sexta-feira, outubro 03, 2025

Profeta Amós Capítulo 7

 


Por João Cruzué

O prumo é um instrumento simples, mas essencial na estabilidade da construção. Ele serve para testar se parede está sendo construída sem desvios. Sem o prumo, o muro pode parecer reto em cima, mas  torto embaixo. Ele não embeleza a obra, mas garante sua retidão. Foi exatamente com o uso desta ferramenta que Deus mostrou ao Profeta Amós (capítulo 7) a condição espiritual de Israel.  

Assim como o construtor não tolera paredes tortas, o Senhor declarou que não suportaria mais o desvio do seu povo para a injustiça e a corrupção. O prumo, nas mãos de Deus, revelou que a estrutura da nação estava comprometida e que o juízo seria veloz. Para reconstruir dentro dos padrões divinos a obra deveria ser posta abaixo.

Amós contemplou o Senhor segurando um prumo diante do muro de Israel. Não era apenas uma visão curiosa, mas um diagnóstico espiritual. O povo de Israel, mesmo com seus cultos e festas, estava fora de prumo, distante da justiça de Deus. O prumo expôs a verdade — a aparência podia enganar, mas a medida divina não falha. O povo honrava a Deus com sua língua, porém tinha um coração desviado de Deus.

Certa vez tive um sonho. Sonhei que a parede da frente de um templo estava com as ferragens de suas colunas à mostra e o topo dela estava inclinado mais de meio metro para dentro quando comparado com a estrutura vizinha.  E me lembro tive a curiosidade de perguntar para o construtor por que isso tinha acontecido. Ouvi bem claro a resposta: haviam colocado pouco cimento. As colunas estavam se esfarelando e a fundação com defeito. Fiquei pensativo por vários dias, até que entendi que falta de cimento representava o amor.

Voltando à questão do prumo a visão do profeta nos ensina que a vida não é medida pelo padrão dos homens, mas pelo prumo do Senhor. A religião sem justiça é como um muro inclinado; cedo ou tarde vai ao chão. Uma Igreja construída só com palavras não se sustentará. A lei precisa estar alinhada ao testemunho e a pregação com o amor. O não honrar quem pregou 200 sermões no ano, mas quem visitou, socorreu, alimentou, vestiu, chorou. A compaixão pode ser considerada como prumo de Deus.

O prumo de Deus continua sendo erguido diante de cada um de nós. Ele não pode ser manipulado, nem inclinado pela vontade humana. 

Mas em Cristo, a pedra angular, encontramos não apenas a medida perfeita, mas também a graça que nos endireita. O prumo revela o desvio. O desvio precisa da graça de Deus para o conserto. 

O tempo do conserto é hoje. Se hoje ouvir a voz do Espirito Santo de Deus, atenda logo, antes que o dia aceitável da sua misericórdia  passe e não mais haja oportunidade de conserto.


SP-03.10.2025.


quinta-feira, outubro 02, 2025

A Missão do Atalaia no Livro do Profeta Ezequiel

 

Por João Cruzué

Imagine um vigia solitário, em pé no alto de uma colina, enquanto toda a cidade dorme ele contempla em silêncio as estrelas na madrugada fria.  Sua função é ser os olhos e os ouvidos da cidade. Ao primeiro sinal de perigo deve soar a trombeta. Assim o Senhor fala a Ezequiel no capítulo 3: “Eu te pus por atalaia sobre a casa de Israel”. Não era um título de honra, mas um peso de responsabilidade. A vida de muitos dependeria da fidelidade do profeta em abrir a boca quando Deus falasse. Se ele falhasse responderia com sua vida.

Essa palavra mostra a seriedade do ministério profético.

O silêncio seria omissão, e a omissão traria consequências. Jeremias falou de um fogo ardente em seus ossos, impossível de calar, e Paulo afirmou que anunciar o evangelho era uma necessidade imposta a ele.

O atalaia não poderia se calar. Se falar e o ímpio não se arrepender, este morrerá em sua impiedade; se o justo se desviar, responderá por isso; mas se o profeta se calar, a responsabilidade da morte do justo será cobrada do profeta.

Depois dessa ordem, Ezequiel passa sete dias entre os exilados, em silêncio, atônito. Esse detalhe mostra que não basta proclamar: é preciso primeiro sentir o peso da missão e compartilhar da dor do povo. O profeta não fala como um observador distante, mas como alguém quebrantado diante de Deus. Nos versículos finais, o Senhor deixa claro que até seu falar dependeria Dele: Ezequiel não abriria a boca por vontade própria, mas somente quando recebesse a palavra.

Há momentos em que Deus manda falar, em outros manda calar. O profeta não é dono da mensagem, apenas o mensageiro.

Você e eu somos como atalaias em algum lugar: na família, no trabalho, entre amigos. Testemunhar não é escolher resultados, mas ser fiel em transmitir a verdade no tempo certo. Às vezes, o silêncio parece muito mais cômodo, mas pode ser omissão.

Em Ezequiel 3:16 a 27, o Senhor Deus nos lembra de nossa posição de responsabilidade: vigiar, ouvir e falar quando Ele mandar. Nele encontramos a coragem para soar a trombeta para alertar a cidade do perigo que está oculto nas negras nuvens da cultura de nossos dias.


A Profecia de Ezequiel contra os Pastores Desviados

 

Por Joao Cruzué

Nos dias de Ezequiel, ele trouxe uma dura profecia contra os pastores que se esquecem das ovelhas e cuidam apenas dos seus negócios, pensando que cuidam da Igreja do Senhor. As que deveriam proteger, exploravam; as que deveriam guiar, deixavam perdidos; as deveriam curar, feridas. Diante desse abandono, Deus falou e fala com voz muito clara: que Ele mesmo não permitirá que suas ovelhas continuem espalhadas e sem cuidado. Ele se apresenta como o verdadeiro Pastor, aquele que conhece cada ovelha pelo nome e promete buscá-las para lhes dar descanso e vida.

As palavras de Deus também são cheias de ternura: “buscarei a perdida, tornarei a trazer a desgarrada, ligarei a quebrada e fortalecerei a enferma” (Ez. 34:16). Essa promessa encontra seu cumprimento em Jesus, o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas (João 10:11).

Essa mensagem fica ainda mais contextualizada quando usamos o propósito do Senhor Jesus com a parábola do Bom Samaritano. Ali, um homem caído foi ignorado pelo sacerdote e pelo levita, que passaram de largo, mais preocupados com a rotina burocrática da Igreja – reuniões corporativas, elaboração de sermões, atrasos para chegar ao destino. Mas, um samaritano “desviado” parou, socorreu, cuidou das feridas e garantiu a segurança daquele que sofria.

Assim como nos dias de Ezequiel, Deus denuncia de forma dura os líderes religiosos que se esquecem dos perdidos, mas se revela com ternura àquele que necessita urgentemente de socorro.

O contraste é profundo: religião sem amor gera abandono. como o Bom Samaritano, Jesus não mede esforços nem custos para restaurar: unge feridas, carrega nos braços e acompanha até que haja plena recuperação. É como se cada um de nós ouvisse: “você não foi esquecido, eu mesmo cuidarei de você”.

Com as justas exceções, vivemos hoje um tempo em que os sacerdotes e levitas estão mais preocupados com o receber do que com o dar.

Ezequiel também mostra que o Pastor não é apenas compassivo, mas justo. Deus vai julgar entre ovelha e ovelha, cuidando para que os fortes não maltratem os fracos. A graça não elimina a justiça, é maior que ela. O Pastor usa o cajado para guiar e o bordão para corrigir, porque seu cuidado não é permissivo, mas zeloso. Ele ama demais para deixar as ovelhas se perderem.

No fim do capítulo, Deus promete levantar um só Pastor: “o meu servo Davi” (Ez. 34:23). É uma profecia messiânica, apontando para Cristo, o Rei-Pastor que estabelece uma aliança de paz. Ele quebra os jugos, liberta da opressão e conduz seu rebanho a habitar em segurança. O que era promessa distante, hoje nós vemos cumprido em Jesus, que governa com justiça e cuida com amor.

A profecia de Ezequiel no capítulo 34 é dura e clara: O Senhor Deus vai cobrar as atitudes de quem recebeu os talentos dele para cuidar do rebanho do Senhor e falhou. No dia da prestação de contas haverá muita decepção, quando os “samaritanos” e as ovelhas entrarem, enquanto pastores e levitas vão ficar de fora, esmurrando a porta e gritando "Senhor, abre-nos a porta".




SP-02.10.2025

O Rio do Profeta Ezequiel

 

Por João Cruzué

O profeta Ezequiel nos mostra uma linda visão no capítulo 47: um pequeno fio de água saindo do templo que vai crescendo, crescendo, até se tornar um rio profundo e cheio de vida. Assim é a graça de Deus: quanto mais nos deixamos levar, mais percebemos que não há limites para aquilo que o Senhor pode fazer.

O detalhe do rio que vai crescendo aos poucos mostra que a vida espiritual é um processo. Primeiro, Ezequiel anda com água nos tornozelos, depois nos joelhos, até chegar ao ponto em que não consegue mais atravessar andando, mas precisa nadar. Esse crescimento simboliza como nossa caminhada com Deus nos leva de passos simples até mergulhos mais profundos. No começo podemos estar apenas tocando a superfície, mas o convite do Senhor é para irmos além, até que não confiemos mais em nossas próprias forças, e sim na correnteza da sua presença.

As águas do rio não apenas aumentam, mas também trazem vida. Onde passam, árvores florescem, frutos aparecem e até o mar Morto é transformado em um lugar fértil. Isso nos lembra de que, quando Deus age, até o que parecia seco e perdido pode voltar a ter esperança. Jesus usou palavras parecidas quando disse que quem crê nele terá rios de água viva fluindo de dentro de si (João 7:38). O que Ezequiel viu como uma promessa futura, hoje entendemos cumprido em Cristo, fonte inesgotável de vida para todo discípulo.

Essa visão também nos fala sobre esperança prática. Talvez existam áreas em nossa vida que parecem como o mar Morto: sem saída, sem movimento, sem futuro. Ou como o Deserto da Judeia. Mas, quando o rio de Deus chega, nada continua igual. Ele cura, restaura, reconcilia e enche de fruto onde só havia esterilidade.

O que parecia impossível, Deus transforma em lugar de abundância. Assim como as águas que brotavam do templo, a presença de Deus quer alcançar o mais profundo da nossa realidade e trazer renovação completa.

O rio de Ezequiel 47 é, na verdade, um convite. Ele nos chama a sair da beira e a entrar cada vez mais fundo, até que não possamos mais controlar os passos sozinhos. É um chamado para deixar que Deus nos conduza, mesmo quando não sabemos exatamente para onde o rio vai nos levar. É nesse abandono confiante que experimentamos o começo da plenitude da vida espiritual onde vamos descobri que há muito mais em Deus do que poderíamos imaginar.

Ezequiel nos mostra que a vida verdadeira só existe quando somos alcançados pelo rio que vem de Deus. Essa água começa pequena, mas logo cresce e nos envolve por completo. Ela cura feridas, traz esperança onde parecia não haver mais nada e transforma desertos em jardins. O convite é claro: não fique apenas na beira onde apenas molha os pés, entre mais fundo porque é seguro mergulhar neste rio.


SP-02.10.2025


quinta-feira, setembro 04, 2025

O Último Capítulo do Livro de Jó


Jó e seus amigos

Por: João Cruzué

O último capitulo do livro de Jó nos apresenta o final de uma das mais intrigantes histórias da Bíblia. Ele perdeu tudo: bens, filhos, saúde, amigos e até a tranquilidade de sua alma. Em meio à dor, buscou respostas e não as encontrou. Debates e acusações se arrastaram por dias, mas a angústia permanecia. No último capítulo, porém, vemos algo extraordinário: Jó não recebe uma explicação de Deus, mas algo muito maior: a presença de Deus. Sua maior bênção não foi receber o dobro de tudo quanto possuiu no passado, nem a devolução da família com dez filhos de volta. Jó alcançou uma compreensão bem mais profunda da grandeza do Senhor.

Depois de reclamar da vida e dos amigos Jó finalmente fala com Deus e Deus não responde um "a", ao contrário: lhe faz uma série de questionamentos. Jó reconhece a verdade: que o Senhor é soberano e Seus planos não podem ser frustrados. Ele percebe que havia falado do que não compreendia. Antes, conhecia a Deus apenas de ouvir falar, mas agora O conhecia de perto. Esse foi o momento da mudança de visão. A dor não foi capaz de destruir sua fé, ela se tornou muito mais madura. Jó entende que a vida não se trata de dominar todas as respostas, mas de confiar em Quem tudo governa. E é justamente quando aceitamos que não sabemos tudo é que passamos a enxergar Deus de mais perto.

Esta descoberta leva Jó à humildade. Ele deixa de buscar justificativas e para de se defender. Diante da grandeza de Deus, a melhor resposta é se render. Essa atitude nos ensina muito, porque todos nós, em algum momento, passamos por situações que não compreendemos. E, então perguntamos: “Por que eu, Senhor? Por que agora?” Mas muitas vezes, em vez de respostas, o que recebemos é a presença de Deus que nos sustenta. E essa presença vale mais do que qualquer explicação. Jó saiu do campo teórico para descobrir isso na prática: quando o coração se cala diante de Deus, nasce uma paz que a dor não consegue apagar.

Neste mesmo capítulo, Deus se volta contra os amigos de Jó. Eles falaram muito sobre Deus, porém os discursos e as réplica deles estavam assentados em um saber formalista e distorcido do verdadeiro Deus. Por isso, o Senhor os repreende e manda procurarem por Jó para  que interceda por eles. Esse detalhe é muito importante: o homem que havia sido acusado por eles é quem deve orar por eles. É uma cena de reconciliação, de perdão e de restauração. Jó, que tinha todo motivo para guardar mágoa, escolhe orar e abençoar. Isso nos mostra que a cura do coração muitas vezes passa pelo perdão, mesmo quando parece impossível. A visão de seus amigos estava errada. Pareciam como Saulo de Tarso a caminho de Damasco. Depois da repreensão e da humilhação, certamente seriam bons consoladores.

A Bíblia diz que o Senhor mudou a sorte de Jó quando ele orava por seus amigos. A bênção veio depois da intercessão, mostrando que o perdão abre espaço para a restauração. Deus devolve em dobro o que Jó havia perdido, concede-lhe novamente filhos e filhas, e prolonga seus dias. Mas a restauração não apaga o passado, porque os filhos que se foram não voltaram. O que acontece é ainda mais profundo: Jó experimenta que a fidelidade de Deus é capaz de escrever novos capítulos de alegria, mesmo depois de uma estação cheia de perdas.

As filhas de Jó recebem destaque no texto, algo raro naquela cultura. Elas são citadas pelo nome, descritas como mulheres de grande beleza e recebem herança junto com os irmãos. Isso mostra que a restauração de Deus não é apenas devolver o que foi perdido, mas também trazer novidade, justiça e sinais de renovação. O livro termina mostrando Jó vivendo muitos anos, vendo gerações nascerem e partindo em paz. Depois da tempestade, ele encontra descanso. É como se a vida dissesse: “O sofrimento não foi a última palavra.” Deus sempre tem o poder de reescrever nossa história.

Os designos de Deus são insondáveis. Em tempos de Teologia da Prosperidade seria um contrassenso descobrir que Jó só ouviu a voz de Deus depois que perdeu tudo e não tinha mais nada: riquezas, família, saúde, dignidade nem amigos. Todavia ele, assim como Saulo de Tarso, alcançou o que pouquíssimos conseguem: ouvir a voz do próprio Deus e andar na presença dele.

Satanás (o diabo) foi o causador das perdas e do sofrimento de Jó. Foi também o maior derrotado. Os amigos formalistas não o perceberam, nem Deus disse coisa alguma sobre isso para Jó. Entrou anônimo e soberbo e voltou ao anonimato derrotado. Pensou que iria debochar de Deus por causa da fraqueza humana. Não foi Jó o grande vencedor, foi o Senhor Deus de Israel.

O último capítulo do livro de Jó nos mostra que o maior tesouro não foi o dobro de riquezas, nem mesmo os anos de vida que ganhou, mas o conhecimento mais profundo de Deus. O sofrimento, que parecia sem sentido, se tornou o caminho para uma fé mais madura e para uma experiência mais íntima com o Senhor. Assim como Jó, muitas vezes nós não recebemos respostas prontas para nossas dores. Mas, podemos receber algo ainda maior: a certeza de que Deus está conosco e que nenhum dos seus planos pode ser frustrado. A história de Jó termina com esperança. Assim como o Senhor Deus de Israel que restaurou  a Jó, Ele é o mesmo que cuida de nós hoje e sempre.



SP-04.09.2025


sexta-feira, agosto 29, 2025

IBGE ESTIMA A POPULAÇAO DO BRASIL PARA 2025

 

Por João Cruzué

Fonte: https://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2025/estimativa_dou_2025.pdf


O IBGE divulgou ontem, em sua estimativa da população brasileira, incluindo os dados dos 26 Estados, Distrito Federal e dos 5.570  Municípios, que em 01/07/2025 a população do Brasil seria de 213.421.037 habitantes.

O IBGE tanbém divulgou que a população do Brasil no Censo 2022 era de 203.080.756 habitantes e  que a do Censo 2010 era de 190.755.799 na tabela 1.1.1.

Minhas consideraçoes: 

1) Se você comparar a população de 2022 com a de 2010, verá que houve aumento de 12.324.957 pessoas, equivalente a 6,4611% - em 12 anos.

2) O mesmo cálculo na comparação de 2025 de 213.421.037 com o censo de 2022 de 203.080.756 10.340.281 ou 5,0917%

Questão a ser respondida pelo IBGE: como pode o Brasil ter crescido 5,0917% em menos de  3 anos (2022 a 01/07/2025) se em um período de 12 anos (2010 A 2022) cresceu 6,4611% ?

É por isso que tenho a forte impressão de que a contagem do Censo foi incompleta. E mais: o Censo Religioso de 2022, mesmo sendo estimado, não somou o total da População Brasileira de 203.080.756.

SP-29.08.2025






segunda-feira, agosto 04, 2025

Meditação no Livro do Profeta Oséias

 

"Conheça os e prossigamos em conhecer ao Senhor!"
(Oseias 6:3)

Livro de Oséias
Por João Cruzué
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Oseias foi  o profeta do Antigo Testamento que registrou esta triste constatação de Deus: O meu povo foi destruído porque lhe faltou o conhecimento. Ao rejeitar o conhecimento [da vontade de JEOVÁ] Israel também foi rejeitado por Deus. Ao se esquecer da LEI do SENHOR, o SENHOR DEUS também se esqueceu do Seu povo (Oseias 4:6). Como solução, o projeta deu este conselho: Vinde e tornemos para o SENHOR, porque ele castigou, mas sarará a ferida. Depois de um tempo nos dará a vida e ao terceiro dia ressuscitará e viveremos diante dele (Oseias 6.1 e 2). Depois desta curta introdução, a proposta desta meditação é a seguinte: em tempos de tanta disponibilidade  e facilidade em adquirir o conhecimento, nunca tantos crentes conheceram tão pouco a vontade do SENHOR. O que hoje seria um paradoxo.

O apóstolo Pedro, também se preocupou com este assunto: Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo... ( II Pedro 3.18). Mas foi Paulo quem escreveu, na Carta aos Efésios, esta palavra magnífica: Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação (Efésios 1.16 e 17).

O que precisamos conhecer a respeito do SENHOR Jesus Cristo? Esta é a pergunta chave!

1. Jesus Cristo é o Filho do Pai da Glória.

Assim diz a palavra do SENHOR: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu único filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16). A razão de Jesus Cristo ter vindo ao mundo foi o grande amor de Deus, nosso Pai Celestial, pela humanidade perdida. João ainda registra que Deus enviou Jesus para o povo judeu, o povo que recebeu a promessa de Deus, mas este povo o rejeitou. E quando houve esta rejeição, Deus usou o plano "B". Todas as pessoas estrangeiras (os não judeus - gentios) que cressem em JESUS CRISTO e o recebessem lhes daria esta promessa: O poder de serem adotados e registrados no Livro da Vida como filhos de Deus, tendo os mesmos direitos  de Cristo, o filho legítimo, na herança celestial.

2. Por que Deus enviou Jesus Cristo ao mundo?

Conhecer este assunto é de suma importância para todo crente. Deus enviou Jesus Cristo a este mundo para promover uma reconciliação entre Deus, nosso Pai Celestial e cada pessoa. Esta reconciliação é necessária por causa do pecado. O primeiro homem, Adão, pecou. O vírus deste primeiro pecado (desobediência) continua sendo transmitido a cada ser humano que nasce. O homem possuiu, além do corpo, uma alma e um espírito. Para adquirir um corpo físico, ele nasce da união entre um homem e uma mulher. Por outro lado, para ter vida espiritual ele precisa nascer do Espírito Santo. Sem Deus o espírito do homem está morto por causa do pecado. O pecado é como um vírus de computador. Assim como a máquina, por si mesma, não tem a capacidade de produzir um antivírus, Deus enviou Jesus Cristo ao mundo para pagar pelos nossos pecados. Cada pessoa que aceita Jesus como seu Salvador pessoal, recebendo-o publicamente em seu coração, é nascida do Espírito. O ato de crer e aceitar Jesus, produz como efeito o perdão e a adoção de Deus (registro do nome no Livro da Vida) e a regeneração do modo de viver com a ajuda do Espírito Santo.  Cristo é a pessoa enviada pela graça de Deus, para promover nossa libertação do reino das trevas através do perdão de nossos pecados.

3. Onde está formalmente escrito estes direitos?

Na Bíblia Sagrada, o Livro que registra a palavra e revela a vontade de Deus para cada quem quiser. Neste ponto, por uma questão de negligência, ou falta de interesse mesmo, muitos estão dentro da Igreja sem conhecer a missão de Cristo e o grande amor de Deus, nosso Pai Eterno. Um cristão que não se aprofunda no estudo da Palavra de Deus fica sujeito ao ataque da dúvida, uma das armas mais poderosas do diabo, para levar as pessoas a desconfiar de Deus e deixar de inquirir mais de perto sobre a salvação. A Bíblia sagrada é um manual que Deus planejou pela sua vontade, inspirando mais de 40 autores no espaço de mais de 1500 anos. Nela está contida a palavra de Deus. Quando o pecador aceita Jesus como Salvador ele se torna um crente. Quando este crente procura adquirir o conhecimento da palavra de Deus e se esforça neste sentido, ele passa a conhecer a Cristo, também, como SENHOR da sua vontade.

4. Você tem certeza da sua Salvação?

Esta é uma das perguntas mais inquietantes que provoca uma reação silenciosa da maioria dos crentes. Afinal, eu sou ou não salvo em Cristo? Uma das razões pela qual a consciência dos crentes pode parecer como as ondas do mar, que se repetem sucessivamente ao quebrar na praia é justamente esta dúvida. Ela é o resultado da falta de estudo da palavra de Deus. É preciso CONHECER os versículos da Palavra de Deus que  garantem a nossa salvação. Se não tivermos esta certeza de que somos salvos, nem soubermos nos detalhes como funciona o Plano de Deus para salvação de nossos almas,  nossa vida cristã vai ser uma vida medíocre, cheia de muitas dúvidas e poucas bênçãos.

Esta certeza vem de guardar no coração os versículos da Palavra de Deus que falam sobre este assunto. As bases da nossa salvação devem estar fundamentadas desta forma. Um dos versículos é este:  Se confessares com tua boca que Jesus o nome do Senhor Jesus (aceitar Jesus) e creres que Deus (Pai) o ressuscitou dos mortos, SERÁS salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça (justificação) e com a boca se faz confissão para a salvação (Romanos 10.9 e 10). Uma segunda evidência pode ser obtida com a resposta a esta pergunta: Depois que você aceitou Jesus, você tem prazer em continuar vivendo no pecado, ou deseja abandoná-lo?

5. Deus tem um plano individual e pessoal para cada crente?

Com certeza. Para chegar ao CONHECIMENTO deste plano é preciso, aceitar Jesus como Senhor e Salvador. Mas conhecer este assunto e dar estes passos não é o bastante. Nos dias atuais, o padrão de comportamento das pessoas que vivem ao nosso redor, na maioria das vezes, não é um padrão que agrada a Deus. É por isto que o Apóstolo João escreveu na sua 1ª Carta: Não ameis o mundo, nem o que no mundo há (comportamento e costumes). Se alguém ama o mundo, o amor do PAI não está nele. Porque tudo o que há no mundo (na sociedade) a concupiscência (desejo intenso, compulsão) da carne, dos olhos e a soberba da vida, não é do PAI, mas do mundo" (I João 2.15 e 16). Se alcançamos o NOVO NASCIMENTO (Evangelho de João, capítulo 3) nossa natureza não procura por coisa mundanas, pois o Espírito Santo fala ao nosso coração que precisamos agradar a Deus conhecendo a Vontade dele e praticando aquilo que ele aprova. Isto se chama santificação. O crente que diz estar salvo, cujo coração ainda tem amor ao pecado (prostituição, vícios, pornografia, desonestidades, mentiras, e afins) tem o coração ainda longe de DEUS.

6. Se eu deixar de conhecer a palavra de Deus, ele me dará o benefício da inocência?

NÃO! A vontade dele pode ser revelada ao nosso coração, quando demonstramos um interesse profundo de conhecer a palavra dele para colocar em prática. CONHECIMENTO da palavra de Deus, para viver na VONTADE de Deus. Quando um casal de jovens está namorando, se cada um deles gosta mesmo do outro, vai procurar conhecer do que a pessoa amada gosta, e para agradá-la, vai procurar fazer aquilo, via de regra, que ela gosta. Da mesma forma, para demonstrar o amor a DEUS é  preciso conhecer aquilo de que ELE se agrada, para fazer sua vontade.

7. O conhecimento de Deus e da sua vontade é suficiente para manter a salvação?

NÃO! A pessoa para demonstrar que é um verdadeiro cristão, ela precisa juntar o conhecimento com a prática. O diabo tem conhecimento de Deus e também conhece 100% a palavra do SENHOR, entretanto, é um ser perdido porque sabe tudo, mas não pratica nada de bom. O testemunho é a prova do caráter de um cristão. Se ele diz que ama a Deus, então ele DEVE praticar as obras de um verdadeiro filho de DEUS.

8. Os pastores, bispos, apóstolos e papas já estão salvos pelo conhecimento que possuem de Deus?

Não! Quanto mais alto é a responsabilidade ministerial, maiores são os planos do diabo para corromper e derrubar o líder cristão. Basta um ato de desobediência sem um concerto com Deus, para que a cegueira apareça e a nudez fique despercebida. Uma coisa é pensar que é santo, e outra bem diferente é andar no caminho da santidade, aquele caminho estreito, que o próprio Jesus disse que poucos são os que andam por ele. O que acontece na maioria das vezes, é que o líder vai perdendo a presença de Deus de uma forma tão lenta e imperceptível, que aos seus olhos isto não é perceptível. Por fim, ele acha que a corrupção é uma coisa normal e que todos são corruptos ou mais corruptos que ele. Esta é a razão pela qual um líder religioso pode ver no inferno sua família inteira. Que adianta ganhar 7,5 bilhões de almas para Cristo se a própria família, junto com ele, estão fora do caminho estreito?

9. Qual é a responsabilidade dos pastores e co-pastores quando comprovadamente o líder da denominação é um homem comprovadamente corrupto e desviado?

Esta é uma pergunta que a princípio parece difícil de ser respondida. A resposta dela deve ser obtida, ouvindo a voz do Espírito Santo. E para ouvir a voz do Espírito Santo, é preciso de oração e jejum. Dar suporte às malandragens de uma liderança corrupta, é também fazer parte de suas más obras. A questão muito delicada é: Deus vai me sustentar financeiramente se eu tomar uma posição de confronto? E uma boa resposta é: Está havendo uma busca incessante da sua parte para ter um esclarecimento do Espírito Santo? Quem, afinal é o seu SENHOR? É o Pai Celestial ou um líder corrupto contumaz?

Que Deus nos guarde e nos ajude contra a ignorância, negligência, desânimo, indiferença e perda do amor.


A paz de Cristo.




Reencontrando os Valores Perdidos

 


"Rediscovering Lost Values"
Sermão de Martin Luther King, Jr.


Por: Martin Luther King, Jr. (1929-1968)

Tradução de João Cruzué

"Eu quero que vocês meditem comigo nesta manhã sobre este tema: Reencontrando os valores perdidos. Há algo errado com o nosso mundo. Alguma coisa fundamental e basicamente errada. Eu creio que não precisamos olhar muito para enxergar isto. Estou certo que a maioria de vocês concordaria comigo em fazer esta afirmação. E quando paramos para analisar a causa dos males de nosso mundo, muitas coisas nos vêm à mente.

Vamos iniciar perguntando se é devido ao fato de não sabermos o suficiente. Mas não pode ser isto. Porque em termos de acumulação de conhecimento, nós sabemos mais hoje do que os homens conheciam em qualquer outro período da humanidade. Nós temos os fatos à nossa disposição. Nós sabemos mais sobre Matemática, Ciências, Ciências Sociais, Filosofia do que nós nunca soubemos em qualquer período da história do mundo. Então, não pode ser porque nós não sabemos o suficiente. Bem, não pode ser isto, porque nosso progresso científico sobre os anos passados tem sido surpreendente.

Em seguida, gostaríamos de saber se não foi pelo fato de nossa genialidade científica ter ficado para trás.Isto é, se nós não temos feito mais progressos na área científica.O homem através de seu gênio científico tem encurtado distâncias e reduzido tempos. Tanto que hoje (28.02.1954) é possível tomar o café da manhã em Nova York e cear em Londres, na Inglaterra. Por volta de 1753, uma carta levava três dias para ir de Nova York a Washington, e hoje você pode ir daqui até a China em menos tempo que isso. Não pode ser porque o homem esteja estagnado quanto aos progressos científicos. A genialidade científica do homem tem sido assombrosa.

Eu penso que nós temos que olhar mais profundamente o que temos feito para encontrar a real causa dos problemas humanos e dos males deste mundo de hoje. E se nós queremos mesmo encontrar teremos que olhar dentro dos corações e da almas dos homens.

"Assim nós nos vemos pegos em um mundo complicado. O problema é com o próprio homem, na alma do homem. Nós não aprendemos como ser justos, e honestos, e gentis, verdadeiros e amáveis. Está é a causa de nosso problema. O verdadeiro problema é que através de nossa genialidade científica nós fizemos do mundo uma vizinhança, mas através de nossa moral e genialidade espiritual nós falhamos em torná-lo uma irmandade.

E o grande perigo que enfrentamos hoje não é tanto pela bomba atômica que foi criada pelos físicos. Não tanto por aquela bomba que você pode colocar em um avião e jogá-la sobre a cabeça de centenas de milhares de pessoas – tão perigosa quanto ela é. Mas o perigo verdadeiro que confronta a civilização de hoje é aquela bomba atômica que está no coração dos homens, capaz de explodir no ódio mais vil e no mais destrutivo egoísmo — isto é a bomba atômica que devemos temer hoje.

O problema está no homem. Dentro dos corações e das almas dos homens. Esta é a verdadeira causa do nosso problema.

Meus amigos, tudo que eu estou tentando dizer é que se nós quisermos seguir em frente hoje, teremos, antes, que voltar para reencontrar alguns poderosos e preciosos valores preciosos que deixamos para trás. É o único caminho que seríamos capazes para fazer de nosso um mundo, um mundo melhor, e para fazer deste mundo o que Deus quer com um significado e propósito reais. A única coisa que nós podemos fazer é voltar, para redescobrir os valores mais preciosos e poderosos que deixamos para trás.


Jesus at 12
Jesus no templo no meio dos doutores da Lei

Nossa situação no mundo de hoje faz-me lembrar de um popular acontecimento que tomou lugar na vida de Jesus. Isto foi lido nas Escrituras hoje pela manhã,  no segundo capítulo do Evangelho de Lucas. A história é muito familiar, muito popular, e todos nós a conhecemos. Vocês se lembram quando Jesus tinha de 12 anos de idade? Havia o costume das festas. Os pais de Jesus o levaram para Jerusalém. Era um acontecimento anual, a festa da Páscoa, e eles subiram para Jerusalém e levaram Jesus consigo. Eles ficaram ali por poucos dias e, depois de estarem por lá, decidiram voltar para casa, para Nazaré. E eles partiram e eu acho, como era a tradição daqueles dias, o pai provavelmente viajava na frente e a mãe, junto com as crianças, atrás. Veja você, eles não tinham as comodidades modernas que temos hoje. Eles não tinham automóveis, nem metrôs ou ônibus. Eles andavam a pé ou viajavam sobre jumentos e camelos. Então eles viajavam muito devagar, mas era da tradição o pai guiar o caminho

E eles deixaram Jerusalém, caminhando de volta para Nazaré. E eu imagino que eles caminharam um pouco sem olhar para trás, para ver se todo mundo estava lá. Mas então as Escrituras dizem que eles seguiram a jornada de um dia e pararam. Eu imagino, para checar, para ver se tudo estava em ordem. E eles descobriram que alguma coisa muitíssimo preciosa estava faltando. Eles descobriram que Jesus não estava com eles. Jesus não estava no meio. E, assim, eles fizeram uma pausa para procurar e não o viram em volta. E eles foram e começaram a procurar no meio da parentela. E eles voltaram até Jerusalém e lá o encontraram no Templo, junto com os doutores da lei.

Agora, o mais importante para ser visto aqui é isto: Que os pais de Jesus observaram que tinham partido e que eles tinham perdido um bem muitíssimo precioso. Eles tiveram senso o bastante para saber que antes de seguir em frente, para Nazaré, eles tinham que voltar a Jerusalém para reencontrar este valor. Eles sabiam disso, eles sabiam que não poderiam ir para casa em Nazaré, sem que, antes, voltassem a Jerusalém.

Algumas vezes, você sabe que é necessário retroceder a fim de seguir em frente. Isso é uma analogia da vida. Eu me lembro que um dia eu estava dirigindo de Nova York para Boston, e eu parei em Bridgeport, Connecticut para visitar alguns amigos. E eu saí de Nova York pela pista expressa que vocês conhecem por Merritt Parkway, em direção a Boston, numa ótima avenida. E eu parei em Bridgeport, e depois de ficar por ali por duas ou três horas eu decidi seguir para Boston, e eu queria pegar outra vez a Merrit Parkway. E eu saí pensando que eu estava indo em direção à Merrit Parkway. 

Eu parti, e rodei, e continuei rodando e eu procurei localizar uma placa mostrando duas milhas para uma pequena cidade que eu teria de cruzar – Eu não cruzei por aquela particular cidade. Então eu pensei que  estava na estrada errada. Eu parei e perguntei a um cavalheiro sobre a estrada que eu deveria pegar para chegar na Merritt Parkway. E ele disse: “A Merrit Parkway está de 12 a 15 milhas para trás. Você tem que virar e voltar até a Merrit Parkway”; você está fora do seu caminho agora. Em outras palavras, antes de seguir em frente para Boston, eu tinha que voltar de 12 a 15 milhas, para pegar a Merrit Parkway. Não poderia o homem moderno ter pegado a avenida errada? Se ele está seguindo para a cidade da salvação, ele terá que voltar e pegar a avenida certa.

E foi isto que os pais de Jesus observaram: que eles tinham que voltar e reencontrar o valor mais precioso que eles tinham deixado para trás, a fim de prosseguir. Eles observaram isto. E assim que eles voltaram para Jerusalém eles encontraram Jesus, o reencontraram por assim dizer, a fim de seguir em frente para Nazaré.

Agora isto é o que nós temos que fazer em nosso mundo de hoje. Nós temos deixado muitos valores preciosos para trás; nós temos perdido muitos valores preciosos. E se nós quisermos seguir em frente, se nós quisermos fazer um mundo melhor para se viver, nós temos que voltar. Nós temos que voltar para reencontrar estes valores preciosos que nós deixamos para trás.

Eu quero tratar de um ou dois destes valores muito preciosos, que nós temos deixado para trás, que se nós vamos seguir em frente para tornar este mundo melhor, nós precisamos redescobrir.

O primeiro princípio de valor que nós necessitamos reencontrar é este: que toda realidade depende de fundamentos morais. Em outras palavras, que este é um universo moral e que há leis morais sustentando o universo tanto como as leis físicas. Eu não estou certo se todos nós cremos nelas. Nós nunca duvidamos que há leis físicas no universo, que nós devemos obedecer. Nós nunca duvidamos disso. E por isso, nós não pulamos de um aeroplano ou saltamos de altos edifícios por diversão – não fazemos isto. Porque inconscientemente nós o sabemos intuitivamente, e assim não saltamos do mais alto prédio em Detroit por achar isto divertido – nós não fazemos isto. Porque nós conhecemos que existe a Lei da Gravitação Universal. Se nós desobedecermos a ela, sofreremos as conseqüências.

Mas eu não estou tão certo se nós sabemos que há leis morais que suportam o universo tanto quanto as leis físicas. Eu não estou tão certo disso. Eu não estou tão certo se nós realmente cremos que existe a lei do amor no universo, e que se desobedecê-la, você sofrerá as conseqüências. Eu não estou tão certo se nós realmente cremos nisso. Pelo menos duas coisas me convencem de que nós não acreditamos nela, que nós temos nos desgarrado do princípio que este é um universo moral.

A primeira coisa que nós adotamos neste mundo moderno é uma espécie de relativismo ético. Eu não estou tentando usar um palavrão aqui, estou tentando dizer algo muito concreto. E isto é o que temos aceitado, a atitude de que o certo e o errado são meramente relativos para nossas convicções. Grande parte das pessoas não podem defender suas convicções, porque a maioria não pode não estar fazendo isto. Veja, se a maioria não está fazendo isto, então nós devemos estar errados. E desde que tomo mundo esteja fazendo isto, isto deve ser o certo. Uma espécie de interpretação numérica do que é o certo.

Mas, eu estou aqui para dizer a vocês nesta manhã que algumas coisas estão certas e algumas, estão erradas. Eternamente assim, absolutamente assim. É errado odiar. isto sempre tem sido errado e sempre será errado. É errado na América, é errado na Alemanha, é errado na Rússia, é errado na China. Era errado em 2000 antes de cristo, e é errado em 1954 a.D. Está errado jogar fora nossas vidas em um viver sedicioso. Não importa se alguém em Detroit esteja fazendo isto, é errado. Está errado em qualquer época e está errado em cada nação. Algumas coisas são certas e algumas coisas são erradas, não importa se alguém está fazendo o contrário. Algumas coisas do universo são absolutas. O Deus do universo as tem feito assim. E contanto que adotemos esta atitude relativa em relação ao certo e ao errado , estamos nos revoltando contra as mesmas leis do próprio Deus.

Agora, isto não é a única coisa que me convence de que estamos desviados do caminho desta atitude, deste princípio. A outra coisa é que temos adotado uma espécie de teste pragmático para o certo e errado – aquilo que funcionar é o “certo”. Se funcionar, está joia. Nada está errado, a não ser aquilo que não funciona. Se você não foi apanhado, é o certo. Esta é a atitude, não é? Tudo bem, em desobedecer os Dez Mandamentos, mas apenas não desobedeça o décimo primeiro: Não se deixe apanhar! Esta é a atitude. A atitude prevalecente em nossa cultura. Não importa o que você faça, apenas o faça com um pouquinho de classe. Sabe, o tipo de atitude da sobrevivência do mais esperto. Não a sobrevivência Darwiniana do mais apto, mas a sobrevivência do mais liso, o mais esperto – é aquele que está certo. É muito bom mentir, se mentir com dignidade. Tudo bem em furtar, em roubar e extorquir, mas o faça com um pouquinho de finesse. E até é muito bom odiar, mas vista seu ódio apenas com trajes de amor e faça transparecer que você esteja amando, quando você está odiando de fato. Apenas vire-se! É assim que é o certo segundo esta nova ética.

Meus amigos, esta atitude está destruindo a alma de nossa cultura. Está destruindo nossa nação. Aquilo que nós necessitamos nos dias de hoje é um grupo de homens e mulheres que queiram defender o certo e resistir ao errado, onde quer que for. Um grupo de pessoas que precisam vir para ver que algumas coisas estão erradas, mesmo se eles nunca são pegos. E algumas coisas são certas, mesmo que ninguém veja você fazendo ou não.

Tudo que eu estou tentando dizer a vocês é: Que o nosso mundo depende de uma fundação moral. Deus o fez assim. Deus fez o universo para ser baseado em uma lei moral. Se o homem desobedecê-la, está se revoltando contra Deus. Isto é tudo o que precisamos no mundo de hoje: pessoas que sustenham o certo e a bondade. Não é o bastante conhecer as firulas da zoologia e da biologia, mas nós temos que saber as implicações da Lei. Não é o bastante saber que dois e dois são quatro, mas temos que saber de qualquer maneira aquilo que é certo, para ser honestos com nossos irmãos. Não é o bastante conhecer nossas disciplinas matemáticas e filosóficas, mas nós temos que conhecer as simples disciplinas de ser honesto e amoroso para com toda a humanidade. Se nós não aprendermos isto, nós nos destruiremos a nós mesmos, pelo abuso de nosso próprio poder.

Este universo depende de fundações morais. Há alguma coisa neste universo que justifica o que Carlyle diz: “Nenhuma mentira pode viver para sempre.” Há alguma coisa neste universo que justifica o que disse William Cullen Bryant: A verdade, quando esmagada na terra, se levantará novamente”. Alguma coisa neste universo justifica os versos de James Russell Lowell:

"A verdade, sempre no cadafalso

O erro, eternamente no trono

Ainda que o cadafalso mude de opinião no futuro

Por trás do obscuro ignorado, de pé está Deus

Dentro das sombras observando tudo"


Há algo neste universo que justifica o escritor bíblico dizer: Você ceifará aquilo que plantar” Esta é uma lei de sustentação universal. Este é um universo moral. Ele depende de fundações morais. Se nós queremos fazer disso um mundo melhor, temos que voltar e redescobrir os valores preciosos que deixamos para trás.

E depois, há uma segunda coisa, um segundo princípio que nós temos que voltar e reencontrar. E isto é aquilo que controla toda realidade espiritual. Em outras palavras, nós temos que voltar e redescobrir o princípio que há um Deus por trás do processo. Bem, vocês vão dizer: Por que você tem tocado neste ponto em seu sermão em uma Igreja? Pelo mero fato de nós estarmos na Igreja, nós cremos em Deus, e não precisamos voltar para redescobrir aquilo. Pelo mero fato de estarmos aqui, e o mero fato de que nós cantamos e oramos, e vamos para a igreja – nós cremos em Deus. Bem, há alguma verdade nisso. Mas nós devemos lembrar que é possível afirmar a existência de Deus com nossos lábios, e negar sua existência com nossas vidas!

O mais perigoso tipo de ateísmo não é o ateísmo teórico, mas o ateísmo prático. Este é o mais perigoso tipo. E o mundo, e mesmo a igreja, está repleta de pessoas que prestam culto com os lábios em lugar de um culto com a vida. E sempre há um perigo em que nós deixamos transparecer externamente que nós cremos em Deus, quando internamente não. Nós dizemos com nossas bocas que nós cremos nele, mas vivemos nossas vidas como se Ele nunca tivesse existido. Isto é o perigo sempre presente confrontando a religião. Isto é um tipo perigoso de ateísmo.

E eu penso meus amigos que isto é uma coisa que tem acontecido na América. Que nós temos inconscientemente deixado Deus para trás. Agora, nós não temos feito isso conscientemente; mas inconscientemente. Veja você, o texto, você se lembra do texto que dizia que os pais de Jesus seguiram uma jornada de um dia inteiro sem saber que ele não estava com eles? Eles não o deixaram para trás conscientemente. Foi sem querer; seguiram um dia inteiro e nem mesmo sabiam disso. Não foi um processo consciente. Veja você, nós não crescemos para dizer: “Agora Deus, adeus! Nós vamos deixar o Senhor agora.” O materialismo na América tem sido algo inconsciente. Desde a ascensão da Revolução Indústria na Inglaterra, e com as invenções de todos os nossos aparelhos e bugigangas, de todas as coisas do conforto moderno, nós inconscientemente deixamos Deus para trás. Nós não pretendíamos isto.

Nós apenas ficamos envolvidos em conseguir nossas contas bancárias graúdas que nós inconscientemente nos esquecemos de Deus. Nós não pretendíamos fazer isto. Nós ficamos tão envolvidos em conquistar nossos carros de luxo, e eles são mesmo ótimos, mas nós ficamos tão envolvidos nisso, que isto se tornou muito mais conveniente dirigir até à praia no domingo à tarde do que vir para a Igreja de manhã. Isto foi inconscientemente, não pretendíamos fazer isto.

Nós ficamos tão envolvidos e fascinados pelas tramas da televisão que nós achamos um pouco mais conveniente ficar em casa do que vir para a Igreja. Foi uma coisa inconsciente. Nós não pretendíamos fazer isto. Nós não apenas nos levantamos para dizer “ Agora Deus, nós vamos embora”. Nós temos seguido uma jornada de um dia inteiro, e então nós vimos que nós inconscientemente conduzimos Deus para fora do universo. Um dia inteiro de jornada – não queríamos fazer isto. Nós apenas ficamos tão envolvidos nas coisas, que nós nos esquecemos de Deus.



E este é o perigo que nos confronta, meus amigos, que em uma nação como a nossa, onde damos ênfase na produção em massa, e isto é de importância considerável, onde temos tantas conveniências e luxo e tudo o mais, há o perigo de que nós inconscientemente, nos esqueçamos de Deus. Eu não estou afirmando que aquelas coisas não sejam importantes; nós precisamos delas, nós precisamos de carros, nós precisamos de dinheiro; de tudo o que é importante para viver. Mas sempre quando elas se tornam em substitutos de Deus, elas são prejudiciais.

Eu devo dizer para vocês esta manhã, que nenhuma dessas coisas podem jamais ser substitutos reais para Deus. Automóveis e metrôs, TVs e rádios, dólares e centavos, nunca podem ser substitutos de Deus. Porque muito antes da existência delas, nós necessitamos de Deus. E por muito tempo depois que elas tiverem passado, nós ainda necessitaremos de Deus.

E para concluir, eu digo para vocês nesta manhã que eu não colocar minha o fundamento de minha fé nestas coisas. Eu não vou colocar minha a base de minha fé em bugigangas e invenções. Com um jovem com grande parte de minha vida ainda pela frente, eu decidi bem cedo dar minha vida por algo absoluto e eterno. Não para estes pequenos deuses que estão por aí hoje, e amanhã se vão, mas para Deus que é o mesmo ontem, hoje e para sempre.

Não nos pequenos deuses que podem estar conosco em poucos momentos de prosperidade, mas no Deus que caminha conosco através do vale da sombra da morte, e nos motiva a não temer mal algum. Este é o Deus.

Não em um deus que pode nos dar alguns carros Cadillacs e Buicks conversíveis, embora eles sejam lindos, que estão na moda hoje e ficarão fora de moda depois de três anos, mas em um Deus que criou as estrelas para ornar os céus como faróis tremeluzentes de eternidade.

Não em um deus que pode construir alguns edifícios arranha-céus, mas em um Deus que criou as gigantescas montanhas, beijando o céu, como se banhassem seus picos no imponente azul.

Não em um deus que pode nos dar alguns rádios e aparelhos de TV, mas em um Deus que criou a grande luz cósmica que se levanta cedo de manhã no horizonte leste, que pinta seu Technicolor através do azul, algo que o homem nunca pode fazer.

Eu não vou por os fundamentos da minha fé em pequenos deuses que podem ser destruídos em uma era atômica, mas em um Deus que tem sido nosso socorro desde as eras passadas, e nossa esperança para os anos que virão, e nosso abrigo no tempo da tempestade, e nosso eterno lar. Este é o Deus em quem eu estou colocando o fundamento da minha fé. Este é o Deus que eu rogo a vocês para adorarem nesta manhã.

Saiam e estejam certos de que este Deus vai durar para sempre. Tempestades podem vir e ir. Nossos grandes edifícios arranha-céus podem vir e ir. Nossos belos automóveis virão e passarão, mas Deus estará aqui. As plantas podem desaparecer, as flores podem murchar, mas a palavra de nosso Deus permanecerá para sempre e nada pode impedi-la. Nenhum P-38 desde mundo pode alcançar Deus. Todas as nossas bombas atômicas jamais podem alcançá-lo. O Deus de quem eu estou falando para vocês nesta manhã é o Deus do universo, é o Deus que permanece através de todas as eras. Se nós temos que seguir em frente nesta manhã, nós temos que voltar para encontrar este Deus. Este é o Deus que exige e ordena a nossa máxima submissão.

Se nós vamos seguir em frente, devemos voltar lá atrás e reencontrar estes valores preciosos: que toda realidade depende de fundamentos morais e que toda realidade tem um controle espiritual.

Deus abençoe vocês!


Source: http://www.stanford.edu/group/King/publications/sermons/contents.htm


Nota Importante:
--Espero que tenham gostado da tradução. Deu muito trabalho...
Leia também a traduçao do sermão O Manual da Igreja Construtiva

cruzue@gmail.com






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domingo, julho 27, 2025

População Evangélica no Censo IBGE 2022

  


São Paulo, 27 de julho de 2025.

Artigo de João Cruzué.

Este é  um artigo técnico, porém, desde o início vou fornecer os dados que meu leitor tem interesse.  Ao longo do texto, vou deixar justificativas, memórias de cálculos e dados estatísticos. No final, minhas considerações. Ponto.

1. A população evangélica do Brasil, contada no Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE em 2022, divulgada com atraso em 06 de junho de 2025 foi de 47.418.024 (26,90%) fiéis. Contudo, como o IBGE não incluiu 26.775.432 habitantes na base estatística religiosa,  fiz esta inclusão mantendo a mesma proporção do IBGE. Assim,  cheguei a 54.619.477 cristãos. 

Quadro 1 - elaborado por João Cruzué

   A soma dos números do grupos religiosos e não religiosos divulgados no Portal do IBGE dá 176.305.024 pessoas (acesso em 27/07/2025)


2. Os números da população brasileira divulgados sob o aspecto religioso (Base Religiosa), estão informados no portal Ibge panorama. Utilizei estes números e os coloquei no Quadro 2, abaixo:

Quadro 2 - Elaborado por João Cruzué

            Da leitura deste quadro, você verá que a SOMA dos números dos grupos religiosos e dos sem religião divulgados pelo IBGE não é o total da população brasileira, mas apenas 86,82% dela, ou seja, 176.305.324 pessoas.  Ora, a população oficial informada no topo da página: Ibge panorama é de 203.080.756 habitantes. Portanto, os 26.775.432 (13,18%) estão fora do cômputo da base religiosa.

Memória de cálculo: 176.305.324  (86,82%) + 26.775.432 (13,18%) = 203.080.756 (100,%).

3.  Os percentuais dos grupos religiosos e dos sem religião não foram informados na página do IBGE, mas em reportagem/sem o nome de autor, no portal G1 - Publicação Censo Ibge. Ali, o G1 informou que os católicos caíram para 56,84%, evangélicos  cresceram de 21,6% (2010) para 26,90%. 

4. Quando utilizei os dados da  base religiosa do IBGE e os somei, verifiquei que os percentuais eram praticamente iguais aos publicados na reportagem do G1 diferem pouca coisa. Foi assim que observei que a contagem [na verdade projeção] dos grupos religiosos tinha percentuais semelhantes aos do G1, com uma diferença: descobri que 26.775.432 inidivíduos estavam fora da base de dados da religião.

5. Em 05 de janeiro de 2016 [nove anos atrás] publiquei um post com a estimativa das populações católica e evangélica  para o Censo de 2020, que acabou sendo realizado em 2022. Da leitura do quadro 3, você verá que minha projeção da população católica foi justa: 56,5% (a do censo 2022: 56,7%), mas dos evangélicos, não. Projetei 36,8%, mas pelo IBGE, calculada pelo G1 foi de 26,90%.

Quadro 3 - elaborado por João Cruzué



6. Memória dos Cálculos e Projeções Estatísticas para o Censo IBGE 2020  de minha publicação em 2016. Quero informar que não vou torcer dados e fazer malabarismos para justificar falha de projeção. Convido a continuar a leitura porque em meu entendimento o IBGE divulgou dados atípicos. Você vera que posso ser bem consistente na exposição dos dados. O julgamento é seu.

1ª Incoerência: O próprio IBGE divulga em seu portal a projeção da população brasileira, ano a ano. Por exemplo as projeções de 2000 até 2070 estão neste link: Projeção para 2020. Aqui você verá que a projeção da população para 2022 pelo IBGE era de 210.862.983 habitantes. Em  2016 essa base era de 212.077.375. Quanto o Censo do IBGE contou em 2022? Contou 203.080.756 habitantes.  Foram 7,7 milhões de pessoas abaixo da própria projeção. Abaixo vão os dados compilados da página do link: 

  A projeção do ano 2000 era de 174.695.935 hab. O Censo contou 169.870.803 (-2,7620)

  Para 2010: 194.749.329  - O Censo contou 190.755.799 (-2,0506%)

  Para 2020: 209.164.889 .

  Para 2022: 210.862.983 - O Censo contou 203.080.756 (-3,69066%)

  Para a projeção do Ibge para 2030: 216.973.093 .

7. Questão interessante: A contagem estatística dos dados do Censo de 2022 foi fidedigna? Bem para responder a isso pode-se fazer este teste: pergunte para 10 pessoas, de diferentes famílias, se o Agente do IBGE passou na casa deles. Por que estou propondo isto: de 3 pessoas que perguntei,  em 2 o IBGE não apareceu para contagem. Fiquei surpreso. Normalmente, as projeções do próprio IBGE  x a contagem dos censos divergem para menos em  torno de 2%. Desta vez (2022) foi menor em 3,69%. Quase 4%.

Memória: Projeção do IBGE para 2022: 210.862.983  x contagem  de 203.080.756 habitantes.

2ª Incoerência - Queda abrupta de taxa média anual de crescimento,

8.  Por que a projeção da população evangélica que fiz em 2016, de 36,8%  em 2020 de evangélicos ficou tão distorcida? Resposta: eis um enigma que vamos tentar dissecar dentro da lógica.

- Vamos começar com a taxa média anual de crescimento dos evangélicos no período de 19 anos, entre o Censo de 1991 e Censo de 2010  que foi de 6,322351009%. Como se faz este cálculo?

Memória: a) 42.275.437 ( - ) b) 13.189.285 =  c) 20.086.152.

Onde 'a' é população evangélica no censo do IBGE de 2010 e 'b' a população do Censo de 1991. O resultado de 20.086.152  representa um crescimento de de 3,2052864882365 (320,53%). 

O cálculo da taxa média anual nestes 19 anos é o índice de 3,2052 elevado a pontência  1/19.  Este cálculo 6,322351009% ao ano (ou 6,32%). Acho razoável que se esta taxa de crescimento retratou o crescimento dos evangélicos durante 19 anos, não distorceria  muito a minha projeção para o Censo de 2020, que acabou sendo realizado em 2022,  por causa da Covid-19.

Outra projeção mais  conservadora vou fazer agora. Digamos que os 19 anos entre 1991 a 2010 foram anos de muito crescimento. Então, vamos tomar o período de 30 anos entre o Censo de 1980 e o de 2010. Neste caso, a população evangélica (informada pelo IBGE) em 1980 era de 7.885.846 fiéis e a de 2010, 42.275.437 (os dois dados estão no Quadro 3).  

O quociente da divisão de 5,36092601859 potenciado a 1/30, dá uma taxa média anual de crescimento entre  1980 a 2010 de 5,7567250914% (quase 6%)

9. Projetando a taxa média anual de  crescimento de 19 anos de 6,322351009%, sobre a população evangélica do censo de 2010 de 42.275.347 x  2,08686739816  = 88.223.231 cristãos. Isto representaria 43,42% de 203.080.756 (população brasileira).

10. Vamos considerar que a taxa média de crescimento anual no período de 19 anos (1991 a 2010) seja exagerada. Então, vamos fazer a projeção com a taxa média de crescimento anual  no período de 30 anos, 1980 até 2010, que foi de 5,7567250914%

Memória: 42.275.437 / 7.885.846 = 5,36092601859 e    5,36092601859^(1/30) = 5,7567250914%.
 
Projetando esta taxa média anual de crescimento de 2010 a 2022, eu a potencio  assim:

1,057567250914^12 = 1,957473654.  Multiplicando este índice por 42.275.437 = 82.753.054 cristãos.

11. Anotem estas duas projeções: 88.223.231 com  taxa média anual de crescimento de 1991 a 2010 ou 82.753.054 pela taxa média de crescimento anual de 1980 a 2010.

12. Entretanto, pelos números do IBGE, complementados com a proporcionalidade dos 26.775.432 (fora da base religiosa) o Brasil contava pelo IBGE um percentual de evangélicos de 26,90% sobre 203.080.756, ou seja 54.619.477.

13. Agora veja a parte sensível  ou crítica deste número. Se divido estes 54.619.477 pela população evangélica do Censo de 2010 de 42.275.437, tem-se um  crescimento  em 12 anos de 1,291990  ou 29,1990%.  O cálculo da média de crescimento anual nestes 12  anos deu: 1,021578206, ou 2,1578%.

 
CONSIDERAÇÕES.

De acordo com o Censo de 2010, o número dos evangélicos no Brasil divulgado pelo IBGE era de 42.275.437 crentes. 

De 1980 até 2010 a taxa média anual de crescimento foi de 5,7567%. Já pelo  cálculo no período entre 1991 a 2010, a taxa média anual de crescimento foi de 6,3223%.

De repente, em um período de 12 anos, entre 2010 e 2012, o Brasil tem apenas 26,90% de evangélicos, ou 54.619.477, (dados do Censo + dados fora da base), ocorrendo uma abrupta e inexplicável queda de crescimento da média anual de 5% ou 6% ano,  para 2,15%.

Sendo observador atento e leitor de várias  mídias, não me lembro de nenhuma explicação lógica para  queda tão abrupta da taxa anual de crescimento da Igreja Evangélica.

Ainda há duas considerações  a fazer neste caso. 

A  primeira: por que o IBGE não inclui na base religiosa os 26.775.432 indivíduos que faltam para chegar à população  oficial brasileira de 203.080.756 pessoas. Seriam eles evangélicos? 

A outra: poderia ser um suposto arrefecimento do fevor na pregação do Evangelho fora das quatro paredes.  Não creio.

Considerando que os dados estatísticos apresentados não são produto de chutômetro nem fake a fonte da Informação  usada (IBGE),  posso formular a seguinte hipótese: ou a contagem dos evangélicos nos quatro censos do IBGE de 1980, 1991, 2000 e 2010 estava sistematica e metodologicamente incorreta e a do Censo de 2022 fidedigina ou  a contagem do IBGE do atual Censo está distorcia e a dos quatro Censos anteriores fidedignas.  Faça um complemento da minha pesquisa e forme sua opinião.

Irmão João Cruzué

SP- 27, de julho de 2025.

Autorização:  Autorizo a reprodução deste artigo e apreciaria que o máximo de líderes evangélicos tomassem conhecimento da situação que retratei. cruzue@gmail.com.



segunda-feira, abril 21, 2025

A luta do Papa Francisco contra a chaga da pedofilia aberta pelos padres católicos.

 

Fonte: Observatório Romano
(17.12.1936 - 21.04.2025)

João B.  Cruzué

Desde o dia 13 de março de 2013, quando apareceu pela primeira vez na sacada da Basílica de São Pedro, o Cardeal Jorge Mario Bergoglio - Papa Francisco -  chamou a atenção. Nascido em Buenos Aires, tornou-se o primeiro papa latino-americano, o primeiro jesuíta a assumir o cargo e o primeiro a escolher o nome Francisco, inspirado em São Francisco de Assis.

Desde o início, Francisco tem tentado trazer a Igreja para mais perto das pessoas, especialmente das mais simples. Ele rejeitou muitos dos símbolos de luxo tradicionalmente associados ao papado: mora na Casa Santa Marta, e não no Palácio Apostólico,  usa vestimentas mais simples. 

Uma das marcas fortes de seu pontificado é a defesa incansável dos pobres, dos imigrantes, dos refugiados e das vítimas da injustiça social. Ele denuncia com frequência os excessos do capitalismo e a "cultura do descarte", que marginaliza os mais vulneráveis. Também tem sido um crítico firme das desigualdades e da falta de solidariedade nas sociedades contemporâneas.

Francisco promoveu reformas importantes na estrutura do Vaticano. Criou conselhos de cardeais para auxiliá-lo na reestruturação órgãos internos da Igreja, tentando torná-los mais transparentes e eficientes. Uma de suas preocupações tem sido com as finanças da Santa Sé, buscando mais clareza no uso dos recursos da Igreja.

Francisco publicou encíclicas que marcaram época. A Laudato Si’ (2015), por exemplo, foi a primeira dedicada inteiramente ao cuidado com o meio ambiente, chamando a atenção para a crise ecológica como uma questão moral. Já em Fratelli Tutti (2020), ele propôs uma nova forma de fraternidade global, que vá além das fronteiras, ideologias e religiões.

O Papa também se destacou pelo esforço de aproximação com outras religiões. Encontros com líderes muçulmanos, judeus e ortodoxos têm sido constantes, com destaque para a histórica viagem ao Iraque em 2021, onde pregou a paz entre cristãos e muçulmanos em um território marcado pela guerra.

Por outro lado,  enfrenta resistência dentro da própria Igreja. Suas propostas de abertura pastoral, como o acolhimento a pessoas LGBT, a atenção a casais divorciados e sua crítica ao clericalismo, são mal-recebidas por setores conservadores. Ainda assim, ele tem insistido numa postura de escuta, promovendo um processo de sinodalidade — ou seja, mais participação da base da Igreja nas decisões.

Ao longo de mais de uma década de pontificado, Francisco deixou claro que mais do que governar, desejava pastorear. Seus gestos de afeto, suas viagens a lugares esquecidos do mapa e seu olhar constante para os que sofrem fazem dele uma liderança espiritual com impacto muito além dos muros do Vaticano.

Francisco foi embora ontem, com 88 anos de idade, depois de um AVC fulminante.

Em meu entendimento, o Papa Francisco usou boa parte de seu pontificado para pedir perdão em nome da Igreja pela chaga aberta por milhares de padres pedófilios, desde o início.  Como isto sempre foi feito com diante da imprensa, com um microfone na boca, minha opinião não mudou: puro pragmatismo. Ele foi o Papa que tinha um propósito formal: pedir, e pedir perdão pelos estragos da pedofilia até que a sociedade católica ficasse cansada ou satisfeita. Posso até estar errado, mais está é minha impressão dos fatos.

Entre os diversos pedidos públicos de perdão por abusos sexuais cometidos por membros do clero, especialmente padres, nas seguintes ocasiões:


📍 1. Abril de 2014 – Primeiro pedido público de perdão (Vaticano)

  • Em um encontro com a Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores, Francisco fez seu primeiro pedido oficial de perdão pelos abusos cometidos por padres.

  • Disse: “Sinto-me chamado a assumir pessoalmente o pedido de perdão pelos danos que foram causados por clérigos a estas crianças.”


📍 2. Julho de 2014 – Missa com vítimas no Vaticano

  • Encontro pessoal com vítimas de abuso da Irlanda, Alemanha e Reino Unido, seguido de uma missa privada.

  • Francisco chorou e pediu perdão em nome da Igreja: “Peço humildemente perdão. Não há lugar no ministério da Igreja para quem abusa de menores.”


📍 3. Setembro de 2015 – Visita aos Estados Unidos

  • Em visita à Filadélfia, uma das dioceses mais afetadas por escândalos de pedofilia, Francisco pediu perdão às vítimas e suas famílias.

  • Disse: “Deus chora pelos abusos contra menores. O clero que cometeu esses crimes traiu a confiança de Deus e a dos fiéis.”


📍 4. Janeiro de 2018 – Visita ao Chile

  • Após inicialmente defender um bispo acusado de acobertar abusos, Francisco foi amplamente criticado.

  • Ao retornar a Roma, reconheceu seu erro e pediu perdão às vítimas chilenas, dizendo que sentiu "dor e vergonha".

  • Mais tarde, convocou todos os bispos chilenos a Roma e, em um gesto sem precedentes, aceitou a renúncia coletiva de 34 deles.


📍 5. Agosto de 2018 – Carta ao povo de Deus

  • Após o relatório da Pensilvânia, que revelou mais de 1.000 casos de abusos cometidos por padres ao longo de décadas nos EUA, Francisco publicou uma carta aberta global.

  • Reconheceu o sofrimento das vítimas e afirmou: "Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial, pedimos perdão."


📍 6. Março de 2019 – Encontro com presidentes das Conferências Episcopais (Vaticano)

  • Convidou líderes da Igreja de todo o mundo para discutir o combate aos abusos.

  • Em sua fala de encerramento, reforçou que "o abuso de menores é um crime horrendo" e reafirmou o compromisso com a tolerância zero.


📍 7. Setembro de 2024 – Visita à Bélgica

  • Durante visita pastoral, voltou a pedir perdão em um discurso fortemente emotivo:
    “A Igreja deve sentir vergonha e pedir perdão por não ter protegido seus filhos.”

  • Foi um gesto simbólico, em um país onde a crise de abusos ainda gera profundas cicatrizes.


Esses pedidos de perdão não foram apenas palavras: eles vieram acompanhados de ações estruturais, como:

  • Criação de normas obrigatórias de denúncia (Vos Estis Lux Mundi, 2019);

  • Julgamentos e punições de clérigos e bispos;

  • Encontros com vítimas e escuta ativa de seus testemunhos.


Por fim, em relação ao Brasil, sempre este alinhado com os políticos da esquerda, a  contragosto da ala conservadora da Igreja Católica Brasileira. 


TESTAMENTO  DO PAPA FRANCISCO PUBLICADO NO PORTAL DA SANTA SÉ:

"Em Nome da Santíssima Trindade. Amém.

Sentindo que o crepúsculo da minha vida terrena se aproxima e com firme esperança na Vida Eterna, desejo expressar os meus últimos desejos relativamente ao meu local de sepultamento.

Sempre confiei a minha vida e o meu ministério sacerdotal e episcopal à Mãe do Nosso Senhor, Maria Santíssima. Portanto, peço que os meus restos mortais repousem, aguardando o dia da ressurreição, na Basílica Papal de Santa Maria Maior.

Desejo que a minha última jornada terrena termine precisamente neste antigo santuário mariano, onde vou rezar no início e no fim de cada Viagem Apostólica para confiar fielmente as minhas intenções à Mãe Imaculada e para agradecer o seu terno e materno cuidado.

Peço que o meu túmulo seja preparado no nicho de sepultamento na nave lateral entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza da mencionada Basílica Papal, conforme indicado na planta anexa.

O túmulo deverá ser no chão; simples, sem ornamentação particular, e ostentando apenas a inscrição: Franciscus.

As despesas para a preparação do meu sepultamento serão cobertas por uma quantia fornecida por um benfeitor, que providenciei para ser transferida para a Basílica Papal de Santa Maria Maior. Dei as instruções apropriadas a Mons. Rolandas Makrickas, Comissário Extraordinário do Capítulo Liberiano.

Que o Senhor conceda a merecida recompensa àqueles que me quiseram bem e continuarão a rezar por mim. O sofrimento que marcou a parte final da minha vida, ofereço-o ao Senhor, pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos.

Domus Sanctae Marthae, 29 de junho de 2022."

Fonte: Santa Sé