terça-feira, dezembro 02, 2025

Resumo do Filme Deixados para Trás I

 

O Filme

João Cruzue

O filme "Deixados para Trás I" (Left Behind, 2000), é baseado no best-seller de Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins, e tem início em um mundo contemporâneo onde o piloto de avião Rayford Steele (Brad Johnson) vive um casamento em crise com Irene, que se converteu ao cristianismo evangélico. Enquanto Rayford flerta com a comissária Hattie Durham, seu filho adulto Buck Williams (Kirk Cameron), um repórter de TV, investiga conspirações globais envolvendo o cientista israelense Chaim Rosenzweig e seu milagroso fertilizante que resolve a fome mundial.

De repente, ocorre o Arrebatamento: milhões de cristãos verdadeiros desaparecem instantaneamente, deixando roupas e pertences para trás. Aviões caem, carros batem, o caos se instala. Rayford, pilotando um voo transatlântico, percebe que sua esposa e filho pequeno sumiram, enquanto Buck, no mesmo avião, grava o pânico dos passageiros. No solo, a filha de Rayford, Chloe (Janaya Stephens), enfrenta a realidade ao encontrar a casa vazia.

Buck descobre uma conspiração liderada pelo carismático Nicolae Carpathia (Gordon Currie), um jovem político romeno que ascende rapidamente na ONU prometendo paz mundial. Carpathia controla bancos, mídia e governos, usando o fertilizante de Rosenzweig como moeda de troca. Buck obtém uma fita comprometedora que revela o plano de Carpathia para dominar o mundo.

Rayford, desesperado para voltar aos EUA, enfrenta problemas no avião e questiona sua descrença anterior. Chloe, inicialmente cética, começa a conectar os desaparecimentos às profecias bíblicas que sua mãe pregava. Buck e Chloe se encontram em meio ao caos em Chicago e formam uma aliança improvável. Um pastor que "ficou para trás", Bruce Barnes (Clarence Gilyard), explica que o Arrebatamento foi o cumprimento de 1 Tessalonicenses 4:16-17.

O filme culmina com Buck confrontando Carpathia na ONU, revelando sua identidade como o Anticristo. Rayford e Chloe se convertem genuinamente, formando o núcleo da Tribulação Força, um grupo de resistência espiritual. O longa termina com a mensagem de que ainda há esperança para os "deixados para trás" se aceitarem Cristo antes dos sete anos de Tribulação, prenunciando as sequências da série.


SP-02/12/2025



A Prisão de Pedro e o Rei Herodes

 

Pintura de Valdés Leal

João Cruzue

A segunda prisão de Pedro ocorre em um momento de intensa efervescência espiritual em Jerusalém, quando a Igreja crescia rapidamente por meio de sinais, curas e pregação pública no Pórtico de Salomão. Multidões chegavam da cidade e de aldeias vizinhas trazendo enfermos e oprimidos, e todos eram curados, o que conferia enorme legitimidade ao testemunho apostólico. Esse impacto provocou inquietação no sumo sacerdote e nos saduceus, que temiam perder autoridade religiosa e política. Dominados por “inveja” (zēlos), agiram para prender Pedro e demais apóstolos, colocando-os na prisão pública (tērēsis dēmosia). Aqui surge a grande tensão: dias antes, Tiago, irmão de João, fora morto por Herodes Agripa I; agora, Pedro é preso pelo mesmo ambiente hostil. Por que o primeiro morre e o segundo é preservado? Essa contradição aparente se torna central para entender a soberania divina e a missão apostólica.

Durante a noite, um anjo do Senhor intervém e liberta Pedro e os apóstolos, ordenando que voltem ao templo para ensinar. A ação sobrenatural não apenas reverte a ordem humana, mas demonstra que Deus conduz cada apóstolo segundo Seu próprio propósito. A morte de Tiago não representou abandono, e a libertação de Pedro não representa favoritismo; ambas fazem parte da economia divina em que Deus conduz Sua obra por caminhos variados. Tiago dá testemunho por meio do martírio; Pedro, por meio da continuidade pública da missão. A contradição aparente resolve-se quando se percebe que não há ausência de Deus na morte de um nem privilégio na vida de outro, mas finalidades diferentes para instrumentos diferentes.

Ao amanhecer, as autoridades descobrem que a prisão está lacrada, os guardas a postos, mas os apóstolos ausentes. A perplexidade do Sinédrio aumenta quando recebem a notícia de que Pedro e os outros estão novamente ensinando no templo. Conduzidos para novo interrogatório, são acusados de desobediência. Pedro responde com a célebre frase: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.” Esse princípio ajuda a compreender por que Tiago morre e Pedro vive: a obediência não garante resultados idênticos, mas submete cada vida ao plano soberano de Deus. O foco não está na autopreservação, mas na fidelidade; e Deus escolhe, conforme Seu propósito, quando a fidelidade é testemunhada pela vida e quando é testemunhada pela morte.

No meio da deliberação do Sinédrio, Gamaliel intervém com prudência, lembrando que obras humanas desaparecem, mas obras divinas permanecem. Sua análise histórica aponta para a mesma verdade revelada na diferença entre Tiago e Pedro: Deus conduz Sua obra por caminhos que ultrapassam a lógica humana, permitindo que alguns concluam seu testemunho rapidamente, enquanto outros permanecem para funções específicas. Gamaliel não compreende completamente a fé cristã, mas intui que há algo maior do que cálculo político operando naqueles acontecimentos, pois a obra dos apóstolos não se comportava como um movimento humano comum.

Ao final, embora açoitados e proibidos de pregar, os apóstolos saem regozijando-se por sofrer pelo nome de Jesus e continuam diariamente no templo e nas casas. Pedro segue vivo — não por ser mais importante do que Tiago, mas porque sua missão ainda não estava concluída. Tiago morre — não por falta de proteção divina, mas porque seu martírio se torna semente para a Igreja. A tensão entre a morte de um e a libertação do outro ilumina a realidade profunda do Reino: Deus não se compromete com resultados uniformes, mas com finalidades eternas. Assim, a segunda prisão de Pedro nos ensina que a obra de Deus avança por meio de vidas preservadas e vidas ofertadas — ambas igualmente valiosas aos olhos daquele que dirige a história.