.João Cruzué
Eu confesso a você que estou de fato ficando velho. Ou, pelo menos, mais emotivo e mais chorão. É claro que já li, ouvi e ensinei sobre José do Egito. Mas ontem, passando por Belo Horizonte, assisti (outra vez) o mesmo filme e percebi novas mensagens e novos ângulos durante a história desse moço. É claro que o roteiro não segue literalmente a Bíblia, todavia não a contradiz.
Desde a primeira vez que reviu seus irmãos, na ocasião que foram comprar trigo no Egito, o coração de José reviveu velhas emoções. Emoções que não machucavam mais. Por que? Primeiro com a chegada de Manassés, cujo significado é mais ou menos: Deus me fez cicatrizar as feridas com que fui ferido na casa de meus irmãos. Esta versão não é literal, mas é citada nos Profetas, apontando para Jesus.
O sofrimento na vida de José tinha, sim, o grande propósito. Não foi um sofrimento pequeno. Primeiro foi atirado em um poço. Depois cogitaram de matá-lo. Em seguida, foi vendido como escravo. E não parou por aí. Perseguido pela mulher do Intendente, foi acusado injustamente de tentativa de estupro. De preso, desceu à condição de presidiário. A Bíblia não menciona qualquer ação do diabo, mas quem poderia ter tanto interesse em ferir, machucar e matar José?
Ao tempo da chegada de Manassés, o coração de José já tinha as feridas cicatrizadas. A presença súbita dos irmãos em busca do trigo do Egito era o primeiro ato para solucionar a questão de uma vez por todas. Simeão ficou, para forçar a vinda de Benjamim.
O segundo ato começou quando o trigo do Egito acabou na casa de Israel. Com muito desgosto, o velho Jacó cedeu. Judá se responsabilizou pela vida do rapaz. Foram, compraram o trigo, mas o cálice do governador do Egito foi achado no saco de trigo de Benjamim. Um golpe duríssimo. Então o Judá, que deu a ideia de vender José como escravo, se ajoelhou e pediu para ficar como escravo no lugar do irmão mais novo.
Diante daquelas mudanças, o coração de José foi esmagado pela voz do perdão: Irmãos, eu sou José. Naquele dia, e naquele momento, Deus providenciou o perdão que faltava, não para quem foi ferido, mas para quem odiou, magoou, maltratou, e tirou a liberdade de um irmão.
Deus trabalhou para vencer o mal dos três lados.
José foi o primeiro a perdoar. Por isso, a presença de Deus o levou até uma vida medíocre nunca o levaria. A culpa que (de vez em quando) atormentava as consciências dos irmãos mais velhos também foi perdoada - pela bondade de Deus que movia o coração de José. E o velho Jacó, que fazia diferença entre filhos e filho, tornou a ver a face de um filho que achava estar morto.
Acredito que aqueles dias, foram dos mais felizes já acontecidos na família de Israel. Setenta pessoas se abraçando, chorando, louvando a Deus. Deixando a fome e recebendo a fartura da provisão de Deus.
E tudo isso teve inicio quando brotou o perdão no coração de José. E ele não foi surdo à voz de JEOVAH. E perdoou.
Natal é tempo de Cristo. Cristo ensinou que é preciso perdoar. É difícil? É. Você não é obrigado perdoar. Mas se não fizer isto, vai impedir a vitória que Cristo tem para lhe dar e trazer para dentro da sua casa e no meio da sua família.
Se José tivesse retido o perdão, a história de Israel seria bem outra. Um filho morto na prisão e o restante da família, ceifado pela fome.
Antes de chegar o Natal, trate suas feridas com oração e o perdão de Cristo. Faça como José do Egito.