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| Philippe Petit entre as Torres Gêmeas |
Sempre que estou trabalhando no Centro, gosto de almoçar no Restaurante Primeiro Mundo da Rua Quintino Bocaiúva nº 114, a comida mais gostosa de São Paulo. E, como de costume, depois do almoço fui bisbilhotar os DVDs de filmes das Lojas Americanas da Rua José Bonifácio. Subo as escadas da sobreloja e começo a ver os brinquedos, eletrodomésticos, e lá no fundo estão os DVDs. Sou um comprador compulsivo de DVDs. Garimpando, revirando a banca na semana passada, deparei-me com o filme O Equilibrista (Man on Wire) de James Marsh. Chamou-me a atenção o conteúdo do filme, a travessia sobre um fio sobre o vazio entre as Twin Towers de Nova York - o grande sonho de um jovem francês chamado Phillipe Petit.
Quando Philippe abriu um jornal em 1973 e viu a foto de inauguração das Torres Gêmeas em Nova York, ele teve um sonho. Ele já tinha andado sobre um fio entre as duas torres da Catedral de Notre Dame, em Paris; também já tinha cruzado o vazio na Harbour Bridge em Sidney, na Austrália; mas andar sobre o arame a 450 m de altura em Manhatan se tornou seu sonho de vida.
Eu escrevo para Cristãos. Qual é seu sonho impossível?
Quase uma semana depois, arranjo tempo para ver o filme. Philippe Petit não estava sozinho. Ele conquistou a amizade de mais alguns jovens que admiravam vê-lo sorrindo ao andar sobre o arame. Pasmem! Deitar sobre um fio a muita distância do chão. Eram seus fãs e admiradores da arte e do perigo sobre a corda bamba.
O sonho de cruzar o abismo entre a Torre Norte e a Torre Sul foi tomando forma com planos, projetos, cronograma, metas. Tudo era ainda mais difícil, porque aquele grupo de jovens não falavam inglês e somente poderiam subir com uma tonelada de equipamentos até o 104 andar da Torre sul, clandestinamente. Achavam que nenhuma autoridade, em sã consciência, iria conceder autorização para um desconhecido amarrar um cabo sobre um vão de 60 metros entre duas torres a mais de 400 metros do chão. Suicídio em potencial.
A travessia foi feita. O sonho concretizado em 07 de agosto de 1974. Vai fazer exatamente 38 anos depois de amanhã. Philippe foi preso e solto pelo Juiz sob uma pena: fazer malabares na frente de um grupo de crianças. Guardas e o jornais americanos estamparam no outro dia as fotos de sua façanha na primeira página. Até o momento de colocar o primeiro pé no arame ele estava tenso e com medo de não conseguir. Depois de alguns passos sobre o vazio, ele abriu um grande sorriso e durante 45 minutos cruzou os 60 metros entre as Duas Torres nada menos que oito vezes. Em determinado momento, deitou sobre o fio e abriu os braços sobre o vazio, dominando completamente o medo. Tinha conseguido.
Comprei o filme porque sabia que ali haveria muitas fotos das Torres Gêmeas que não existem mais. As fotos que o grupo de Phillipe tiram em 1974 mostravam que elas ainda estavam em acabamento. Havia guindastes no topo. Mostram os guindastes elevando peças inteiras para o topo. O filme também mostra os operários soldando as grandes colunas de aço que ficavam longitudinais na parte externa das torres. Um senhor documentário.
Analisando o assunto vejo que muitas pessoas sonharam com as torres. Os arquitetos, os engenheiros, as empresas que se mudaram para lá. Os membros da Al' Qaeda sonharam com a sua queda por duas vezes. O sonho de Philippe Petit era estender um fio entre as Duas torres e cruzar os 80 metros de distância sobre o vazio.
Dois sonhos humanamente impossíveis. Um bom e o outro ruim. Os dois foram sonhados e planejados na clandestinidade. Apesar disso, os dois foram concretizados.
O cristão sonha ouvindo a voz do Espírito Santo, e os filhos do diabo planejam o roubo a destruição e a morte. Quando os guardas da Torre Sul viram o equilibrista, ficaram paralisados e boquiabertos com sua arte. Eles sabiam que nunca mais teriam a oportunidade de ver um espetáculo daquele. Philippe ouvia o barulho das vozes e das sirenes a quase meio quilômetro lá embaixo. As pessoas ficavam petrificadas e extasiadas ao mesmo tempo de ver a coragem daquele trapezista andando sobre o vazio.
O mundo está cheio de pessoas que sonham e que não sonham. Sonhos pequenos, sonhos grandes e sonhos impossíveis. Todos eles podem ser concretizados com planejamento, equipe, e determinação. As pessoas costumam agradecer e culpara a Deus pelas coisas boas e más que acontecem no dia a dia da sociedade. Tem gente assaltando, matando e destruindo a esperança de um mundo melhor porque não conseguem ouvir a voz de Deus. E por não desejarem se aproximar de Deus se dedicam à realização de sonhos que tiram a felicidade e a paz dos outros, porque ouvem a voz do diabo.
Sonhar com coisas altas; planejar a conquista de alvos impossíveis, eu creio, deva tomar o mesmo tempo, gastar os mesmos esforços que a realização de planos de destruição e morte. A presença de Deus estará ao lado dos que alegram, ajudam, compartilham, solidarizam, curam, estendem a mão.
A semelhança do jovem francês que cruzou o espaço entre as Duas Torres, saiba também que para Deus não há nada impossível. Ele pode estender a mão para salvar o mais distanciado pecador e ao mesmo tempo tocar o coração do cristão de coração seco pelas aflições da vida.
Os olhos do Senhor estão atentos aos que cruzam a corda bamba sobre o vale da sombra da morte.
SP.05.08.12
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