sexta-feira, outubro 03, 2025

Profeta Amós Capítulo 7

 


Por João Cruzué

O prumo é um instrumento simples, mas essencial na estabilidade da construção. Ele serve para testar se parede está sendo construída sem desvios. Sem o prumo, o muro pode parecer reto em cima, mas  torto embaixo. Ele não embeleza a obra, mas garante sua retidão. Foi exatamente com o uso desta ferramenta que Deus mostrou ao Profeta Amós (capítulo 7) a condição espiritual de Israel.  

Assim como o construtor não tolera paredes tortas, o Senhor declarou que não suportaria mais o desvio do seu povo para a injustiça e a corrupção. O prumo, nas mãos de Deus, revelou que a estrutura da nação estava comprometida e que o juízo seria veloz. Para reconstruir dentro dos padrões divinos a obra deveria ser posta abaixo.

Amós contemplou o Senhor segurando um prumo diante do muro de Israel. Não era apenas uma visão curiosa, mas um diagnóstico espiritual. O povo de Israel, mesmo com seus cultos e festas, estava fora de prumo, distante da justiça de Deus. O prumo expôs a verdade — a aparência podia enganar, mas a medida divina não falha. O povo honrava a Deus com sua língua, porém tinha um coração desviado de Deus.

Certa vez tive um sonho. Sonhei que a parede da frente de um templo estava com as ferragens de suas colunas à mostra e o topo dela estava inclinado mais de meio metro para dentro quando comparado com a estrutura vizinha.  E me lembro tive a curiosidade de perguntar para o construtor por que isso tinha acontecido. Ouvi bem claro a resposta: haviam colocado pouco cimento. As colunas estavam se esfarelando e a fundação com defeito. Fiquei pensativo por vários dias, até que entendi que falta de cimento representava o amor.

Voltando à questão do prumo a visão do profeta nos ensina que a vida não é medida pelo padrão dos homens, mas pelo prumo do Senhor. A religião sem justiça é como um muro inclinado; cedo ou tarde vai ao chão. Uma Igreja construída só com palavras não se sustentará. A lei precisa estar alinhada ao testemunho e a pregação com o amor. O não honrar quem pregou 200 sermões no ano, mas quem visitou, socorreu, alimentou, vestiu, chorou. A compaixão pode ser considerada como prumo de Deus.

O prumo de Deus continua sendo erguido diante de cada um de nós. Ele não pode ser manipulado, nem inclinado pela vontade humana. 

Mas em Cristo, a pedra angular, encontramos não apenas a medida perfeita, mas também a graça que nos endireita. O prumo revela o desvio. O desvio precisa da graça de Deus para o conserto. 

O tempo do conserto é hoje. Se hoje ouvir a voz do Espirito Santo de Deus, atenda logo, antes que o dia aceitável da sua misericórdia  passe e não mais haja oportunidade de conserto.


SP-03.10.2025.


quinta-feira, outubro 02, 2025

A Missão do Atalaia no Livro do Profeta Ezequiel

 

Por João Cruzué

Imagine um vigia solitário, em pé no alto de uma colina, enquanto toda a cidade dorme ele contempla em silêncio as estrelas na madrugada fria.  Sua função é ser os olhos e os ouvidos da cidade. Ao primeiro sinal de perigo deve soar a trombeta. Assim o Senhor fala a Ezequiel no capítulo 3: “Eu te pus por atalaia sobre a casa de Israel”. Não era um título de honra, mas um peso de responsabilidade. A vida de muitos dependeria da fidelidade do profeta em abrir a boca quando Deus falasse. Se ele falhasse responderia com sua vida.

Essa palavra mostra a seriedade do ministério profético.

O silêncio seria omissão, e a omissão traria consequências. Jeremias falou de um fogo ardente em seus ossos, impossível de calar, e Paulo afirmou que anunciar o evangelho era uma necessidade imposta a ele.

O atalaia não poderia se calar. Se falar e o ímpio não se arrepender, este morrerá em sua impiedade; se o justo se desviar, responderá por isso; mas se o profeta se calar, a responsabilidade da morte do justo será cobrada do profeta.

Depois dessa ordem, Ezequiel passa sete dias entre os exilados, em silêncio, atônito. Esse detalhe mostra que não basta proclamar: é preciso primeiro sentir o peso da missão e compartilhar da dor do povo. O profeta não fala como um observador distante, mas como alguém quebrantado diante de Deus. Nos versículos finais, o Senhor deixa claro que até seu falar dependeria Dele: Ezequiel não abriria a boca por vontade própria, mas somente quando recebesse a palavra.

Há momentos em que Deus manda falar, em outros manda calar. O profeta não é dono da mensagem, apenas o mensageiro.

Você e eu somos como atalaias em algum lugar: na família, no trabalho, entre amigos. Testemunhar não é escolher resultados, mas ser fiel em transmitir a verdade no tempo certo. Às vezes, o silêncio parece muito mais cômodo, mas pode ser omissão.

Em Ezequiel 3:16 a 27, o Senhor Deus nos lembra de nossa posição de responsabilidade: vigiar, ouvir e falar quando Ele mandar. Nele encontramos a coragem para soar a trombeta para alertar a cidade do perigo que está oculto nas negras nuvens da cultura de nossos dias.