Por João Cruzué
Imagine um vigia solitário, em pé
no alto de uma colina, enquanto toda a cidade dorme ele contempla em silêncio as
estrelas na madrugada fria. Sua função é
ser os olhos e os ouvidos da cidade. Ao primeiro sinal de perigo deve soar a
trombeta. Assim o Senhor fala a Ezequiel no capítulo 3: “Eu te pus por atalaia
sobre a casa de Israel”. Não era um título de honra, mas um peso de
responsabilidade. A vida de muitos dependeria da fidelidade do profeta em abrir
a boca quando Deus falasse. Se ele falhasse responderia com sua vida.
Essa palavra mostra a seriedade do ministério profético.
O silêncio seria omissão, e a
omissão traria consequências. Jeremias falou de um fogo ardente em seus ossos,
impossível de calar, e Paulo afirmou que anunciar o evangelho era uma
necessidade imposta a ele.
O atalaia não poderia se calar.
Se falar e o ímpio não se arrepender, este morrerá em sua impiedade; se o justo
se desviar, responderá por isso; mas se o profeta se calar, a responsabilidade da
morte do justo será cobrada do profeta.
Depois dessa ordem, Ezequiel
passa sete dias entre os exilados, em silêncio, atônito. Esse detalhe mostra
que não basta proclamar: é preciso primeiro sentir o peso da missão e
compartilhar da dor do povo. O profeta não fala como um observador distante, mas
como alguém quebrantado diante de Deus. Nos versículos finais, o Senhor deixa
claro que até seu falar dependeria Dele: Ezequiel não abriria a boca por
vontade própria, mas somente quando recebesse a palavra.
Há momentos em que Deus manda
falar, em outros manda calar. O profeta não é dono da mensagem, apenas o mensageiro.
Você e eu somos como atalaias em
algum lugar: na família, no trabalho, entre amigos. Testemunhar não é escolher
resultados, mas ser fiel em transmitir a verdade no tempo certo. Às vezes, o
silêncio parece muito mais cômodo, mas pode ser omissão.
Em Ezequiel 3:16 a 27, o Senhor
Deus nos lembra de nossa posição de responsabilidade: vigiar, ouvir e falar
quando Ele mandar. Nele encontramos a coragem para soar a trombeta para alertar
a cidade do perigo que está oculto nas negras nuvens da cultura de nossos dias.
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