segunda-feira, novembro 17, 2025

Amós Capitulo 9 - Tempo de derrubar

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Amós, capítulo 9

João Cruzué

Há algo perturbador na visão que se abre no capítulo 9 de Amós: o Senhor não está no altar para receber ofertas, mas para destruí-lo. Golpeia os capitéis, faz tremer os umbrais, despedaça tudo sobre a cabeça dos presentes. É o  colapso das instituições sagradas, o desmoronamento de tudo aquilo que parecia sólido como pedra.

Para quem vivia naquela época, o templo era mais que um edifício religioso. Era o símbolo da presença divina, a garantia de proteção, o centro da identidade nacional. Ver Deus destruindo seu próprio santuário era como assistir um pai incendiando a casa da família. Não faz sentido. Não deveria acontecer. Mas acontece.

Talvez seja esse o ponto mais incômodo da profecia de Amós: Deus não está preso às nossas instituições religiosas. Ele não é refém de nossas tradições, por mais antigas e veneráveis que sejam. Quando essas estruturas se tornam cúmplices da injustiça, quando servem para encobrir a opressão ao invés de combatê-la, elas mesmas se tornam alvos do juízo divino.

O texto tem uma ironia cruel. O povo achava que estava seguro porque tinha o templo, os rituais corretos, a linhagem certa. Mas Amós destrói essa ilusão com uma pergunta devastadora: "Não sois para mim como os etíopes, ó israelitas?" Ou seja, vocês que se acham tão especiais, tão diferentes, tão superiores aos outros povos — o que os torna melhores? A resposta implícita é: nada! Absolutamente nada.

E então vem aquela perseguição implacável. Não adianta fugir, cavar, escalar, mergulhar. Os olhos de Deus estão sobre eles "para o mal, e não para o bem". É uma inversão total da teologia confortável. O Deus que deveria proteger agora persegue. O Deus que deveria abençoar agora sentencia.

Mas há uma reviravolta no final do capítulo que não pode ser ignorada. Depois de toda devastação, surge a promessa de reconstrução. Não imediatamente, não sem consequências, mas eventualmente. A casa de Jacó não será totalmente destruída. Deus vai peneirar Israel entre as nações como se peneira grãos, mas não deixará nenhum grão cair na terra.

Essa imagem da peneira é fascinante. 

Deus não descarta tudo — separa. Elimina a palha, mas conserva o grão. O exílio não é apenas castigo, é também purificação. A destruição não é fim, é recomeço. As ruínas da tenda de Davi serão reerguidas, os muros reconstruídos.

O que Amós profetiza no capítulo 9 é uma espécie de morte para ressurreição. Não dá para reformar a estrutura apodrecida; é preciso deixá-la cair. Não dá para maquiar a injustiça com piedade; é preciso extirpar o mal pela raiz. Só depois, sobre os escombros da arrogância e da hipocrisia, é que se pode edificar algo verdadeiro.

Vivemos tempos em que muitas certezas estão desabando. 

Instituições que pareciam eternas estão se revelando frágeis. Lideranças que se diziam ungidas estão se mostrando corruptas. Sistemas que prometiam justiça perpetuam desigualdades. E talvez, como nos dias de Amós, precisemos ouvir que nem tudo que rui merecia ficar de pé.

A grande questão é: estamos dispostos a ser peneirados ou preferimos nos agarrar às ruínas, fingindo que o altar não está rachando?

 

SP-17/11/2025.

terça-feira, novembro 11, 2025

Plano de Viagem de Abrão - De Ur à cidade de Harã em 110 dias


 

Subindo de Ur para Harã
João Cruzué

Se Abrão fosse bom ouvinte, faria o planejamento da saída de Ur no começo de março, para depois de 90 a 110 dias, chegar em Harã, no máximo até meados de junho.

Consultado a climatologia da Região do Vale do Eufrates, onde a estação chuvosa acontece principalmente no  inverno, Abrão e sua comitiva devem ter saído no final do inverno, ali pelo mês e março, quando a temperatura média estava entre  14º pela madrugada e  29º durante à tarde. 

A medida que subiam pelas margens do Rio Eufrates (Ramadi/Deir ez Nor) em direção à Harã, as temperaturas dubiam um pouco. mìnima de 17º e máxima de 33º

Do trecho final da viagem, estariam no mês de maio em que as temperaturas permaneceriam igual, no Sudeste da atual Turquia, com mínima de 17º e máxima de 34º.

Se viajasse durante o período chuvoso, poderia ser surprendido por alguma tempestade. Se viajase depois do mês de maio, as pastagens já não estariam tão verdes. Se viajasse depois de junho, o calor poderia ir além dos 40º.

Quanto tempo ele ficou em Harã, já é assunto para outra pesquisa.


SP-11/11/2025.





Biografia do Pastor Chinês Watchmann Nee para Cristãos Adultos

 

João Cruzue - Tradução.

Fonte: https://www.watchmannee.org/life-ministry.html

Título Original: Watchmann Nee's Life and Ministry

Nota: A Biografia do Pastor Watchmann disposta nesta versão não possui o mesmo conteúdo da versão cuja fonte voidspace.org tive acesso em 2008 e foi descontinuada.


A OBRA DINÂMICA DA SALVAÇÃO DE DEUS

A partir do século XVI, os primeiros missionários protestantes chegaram à China levando o evangelho. Mas, somente nos primeiros anos do século XX, após anos de trabalho fiel e oração, o mover do Senhor na China começou a avançar de modo notável, especialmente depois do martírio de muitos cristãos durante a Rebelião dos Boxers.

Na década de 1920, muitos cristãos levantados pelo Senhor dentre os estudantes do ensino médio e universitários por toda a China tornaram-se instrumentos fundamentais na propagação do evangelho. Entre esses estudantes estava Nee Shu-tsu  que foi chamado e preparado pelo Senhor para a Sua obra. Mais tarde ele se conhecido como Watchman Nee.

Nee Shu-tsu nasceu em 1903, em Foochow, China, de pais cristãos de segunda geração. Seu avô paterno estudou no American Congregational College de Foochow e tornou-se o primeiro pastor chinês entre os Congregacionalistas na província norte de Fukien. Ele foi consagrado ao Senhor antes mesmo de nascer. Desejando um filho, sua mãe orou ao Senhor dizendo

--Se eu tiver um menino, eu o apresentarei a Ti.

O Senhor respondeu àquela oração com o nascimento de um filho. Mais tarde, seu pai reforçou esse fato dizendo-lhe: “Antes de você nascer, sua mãe prometeu apresentar-lhe ao Senhor.”

Nee Shu-tsu possuía inteligência excepcional. Desde o ingresso na escola primária até a formatura no Anglican Trinity College de Foochow, manteve-se em primeiro lugar tanto na classe quanto na escola. Com grandes sonhos e planos para o futuro, poderia ter alcançado grande sucesso no mundo. Entretanto, em 1920, aos 17 anos, após intensa luta interior, Nee Shu-tsu foi dinamicamente salvo enquanto ainda cursava o ensino médio. No momento da sua salvação, abandonou completamente seus planos pessoais para o futuro. Ele testemunhou:

--Desde a noite em que fui salvo, comecei a viver uma nova vida, pois a vida do Deus eterno havia entrado em mim.

Mais tarde, quando foi chamado pelo Senhor para cumprir Sua comissão, adotou o nome inglês Watchman (“vigia”, “sentinela”) e o nome chinês To-sheng, que significa “o som do chocalho de um vigia”. Escolheu esse nome porque se considerava um sentinela levantado para soar o toque de advertência na noite escura.


EQUIPAMENTO E TREINAMENTO

Watchman Nee [segundo esta fonte] não frequentou escolas teológicas nem institutos bíblicos. Sua ampla compreensão do propósito de Deus, de Cristo, do Espírito e da Igreja foi adquirida por meio do estudo diligente da Bíblia, da leitura de livros espirituais e da busca pessoal das realidades espirituais. Nee recebeu revelação por meio do estudo atento da Palavra. Muitos dos métodos que empregava estão registrados em seu livro Como Estudar a Bíblia (How to Study the Bible). Ele também leu obras espirituais de inúmeros servos do Senhor ao longo da história da Igreja.

Nos primeiros anos de seu ministério, ele destinava um terço de sua renda para suas necessidades pessoais, um terço para ajudar outros e um terço para adquirir livros espirituais. Assim, reuniu uma biblioteca de mais de três mil dos melhores livros cristãos, incluindo quase todas as obras clássicas desde o primeiro século. Watchman Nee tinha habilidade extraordinária para selecionar, compreender, discernir e memorizar o que era relevante, apreendendo rapidamente as ideias principais de cada obra. Dessa forma, conseguiu extrair delas as verdades bíblicas e princípios espirituais que o Senhor havia revelado ao longo da história e incorporá-los à sua própria experiência cristã e à vida da igreja.

Nee recebeu grande iluminação e auxílio de diversos escritores cristãos, em especial quanto a determinados pontos de verdade:

1. A certeza da salvação - George Cutting (irmãos de Plymouth);

2. A vida divina - O Peregrino (Pilgrim’s Progress), de John Bunyan; Madame Guyon; Hudson Taylor;

3. Cristo - J. G. Bellett, Charles G. Trumbull, A. B. Simpson, T. Austin-Sparks;

4. O Espírito - O Espírito de Cristo (The Spirit of Christ), de Andrew Murray;

5. A natureza tripartida do homem - Jessie Penn-Lewis, Mary E. McDonough;

6. Fé - George Müller;

7. Permanecer em Cristo - Andrew Murray, Hudson Taylor;

8. O aspecto subjetivo da morte de Cristo - Jessie Penn-Lewis;

9. A ressurreição de Cristo e Seu Corpo  - T. Austin-Sparks e outros;

10. O plano redentor de Deus - Mary E. McDonough;

11. A Igreja - John Nelson Darby e outros mestres dos Irmãos;

12. Profecia - Robert Govett, D. M. Panton, G. H. Pember;

13. História da Igreja - John Foxe, E. H. Broadbent;

14. Exposição bíblica e outras verdades - John Nelson Darby e os Irmãos de Plymouth;

Logo no início de sua vida cristã, Nee também recebeu grande edificação espiritual e aperfeiçoamento por meio de Margaret E. Barber, missionária anglicana na China.

Através de sua comunhão com ela, Watchman Nee compreendeu que ser cristão é, essencialmente, conhecer e experimentar a vida divina de Deus em Cristo.

Sob o pastoreio de Margaret Barber, aprendeu a dar mais atenção à operação da vida divina dentro de si do que às simples atividades externas. Como expressa Filipenses 2:13:

“Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.”


REVELAÇÃO E VIDA

Watchman Nee recebeu uma imensidão de revelação proveniente da Palavra de Deus; ele viu verdadeiramente o conteúdo da revelação divina. O núcleo central dessa revelação consistia em viver uma vida crucificada e ressuscitada, voltada para a vida da Igreja. A experiência que os crentes têm da morte e da ressurreição de Cristo é a base e a pedra de toque de uma vida cristã normal. E o resultado natural dessa vida cristã é a Igreja como Corpo de Cristo, que possui tanto uma expressão universal quanto local.

Nee compreendeu que nós, como crentes, fomos crucificados com Cristo, e que a experiência cristã normal envolve Cristo vivendo em nós por meio da experiência prática de carregar a cruz nas situações humanas do cotidiano (Gálatas 2:20). Muitas das vivências que o levaram a perceber essa verdade estão reunidas em seu livro A Quebra do Homem Exterior e a Libertação do Espírito (The Breaking of the Outer Man and the Release of the Spirit).

Desde o início de seu ministério, o Senhor providenciou circunstâncias que o levaram a negar a vida da alma e a vida natural, a fim de experimentar a vida de ressurreição de Cristo. Watchman Nee entendeu que nós, como crentes, não apenas morremos com Cristo, mas também ressuscitamos com Ele (Romanos 6:4-5, 8).

Por meio da experiência da vida de ressurreição do Cristo que habita em nós, Nee pôde carregar a cruz e participar do companheirismo dos Seus sofrimentos, sendo conformado à Sua morte (Filipenses 3:10). Na vida de ressurreição de Cristo, ele foi capacitado a abandonar o mundo, renunciar ao futuro e negar a si mesmo, a fim de ser liberto do pecado e vitorioso sobre Satanás. Também nessa vida de ressurreição ele servia ao Senhor, trabalhava para Ele e cumpria Sua comissão.

Seus contemporâneos testemunhavam que Watchman Nee constantemente rejeitava sua própria força natural no serviço ao Senhor. Ele temia que a vida natural se intrometesse na obra divina. Ao pregar, contatar pessoas, escrever artigos, corresponder-se com os crentes e até ao tratar de pequenos assuntos, empenhava-se em viver segundo a vida de ressurreição de Cristo. Com tal vida como sua constituição interior, pôde suportar o longo encarceramento e o martírio final.

Além disso, Nee percebeu que a Igreja, como Corpo de Cristo, é simplesmente a ampliação, expansão e expressão do Cristo ressuscitado. Sua visão da Igreja como Corpo de Cristo na ressurreição era profundamente avançada. Seu ministério, centrado no Cristo crucificado e ressuscitado, foi uma dispensação de graça, por meio da qual ministrava o Cristo ressuscitado aos crentes para a edificação de Seu Corpo.

Ele via tanto o aspecto universal desse Corpo — exposto em seu livro A Igreja Gloriosa (The Glorious Church) — quanto a expressão local do Corpo, tratada em A Vida da Assembleia (The Assembly Life), A Vida Cristã Normal da Igreja (The Normal Christian Church Life) e Novas Conversas sobre a Vida da Igreja (Further Talks on the Church Life). 


ENCARGO E COMISSÃO

A revelação divina que Watchman Nee recebeu do Senhor resultou em um duplo encargo e comissão: Dar testemunho do Senhor Jesus, e Estabelecer igrejas locais. O primeiro encargo e comissão nasceu da profundidade do seu conhecimento e da experiência pessoal da morte e ressurreição abrangentes de Cristo. O Senhor o encarregou especificamente de testemunhar essa verdade, e ele respondeu com fidelidade, divulgando inúmeros ensinamentos e escritos sobre o aspecto subjetivo da crucificação e da ressurreição do Senhor, sobre os princípios da vida divina, sobre a supremacia de Cristo e sobre o propósito eterno de Deus.

Essas mensagens estão reunidas em livros como:

• A Vida Vitoriosa (The Overcoming Life),

• Os Vencedores de Deus (God’s Overcomers),

• O Homem Espiritual (The Spiritual Man), e

• O Plano Eterno de Deus (God’s Eternal Plan).

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No entanto, a comissão suprema de Watchman Nee não era apenas elevar a experiência individual dos crentes em Cristo, mas edificar uma expressão corporativa e prática de Cristo nas igrejas locais, segundo o modelo divino revelado no Novo Testamento (Atos 11:22; Romanos 16:1; 1 Coríntios 1:2; Apocalipse 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 7, 14). Esse foi o encargo final que ele recebeu do Senhor, baseado no que havia visto e experimentado d’Ele.

Seu testemunho pessoal, registrado em 20 de outubro de 1936, descreve com clareza esse chamado: “O que o Senhor me revelou foi extremamente claro: em breve Ele levantaria igrejas locais em diversas partes da China. Sempre que eu fechava os olhos, a visão do nascimento das igrejas locais me aparecia...”

“Quando o Senhor me chamou para servi-Lo, o objetivo principal não era que eu realizasse reuniões de avivamento para que as pessoas ouvissem mais doutrinas bíblicas, nem que eu me tornasse um grande evangelista. O Senhor me revelou que queria edificar igrejas locais em outras localidades para manifestar-Se, a fim de dar testemunho da unidade com base no território local — para que cada santo pudesse exercer seu serviço na igreja e viver a vida da igreja. Deus não deseja apenas uma busca individual por vitória ou espiritualidade, mas uma igreja corporativa e gloriosa apresentada a Si mesmo.”


SOFRIMENTOS

Watchman Nee recebeu do Senhor uma visão incontestável e uma comissão definida acerca da Igreja — e, por causa dessa fidelidade, sofreu intensamente, enfrentando rejeição, oposição e condenação. Mesmo assim, estava disposto a pagar o preço de seguir o Senhor, ainda que isso significasse o custo de sua própria vida. Sua profunda revelação, aliada a seus sofrimentos, resultou em um ministério riquíssimo de vida.

Nee suportou muito sofrimento por causa do ministério do Novo Testamento. Sua absoluta consagração ao Senhor e sua fidelidade à comissão recebida o colocaram sob frequente perseguição e dificuldades permanentes. Em sua batalha pelo avanço da obra do Senhor, foi constantemente atacado por Satanás, o inimigo de Deus. Ao mesmo tempo, estava sob a mão soberana de Deus, reconhecendo nas circunstâncias adversas não apenas um “espinho na carne”, mas, sobretudo, um meio pelo qual Deus tratava seu interior.

Por causa dos ataques de Satanás e dos tratos de Deus, Watchman Nee viveu uma vida marcada por sofrimento. A maior parte desses sofrimentos veio de cinco fontes principais: Pobreza,  doenças,  oposição denominacional, discórdias entre irmãos e irmãs nas igrejas locais e prisão.

Pobreza

Nos primeiros anos de seu ministério, a situação econômica da China era crítica. Ainda assim, Nee viveu unicamente pela fé em Deus, não apenas para seu sustento, mas também para cada aspecto da obra do Senhor. Por essa razão, recusou firmemente qualquer forma de emprego oferecida por pessoas ou organizações. Nos primórdios de seu ministério em Xangai, houve ocasiões em que tinha apenas um pequeno pedaço de pão para comer no dia.

Doenças

Nee também sofreu diversas enfermidades graves. Nos primeiros onze anos de seu ministério (a partir de 1922), suportou tudo sozinho, sem esposa que o apoiasse. Durante esse período, contraiu tuberculose, da qual padeceu por vários anos.

Em 1934, aos 30 anos de idade, casou-se com Charity Chang, uma verdadeira “ajudadora idônea”. Nos anos seguintes, foi acometido por distúrbios crônicos no estômago e por angina pectoris, uma séria doença cardíaca. Jamais foi curado do problema no coração, de modo que seu ministério se manteve sustentado pela vida de ressurreição, e não por sua força física.

Oposição denominacional

Sua firme posição em favor da unidade do Corpo de Cristo era um testemunho vivo contra as divisões causadas pelas práticas denominacionais. Como consequência, era frequentemente criticado e combatido. Falsos rumores e distorções de seu ministério espalharam-se com tal intensidade que, certa vez, ele afirmou: “O Watchman Nee que eles descrevem, eu também o condenaria.”

Dissensões internas

Alguns irmãos e irmãs das igrejas locais foram também fonte de sofrimento para Watchman Nee, devido à imaturidade, ambição e divergências internas. Dois anos após o início da prática da vida da igreja em sua cidade natal (1922), Nee foi temporariamente “excomungado” por alguns cooperadores porque se opôs à ordenação de líderes feita por um missionário denominacional. Embora a maioria dos crentes estivesse ao lado dele, o Senhor não permitiu que se defendesse ou buscasse vindicação. Essa experiência foi uma profunda dor para o seu homem natural.

Prisão e morte

Após a tomada do poder pelo regime comunista na China, Watchman Nee foi preso em março de 1952 por causa do evangelho. Foi falsamente acusado, julgado e condenado em 1956 a quinze anos de prisão. Nee morreu em cativeiro em 30 de maio de 1972.

Homem de Dores

Watchman Nee foi um homem de dores e sofrimento. Durante toda a sua caminhada com o Cordeiro, sofreu intensamente, mas através dessas experiências aprendeu a confiar profundamente no Senhor. Seus sofrimentos também o ajudaram a ser tratado quanto à carne, ao eu, à alma e à vida natural. Por obedecer a esses tratos, Nee não apenas transmitiu ensinamentos e doutrinas, mas realidade viva, adquirida mediante dor e experiência. O que ele aprendeu por meio do sofrimento tornou-se um auxílio inestimável a todos os que foram alcançados por seu ministério e um legado espiritual rico deixado ao Corpo de Cristo — um legado adquirido a preço elevado, o preço final: sua vida.

Os sofrimentos também o capacitaram a receber mais revelação do Senhor por meio das Escrituras. Watchman Nee foi purificado, tratado, quebrantado e constituído pelo Espírito Santo com a vida divina através das aflições. Assim como o apóstolo Paulo, foi preparado e posicionado para receber revelações do Senhor — fruto de comunhão íntima e experiência espiritual dentro da dor.


MEIOS DE MINISTÉRIO

O rico ministério de Watchman Nee foi o resultado direto de revelação e sofrimento. Ele desempenhou esse ministério por meio de diversas formas de serviço: pregando o evangelho, ensinando a Bíblia, viajando, mantendo contato e correspondência com pessoas, organizando conferências, conduzindo treinamentos e produzindo publicações.

Watchman Nee não apenas falava com frequência em público e em particular, mas também era um escritor prolífico. Suas publicações incluíam folhetos evangelísticos, periódicos, jornais, boletins, livros, hinários e até um grande diagrama profético das Escrituras.

O conjunto de suas obras foi posteriormente reunido em sessenta e dois volumes sob o título The Collected Works of Watchman Nee (Obras Completas de Watchman Nee), abrangendo desde sua primeira publicação em 1922 até suas últimas mensagens registradas em 1950.


RELAÇÃO COM SEUS COOPERADORES - WITNESS LEE

Watchman Nee serviu ao Senhor em comunhão com outros irmãos, entre os quais se destacou seu cooperador mais próximo, Witness Lee.

Witness Lee fora criado como batista do sul e foi salvo em 1925, aos dezenove anos. No desejo de conhecer mais profundamente a Bíblia, passou a considerar os artigos e livros de Watchman Nee como os mais precisos na apresentação das verdades bíblicas. Ao começar a corresponder-se com Nee, surpreendeu-se ao descobrir que aquele cristão maduro tinha apenas dois anos a mais do que ele.

Em 1932, Witness Lee convidou Watchman Nee a Chefoo, e ali tiveram seu primeiro encontro pessoal. Durante o tempo que passaram juntos, o ênfase de Nee na experiência da vida divina, em contraste com o mero conhecimento bíblico, aprofundou a comunhão de Witness Lee com o Senhor. No mesmo ano, crentes começaram a reunir-se na casa de Witness Lee, e no ano seguinte a reunião cresceu vigorosamente.

Vendo a necessidade da obra, ambos discerniram que o Senhor desejava que Witness Lee servisse em tempo integral. Quando Watchman Nee o encorajou nesse sentido, Lee recebeu suas palavras como confirmação do chamado divino e passou a servir com Nee, sob seu aperfeiçoamento e comunhão. Watchman Nee aperfeiçoou e provou Witness Lee, preparando-o para assumir maior responsabilidade. Compreendendo que a obra do Senhor na China — iniciada em Xangai através de Nee — deveria manter unidade, Witness Lee renunciou seu trabalho no norte da China e mudou-se para Xangai em 1934, a fim de cooperar mais de perto com Nee.

Eles trabalharam, sofreram, expandiram a obra, receberam revelações e promoveram avivamentos juntos. Witness Lee foi o editor da revista The Christian (O Cristão), publicada por Watchman Nee entre 1934 e 1940, servindo na Livraria Evangélica de Xangai (Shanghai Gospel Bookroom), organizada por Nee. Também foi padrinho de casamento de Watchman Nee.

Com a queda do governo nacionalista em 1949, Nee ficou incerto quanto ao futuro da obra do Senhor na China. Por essa razão, enviou Witness Lee e alguns colaboradores a Taiwan, para que dessem continuidade ao trabalho ali. O último contato entre ambos ocorreu em Hong Kong, em março de 1950, vinte e cinco anos depois de Witness Lee ter conhecido o ministério de Nee. Naquela ocasião, tiveram longo tempo de comunhão sobre o retorno de Watchman Nee à China continental. Ele disse a Lee: “O que faremos com tantas igrejas na terra firme? Preciso voltar para cuidar delas e permanecer com elas pelo testemunho do Senhor.”


MARTÍRIO

Watchman Nee foi guiado pelo Senhor a permanecer na China continental, mesmo diante do perigo, sacrificando a própria vida pela obra divina naquele país. Nesse aspecto, assemelhou-se ao apóstolo Paulo, que declarou em Atos 20:24: “Porém em nada considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus.”

Sobre essa decisão, o irmão Hsu Jin-chin deu o seguinte testemunho: “Antes de o irmão Nee deixar Hong Kong, o irmão Lee insistiu diversas vezes para que ele não retornasse à China continental. Mas o irmão Nee respondeu: ‘Se uma mãe visse que sua casa está pegando fogo enquanto ela está do lado de fora lavando roupa, o que faria? Mesmo ciente do perigo, ela não correria para dentro da casa? Embora eu saiba que meu retorno está cheio de riscos, sei também que muitos irmãos e irmãs ainda estão lá dentro. Como poderia não voltar?’

Prisão e últimos anos

Watchman Nee foi preso em março de 1952, por causa de sua fé em Cristo e de sua liderança entre as igrejas locais. Foi falsamente acusado, julgado e condenado em 1956 a quinze anos de prisão. Durante todo esse tempo, apenas sua esposa teve permissão para visitá-lo. Não há como saber tudo o que ele experimentou do Senhor em sua longa prisão, mas suas oito últimas cartas revelam lampejos de seu sofrimento, sentimentos e esperança.

Como os censores não permitiam menção direta ao nome do Senhor, ele expressou sua alegria de maneira velada. Em sua carta final, escrita no dia de sua morte, deixou o testemunho: “Em meio à enfermidade, continuo com o coração cheio de alegria.” Assim, ele praticava as palavras de Filipenses 4:4 — “Alegrai-vos sempre no Senhor”.

Watchman Nee morreu em cativeiro em 30 de maio de 1972. Humanamente falando, morreu em miséria e humilhação: nenhum parente, irmão ou irmã estava ao seu lado; não houve aviso formal de sua morte, tampouco funeral. Foi cremado em 1º de junho de 1972. Como sua esposa havia falecido seis meses antes, a irmã mais velha dela foi notificada sobre a morte e a cremação, e recolheu as cinzas, que foram sepultadas junto às da esposa na cidade natal de Nee, Kwanchao, no condado de Haining, província de Chekiang. Em maio de 1989, as cinzas de ambos foram transferidas e sepultadas no “Cemitério Cristão” de Shiangshan, na cidade de Soochow (Suzhou), província de Kiangsu (Jiangsu).

Testemunho de sua sobrinha-neta

A seguir, o relato de sua sobrinha-neta, que acompanhou a irmã da Sra. Nee ao campo de trabalhos forçados para buscar as cinzas: “Em junho de 1972, recebemos uma notificação do campo de trabalho informando que meu tio-avô havia falecido. Minha tia mais velha e eu corremos para o local, mas, ao chegar, soubemos que ele já havia sido cremado. Pudemos apenas ver as cinzas... Antes de partir, ele deixara um pedaço de papel sob o travesseiro, com algumas linhas escritas em letras grandes e trêmulas. Ele queria dar testemunho, até a morte, da verdade que experimentara por toda a vida. 

Essa verdade era: ‘Cristo é o Filho de Deus, que morreu para redimir os pecadores e ressuscitou ao terceiro dia. Esta é a maior verdade do universo. Morro por causa da minha fé em Cristo. — Watchman Nee.’

Quando o oficial do campo nos mostrou o papel, orei para que o Senhor me permitisse gravar aquelas palavras no coração...” “Meu tio-avô partiu fiel até a morte. Com uma coroa manchada de sangue, foi estar com o Senhor. Embora Deus não tenha atendido seu último desejo — sair vivo da prisão e reencontrar a esposa —, o Senhor preparou algo ainda melhor: eles se reuniram diante d’Ele.”

Legado espiritual

Durante o longo encarceramento de Watchman Nee, seu corpo esteve preso, mas seu ministério não (II Timóteo 2:9). Sob a soberania divina, sua obra se espalhou por todo o mundo, tornando-se rica fonte de vida para todos os cristãos que buscam o Senhor. Seu encargo final era a propagação e edificação da Igreja como casa de Deus, o tabernáculo divino.

Embora seu tabernáculo terreno (o corpo físico) tenha sido desfeito, a edificação de Deus obtida por meio de seu ministério permanece, crescendo e se expandindo por toda a Terra. Quando foi preso em 1952, já existiam aproximadamente quatrocentas igrejas locais na China, além de mais de trinta igrejas estabelecidas nas Filipinas, Singapura, Malásia, Tailândia e Indonésia. Hoje, há mais de duas mil e trezentas igrejas locais em todo o mundo, fruto do ministério fiel e abundante de Watchman Nee.


SP - 11/11/2025.



domingo, outubro 19, 2025

A Profecia de Miqueias e seu Cumprimento na Visão do Profeta Isaias


Por João Cruzué

E tu, Belém de Efrata, pequena demais para estar entre os milhares de Judá, de ti me sairá aquele que há de reinar em Israel.” (Miqueias 5:2). Assim começa uma das mais belas profecias messiânicas. Belém, uma aldeia modesta, fora escolhida para dar ao mundo o Salvador. Enquanto os homens olham para os palácios, Deus olha para o celeiro; enquanto o mundo busca o poder, o Senhor se revela na simplicidade. O mesmo Deus que escolheu Belém continua hoje escolhendo corações humildes para manifestar Sua glória.

A primeira vez que a Bíblia se refere à cidade, fala de morte: “Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata (Gênesis 35:19). Na segunda, fala de fome: “E sucedeu que, nos dias em que os juízes governavam, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá partiu para peregrinar” (Rute 1.1-2). Já na terceira vez, o Profeta Samuel foi até a casa de Jessé, o belemita, para ungir um rei segundo o coração de Deus (I Samuel, 16:1,13). Na quarta vez, tem-se a maravilhosa profecia de Miqueias, anunciando o maior presente de Deus para a humanidade.

Miqueias enfatiza que Belém era “pequena demais” para figurar entre as tribos de prestígio. Isso nos ensina que a grandeza espiritual não depende de posição, mas de disposição. Deus não se impressiona com títulos, templos suntuosos ou multidões; Ele se agrada de corações quebrantados. Quando o orgulho é deixado de lado, o Espírito encontra espaço para operar. A humildade é o solo fértil onde a promessa germina.

No entanto, Daquela vila discreta nasceria o Redentor. De um estábulo simples sairia o Pão da Vida. Quando Cristo nasceu, a profecia se tornou realidade, no kairós de Deus.

Belém de Efrata nos recorda que os começos pequenos podem estar no caminho sos maiores planos de Deus. 

Por isso, não devemos desprezar o dia das coisas pequenas, porque é no escondido que o Altíssimo escreve as maiores histórias. “Porque um Menino nos nasceu, um Filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Isaias 9:6).


quarta-feira, outubro 08, 2025

O Travesseiro de Jacó

 

Por João Cruzué

Jacó caminhou o dia inteiro. A estrada era longa e seu destino muito distante. No coração carregava o peso do arrependimento, se pudesse voltar no passado não faria aquilo de novo. 

No começo, mesmo um pouco relutante, achou que era mesmo vantajoso roubar a primogenitura do irmão. Agora, começava a perceber que levar vantagem em tudo era uma proposta enganosa. Se ele soubesse que o preço daquela primogenitura  fosse contado em 20 longos anos, teria esperado mais, colocado no outro prato da balança o que poderia dar errado depois daquela escolha. Mas, no meio do seu caminho havia uma pedra.

Jacó morava em Berseba.  

Seu destino, a casa de parentes, ficava em Padã-Harã. Berseba, hoje,  fica cerca de 70 a 80km ao sul de Jerusalém. Três dias de caminhada, meio de locomoção natural daqueles dias.  

O problema é que para se chegar em Padã-Harã pela rota antiga das caminhadas, teria de caminhar mais ou menos de 30 a 35 dias. Uma distância de quase 900km. O destino de Jacó ficava no sudeste da atual Turquia. O problema é que quando lemos a Bíblia, talvez achemos que em dois ou três dias Jacó já estaria a beira do poço na entrada de Harã.

Se Betel ficava 25km ao norte de Jersusalém e Berseba, a 90km ao sul de Jerusalém pelos caminhos da época, é possível  saber que Jacó já tinha caminhado de 4 e 5 dias, quando chegou a noite e ele parou para descansar e dormir.

O curioso nos dias atuais - e talvez nos antigos, a fama da escada é muito maior que a da pedra. Quantas vezes você já ouviu sobre o protagonismo da pedra de Jacó? 

Aí, eu pergunto: onde a cabeça de Jacó estava apoiadaquando teve a visão da escada? 

Do ponto de vista humanista, aquela pedra era um pedaço de rocha qualquer, mas aqueles que andam em espírito sabem que a pedra simboliza Cristo, o firme fundamento da nossa fé. A pedra angular, que foi desprezada pelos edificadores. Jacó estava com a cabeça apoiada na pedra quando teve a visão da escada. Na visão, o Senhor não estava na escada,  mas junto de Jacó.

Por que o Senhor provocou um encontro com Jacó depois de cinco dias longe de casa?  Creio que a resposta é a mesma do momento que o Senhor apareceu para Abrão pouco depois de ter optado pelos pastos ruins. Uma Sensação de solidão, de abandona, escolha errada, angústia, vontade de desistir sem poder voltar atrás. Um gosto amargo de prejuízo.

Jacó ainda não tinha experiência com Deus.  

Posso descrever em uma visão, os olhos do Senhor acompanhando os passos de Jacó. Sei que muitos leitores não gostam de ouvir isso, mas havia um planejamento maligno no mundo espiritual para destruir  a vida de Jacó. Não foi por um simples motivo que o Senhor  se manifestou em visão. Assim é Deus. Se alguma vez na vida até aquele momento Jacó orou, depois de ter enganado o velho Isaque, e roubado a primogenitura de Esaú, a vontade de orar teria desaparecido.

Como o Pai do filho pródigo, o Senhor mostrou a Jacó que o amava, que tinha ricas e grandes promessas para ele. Que a terra que estava pisando ser-lhe-ia dada na sua descendência. Que as ricas bênçãos de Abraão também fluiriam pela sua vida. 

Uma reflexão mais profunda: Jacó teria outra opção de bençãos fora do roubo da primogenitura? A resposta é sim. Jacó se deixou levar pela ansiedade (falta de fé) da sua mãe? Sim. Jacó quase perdeu a vida por seguir um conselho errado? Sim. Jacó foi abandonado por Deus, depois de ter feito besteira, mentido, enganado, roubado...Não!

Não é da natureza de Deus esperar que você minta, engane, roube, para receber bênçãos, sejam grandes ou pequenas. Jacó optou pelo plano "b", porque sau mãe e conselheira achava que Deus não tinha o Plano "A".

-Apesar de tudo errado que fiz, Deus ainda me ama? Sim! 

-Se me arrepender e voltar para Ele, ele vai me perdoar? Sim! 

-As consequências de minhas escolhas erradas vão ser cobradas? Sim! 

-Durante a caminhada por estes caminhos das consequências vou ser abandonado por Deus? De jeito nenhum! 

-O Senhor Jesus me ama? Sim! 

-Como posso retribuir?  Chegando mais perto dele, tendo gosto pelas palavras dele,escritas na Bíblia Sagrada e deixando de fazer aquilo que não o agrada.

Quando Deus quer te abençoar ele não te enche de terras, carros, roupas e muito dinheiro. Ele usa outro processo, bem diferente, coisas duras no começo, que anos à frente servem de apoio para grandes bênçãos.

A paz, a alegria e presença de Deus não estão nessas coisas. Pelo contrário. Há coisas que nenhum dinheiro do mundo pode realizar: Por exemplo: a cura de um câncer terminal ou apagar o ódio dentro da família. 

Assim como a vida de Jacó começou a mudar quando ele colocou a cabeça em uma pedra e a fez de travesseiro, se você colocar Senhor Jesus Cristo na sua vida, com o passar do tempo ela melhorar. Jacó caminhou cerca de cinco dias para ter um encontro com Deus. Ou será que foi Deus que esperou Jacó caminhar cinco dias para ir ao encontro dele? O que voce acha?



SP-08.10.2025




sexta-feira, outubro 03, 2025

Profeta Amós Capítulo 7

 


Por João Cruzué

O prumo é um instrumento simples, mas essencial na estabilidade da construção. Ele serve para testar se parede está sendo construída sem desvios. Sem o prumo, o muro pode parecer reto em cima, mas  torto embaixo. Ele não embeleza a obra, mas garante sua retidão. Foi exatamente com o uso desta ferramenta que Deus mostrou ao Profeta Amós (capítulo 7) a condição espiritual de Israel.  

Assim como o construtor não tolera paredes tortas, o Senhor declarou que não suportaria mais o desvio do seu povo para a injustiça e a corrupção. O prumo, nas mãos de Deus, revelou que a estrutura da nação estava comprometida e que o juízo seria veloz. Para reconstruir dentro dos padrões divinos a obra deveria ser posta abaixo.

Amós contemplou o Senhor segurando um prumo diante do muro de Israel. Não era apenas uma visão curiosa, mas um diagnóstico espiritual. O povo de Israel, mesmo com seus cultos e festas, estava fora de prumo, distante da justiça de Deus. O prumo expôs a verdade — a aparência podia enganar, mas a medida divina não falha. O povo honrava a Deus com sua língua, porém tinha um coração desviado de Deus.

Certa vez tive um sonho. Sonhei que a parede da frente de um templo estava com as ferragens de suas colunas à mostra e o topo dela estava inclinado mais de meio metro para dentro quando comparado com a estrutura vizinha.  E me lembro tive a curiosidade de perguntar para o construtor por que isso tinha acontecido. Ouvi bem claro a resposta: haviam colocado pouco cimento. As colunas estavam se esfarelando e a fundação com defeito. Fiquei pensativo por vários dias, até que entendi que falta de cimento representava o amor.

Voltando à questão do prumo a visão do profeta nos ensina que a vida não é medida pelo padrão dos homens, mas pelo prumo do Senhor. A religião sem justiça é como um muro inclinado; cedo ou tarde vai ao chão. Uma Igreja construída só com palavras não se sustentará. A lei precisa estar alinhada ao testemunho e a pregação com o amor. O não honrar quem pregou 200 sermões no ano, mas quem visitou, socorreu, alimentou, vestiu, chorou. A compaixão pode ser considerada como prumo de Deus.

O prumo de Deus continua sendo erguido diante de cada um de nós. Ele não pode ser manipulado, nem inclinado pela vontade humana. 

Mas em Cristo, a pedra angular, encontramos não apenas a medida perfeita, mas também a graça que nos endireita. O prumo revela o desvio. O desvio precisa da graça de Deus para o conserto. 

O tempo do conserto é hoje. Se hoje ouvir a voz do Espirito Santo de Deus, atenda logo, antes que o dia aceitável da sua misericórdia  passe e não mais haja oportunidade de conserto.


SP-03.10.2025.


quinta-feira, outubro 02, 2025

A Missão do Atalaia no Livro do Profeta Ezequiel

 

Por João Cruzué

Imagine um vigia solitário, em pé no alto de uma colina, enquanto toda a cidade dorme ele contempla em silêncio as estrelas na madrugada fria.  Sua função é ser os olhos e os ouvidos da cidade. Ao primeiro sinal de perigo deve soar a trombeta. Assim o Senhor fala a Ezequiel no capítulo 3: “Eu te pus por atalaia sobre a casa de Israel”. Não era um título de honra, mas um peso de responsabilidade. A vida de muitos dependeria da fidelidade do profeta em abrir a boca quando Deus falasse. Se ele falhasse responderia com sua vida.

Essa palavra mostra a seriedade do ministério profético.

O silêncio seria omissão, e a omissão traria consequências. Jeremias falou de um fogo ardente em seus ossos, impossível de calar, e Paulo afirmou que anunciar o evangelho era uma necessidade imposta a ele.

O atalaia não poderia se calar. Se falar e o ímpio não se arrepender, este morrerá em sua impiedade; se o justo se desviar, responderá por isso; mas se o profeta se calar, a responsabilidade da morte do justo será cobrada do profeta.

Depois dessa ordem, Ezequiel passa sete dias entre os exilados, em silêncio, atônito. Esse detalhe mostra que não basta proclamar: é preciso primeiro sentir o peso da missão e compartilhar da dor do povo. O profeta não fala como um observador distante, mas como alguém quebrantado diante de Deus. Nos versículos finais, o Senhor deixa claro que até seu falar dependeria Dele: Ezequiel não abriria a boca por vontade própria, mas somente quando recebesse a palavra.

Há momentos em que Deus manda falar, em outros manda calar. O profeta não é dono da mensagem, apenas o mensageiro.

Você e eu somos como atalaias em algum lugar: na família, no trabalho, entre amigos. Testemunhar não é escolher resultados, mas ser fiel em transmitir a verdade no tempo certo. Às vezes, o silêncio parece muito mais cômodo, mas pode ser omissão.

Em Ezequiel 3:16 a 27, o Senhor Deus nos lembra de nossa posição de responsabilidade: vigiar, ouvir e falar quando Ele mandar. Nele encontramos a coragem para soar a trombeta para alertar a cidade do perigo que está oculto nas negras nuvens da cultura de nossos dias.


A Profecia de Ezequiel contra os Pastores Desviados

 

Por Joao Cruzué

Nos dias de Ezequiel, ele trouxe uma dura profecia contra os pastores que se esquecem das ovelhas e cuidam apenas dos seus negócios, pensando que cuidam da Igreja do Senhor. As que deveriam proteger, exploravam; as que deveriam guiar, deixavam perdidos; as deveriam curar, feridas. Diante desse abandono, Deus falou e fala com voz muito clara: que Ele mesmo não permitirá que suas ovelhas continuem espalhadas e sem cuidado. Ele se apresenta como o verdadeiro Pastor, aquele que conhece cada ovelha pelo nome e promete buscá-las para lhes dar descanso e vida.

As palavras de Deus também são cheias de ternura: “buscarei a perdida, tornarei a trazer a desgarrada, ligarei a quebrada e fortalecerei a enferma” (Ez. 34:16). Essa promessa encontra seu cumprimento em Jesus, o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas (João 10:11).

Essa mensagem fica ainda mais contextualizada quando usamos o propósito do Senhor Jesus com a parábola do Bom Samaritano. Ali, um homem caído foi ignorado pelo sacerdote e pelo levita, que passaram de largo, mais preocupados com a rotina burocrática da Igreja – reuniões corporativas, elaboração de sermões, atrasos para chegar ao destino. Mas, um samaritano “desviado” parou, socorreu, cuidou das feridas e garantiu a segurança daquele que sofria.

Assim como nos dias de Ezequiel, Deus denuncia de forma dura os líderes religiosos que se esquecem dos perdidos, mas se revela com ternura àquele que necessita urgentemente de socorro.

O contraste é profundo: religião sem amor gera abandono. como o Bom Samaritano, Jesus não mede esforços nem custos para restaurar: unge feridas, carrega nos braços e acompanha até que haja plena recuperação. É como se cada um de nós ouvisse: “você não foi esquecido, eu mesmo cuidarei de você”.

Com as justas exceções, vivemos hoje um tempo em que os sacerdotes e levitas estão mais preocupados com o receber do que com o dar.

Ezequiel também mostra que o Pastor não é apenas compassivo, mas justo. Deus vai julgar entre ovelha e ovelha, cuidando para que os fortes não maltratem os fracos. A graça não elimina a justiça, é maior que ela. O Pastor usa o cajado para guiar e o bordão para corrigir, porque seu cuidado não é permissivo, mas zeloso. Ele ama demais para deixar as ovelhas se perderem.

No fim do capítulo, Deus promete levantar um só Pastor: “o meu servo Davi” (Ez. 34:23). É uma profecia messiânica, apontando para Cristo, o Rei-Pastor que estabelece uma aliança de paz. Ele quebra os jugos, liberta da opressão e conduz seu rebanho a habitar em segurança. O que era promessa distante, hoje nós vemos cumprido em Jesus, que governa com justiça e cuida com amor.

A profecia de Ezequiel no capítulo 34 é dura e clara: O Senhor Deus vai cobrar as atitudes de quem recebeu os talentos dele para cuidar do rebanho do Senhor e falhou. No dia da prestação de contas haverá muita decepção, quando os “samaritanos” e as ovelhas entrarem, enquanto pastores e levitas vão ficar de fora, esmurrando a porta e gritando "Senhor, abre-nos a porta".




SP-02.10.2025

O Rio do Profeta Ezequiel

 

Por João Cruzué

O profeta Ezequiel nos mostra uma linda visão no capítulo 47: um pequeno fio de água saindo do templo que vai crescendo, crescendo, até se tornar um rio profundo e cheio de vida. Assim é a graça de Deus: quanto mais nos deixamos levar, mais percebemos que não há limites para aquilo que o Senhor pode fazer.

O detalhe do rio que vai crescendo aos poucos mostra que a vida espiritual é um processo. Primeiro, Ezequiel anda com água nos tornozelos, depois nos joelhos, até chegar ao ponto em que não consegue mais atravessar andando, mas precisa nadar. Esse crescimento simboliza como nossa caminhada com Deus nos leva de passos simples até mergulhos mais profundos. No começo podemos estar apenas tocando a superfície, mas o convite do Senhor é para irmos além, até que não confiemos mais em nossas próprias forças, e sim na correnteza da sua presença.

As águas do rio não apenas aumentam, mas também trazem vida. Onde passam, árvores florescem, frutos aparecem e até o mar Morto é transformado em um lugar fértil. Isso nos lembra de que, quando Deus age, até o que parecia seco e perdido pode voltar a ter esperança. Jesus usou palavras parecidas quando disse que quem crê nele terá rios de água viva fluindo de dentro de si (João 7:38). O que Ezequiel viu como uma promessa futura, hoje entendemos cumprido em Cristo, fonte inesgotável de vida para todo discípulo.

Essa visão também nos fala sobre esperança prática. Talvez existam áreas em nossa vida que parecem como o mar Morto: sem saída, sem movimento, sem futuro. Ou como o Deserto da Judeia. Mas, quando o rio de Deus chega, nada continua igual. Ele cura, restaura, reconcilia e enche de fruto onde só havia esterilidade.

O que parecia impossível, Deus transforma em lugar de abundância. Assim como as águas que brotavam do templo, a presença de Deus quer alcançar o mais profundo da nossa realidade e trazer renovação completa.

O rio de Ezequiel 47 é, na verdade, um convite. Ele nos chama a sair da beira e a entrar cada vez mais fundo, até que não possamos mais controlar os passos sozinhos. É um chamado para deixar que Deus nos conduza, mesmo quando não sabemos exatamente para onde o rio vai nos levar. É nesse abandono confiante que experimentamos o começo da plenitude da vida espiritual onde vamos descobri que há muito mais em Deus do que poderíamos imaginar.

Ezequiel nos mostra que a vida verdadeira só existe quando somos alcançados pelo rio que vem de Deus. Essa água começa pequena, mas logo cresce e nos envolve por completo. Ela cura feridas, traz esperança onde parecia não haver mais nada e transforma desertos em jardins. O convite é claro: não fique apenas na beira onde apenas molha os pés, entre mais fundo porque é seguro mergulhar neste rio.


SP-02.10.2025


quinta-feira, setembro 04, 2025

O Último Capítulo do Livro de Jó


Jó e seus amigos

Por: João Cruzué

O último capitulo do livro de Jó nos apresenta o final de uma das mais intrigantes histórias da Bíblia. Ele perdeu tudo: bens, filhos, saúde, amigos e até a tranquilidade de sua alma. Em meio à dor, buscou respostas e não as encontrou. Debates e acusações se arrastaram por dias, mas a angústia permanecia. No último capítulo, porém, vemos algo extraordinário: Jó não recebe uma explicação de Deus, mas algo muito maior: a presença de Deus. Sua maior bênção não foi receber o dobro de tudo quanto possuiu no passado, nem a devolução da família com dez filhos de volta. Jó alcançou uma compreensão bem mais profunda da grandeza do Senhor.

Depois de reclamar da vida e dos amigos Jó finalmente fala com Deus e Deus não responde um "a", ao contrário: lhe faz uma série de questionamentos. Jó reconhece a verdade: que o Senhor é soberano e Seus planos não podem ser frustrados. Ele percebe que havia falado do que não compreendia. Antes, conhecia a Deus apenas de ouvir falar, mas agora O conhecia de perto. Esse foi o momento da mudança de visão. A dor não foi capaz de destruir sua fé, ela se tornou muito mais madura. Jó entende que a vida não se trata de dominar todas as respostas, mas de confiar em Quem tudo governa. E é justamente quando aceitamos que não sabemos tudo é que passamos a enxergar Deus de mais perto.

Esta descoberta leva Jó à humildade. Ele deixa de buscar justificativas e para de se defender. Diante da grandeza de Deus, a melhor resposta é se render. Essa atitude nos ensina muito, porque todos nós, em algum momento, passamos por situações que não compreendemos. E, então perguntamos: “Por que eu, Senhor? Por que agora?” Mas muitas vezes, em vez de respostas, o que recebemos é a presença de Deus que nos sustenta. E essa presença vale mais do que qualquer explicação. Jó saiu do campo teórico para descobrir isso na prática: quando o coração se cala diante de Deus, nasce uma paz que a dor não consegue apagar.

Neste mesmo capítulo, Deus se volta contra os amigos de Jó. Eles falaram muito sobre Deus, porém os discursos e as réplica deles estavam assentados em um saber formalista e distorcido do verdadeiro Deus. Por isso, o Senhor os repreende e manda procurarem por Jó para  que interceda por eles. Esse detalhe é muito importante: o homem que havia sido acusado por eles é quem deve orar por eles. É uma cena de reconciliação, de perdão e de restauração. Jó, que tinha todo motivo para guardar mágoa, escolhe orar e abençoar. Isso nos mostra que a cura do coração muitas vezes passa pelo perdão, mesmo quando parece impossível. A visão de seus amigos estava errada. Pareciam como Saulo de Tarso a caminho de Damasco. Depois da repreensão e da humilhação, certamente seriam bons consoladores.

A Bíblia diz que o Senhor mudou a sorte de Jó quando ele orava por seus amigos. A bênção veio depois da intercessão, mostrando que o perdão abre espaço para a restauração. Deus devolve em dobro o que Jó havia perdido, concede-lhe novamente filhos e filhas, e prolonga seus dias. Mas a restauração não apaga o passado, porque os filhos que se foram não voltaram. O que acontece é ainda mais profundo: Jó experimenta que a fidelidade de Deus é capaz de escrever novos capítulos de alegria, mesmo depois de uma estação cheia de perdas.

As filhas de Jó recebem destaque no texto, algo raro naquela cultura. Elas são citadas pelo nome, descritas como mulheres de grande beleza e recebem herança junto com os irmãos. Isso mostra que a restauração de Deus não é apenas devolver o que foi perdido, mas também trazer novidade, justiça e sinais de renovação. O livro termina mostrando Jó vivendo muitos anos, vendo gerações nascerem e partindo em paz. Depois da tempestade, ele encontra descanso. É como se a vida dissesse: “O sofrimento não foi a última palavra.” Deus sempre tem o poder de reescrever nossa história.

Os designos de Deus são insondáveis. Em tempos de Teologia da Prosperidade seria um contrassenso descobrir que Jó só ouviu a voz de Deus depois que perdeu tudo e não tinha mais nada: riquezas, família, saúde, dignidade nem amigos. Todavia ele, assim como Saulo de Tarso, alcançou o que pouquíssimos conseguem: ouvir a voz do próprio Deus e andar na presença dele.

Satanás (o diabo) foi o causador das perdas e do sofrimento de Jó. Foi também o maior derrotado. Os amigos formalistas não o perceberam, nem Deus disse coisa alguma sobre isso para Jó. Entrou anônimo e soberbo e voltou ao anonimato derrotado. Pensou que iria debochar de Deus por causa da fraqueza humana. Não foi Jó o grande vencedor, foi o Senhor Deus de Israel.

O último capítulo do livro de Jó nos mostra que o maior tesouro não foi o dobro de riquezas, nem mesmo os anos de vida que ganhou, mas o conhecimento mais profundo de Deus. O sofrimento, que parecia sem sentido, se tornou o caminho para uma fé mais madura e para uma experiência mais íntima com o Senhor. Assim como Jó, muitas vezes nós não recebemos respostas prontas para nossas dores. Mas, podemos receber algo ainda maior: a certeza de que Deus está conosco e que nenhum dos seus planos pode ser frustrado. A história de Jó termina com esperança. Assim como o Senhor Deus de Israel que restaurou  a Jó, Ele é o mesmo que cuida de nós hoje e sempre.



SP-04.09.2025


sexta-feira, agosto 29, 2025

IBGE ESTIMA A POPULAÇAO DO BRASIL PARA 2025

 

Por João Cruzué

Fonte: https://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2025/estimativa_dou_2025.pdf


O IBGE divulgou ontem, em sua estimativa da população brasileira, incluindo os dados dos 26 Estados, Distrito Federal e dos 5.570  Municípios, que em 01/07/2025 a população do Brasil seria de 213.421.037 habitantes.

O IBGE tanbém divulgou que a população do Brasil no Censo 2022 era de 203.080.756 habitantes e  que a do Censo 2010 era de 190.755.799 na tabela 1.1.1.

Minhas consideraçoes: 

1) Se você comparar a população de 2022 com a de 2010, verá que houve aumento de 12.324.957 pessoas, equivalente a 6,4611% - em 12 anos.

2) O mesmo cálculo na comparação de 2025 de 213.421.037 com o censo de 2022 de 203.080.756 10.340.281 ou 5,0917%

Questão a ser respondida pelo IBGE: como pode o Brasil ter crescido 5,0917% em menos de  3 anos (2022 a 01/07/2025) se em um período de 12 anos (2010 A 2022) cresceu 6,4611% ?

É por isso que tenho a forte impressão de que a contagem do Censo foi incompleta. E mais: o Censo Religioso de 2022, mesmo sendo estimado, não somou o total da População Brasileira de 203.080.756.

SP-29.08.2025






segunda-feira, agosto 04, 2025

Meditação no Livro do Profeta Oséias

 

"Conheça os e prossigamos em conhecer ao Senhor!"
(Oseias 6:3)

Livro de Oséias
Por João Cruzué
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Oseias foi  o profeta do Antigo Testamento que registrou esta triste constatação de Deus: O meu povo foi destruído porque lhe faltou o conhecimento. Ao rejeitar o conhecimento [da vontade de JEOVÁ] Israel também foi rejeitado por Deus. Ao se esquecer da LEI do SENHOR, o SENHOR DEUS também se esqueceu do Seu povo (Oseias 4:6). Como solução, o projeta deu este conselho: Vinde e tornemos para o SENHOR, porque ele castigou, mas sarará a ferida. Depois de um tempo nos dará a vida e ao terceiro dia ressuscitará e viveremos diante dele (Oseias 6.1 e 2). Depois desta curta introdução, a proposta desta meditação é a seguinte: em tempos de tanta disponibilidade  e facilidade em adquirir o conhecimento, nunca tantos crentes conheceram tão pouco a vontade do SENHOR. O que hoje seria um paradoxo.

O apóstolo Pedro, também se preocupou com este assunto: Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo... ( II Pedro 3.18). Mas foi Paulo quem escreveu, na Carta aos Efésios, esta palavra magnífica: Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação (Efésios 1.16 e 17).

O que precisamos conhecer a respeito do SENHOR Jesus Cristo? Esta é a pergunta chave!

1. Jesus Cristo é o Filho do Pai da Glória.

Assim diz a palavra do SENHOR: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu único filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16). A razão de Jesus Cristo ter vindo ao mundo foi o grande amor de Deus, nosso Pai Celestial, pela humanidade perdida. João ainda registra que Deus enviou Jesus para o povo judeu, o povo que recebeu a promessa de Deus, mas este povo o rejeitou. E quando houve esta rejeição, Deus usou o plano "B". Todas as pessoas estrangeiras (os não judeus - gentios) que cressem em JESUS CRISTO e o recebessem lhes daria esta promessa: O poder de serem adotados e registrados no Livro da Vida como filhos de Deus, tendo os mesmos direitos  de Cristo, o filho legítimo, na herança celestial.

2. Por que Deus enviou Jesus Cristo ao mundo?

Conhecer este assunto é de suma importância para todo crente. Deus enviou Jesus Cristo a este mundo para promover uma reconciliação entre Deus, nosso Pai Celestial e cada pessoa. Esta reconciliação é necessária por causa do pecado. O primeiro homem, Adão, pecou. O vírus deste primeiro pecado (desobediência) continua sendo transmitido a cada ser humano que nasce. O homem possuiu, além do corpo, uma alma e um espírito. Para adquirir um corpo físico, ele nasce da união entre um homem e uma mulher. Por outro lado, para ter vida espiritual ele precisa nascer do Espírito Santo. Sem Deus o espírito do homem está morto por causa do pecado. O pecado é como um vírus de computador. Assim como a máquina, por si mesma, não tem a capacidade de produzir um antivírus, Deus enviou Jesus Cristo ao mundo para pagar pelos nossos pecados. Cada pessoa que aceita Jesus como seu Salvador pessoal, recebendo-o publicamente em seu coração, é nascida do Espírito. O ato de crer e aceitar Jesus, produz como efeito o perdão e a adoção de Deus (registro do nome no Livro da Vida) e a regeneração do modo de viver com a ajuda do Espírito Santo.  Cristo é a pessoa enviada pela graça de Deus, para promover nossa libertação do reino das trevas através do perdão de nossos pecados.

3. Onde está formalmente escrito estes direitos?

Na Bíblia Sagrada, o Livro que registra a palavra e revela a vontade de Deus para cada quem quiser. Neste ponto, por uma questão de negligência, ou falta de interesse mesmo, muitos estão dentro da Igreja sem conhecer a missão de Cristo e o grande amor de Deus, nosso Pai Eterno. Um cristão que não se aprofunda no estudo da Palavra de Deus fica sujeito ao ataque da dúvida, uma das armas mais poderosas do diabo, para levar as pessoas a desconfiar de Deus e deixar de inquirir mais de perto sobre a salvação. A Bíblia sagrada é um manual que Deus planejou pela sua vontade, inspirando mais de 40 autores no espaço de mais de 1500 anos. Nela está contida a palavra de Deus. Quando o pecador aceita Jesus como Salvador ele se torna um crente. Quando este crente procura adquirir o conhecimento da palavra de Deus e se esforça neste sentido, ele passa a conhecer a Cristo, também, como SENHOR da sua vontade.

4. Você tem certeza da sua Salvação?

Esta é uma das perguntas mais inquietantes que provoca uma reação silenciosa da maioria dos crentes. Afinal, eu sou ou não salvo em Cristo? Uma das razões pela qual a consciência dos crentes pode parecer como as ondas do mar, que se repetem sucessivamente ao quebrar na praia é justamente esta dúvida. Ela é o resultado da falta de estudo da palavra de Deus. É preciso CONHECER os versículos da Palavra de Deus que  garantem a nossa salvação. Se não tivermos esta certeza de que somos salvos, nem soubermos nos detalhes como funciona o Plano de Deus para salvação de nossos almas,  nossa vida cristã vai ser uma vida medíocre, cheia de muitas dúvidas e poucas bênçãos.

Esta certeza vem de guardar no coração os versículos da Palavra de Deus que falam sobre este assunto. As bases da nossa salvação devem estar fundamentadas desta forma. Um dos versículos é este:  Se confessares com tua boca que Jesus o nome do Senhor Jesus (aceitar Jesus) e creres que Deus (Pai) o ressuscitou dos mortos, SERÁS salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça (justificação) e com a boca se faz confissão para a salvação (Romanos 10.9 e 10). Uma segunda evidência pode ser obtida com a resposta a esta pergunta: Depois que você aceitou Jesus, você tem prazer em continuar vivendo no pecado, ou deseja abandoná-lo?

5. Deus tem um plano individual e pessoal para cada crente?

Com certeza. Para chegar ao CONHECIMENTO deste plano é preciso, aceitar Jesus como Senhor e Salvador. Mas conhecer este assunto e dar estes passos não é o bastante. Nos dias atuais, o padrão de comportamento das pessoas que vivem ao nosso redor, na maioria das vezes, não é um padrão que agrada a Deus. É por isto que o Apóstolo João escreveu na sua 1ª Carta: Não ameis o mundo, nem o que no mundo há (comportamento e costumes). Se alguém ama o mundo, o amor do PAI não está nele. Porque tudo o que há no mundo (na sociedade) a concupiscência (desejo intenso, compulsão) da carne, dos olhos e a soberba da vida, não é do PAI, mas do mundo" (I João 2.15 e 16). Se alcançamos o NOVO NASCIMENTO (Evangelho de João, capítulo 3) nossa natureza não procura por coisa mundanas, pois o Espírito Santo fala ao nosso coração que precisamos agradar a Deus conhecendo a Vontade dele e praticando aquilo que ele aprova. Isto se chama santificação. O crente que diz estar salvo, cujo coração ainda tem amor ao pecado (prostituição, vícios, pornografia, desonestidades, mentiras, e afins) tem o coração ainda longe de DEUS.

6. Se eu deixar de conhecer a palavra de Deus, ele me dará o benefício da inocência?

NÃO! A vontade dele pode ser revelada ao nosso coração, quando demonstramos um interesse profundo de conhecer a palavra dele para colocar em prática. CONHECIMENTO da palavra de Deus, para viver na VONTADE de Deus. Quando um casal de jovens está namorando, se cada um deles gosta mesmo do outro, vai procurar conhecer do que a pessoa amada gosta, e para agradá-la, vai procurar fazer aquilo, via de regra, que ela gosta. Da mesma forma, para demonstrar o amor a DEUS é  preciso conhecer aquilo de que ELE se agrada, para fazer sua vontade.

7. O conhecimento de Deus e da sua vontade é suficiente para manter a salvação?

NÃO! A pessoa para demonstrar que é um verdadeiro cristão, ela precisa juntar o conhecimento com a prática. O diabo tem conhecimento de Deus e também conhece 100% a palavra do SENHOR, entretanto, é um ser perdido porque sabe tudo, mas não pratica nada de bom. O testemunho é a prova do caráter de um cristão. Se ele diz que ama a Deus, então ele DEVE praticar as obras de um verdadeiro filho de DEUS.

8. Os pastores, bispos, apóstolos e papas já estão salvos pelo conhecimento que possuem de Deus?

Não! Quanto mais alto é a responsabilidade ministerial, maiores são os planos do diabo para corromper e derrubar o líder cristão. Basta um ato de desobediência sem um concerto com Deus, para que a cegueira apareça e a nudez fique despercebida. Uma coisa é pensar que é santo, e outra bem diferente é andar no caminho da santidade, aquele caminho estreito, que o próprio Jesus disse que poucos são os que andam por ele. O que acontece na maioria das vezes, é que o líder vai perdendo a presença de Deus de uma forma tão lenta e imperceptível, que aos seus olhos isto não é perceptível. Por fim, ele acha que a corrupção é uma coisa normal e que todos são corruptos ou mais corruptos que ele. Esta é a razão pela qual um líder religioso pode ver no inferno sua família inteira. Que adianta ganhar 7,5 bilhões de almas para Cristo se a própria família, junto com ele, estão fora do caminho estreito?

9. Qual é a responsabilidade dos pastores e co-pastores quando comprovadamente o líder da denominação é um homem comprovadamente corrupto e desviado?

Esta é uma pergunta que a princípio parece difícil de ser respondida. A resposta dela deve ser obtida, ouvindo a voz do Espírito Santo. E para ouvir a voz do Espírito Santo, é preciso de oração e jejum. Dar suporte às malandragens de uma liderança corrupta, é também fazer parte de suas más obras. A questão muito delicada é: Deus vai me sustentar financeiramente se eu tomar uma posição de confronto? E uma boa resposta é: Está havendo uma busca incessante da sua parte para ter um esclarecimento do Espírito Santo? Quem, afinal é o seu SENHOR? É o Pai Celestial ou um líder corrupto contumaz?

Que Deus nos guarde e nos ajude contra a ignorância, negligência, desânimo, indiferença e perda do amor.


A paz de Cristo.




Reencontrando os Valores Perdidos

 


"Rediscovering Lost Values"
Sermão de Martin Luther King, Jr.


Por: Martin Luther King, Jr. (1929-1968)

Tradução de João Cruzué

"Eu quero que vocês meditem comigo nesta manhã sobre este tema: Reencontrando os valores perdidos. Há algo errado com o nosso mundo. Alguma coisa fundamental e basicamente errada. Eu creio que não precisamos olhar muito para enxergar isto. Estou certo que a maioria de vocês concordaria comigo em fazer esta afirmação. E quando paramos para analisar a causa dos males de nosso mundo, muitas coisas nos vêm à mente.

Vamos iniciar perguntando se é devido ao fato de não sabermos o suficiente. Mas não pode ser isto. Porque em termos de acumulação de conhecimento, nós sabemos mais hoje do que os homens conheciam em qualquer outro período da humanidade. Nós temos os fatos à nossa disposição. Nós sabemos mais sobre Matemática, Ciências, Ciências Sociais, Filosofia do que nós nunca soubemos em qualquer período da história do mundo. Então, não pode ser porque nós não sabemos o suficiente. Bem, não pode ser isto, porque nosso progresso científico sobre os anos passados tem sido surpreendente.

Em seguida, gostaríamos de saber se não foi pelo fato de nossa genialidade científica ter ficado para trás.Isto é, se nós não temos feito mais progressos na área científica.O homem através de seu gênio científico tem encurtado distâncias e reduzido tempos. Tanto que hoje (28.02.1954) é possível tomar o café da manhã em Nova York e cear em Londres, na Inglaterra. Por volta de 1753, uma carta levava três dias para ir de Nova York a Washington, e hoje você pode ir daqui até a China em menos tempo que isso. Não pode ser porque o homem esteja estagnado quanto aos progressos científicos. A genialidade científica do homem tem sido assombrosa.

Eu penso que nós temos que olhar mais profundamente o que temos feito para encontrar a real causa dos problemas humanos e dos males deste mundo de hoje. E se nós queremos mesmo encontrar teremos que olhar dentro dos corações e da almas dos homens.

"Assim nós nos vemos pegos em um mundo complicado. O problema é com o próprio homem, na alma do homem. Nós não aprendemos como ser justos, e honestos, e gentis, verdadeiros e amáveis. Está é a causa de nosso problema. O verdadeiro problema é que através de nossa genialidade científica nós fizemos do mundo uma vizinhança, mas através de nossa moral e genialidade espiritual nós falhamos em torná-lo uma irmandade.

E o grande perigo que enfrentamos hoje não é tanto pela bomba atômica que foi criada pelos físicos. Não tanto por aquela bomba que você pode colocar em um avião e jogá-la sobre a cabeça de centenas de milhares de pessoas – tão perigosa quanto ela é. Mas o perigo verdadeiro que confronta a civilização de hoje é aquela bomba atômica que está no coração dos homens, capaz de explodir no ódio mais vil e no mais destrutivo egoísmo — isto é a bomba atômica que devemos temer hoje.

O problema está no homem. Dentro dos corações e das almas dos homens. Esta é a verdadeira causa do nosso problema.

Meus amigos, tudo que eu estou tentando dizer é que se nós quisermos seguir em frente hoje, teremos, antes, que voltar para reencontrar alguns poderosos e preciosos valores preciosos que deixamos para trás. É o único caminho que seríamos capazes para fazer de nosso um mundo, um mundo melhor, e para fazer deste mundo o que Deus quer com um significado e propósito reais. A única coisa que nós podemos fazer é voltar, para redescobrir os valores mais preciosos e poderosos que deixamos para trás.


Jesus at 12
Jesus no templo no meio dos doutores da Lei

Nossa situação no mundo de hoje faz-me lembrar de um popular acontecimento que tomou lugar na vida de Jesus. Isto foi lido nas Escrituras hoje pela manhã,  no segundo capítulo do Evangelho de Lucas. A história é muito familiar, muito popular, e todos nós a conhecemos. Vocês se lembram quando Jesus tinha de 12 anos de idade? Havia o costume das festas. Os pais de Jesus o levaram para Jerusalém. Era um acontecimento anual, a festa da Páscoa, e eles subiram para Jerusalém e levaram Jesus consigo. Eles ficaram ali por poucos dias e, depois de estarem por lá, decidiram voltar para casa, para Nazaré. E eles partiram e eu acho, como era a tradição daqueles dias, o pai provavelmente viajava na frente e a mãe, junto com as crianças, atrás. Veja você, eles não tinham as comodidades modernas que temos hoje. Eles não tinham automóveis, nem metrôs ou ônibus. Eles andavam a pé ou viajavam sobre jumentos e camelos. Então eles viajavam muito devagar, mas era da tradição o pai guiar o caminho

E eles deixaram Jerusalém, caminhando de volta para Nazaré. E eu imagino que eles caminharam um pouco sem olhar para trás, para ver se todo mundo estava lá. Mas então as Escrituras dizem que eles seguiram a jornada de um dia e pararam. Eu imagino, para checar, para ver se tudo estava em ordem. E eles descobriram que alguma coisa muitíssimo preciosa estava faltando. Eles descobriram que Jesus não estava com eles. Jesus não estava no meio. E, assim, eles fizeram uma pausa para procurar e não o viram em volta. E eles foram e começaram a procurar no meio da parentela. E eles voltaram até Jerusalém e lá o encontraram no Templo, junto com os doutores da lei.

Agora, o mais importante para ser visto aqui é isto: Que os pais de Jesus observaram que tinham partido e que eles tinham perdido um bem muitíssimo precioso. Eles tiveram senso o bastante para saber que antes de seguir em frente, para Nazaré, eles tinham que voltar a Jerusalém para reencontrar este valor. Eles sabiam disso, eles sabiam que não poderiam ir para casa em Nazaré, sem que, antes, voltassem a Jerusalém.

Algumas vezes, você sabe que é necessário retroceder a fim de seguir em frente. Isso é uma analogia da vida. Eu me lembro que um dia eu estava dirigindo de Nova York para Boston, e eu parei em Bridgeport, Connecticut para visitar alguns amigos. E eu saí de Nova York pela pista expressa que vocês conhecem por Merritt Parkway, em direção a Boston, numa ótima avenida. E eu parei em Bridgeport, e depois de ficar por ali por duas ou três horas eu decidi seguir para Boston, e eu queria pegar outra vez a Merrit Parkway. E eu saí pensando que eu estava indo em direção à Merrit Parkway. 

Eu parti, e rodei, e continuei rodando e eu procurei localizar uma placa mostrando duas milhas para uma pequena cidade que eu teria de cruzar – Eu não cruzei por aquela particular cidade. Então eu pensei que  estava na estrada errada. Eu parei e perguntei a um cavalheiro sobre a estrada que eu deveria pegar para chegar na Merritt Parkway. E ele disse: “A Merrit Parkway está de 12 a 15 milhas para trás. Você tem que virar e voltar até a Merrit Parkway”; você está fora do seu caminho agora. Em outras palavras, antes de seguir em frente para Boston, eu tinha que voltar de 12 a 15 milhas, para pegar a Merrit Parkway. Não poderia o homem moderno ter pegado a avenida errada? Se ele está seguindo para a cidade da salvação, ele terá que voltar e pegar a avenida certa.

E foi isto que os pais de Jesus observaram: que eles tinham que voltar e reencontrar o valor mais precioso que eles tinham deixado para trás, a fim de prosseguir. Eles observaram isto. E assim que eles voltaram para Jerusalém eles encontraram Jesus, o reencontraram por assim dizer, a fim de seguir em frente para Nazaré.

Agora isto é o que nós temos que fazer em nosso mundo de hoje. Nós temos deixado muitos valores preciosos para trás; nós temos perdido muitos valores preciosos. E se nós quisermos seguir em frente, se nós quisermos fazer um mundo melhor para se viver, nós temos que voltar. Nós temos que voltar para reencontrar estes valores preciosos que nós deixamos para trás.

Eu quero tratar de um ou dois destes valores muito preciosos, que nós temos deixado para trás, que se nós vamos seguir em frente para tornar este mundo melhor, nós precisamos redescobrir.

O primeiro princípio de valor que nós necessitamos reencontrar é este: que toda realidade depende de fundamentos morais. Em outras palavras, que este é um universo moral e que há leis morais sustentando o universo tanto como as leis físicas. Eu não estou certo se todos nós cremos nelas. Nós nunca duvidamos que há leis físicas no universo, que nós devemos obedecer. Nós nunca duvidamos disso. E por isso, nós não pulamos de um aeroplano ou saltamos de altos edifícios por diversão – não fazemos isto. Porque inconscientemente nós o sabemos intuitivamente, e assim não saltamos do mais alto prédio em Detroit por achar isto divertido – nós não fazemos isto. Porque nós conhecemos que existe a Lei da Gravitação Universal. Se nós desobedecermos a ela, sofreremos as conseqüências.

Mas eu não estou tão certo se nós sabemos que há leis morais que suportam o universo tanto quanto as leis físicas. Eu não estou tão certo disso. Eu não estou tão certo se nós realmente cremos que existe a lei do amor no universo, e que se desobedecê-la, você sofrerá as conseqüências. Eu não estou tão certo se nós realmente cremos nisso. Pelo menos duas coisas me convencem de que nós não acreditamos nela, que nós temos nos desgarrado do princípio que este é um universo moral.

A primeira coisa que nós adotamos neste mundo moderno é uma espécie de relativismo ético. Eu não estou tentando usar um palavrão aqui, estou tentando dizer algo muito concreto. E isto é o que temos aceitado, a atitude de que o certo e o errado são meramente relativos para nossas convicções. Grande parte das pessoas não podem defender suas convicções, porque a maioria não pode não estar fazendo isto. Veja, se a maioria não está fazendo isto, então nós devemos estar errados. E desde que tomo mundo esteja fazendo isto, isto deve ser o certo. Uma espécie de interpretação numérica do que é o certo.

Mas, eu estou aqui para dizer a vocês nesta manhã que algumas coisas estão certas e algumas, estão erradas. Eternamente assim, absolutamente assim. É errado odiar. isto sempre tem sido errado e sempre será errado. É errado na América, é errado na Alemanha, é errado na Rússia, é errado na China. Era errado em 2000 antes de cristo, e é errado em 1954 a.D. Está errado jogar fora nossas vidas em um viver sedicioso. Não importa se alguém em Detroit esteja fazendo isto, é errado. Está errado em qualquer época e está errado em cada nação. Algumas coisas são certas e algumas coisas são erradas, não importa se alguém está fazendo o contrário. Algumas coisas do universo são absolutas. O Deus do universo as tem feito assim. E contanto que adotemos esta atitude relativa em relação ao certo e ao errado , estamos nos revoltando contra as mesmas leis do próprio Deus.

Agora, isto não é a única coisa que me convence de que estamos desviados do caminho desta atitude, deste princípio. A outra coisa é que temos adotado uma espécie de teste pragmático para o certo e errado – aquilo que funcionar é o “certo”. Se funcionar, está joia. Nada está errado, a não ser aquilo que não funciona. Se você não foi apanhado, é o certo. Esta é a atitude, não é? Tudo bem, em desobedecer os Dez Mandamentos, mas apenas não desobedeça o décimo primeiro: Não se deixe apanhar! Esta é a atitude. A atitude prevalecente em nossa cultura. Não importa o que você faça, apenas o faça com um pouquinho de classe. Sabe, o tipo de atitude da sobrevivência do mais esperto. Não a sobrevivência Darwiniana do mais apto, mas a sobrevivência do mais liso, o mais esperto – é aquele que está certo. É muito bom mentir, se mentir com dignidade. Tudo bem em furtar, em roubar e extorquir, mas o faça com um pouquinho de finesse. E até é muito bom odiar, mas vista seu ódio apenas com trajes de amor e faça transparecer que você esteja amando, quando você está odiando de fato. Apenas vire-se! É assim que é o certo segundo esta nova ética.

Meus amigos, esta atitude está destruindo a alma de nossa cultura. Está destruindo nossa nação. Aquilo que nós necessitamos nos dias de hoje é um grupo de homens e mulheres que queiram defender o certo e resistir ao errado, onde quer que for. Um grupo de pessoas que precisam vir para ver que algumas coisas estão erradas, mesmo se eles nunca são pegos. E algumas coisas são certas, mesmo que ninguém veja você fazendo ou não.

Tudo que eu estou tentando dizer a vocês é: Que o nosso mundo depende de uma fundação moral. Deus o fez assim. Deus fez o universo para ser baseado em uma lei moral. Se o homem desobedecê-la, está se revoltando contra Deus. Isto é tudo o que precisamos no mundo de hoje: pessoas que sustenham o certo e a bondade. Não é o bastante conhecer as firulas da zoologia e da biologia, mas nós temos que saber as implicações da Lei. Não é o bastante saber que dois e dois são quatro, mas temos que saber de qualquer maneira aquilo que é certo, para ser honestos com nossos irmãos. Não é o bastante conhecer nossas disciplinas matemáticas e filosóficas, mas nós temos que conhecer as simples disciplinas de ser honesto e amoroso para com toda a humanidade. Se nós não aprendermos isto, nós nos destruiremos a nós mesmos, pelo abuso de nosso próprio poder.

Este universo depende de fundações morais. Há alguma coisa neste universo que justifica o que Carlyle diz: “Nenhuma mentira pode viver para sempre.” Há alguma coisa neste universo que justifica o que disse William Cullen Bryant: A verdade, quando esmagada na terra, se levantará novamente”. Alguma coisa neste universo justifica os versos de James Russell Lowell:

"A verdade, sempre no cadafalso

O erro, eternamente no trono

Ainda que o cadafalso mude de opinião no futuro

Por trás do obscuro ignorado, de pé está Deus

Dentro das sombras observando tudo"


Há algo neste universo que justifica o escritor bíblico dizer: Você ceifará aquilo que plantar” Esta é uma lei de sustentação universal. Este é um universo moral. Ele depende de fundações morais. Se nós queremos fazer disso um mundo melhor, temos que voltar e redescobrir os valores preciosos que deixamos para trás.

E depois, há uma segunda coisa, um segundo princípio que nós temos que voltar e reencontrar. E isto é aquilo que controla toda realidade espiritual. Em outras palavras, nós temos que voltar e redescobrir o princípio que há um Deus por trás do processo. Bem, vocês vão dizer: Por que você tem tocado neste ponto em seu sermão em uma Igreja? Pelo mero fato de nós estarmos na Igreja, nós cremos em Deus, e não precisamos voltar para redescobrir aquilo. Pelo mero fato de estarmos aqui, e o mero fato de que nós cantamos e oramos, e vamos para a igreja – nós cremos em Deus. Bem, há alguma verdade nisso. Mas nós devemos lembrar que é possível afirmar a existência de Deus com nossos lábios, e negar sua existência com nossas vidas!

O mais perigoso tipo de ateísmo não é o ateísmo teórico, mas o ateísmo prático. Este é o mais perigoso tipo. E o mundo, e mesmo a igreja, está repleta de pessoas que prestam culto com os lábios em lugar de um culto com a vida. E sempre há um perigo em que nós deixamos transparecer externamente que nós cremos em Deus, quando internamente não. Nós dizemos com nossas bocas que nós cremos nele, mas vivemos nossas vidas como se Ele nunca tivesse existido. Isto é o perigo sempre presente confrontando a religião. Isto é um tipo perigoso de ateísmo.

E eu penso meus amigos que isto é uma coisa que tem acontecido na América. Que nós temos inconscientemente deixado Deus para trás. Agora, nós não temos feito isso conscientemente; mas inconscientemente. Veja você, o texto, você se lembra do texto que dizia que os pais de Jesus seguiram uma jornada de um dia inteiro sem saber que ele não estava com eles? Eles não o deixaram para trás conscientemente. Foi sem querer; seguiram um dia inteiro e nem mesmo sabiam disso. Não foi um processo consciente. Veja você, nós não crescemos para dizer: “Agora Deus, adeus! Nós vamos deixar o Senhor agora.” O materialismo na América tem sido algo inconsciente. Desde a ascensão da Revolução Indústria na Inglaterra, e com as invenções de todos os nossos aparelhos e bugigangas, de todas as coisas do conforto moderno, nós inconscientemente deixamos Deus para trás. Nós não pretendíamos isto.

Nós apenas ficamos envolvidos em conseguir nossas contas bancárias graúdas que nós inconscientemente nos esquecemos de Deus. Nós não pretendíamos fazer isto. Nós ficamos tão envolvidos em conquistar nossos carros de luxo, e eles são mesmo ótimos, mas nós ficamos tão envolvidos nisso, que isto se tornou muito mais conveniente dirigir até à praia no domingo à tarde do que vir para a Igreja de manhã. Isto foi inconscientemente, não pretendíamos fazer isto.

Nós ficamos tão envolvidos e fascinados pelas tramas da televisão que nós achamos um pouco mais conveniente ficar em casa do que vir para a Igreja. Foi uma coisa inconsciente. Nós não pretendíamos fazer isto. Nós não apenas nos levantamos para dizer “ Agora Deus, nós vamos embora”. Nós temos seguido uma jornada de um dia inteiro, e então nós vimos que nós inconscientemente conduzimos Deus para fora do universo. Um dia inteiro de jornada – não queríamos fazer isto. Nós apenas ficamos tão envolvidos nas coisas, que nós nos esquecemos de Deus.



E este é o perigo que nos confronta, meus amigos, que em uma nação como a nossa, onde damos ênfase na produção em massa, e isto é de importância considerável, onde temos tantas conveniências e luxo e tudo o mais, há o perigo de que nós inconscientemente, nos esqueçamos de Deus. Eu não estou afirmando que aquelas coisas não sejam importantes; nós precisamos delas, nós precisamos de carros, nós precisamos de dinheiro; de tudo o que é importante para viver. Mas sempre quando elas se tornam em substitutos de Deus, elas são prejudiciais.

Eu devo dizer para vocês esta manhã, que nenhuma dessas coisas podem jamais ser substitutos reais para Deus. Automóveis e metrôs, TVs e rádios, dólares e centavos, nunca podem ser substitutos de Deus. Porque muito antes da existência delas, nós necessitamos de Deus. E por muito tempo depois que elas tiverem passado, nós ainda necessitaremos de Deus.

E para concluir, eu digo para vocês nesta manhã que eu não colocar minha o fundamento de minha fé nestas coisas. Eu não vou colocar minha a base de minha fé em bugigangas e invenções. Com um jovem com grande parte de minha vida ainda pela frente, eu decidi bem cedo dar minha vida por algo absoluto e eterno. Não para estes pequenos deuses que estão por aí hoje, e amanhã se vão, mas para Deus que é o mesmo ontem, hoje e para sempre.

Não nos pequenos deuses que podem estar conosco em poucos momentos de prosperidade, mas no Deus que caminha conosco através do vale da sombra da morte, e nos motiva a não temer mal algum. Este é o Deus.

Não em um deus que pode nos dar alguns carros Cadillacs e Buicks conversíveis, embora eles sejam lindos, que estão na moda hoje e ficarão fora de moda depois de três anos, mas em um Deus que criou as estrelas para ornar os céus como faróis tremeluzentes de eternidade.

Não em um deus que pode construir alguns edifícios arranha-céus, mas em um Deus que criou as gigantescas montanhas, beijando o céu, como se banhassem seus picos no imponente azul.

Não em um deus que pode nos dar alguns rádios e aparelhos de TV, mas em um Deus que criou a grande luz cósmica que se levanta cedo de manhã no horizonte leste, que pinta seu Technicolor através do azul, algo que o homem nunca pode fazer.

Eu não vou por os fundamentos da minha fé em pequenos deuses que podem ser destruídos em uma era atômica, mas em um Deus que tem sido nosso socorro desde as eras passadas, e nossa esperança para os anos que virão, e nosso abrigo no tempo da tempestade, e nosso eterno lar. Este é o Deus em quem eu estou colocando o fundamento da minha fé. Este é o Deus que eu rogo a vocês para adorarem nesta manhã.

Saiam e estejam certos de que este Deus vai durar para sempre. Tempestades podem vir e ir. Nossos grandes edifícios arranha-céus podem vir e ir. Nossos belos automóveis virão e passarão, mas Deus estará aqui. As plantas podem desaparecer, as flores podem murchar, mas a palavra de nosso Deus permanecerá para sempre e nada pode impedi-la. Nenhum P-38 desde mundo pode alcançar Deus. Todas as nossas bombas atômicas jamais podem alcançá-lo. O Deus de quem eu estou falando para vocês nesta manhã é o Deus do universo, é o Deus que permanece através de todas as eras. Se nós temos que seguir em frente nesta manhã, nós temos que voltar para encontrar este Deus. Este é o Deus que exige e ordena a nossa máxima submissão.

Se nós vamos seguir em frente, devemos voltar lá atrás e reencontrar estes valores preciosos: que toda realidade depende de fundamentos morais e que toda realidade tem um controle espiritual.

Deus abençoe vocês!


Source: http://www.stanford.edu/group/King/publications/sermons/contents.htm


Nota Importante:
--Espero que tenham gostado da tradução. Deu muito trabalho...
Leia também a traduçao do sermão O Manual da Igreja Construtiva

cruzue@gmail.com






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