João Cruzué
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Como foi o processo de amadurecimento do primeiro livro?
Publicar um livro era sonho antigo, eu gostava de escrever poemas e contos. Quando casei, meu esposo compilou meus poemas devidamente digitados e me presenteou com uma escrivaninha cor de rosa, junto ao presente um pedido: “Quero que prossiga escrevendo e um dia me mostre o livro de sua autoria”. Por alguns anos parei de produzir, escrever se resumia ao trabalho jornalístico. Revivi na escrita após a conversão e creio que o livro Ás Margens do Quebar, é a resultado de um sonho amadurecido durante anos e também realização de uma promessa de Deus que sempre me falava fortemente através de Jeremias 30:2 “ Escreve num livro todas as Palavras que te tenho falado”.
Esse passo, na verdade, foi uma jornada. O primeiro incentivador foi Deus porque Sua Palavra é a vida, inspiração e restauração e sei que sem Ele eu não teria prosperado nessa missão. Depois vem meu esposo Franklin, nossos filhos (Joyce e Filipi) minha mãe Dionísia, e minha irmã Vitória Régia. Depois, algumas pessoas que conheci através da internet como o pastor Marcos Sampaio, de Feira de Santana na Bahia. Esse homem foi um instrumento de Deus na minha vida, nunca o vi pessoalmente, mas cada e-mail que recebia dele chorava como criança porque era como se o próprio Deus estivesse falando comigo. Parei por alguns dias de organizar os textos para enviar a Editora, estive cansada e um pouco desanimada e ele me envia a mensagem: “Não disse para você parar, continue a obra que Deus vai te levar a muitos lugares com esse livro”. Imagine como fiquei, assustada e maravilhada. Também agradeço ao Léo Kades da Editora Oxigênio, ao Eliseu Gomes e Sammis Reachers que faziam comentários animadores no blog quando os acessos ainda eram minguados. Sammis também fez o prefácio de meu primeiro livro.
O nome do meu blog veio do livro do profeta Isaías 54: 2,3: “Amplia o lugar da tua tenda e estendam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as tuas cordas, e fixa bem as tuas estacas, porque transbordaras, para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas as cidades assoladas.”
Antes do blog, cheguei a pensar em um ministério itinerante usando tenda e por isso sempre orava a Deus para que o ministério a mim confiado, de ensino da Palavra, abrigasse muitas pessoas em baixo da tenda. Isaías 54 era uma oração diária. Assim, quando meu esposo perguntou: Qual o nome de seu blog? Não pensei duas vezes, a resposta foi imediata : “A Tenda na Rocha”. A Rocha é Jesus.
Por que seu segundo livro, está centrado em Sara e como a Irmã concebe a pessoa de Sara contextualizada hoje?
Sara viveu em um contexto histórico absolutamente patriarcal, em uma sociedade que discriminava o fator esterilidade e ainda assim, ela jamais deixou de sonhar ou se abateu por sua condição. A Bíblia diz que “Sara sorriu da promessa de ter um filho” (Gênesis 18:12) e essa frase em especial me chamou atenção: “Por que riu Sara?” de alegria, ironia? Não sabemos, penso, contudo que ela riu porque a promessa era grande demais, porque cenas de seu sonho permearam sua mente. Sara sequer ovulada, já havia atravessado a menopausa e como poderia ser mãe? E na primavera, eis que nasce Isaac. Isso é lindo demais! Quantas Saras sorriem de seus sonhos nessa hora? Quantas olham para as circunstâncias e consideram as impossibilidades como entraves para felicidade? E Deus vem e diz: Sara, não sorria de seus sonhos, Eu sou maior que toda impossibilidade, Eu sou o Senhor da vida e cumprirei aquilo que prometi, porque vi não apenas teu riso, mas tuas lágrimas.
Vivemos em um contexto histórico bem diferente da época de Sara e Abraão, mas os conflitos que enfrentamos são os mesmos, Deus é o mesmo e as Saras são todas as mulheres que sonham, não apenas com filhos biológicos.
Porque amo escrever e amo a Cristo Jesus, meu Senhor e Salvador. O Evangelho transformou minha vida e família, como guardar essa grandeza só para si? Jesus falou: Não se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. Mateus 5:15-16. Interessante é que comecei a escrever mensagens em cadernos e certa vez os levei para o pastor Franzé ( no litoral do Piauí, onde congregava na época) e disse -lhe: “Pastor, será que podes ler essas mensagens ? É que tenho certeza que chegará a hora de pregá-las para muitas pessoas, até mesmo fora do Brasil”. Ele sorriu, segurou os cadernos nas mãos e disse: “Irmã Wilma, não tenho dúvidas de que conseguirá realizar o que diz. Algum dia a senhora estará testemunhando isso, e quero que seja aqui nessa igreja”. Por isso, fiz questão de realizar o primeiro lançamento do livro Às Margens do Quebar na Igreja Batista Boa Esperança, como forma de gratidão a Deus, pelo chamado iniciado ali. Tenho carinho imenso por aquela obra.
Que visão a senhora tem da Igreja hoje, com relação ao uso da Internet para Evangelização.
Não dá para generalizar, depende muito da visão de cada líder, mas para enfatizar ainda mais a resposta anterior sobre evangelização na internet, penso que deveria haver mais generosidade. O uso da internet ainda é considerado fator de contaminação, declínio espiritual , o que não deixa de ser verdade para muitos. Contudo, há uma visão errônea de que crente de verdade é aquele que prioriza as atividades na igreja, essa cultura se dá por medo do esvaziamento de templos, de falta de submissão e outros fatores. O que faz um cristão genuíno é o amor que Ele tem por Jesus e pelo próximo, e próximo não é apenas o que senta ao seu lado no banco da igreja, no domingo à noite ou na EBD.
Deixo aqui um desabafo e um clamor: A igreja precisa preparar pessoas para trabalhar em evangelização, além das quatro paredes de um templo. Jesus disse: Ide, evangelizar aos de perto e aos de longe, em todos os lugares da terra” Marcos 16:15. Através da internet ou de outras mídias, é possível alcançar pessoas onde jamais conseguiríamos corpo a corpo. Mas que o amor não se esfrie, pelo contrário, que o crescimento espiritual seja notado por todos como motivo de alegria e salvação, como diz Timóteo: “Persiste em ler, exortar e ensinar. Não despreze o dom que há em ti, para que o aproveitamento seja manifesto a todos” I Tm 4: 13,15.
No livro recém-lançado, pela editora Visão Cristocêntrica: “Blogs Evangélicos, O Impacto da Mensagem Cristã na Internet”, tem um capitulo de minha autoria intitulado “Evangelização na Internet”, lá falo de forma mais extensa sobre o tema.
Vejo que tem tempo para retribuir com carinho os comentários de seus leitores, como consegue?
Faço um esforço para interagir com os leitores, mas ainda deixo muito a desejar. Normalmente respondo os comentários das matérias que estão em evidência na página principal, porque não encontro tempo ou disposição suficiente para interagir com todos os leitores. E em termos de e-mail considero a situação ainda pior, respondo a uns e outros não, simplesmente não tenho resposta para algumas das indagações que me fazem e acho complicado aconselhar por e-mail. Pedido de material de evangelização é uma constante e embora considere essa uma causa nobre e essencial, também não tenho como atender a todos. Tomo como prioridade os pedidos de oração.
Com quem aprendeu a publicar?
Meu esposo Franklin me ajudou em tudo: inserir imagens, vídeos, fazer links, parcerias e etc. Ele sempre lia os textos antes da publicação e me dava sugestões, ainda hoje considero sua opinião muito importante na avaliação de conteúdo publicado, se ele me pede para mudar algo, faço sem medo, afinal além de me auxiliar ele é o leitor número 1. Mudar Layout e operar ferramentas mais complicadas é sempre ele quem faz. Enfim, o blog A Tenda na Rocha até hoje recebe atenção de meu esposo e sou grata por isso, obrigada Deus pelo esposo!
Qual é o nome do seu esposo; ele não gosta de escrever?
Meu esposo se chama Franklin, filho de um dos maiores escritores do Piauí, chamado Francisco Miguel de Moura, muito festejado por seus muitos livros publicados e colunas de crítica literária nos jornais de maior circulação do Estado. Todos os filhos do “Chico Miguel” foram incentivados na leitura e escrita e meu esposo já escreveu contos e se dedicou a charges. Porém, seu talento mais latente é para a Física, disciplina que leciona há vários anos. Ele prefere os cálculos, eles se entendem bem, (risos).
Qual o nome de seus filhos, e o que eles pensam do seu trabalho? Santo de casa tem valor?
Nossa primeira filha chama-se Joyce; é pedagoga, casada e já nos presenteou com uma linda netinha chamada Sofia. Depois vem o Filipi; está no último período do curso de Comunicação Social e assim como a mãe e o avó, ama escrever. A Joyce lê mais as coisas que escrevo do que o Filipi. Certa vez ela me disse : “O que a senhora escreve acalma a alma”. Ela sempre me pede para orar por isso ou aquilo e quando se sente mal também solicita minhas orações. Bem, creio que ela haverá de desenvolver a fé a ponto de confiar que a oração dela, tem tanto valor quanto a minha. O Filipi também é um garoto que não nos dá trabalho, mas em questões de fé, ainda contesta muito.
Creio que “santo de casa tem valor”, irmão Cruzué. As orações dos pais pelos filhos, o testemunho, tudo isso conta muito. E na hora da conversão, Deus pode usar quem ou o quê Ele entender, de casa ou não, mas a fé e o amor que se encontram na família têm muito valor.