Mostrando postagens com marcador Dom Cavati. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dom Cavati. Mostrar todas as postagens

sábado, março 24, 2012

O Senhor dos lírios do Vale

.

Lírios Vermelhos
Lírios vermelhos do Vale do Rio Caratinga

João Cruzué

Uma das coisas mais belas da minha terra, o lungar onde passei a adolescência, é lírio vermelho. Não é um vermelho qualquer, mas uma cor parecida com o fogo. Um vermelho afogueado, similar  ao desta da foto. E para não me esquecer de lá, trouxe alguns tubérculos há muitos anos e os plantei no meu quintal de casa, em São Paulo. Da primeir  vez fiquei esperando pelo inverno, o tempo de suas flores. Coincidentemente a vida do cristão que anda em sinceridade com Deus também é bem parecida com as flores desse lírio.

Lírios são clásicos da natureza, cantados em muitas poesias e até mesmo o próprio Senhor Jesus Cristo recitou: Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

Os lírios vermelhos que plantei no meu quintal, nasceram, cresceram, ficaram verdinhos mas não floriram.

Na terra das Gerais, no vale do Rio Caratinga o período da seca começa no mês de junho e vai até meados de outubro. Isto coincide com o inverno. E quando os pastos perdem todo o verde e chão se mostra seco de verdade, as hastes do lírio vermelho surgem do chão endurecido e cumprimentam a natureza vizinha com aquela cor vermelho-fogo surpreendente.

O clima em São Paulo é diferente e no meu quintal o lírio só produziu folhas verdes e abundantes. Nem mesmo secou no período do inverno. Então eu me lembrei que faltava uma coisa para que ele florisse. E foi assim que arranquei suas "batatas" de um lugar fresco, ensombreado e fiz uma mudança. Eu plantei meu lírio vermelho no jardim, à frente da casa, no lugar mais quente e mais seco, onde o sol da tarde queimava de tão quente.

No inverno seguinte, as flores vieram. Lindas, com o mesmo vermelho-fogo de meus dias de garoto. Este ano, não foi diferente. Elas apenas vieram atrasadas - no mês de agosto. E quando olho para elas, revejo antigas imagens de lírios florindo nos lugares mais secos e improváveis na minha terra das Gerais.

Hoje pela manhã eu estava meditando. Pensando com a vida de um crente é parecida com um lírio. Se ele passar todos seus dias debaixo de boa sombra, água fresca e pouco calor do sol, ela também não floresce. E isto é mesmo verdade, pois os cristãos mais experientes e que dão fruto na comunidade local, por certo passaram por períodos de grande provação ou dificuldades.

O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. É no deserto que Deus faz brotar rios para dar água aos sedentos. Se você está enfrentando dias muito difíceis, não desanime, pois Deus está preparando você para receber as maiores bênçãos da sua vida. E não somente isto, mas para que também seja uma bênção para seu próximo.

Eu falei do lírio vermelho, planta da minha terra. Mas eu conheço o lírio branco, aquele que é o mais perfumado de todos os lírios. Simplicidade e beleza, brotando e florindo na terra mais seca. Não se preocupe em demasia com suas lutas. Nem se aborreça porque o dia da bênção está custando a chegar.

Porque ele vai chegar no inverno, em pleno tempo da seca. E você vai se alegrar com o lírio da minha casa, que se veste de vermelho para louvar ao Senhor. Eu sei disso, porque já passei por 11 anos de desemprego, e depois de "velho", com mais de 53 anos veio a melhor oportunidade da minha vida.

Fique firme. Confie no Senhor, o dono dos lírios.




.

domingo, agosto 21, 2011

Glória da Natividade P. Cruzué

.
Aqui era o lugar onde Dona Glória foi muito feliz.
(set.1933 - ago. 2011)
João Cruzué

Quero compartilhar, com meus amigos e leitores do Blog Olhar Cristão, a minha dor. Na madrugada de quinta-feira, 18.08.2011, minha mãe, a irmã Glória da Natividade P. Cruzué, foi recolhida por Jesus para uma outra glória. Ela penteou seus cabelos, deitou-se às 22:00, e amanheceu dormindo no Senhor.

Depois do sepultamento, minha irmã e eu estivemos em sua casa revendo as cenas de seu último dia. O teclado - de sua paixão pela música. A fotos de duas netas na penteadeira do quarto. E na mesa da sua cozinha, onde costumava fazer diariamente seus estudos, deixou a Bíblia aberta no Sermão das Bem-aventuranças. Ficamos muito emocionados ao ver aquela Bíblia toda rabiscada. Ela anotava ali de propósito, para que depois que se fosse, servisse de testemunho do amor à Palavra de Deus, disciplina adquirida na Igreja Presbiteriana.

Mateus 5

"1. Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;

2. e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:

3. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;

4. bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;

5. bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;

6. bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;

7. bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;

8. bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;

9. bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;

10. bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;

11. bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.

12. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.


13. Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.

14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;

15. nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa.

16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus."


Estive de férias na última quinzena de julho, e viajei até as Gerais para ficar com ela alguns dias. Na oportunidade presenciei seu trabalho de evangelização. Na mesma mesa onde estudava, assentou-se um soldado da Polícia Militar. Ele ouviu atentamente uma exposição de uma boa meia hora sobre as bênçãos de ser um crente em Jesus e firmes recomendações para que não "batesse" nos presos.

Eu estava em minha mesa de trabalho, quando um conhecido ligou para dar uma notícia ruim. Empreendi uma longa viagem de São Paulo até Iapu (cidade próxima de Ipatinga), a tempo de participar do velório na casa de minha irmã, e depois do culto de corpo presente na Igreja Presbiteriana do Bairro São Paulo, congregação de minha mãe, na cidade vizinha de Dom Cavati onde foi sepultada, junto a meu pai.

Na oportunidade cumpri um dos desejos dela: dar duas bíblias para dois adolescentes que moravam vizinhos ao sítio da família. Ela estava preocupada com o futuro deles. Eu fiquei muito emocionado com as palavras de agradecimento da mãe daqueles garotos, que chorou muito pela lembrança.

Em ocasião oportuna, completarei este testemunho.

Com toda humildade, quero dizer que fui o primeiro crente de minha casa. Na ocasião da mudança, minha mãe e meu pai ficaram muito tristes, pois eram católicos praticantes. Depois de alguns anos, Jesus também tocou o coração deles - não para mudar de religião - mas para aceitarem a salvação pela graça. Primeiro minha mãe, e depois meu pai. Fizeram isso na Igreja Presbiteriana da cidade de Dom Cavati. Não posso dizer que fui eu quem os ganhou para Jesus, mas também não posso dizer que não contribuí para isso, pois fiquei em silêncio diante de muitas incompreensões.

Há situações que orar é muito melhor que dizer qualquer palavra.

Minha mãe, como toda pessoa, tinha defeitos e qualidades. Entre estas, a disciplina de estudar, todo dia, a palavra de Deus e o prazer de falar de Jesus para qualquer pessoa que se pusesse ao seu alcance.

Minha família e eu estamos muito tristes com esta separação, mas aceitamos com reverência a decisão do Senhor.

Peço suas orações pela minha família.



Homenagem a Dona Glória: Homenagem ao Dia das Mães 2008

.



sábado, setembro 12, 2009

A pé de Socapó ao Iapu

.
Caminhos de "Socapó"
João Cruzué

Socapó é o nome carinhoso da cidade de Dom Cavati, onde vivi dos 14 aos 18 anos. Iapu, a 20km de distância, é o berço de minha infância; terra onde estudei o primário no Grupo Escolar Joaquim Nabuco e depois do 1º ao o 3º ano ginasial no Ginásio Frei Marcelino de Milão. A sétima série do curso básico atual. Em 1970 nos mudamos de uma cidade para outra. E na Quinta-feira passada, 10 de setembro, voltei a caminhar pelas Rio-Bahia e BR 458 dos meus tempos de adolescência.

A mesma Rio-Bahia, BR 116, minha velha conhecida. Não fiz conta da quilometragem que rodei por ali de bicicleta. Aquelas monarks de barra circular, catracas de 20 dentes, freio contra-pedal. Nosso sítio ficava a meio caminho entre o Aredes e Dom Cavati, trecho de sete quilômetros. Cerca de 17 km entre o sítio e Iapu, terra de minha parentela. Nos tempos de boas pernas, tanto na ida (com mais subidas) quanto na volta, meu melhor tempo era 44,5 minutos. Bicicleta sem marchas.

Mas desta vez, para matar as saudades de cada curva, de cada morro, fui a pé mesmo. Fiz os 16 km de caminhada em 2:35 minutos. Das 17:00 às 19:35. Poucos souberam, mas foi uma homenagem aos velhos caminhos que me viram crescer e envelhecer.

Eu queria mostrar para aquelas curvas e morrinhos que, perto dos 54 anos, eu ainda estou vivo. Tornei-me crente em Jesus. E com a ajuda dele, sigo em busca de meu grande sonho: Escrever, escrever e poder publicar meus livros. Como eu ainda não sei, mas o mesmo Deus que me escolhei e me achou quando eu estava tão longe, pode me abrir uma porta, não para que me torne grande, mas para que sirva de testemunho da bondade do meu Senhor.

E quando isso acontecer, quem sabe ainda posso voltar a caminhar de novo o mesmo trecho para agradecer a Deus por esta e por tantas outras bênçãos que recebo todo dia.

Ebenezer!


.