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quinta-feira, outubro 02, 2025

A Missão do Atalaia no Livro do Profeta Ezequiel

 

Por João Cruzué

Imagine um vigia solitário, em pé no alto de uma colina, enquanto toda a cidade dorme ele contempla em silêncio as estrelas na madrugada fria.  Sua função é ser os olhos e os ouvidos da cidade. Ao primeiro sinal de perigo deve soar a trombeta. Assim o Senhor fala a Ezequiel no capítulo 3: “Eu te pus por atalaia sobre a casa de Israel”. Não era um título de honra, mas um peso de responsabilidade. A vida de muitos dependeria da fidelidade do profeta em abrir a boca quando Deus falasse. Se ele falhasse responderia com sua vida.

Essa palavra mostra a seriedade do ministério profético.

O silêncio seria omissão, e a omissão traria consequências. Jeremias falou de um fogo ardente em seus ossos, impossível de calar, e Paulo afirmou que anunciar o evangelho era uma necessidade imposta a ele.

O atalaia não poderia se calar. Se falar e o ímpio não se arrepender, este morrerá em sua impiedade; se o justo se desviar, responderá por isso; mas se o profeta se calar, a responsabilidade da morte do justo será cobrada do profeta.

Depois dessa ordem, Ezequiel passa sete dias entre os exilados, em silêncio, atônito. Esse detalhe mostra que não basta proclamar: é preciso primeiro sentir o peso da missão e compartilhar da dor do povo. O profeta não fala como um observador distante, mas como alguém quebrantado diante de Deus. Nos versículos finais, o Senhor deixa claro que até seu falar dependeria Dele: Ezequiel não abriria a boca por vontade própria, mas somente quando recebesse a palavra.

Há momentos em que Deus manda falar, em outros manda calar. O profeta não é dono da mensagem, apenas o mensageiro.

Você e eu somos como atalaias em algum lugar: na família, no trabalho, entre amigos. Testemunhar não é escolher resultados, mas ser fiel em transmitir a verdade no tempo certo. Às vezes, o silêncio parece muito mais cômodo, mas pode ser omissão.

Em Ezequiel 3:16 a 27, o Senhor Deus nos lembra de nossa posição de responsabilidade: vigiar, ouvir e falar quando Ele mandar. Nele encontramos a coragem para soar a trombeta para alertar a cidade do perigo que está oculto nas negras nuvens da cultura de nossos dias.


O Rio do Profeta Ezequiel

 

Por João Cruzué

O profeta Ezequiel nos mostra uma linda visão no capítulo 47: um pequeno fio de água saindo do templo que vai crescendo, crescendo, até se tornar um rio profundo e cheio de vida. Assim é a graça de Deus: quanto mais nos deixamos levar, mais percebemos que não há limites para aquilo que o Senhor pode fazer.

O detalhe do rio que vai crescendo aos poucos mostra que a vida espiritual é um processo. Primeiro, Ezequiel anda com água nos tornozelos, depois nos joelhos, até chegar ao ponto em que não consegue mais atravessar andando, mas precisa nadar. Esse crescimento simboliza como nossa caminhada com Deus nos leva de passos simples até mergulhos mais profundos. No começo podemos estar apenas tocando a superfície, mas o convite do Senhor é para irmos além, até que não confiemos mais em nossas próprias forças, e sim na correnteza da sua presença.

As águas do rio não apenas aumentam, mas também trazem vida. Onde passam, árvores florescem, frutos aparecem e até o mar Morto é transformado em um lugar fértil. Isso nos lembra de que, quando Deus age, até o que parecia seco e perdido pode voltar a ter esperança. Jesus usou palavras parecidas quando disse que quem crê nele terá rios de água viva fluindo de dentro de si (João 7:38). O que Ezequiel viu como uma promessa futura, hoje entendemos cumprido em Cristo, fonte inesgotável de vida para todo discípulo.

Essa visão também nos fala sobre esperança prática. Talvez existam áreas em nossa vida que parecem como o mar Morto: sem saída, sem movimento, sem futuro. Ou como o Deserto da Judeia. Mas, quando o rio de Deus chega, nada continua igual. Ele cura, restaura, reconcilia e enche de fruto onde só havia esterilidade.

O que parecia impossível, Deus transforma em lugar de abundância. Assim como as águas que brotavam do templo, a presença de Deus quer alcançar o mais profundo da nossa realidade e trazer renovação completa.

O rio de Ezequiel 47 é, na verdade, um convite. Ele nos chama a sair da beira e a entrar cada vez mais fundo, até que não possamos mais controlar os passos sozinhos. É um chamado para deixar que Deus nos conduza, mesmo quando não sabemos exatamente para onde o rio vai nos levar. É nesse abandono confiante que experimentamos o começo da plenitude da vida espiritual onde vamos descobri que há muito mais em Deus do que poderíamos imaginar.

Ezequiel nos mostra que a vida verdadeira só existe quando somos alcançados pelo rio que vem de Deus. Essa água começa pequena, mas logo cresce e nos envolve por completo. Ela cura feridas, traz esperança onde parecia não haver mais nada e transforma desertos em jardins. O convite é claro: não fique apenas na beira onde apenas molha os pés, entre mais fundo porque é seguro mergulhar neste rio.


SP-02.10.2025


domingo, setembro 22, 2019

O vale de ossos secos e a esperança nossa de cada dia





Wilma Rejane

Veio sobre mim a mão do Senhor, e ele me fez sair no Espírito  e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos. E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos. E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor DEUS, tu o sabes. Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor.Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso. Ezequiel 37:1-7

A mensagem em Ezequiel fala literalmente sobre:

I-  A revitalização de Israel, pois, naquela época as tribos haviam se espalhado; Judá, Benjamin e Levi  levadas em cativeiro para Babilônia. Era tempo de angústia. Jerusalém estava em ruínas, as tribos espalhadas entre as nações, parecia o fim de um povo. O vale de esqueletos era como um raio x de Deus sobre Israel: um Israel triste e abatido. Deus, porém revigoraria Israel, transformando-o novamente em uma nação.

II- Também fala do Israel espiritual,  igreja de Cristo, composta por pessoas renovadas pelo Espírito Santo. Pessoas que outrora estavam perdidas, mortas em pecados, e atenderam ao chamado de arrependimento. Estes, em Cristo, venceram a morte. 

Delimitados os temas literais da mensagem em Ezequiel, podemos aqui abordar outros aspectos igualmente importantes presentes na passagem do Vale de Ossos secos. São observações que ampliam nosso olhar sobre a cena, a fim de aprendermos mais com Deus, fortalecendo-nos em fé e obediência. 

Aquele vale

O Vale de ossos secos, apresentado por Deus ao profeta Ezequiel é uma visão de horror, evocada para trazer esperança, a esperança revivida do pó de cadáveres, uma esperança que somente Deus pode dar, nada nem ninguém seria capaz de adentrar naquele ambiente para ressuscitar aquelas pessoas. 

Um vale fica entre montanhas, olhar para o alto quando se está em um vale pode ser animador, porque enxerga-se uma saída, um horizonte diferente que indica mudança. É isso que nos diz um conhecido Salmo: “ 121:1 Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro? 2 O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra”. Os esqueletos não podiam ver, então Deus envia Ezequiel para que eles possam ouvi-lo.

Outro aspecto que chama minha atenção é o dos esqueletos estarem ao ar livre, sobre a terra e não enterrados. E eles estavam sequíssimos! 

Ezequiel rodeia aqueles esqueletos, se põe entre eles, fala com eles!


A grandeza dos detalhes

Refletir sobre a mensagem de Ezequiel sobre o vale de ossos secos é contemplar Deus na história da criação humana e das nações em todas as épocas. Israel foi um povo perseguido, espalhado, foram  mortos aos milhões no Holocausto nazista, contudo, se ergueu novamente como Nação em  14 de maio de 1948. Israel é uma referência profética desde o início e assim será até o fim dos tempos. Porque assim como a Mão de Deus estava sobre Ezequiel naquele vale, está também sobre Israel.

Interpreto os esqueletos sobre a terra como sendo um estado provisório, ossos em decomposição, porém que aguardam uma resolução. É como se Deus tivesse-os sob seu olhar, um olhar que os rodeia, que se põe entre eles, observa atentamente a fim de reverter aquele estado terminal. A seu tempo. 

A sequidão dos ossos indica muito tempo de morte, e ainda assim Deus os transforma em corpos saudáveis, com tendões, carne, pele, músculos, vida!!! Isto significa Redenção, algo que acontecerá com o Israel Físico e com a Igreja (Colossenses 1: 13,14 – Romanos 11:26).

Lições para todos os dias

Não há coisa alguma impossível para Deus (Lucas 1:37). Se há determinadas áreas em nossas vidas que se assemelham aquele vale de ossos secos, Deus é a esperança e a certeza de restauração. 

Deus perguntou a Ezequiel: 
- Porventura viverão estes ossos?
 Ele disse: - Senhor Deus, tu o sabes.

Ezequiel era um homem de fé. Ele sabia que Deus não operava seguindo lógica humana, pois, em uma visão meramente humana, aqueles esqueletos jamais voltariam a viver. A resposta estava com Deus que criara todas as coisas e o homem do pó da terra ( Gênesis 2:7). Terra e osso não eram um fim para Deus, mas um começo, recomeço, matéria-prima para milagres!

Quantas vezes queremos perder as esperanças porque não vemos saída, não conseguimos enxergar nada mais além de um vale de morte. Não vemos montes, nem horizontes. Nos sentimos abandonados, esquecidos. Mas Deus está atento, Ele diz: “ouçam a minha voz, ela está presente também nos vales ”. 

Continuemos orando pela salvação de nossa família. Continuemos firmes nos caminhos do Senhor na certeza de que Ele vela por nós, conhece nossas angústias e sofrimentos e Ele nos ama. Aqueles esqueletos estavam na superfície, visíveis, ao alcance porque Deus agiria de modo milagroso sobre eles! Claro que não há distância ou profundidade onde Deus não chegue. Ele ressuscitou a Lázaro, de Betânia, quando este estava no túmulo (João 11). Lázaro estava na tumba, envolto a lençóis e uma pesada pedra fechava seu túmulo, mas todos esses acessórios de morte não foram capazes de esconder Lázaro do olhar de Deus, para Deus Lázaro estava como aqueles esqueletos: na superfície, aguardando a redenção!

Deus o abençoe.

domingo, abril 21, 2019

O profeta Ezequiel e a predestinação calvinista


Rolos sagrados

João Cruzué

Há muito, tenho ouvido esta assertiva calvinista: Uma vez salvo, salvo para sempre; o homem nada fez para ser salvo e nada precisa fazer para manter ou perdê-la - o ensino de uma salvação absoluta. Eu sei que na Bíblia tem pontos difíceis, um deles é Romanos 9;13 - "Amei a Jacó e aborreci Esaú". Será que Deus olhou para os dois e, de repente, simpatizou-se com Jacó e não foi com a "cara" de Esaú? Vamos ver isto um pouco mais de perto.

Muitos pregadores crucificam o caráter de Jacó, com suposições sem fundamento. Será que Jacó era mesmo um enganador, tanto quanto Abrão era um mentiroso?  Não é propósito deste texto tratar desta questão, considerando que os feitos  dos dois falam por si. O coração de Jacó se inclinava para o sagrado, enquanto que o de Esaú era profano. Mundano. Quando arranjou duas mulheres heteias, formou um lar dentro de um conceito de família reprovável. As duas foram fontes de amargura para sogros. Mas, o que mais pesou no coração de Deus para aborrecer a Esaú, foi o desprezo deste pela bênção da primogenitura.

Estive meditando por esses dias no livro do Projeta Ezequiel. Mais precisamente no capítulo 33. Se por um lado, Filipenses 1:6 diz que "Estou certo, que aquele que começou a boa obra em vós, a aperfeiçoará até o dia do Senhor Jesus, no capítulo 33 de Ezequiel, entre outras coisas, está escrito assim:

EZEQUIEL 33:13
"Quando eu disser ao justo
Que certamente viverá,
E ele, confiado na sua justiça,
Praticar a iniquidade,
Não virão a minha memória
Todas as justiças,
Mas na sua iniquidade
que pratica, morrerá."

EZEQUIEL 33:14
"E quando eu disser ao ímpio:
que: Certamente morrerás;
Se ele se converter do seu pecado,
e fizer juízo e justiça,
Restituindo o penhor,
Pagando o furtado,
Andando nos estatutos da vida
e não praticando iniquidade
certamente, viverá,
E não morrerá!"


Daí, meu entendimento é assim: 

A salvação é de graça e pela graça. E Deus, vendo a terra e os homens na miséria do pecado, decidiu descer até aqui, para trazer sua graça até nosso nível. E uma vez tendo sido perdoados e salvos, os frutos são uma consequência natural.  Mas, a salvação proposta por Deus não é uma reta de chegada, mas um caminho a ser percorrido. A porta é Jesus e depois da porta segue-se o caminho estreito. A salvação é recebida de graça, é mantida pela graça, mas pode ser perdida se, de nossa parte, desprezarmos a santificação, a justiça e a comunhão com Deus.




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