O voto não pode ser CONDUZIDO pelo bispo, padre ou pastor. O cidadão consciente deve escolher seus candidatos - não pelo bom senso dos outros - mas fazendo sua própria análise dentro da sua casa, ouvindo as opiniões de sua família.
Por último, um governo municipal não vai funcionar bem com a eleição de um único homem. É preciso observar com quem ele anda. Quem são seus pares. Quem são os partidos coligados, pois é do meio dessa turma que ele vai compor o executivo da Prefeitura. Se você não levar isto em conta, vai se decepcionar. E a prioridade em uma eleição municipal não é a escolha do Prefeito, mas do melhor representante para o Legislativo - A Câmara Municipal. São os vereadores que aprovam as leis, e se assim é, a Igreja deve instruir o povo a sufragar pessoas com compromisso com as causas cristãs - que são muito diferentes das "causas" da Igreja.
Lugar de religioso é no púlpito. Sim! Orando, mas ensinando os fiéis a praticar e participar ativamente do processo político com plena cidadania.
Quando olhamos para o passado, principalmente antes da Revolução Francesa, vemos a Igreja Católica exercendo o poder político. Em nossos dias, também podemos ver o Irã - a antiga Pérsia - também sendo governado por religiosos. Minha opinião? A religião no comando de um país é a pior forma de ditadura. O passado e o presente nos ensinam a ficar atentos quanto a isto. Religião no poder é símbolo e prática de INTOLERÂNCIA.
Por outro lado, se a governança religiosa é um desastre, o ensino do exercício da política aos fiéis é necessário, principalmente em um país latino como o nosso - cheio de governos populistas e assistencialistas, que preferem dar o peixe (para cevar o pobre) em lugar da vara e das iscas de pescar.
Gastar bem os dinheiros públicos cujas fontes vêm de nossos bolsos é um dever da União, do Estado e do Município. Como existem várias necessidades e recursos limitados para atendê-las, aqui entra o exercício da política, das negociações, das ponderações, das pressões - como um cabo de guerra. O recurso deve ir para onde é mais necessário.
Quando o Brasil saiu da ditadura, a participação popular nos assuntos políticos não apareceu de um dia para o outro. Os militares condicionaram o povo a não participar dela. Isto ainda acontece hoje, trinta anos depois.
Se como governo político temporal a Igreja é um desastre a ser evitado, ela totalmente ausente da política e não cumpre sua missão cristã de zelar pela paz, prosperidade e esclarecimento das comunidades. O ensino da política aos cidadãos, no meu entendimento, é uma normal da Igreja, uma vez que ensina o espiritual.
O cidadão comum precisa ser esclarecido quanto às propostas políticas de seus futuros mandatários. Quanto ao equilíbrio do poder. Quanto ao incentivo aos cidadãos de bem a participarem direta e indiretamente do processo político. A Igreja, na pessoa de seus pastores, padres, bispos, obreiros, precisa cobrar melhor distribuição de renda. Ensinar que o salário e o pró-labore são melhores que as bolsas-esmolas. Que a dependência do povo à eternas medidas de compensação de renda, leva este povo à subserviência de governos populistas.
Os oficiais religiosos não devem abandonar a batina e o paletó para servirem a um governo menor de natureza terrena, a não ser em situações especiais de direção divina. O que aconteceu recentemente no Paraguai é um belo exemplo disso. O que aconteceu no "mensalão" também é outro. Dai ao púlpito o que é do púlpito, e a césar o que é de César. Cada um no seu quadrado. O chamado de Deus para o púlpito é só para o púlpito. Deus não vai trocá-lo no meio do caminho para a tribuna. A posição do púlpito é mais alta que a da tribuna.
O fiel tem direitos de cidadania iguais aos dos não religiosos.
A vocação para o governo da coisa pública também é uma bênção. A arte de conversar, e conversar, e fazer acordos, e definir prioridades, e atender às necessidades prementes não são habilidades naturais de todos. Toda autoridade vem de Deus, e a bagunça, o vácuo de poder são situações a serem evitadas, pois quando um país perde o governo, passa a sofrer os desmandos e a carnificina de grupos de poder.
A Igreja deve sim cuidar da oração da assistência aos necessitados, mas sem esquecer de atuar na alfabetização e esclarecimentos políticos de seus fiéis. Ensiná-los, sim. Manobrá-los e explorá-los, não. A tolerância e respeito à cidadania dos não religiosos é o ponto de equilíbrio, para a paz de um país.
O Brasil tem muitas desigualdades, muita gente dependente de esmolas do governo, que não está presente no dia a dia do povo, mas a Igreja está. Na parábola do "Bom Samaritano" temos um bom exemplo bíblico da falta de atuação de religiosos quanto às necessidades mais urgentes do povo, mas ocupados com seus próprios labores, o levita e o sacerdote abandonaram o objeto da sua fé, atribulados com coisas secundárias.
Ensinar apenas o "Pai Nosso" ao ignorante que não tem nada para comer, é um ato de hipocrisia ímpar. Cuidar dos rudimentos da fé de um fiel sem abrir os olhos da sua cidadania, é como calçar o tênis do maratonista em pé errado. É dar um livro, sem ensinar a ler.
O voto é inegociável e secreto. O voto de cabresto é uma atividade existente no meio das Igrejas, sempre denunciada pela Imprensa livre. Tem gente que está tão acostumada a ver com os olhos dos outros que nem percebe a existência do cabresto. Se isto não é esclarecido na Igreja, muito provavelmente esta prática, ali dentro seja comum. O voto não pode ser CONDUZIDO pelo bispo, padre ou pastor. O cidadão consciente deve escolher seus candidatos - não pelo bom senso dos outros - mas fazendo sua própria análise dentro da sua casa, ouvindo as opiniões de sua família.
Por último, um governo municipal não vai funcionar bem com a eleição de um único homem. É preciso observar com quem ele anda. Quem são seus pares. Quem são os partidos coligados, pois é do meio dessa turma que ele vai compor o executivo da Prefeitura. Se você não levar isto em conta, vai se decepcionar. E a prioridade em uma eleição municipal não é a escolha do Prefeito, mas do melhor representante para o Legislativo - A Câmara Municipal. São os vereadores que aprovam as leis, e se assim é, a Igreja deve instruir o povo a sufragar pessoas com compromisso com as causas cristãs - que são muito diferentes das "causas" da Igreja.
Lugar de religioso é no púlpito. Sim! Orando, mas ensinando os fiéis a praticar e participar ativamente do processo político com plena cidadania.