Mostrando postagens com marcador Igreja Assembleia de Deus.. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Igreja Assembleia de Deus.. Mostrar todas as postagens

domingo, abril 23, 2017

O Ministério Pastoral e a Representação Política na Igreja Evangélica


Comentários sobre os sofismas mais comuns


Parece tudo igual, mas não é.
João Cruzué

Escrevi sobre este assunto há algum tempo, mas ele me parece pertinente para contextualizá-lo. Ainda mais, nestes dias em que a imprensa vem descortinando o mercado de compra e venda de políticos pela construtora da família Odebrecht e por outras construtoras cujas delações estão a caminho. Enquanto milhões de brasileiros passam por todo tipo de privações, a maior parte dos congressistas praticam a corrupção. Diante disso, quero deixar adiante minha opinião, como presbítero da Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Não falo oficialmente pela Igreja Assembleia de Deus, porém minha opinião se encaixaria perfeitamente como o pensamento (bom senso) entre meus pares. Adiante.

1. Uma Igreja deve praticar ativismo no sentido de fundar um Partido Político?

Blog Olhar Cristão: A missão da Igreja foi dada claramente por Jesus Cristo. Basicamente é: Ir por todo o mundo para pregar o Evangelho, curar os enfermos, expulsar os demônios e convidar os perdidos para reconciliação com o Senhor Deus misericordioso. O líder de Igreja que encabeçar direta ou indiretamente a criação de um partido político EM NOME DESTA IGREJA, digo sem nenhum medo de errar: é alguém  que JÁ está caído da graça de Deus. A pregação do Evangelho para a libertação das almas oprimidas pelo diabo é prioridade máxima da Igreja. Se isto não estiver sendo feito, é por que não mais se trata mais de uma Igreja.  mas de uma organização qualquer onde Deus já não tem mais a soberania. Trata-se de uma abominação.

2 - "Política não é coisa para crente".

Blog Olhar Cristão: Se os crentes não participarem da política nacional, tudo o que for feito de ruim, indiretamente, serão responsáveis por pecado de omissão. A Bíblia fala na Carta de Paulo aos Romanos sobre a existência de dois tipos de autoridades: Autoridades políticas e Autoridades religiosas. Também diz que não há autoridade que não provenha da vontade ou da permissão de Deus. Por isso creio que se o princípio da autoridade vem de Deus, quem considerar a política como algo maligna, erra por não conhecer as escrituras. E comete um erro maior se recusar o direito de agir politicamente, pois deixa sua oportunidade para que outros façam o que bem entender.

A Igreja, como corpo de Cristo, é composta de salvos. Sua função é ser o sal e a luz do mundo - em todas as organizações sociais lícitas. Talvez pela omissão de muitos crentes, que enxergam o diabo em tudo, o mal esteja mesmo se alastrando tanto, porque não encontra resistência à altura.

3 - "Pastores não devem participar de política".

Blog Olhar Cristãoatualmente existem dois tipos de ministros: os que têm o cargo e exercem o ministério pastoral e aqueles que possuem apenas o cargo sem o ministério. Para os que exercem o Ministério e pretendem concorrer a cargos públicos minha opinião é que não devam fazer isto, pois estariam abandonando o "arado". Entretanto, para os ministros que possuem apenas o cargo, sem chamada pastoral, não vejo incoerência . Todavia, qualquer crente, membro de Igreja ou ministro que aspire seguir a carreira política, deve ter uma orientação muito segura de Deus. Se forçar a barra e romper o muro, como diz a Bíblia, vai encontrar uma cobra (o diabo) do outro lado para picá-lo.

Explico: se Moisés não tivesse uma chamada real, CONFIRMADA por DEUS, em lugar de tirar o povo de Israel do Egito, teria contribuído, isto sim, para a destruição do povo. Sem direção de Deus, em lugar de conquistar um cargo político, o membro ou ministro da Igreja com certeza vai entrar por sua própria conta e risco, não em "Canaã", mas no "Egito" para ser escravizado pelo "faraó" deste mundo. O preço desta aventura ainda não está totalmente informado: faltou dizer que neste caminho infeliz as outras vítimas são a família além e o nome da própria Igreja.

Brevemente veremos uma enxurrada de artigos na internet do tipo: "Não voto em Pastor" Quando eu era "menino" achava esta frase corretíssima. Depois de uma melhor análise, cheguei à conclusão de que esta afirmação é uma campanha preconceituosa, com impacto negativo entre os crentes e principalmente entre os eleitores não crentes. Se Deus chamar um ministro para a política, com ou sem o voto dos crentes, ele vai se eleger de qualquer jeito. Porém, há muita gente enrolada por aí, forçando a barra e falando pelos cotovelos, dizendo que sua chamada para a representação política  foi por direção de divina. Desconfie.

Enquanto isto, na Espanha, tempos atrás o ex-Papa Bento XVI dava seu aval para que sacerdotes católicos concorram a cargos políticos, para impedir o avanço do secularismo. Quem gostou disso foi o Bispo Lugo, que chegou a ser Presidente do Paraguai. Neste infeliz exemplo, cumpriu na vida dele a vontade de Deus. Com era dado a saltar a "cerca", e não honrava a batina, veio à tona os muitos  filhos que teve. Como já tinha perdido mesmo o cajado, sua entrada na política contribuiu para que sua sem-vergonhice viesse a ser exposta à luz do meio-dia. Uma cova que chamou um outra maior.

4 - A carreira política é melhor que o ministério pastoral?


Blog Olhar Cristão: Sou completamente contra este pensamento. Qualquer um poderia exercer um cargo político, basta que gaste bastante. Já o ministério pastoral depende de uma chamada genuína e seu exercício é muito  mais valioso que ter um cargo de representação política.  A Mensagem do Evangelho é muito mais importante que qualquer discurso político. Ganhar uma alma e zelar dela, como ministro de Deus, vale mais que ganhar a presidência de um país. Embora isso pareça loucura, é assim que Deus vê. Portanto, entre o ministério pastoral e a representação política, fico com o primeiro, pois o ministério pastoral é dado pelo próprio Deus para homens especiais.

5 - "Não voto em candidato evangélico, porque ele vai se corromper"

Blog Olhar Cristãoisso é puro preconceito. Em princípio, votar em um candidato que tenha o temor de Deus é uma decisão correta. Se no futuro ele trouxer decepção, na sua próxima candidatura não o eleja mais. Como de fato aconteceu em 2006, quando o povo evangélico deixou de eleger muitos políticos evangélicos que se corromperam no escândalo das "Sanguessugas". O recado foi dado. Não basta ter nome de evangélico para permanecer na política - é preciso ser evangélico de fato. O perigo de negar o voto a um candidato cristão para votar em qualquer um, ou naquele que asfaltou a rua da sua casa, reside na seguinte armadilha: quando uma lei não-cristã em votação, o político evangélico tem um compromisso com a Bíblia, já o "qualquer um" pode votar até contra a liberdade de culto - pois lhe deram um mandato (cheque em branco) para fazer o que quiser.

Vejamos um caso concreto: O ex-Prefeito de São Paulo - Gilberto Kassab - diante de um assunto que envolvia o uso da Avenida Paulista para sediar três manifestações: Dos evangélicos (Marcha para Jesus), de sindicalistas (Dia do Trabalho - CUT), e do movimento GLTBS (Parada Gay), Kassab fez sua opção sem titubear em favor de manter a Parada Gay na Avenida porque achava que ela dá um toque de modernidade e visibilidade mundial à Capital paulista. Em 2014 ele saiu candidato ao Senado, só que não vai ser eleito.

6 - "Não voto em candidato escolhido pela minha Igreja"

Blog Olhar Cristão: muitos crentes não se sentem confortáveis em votar nos candidatos "oficiais" da Igreja, geralmente pessoas escolhidas sem o referendo da membresia. Talvez seja esta falta de democracia que tenha impedido o sucesso de muitos candidatos. Por outro lado, há Igrejas que manipulam o eleitorado tentando fazer com membros um curral eleitoral com a prática do voto de cabresto. Recentemente, ouvi um pastor recomendando o voto em determinada pessoa da  parentela do Bispo da Igreja. E um dos argumentos que usou era que seria uma prova de gratidão ao Bispo, e que o candidato tinha conseguido colocar um irmão doente em um hospital. Ora, vejo isto de forma diferente: quem tem que usar de gratidão e fazer o que o povo precisa é o candidato.

Quanto a este assunto, ainda há duas coisas a considerar: O voto é secreto e inviolável. Diante da urna o eleitor cristão vota em oração, com consciência e intuição de acerto. Votar no melhor, isto é, naquele que no exercício do poder não vai aprovar leis ímpias contra a liberdade de expressão religiosa, como, por exemplo, a lei da mordaça gay. Nem aprovar legislação pró-aborto, nem naqueles que já sujaram o bom nome da Igreja por atos de corrupção. Votar corretamente é difícil, mas possível. Basta que na eleição seguinte, não se repita os mesmos erros.

Igreja x Política
7. Conclusão 

Blog Olhar Cristão: Ouvimos de um antigo Pastor, já falecido, que o pior erro é o erro doutrinário. Trazendo isso para este contexto ficaria assim: O pior erro é um erro de princípios. De tudo o que escrevemos aqui, cremos que o perigo maior reside em pensar que a representação política seja uma tarefa que Deus deixou aos cuidados do diabo. Conceitualmente trata-se de um sofisma. Se de fato o exercício da representação política fosse um atributo exclusivo do diabo, todos os que pensam assim estariam deixando nas mãos dele o destino de pessoas, comunidades, bairros, cidades, estados, países - o mundo. Deus há de cobrar caro todo pecado dos corruptos tanto quanto a omissão dos ignorantes!

Por outro lado, Deus deu Pastores para cuidar do Seu rebanho. Quem dera que todos os representantes políticos fossem homens tementes a Ele. Isso só é possível, se a Igreja cumprir a missão dela.  O que é preciso discernir neste assunto é que se um pastor quiser trocar o ministério por um cargo político, das duas uma: Ou ele nunca foi um pastor de fato ou é um profeta velho, caído da graça de Deus.

-------------------

"O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos,
dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética.
O que mais preocupa é o silêncio dos bons."
Martin Luther King







.