quarta-feira, outubro 05, 2022

A História do Pentecoste na Rua Bonnie Brae nº 214

 


Rua Bonnie Brae nº 214

Por João Cruzué

Assisti, há alguns anos, no Teatro Brigadeiro, a peça Rua Azusa - O Musical. Na época gostei. É inevitável a entrada da cultura evangélica na dramaturgia brasileira por uma questão estatística. Hoje, é aceito que 33% da população brasileira seja de cristãos evangélicos; mais ou menos 70 milhões de pessoas potenciais consumidoras de cultura. Porém, nosso principal assunto é outro. Se formos justos, a Rua Azusa ficou com a fama, mas o berço do avivamento pentecostal moderno teve início na Rua Bonnie Brae, em Los Angeles.


Em maio de 2006 - portanto,  há quase 16 anos,  publicamos no blog Escola Bíblica a biografia de William Joseph Seymour. Se não houve mudanças, o texto original de nossa tradução (na época) de uma página da Azusastreet.Org.  Analisando toda história, há algumas coisas que precisamos considerar para referenciar se  o começo do Pentecoste moderno veio da Rua Azusa ou da Rua Bonnie Brae.  Claro que isto é uma questão secundária, mas como temos compromisso com a transparência dos fatos, vamos apresentá-los e deixo a conclusão para nossos leitores.

Um pouco de história. 

Fugindo da pobreza e da opressão do Sudeste da Louisiana, Seymour deixou o lar em plena infância. Ele esteve trabalhando em Indiana, Ohio, Illinois e outros estados; possivelmente no Missouri e no Tenesse. Habitualmente trabalhava como garçom em hotéis das grandes cidades.

Foi na cidade de Indianápolis que Seymour se converteu em uma Igreja Metodista.  Entretanto, uniu-se ao movimento da Igreja de Deus Reformada em Anderson, estado de Indiana. Naquele tempo, o grupo era chamado "Os santos da Luz do Alvorecer". Ali, ele foi separado e chamado para ser pregador.

Em Cincinnati, estado de Ohio, depois de um surto quase fatal de varíola, Seymour rendeu-se à chamada ministerial. A varíola o deixou cego de um olho e com marcas na face. Ele usou barba pelo resto da vida, para esconder aquelas marcas.

Em 1905, Seymour estava em Houston, Texas, quando ouviu pela primeira vez a mensagem pentecostal. Ele se matriculou na Escola Bíblica dirigida por Charles F. Parham, o fundador do Movimento da Fé Apostólica, sendo considerado por alguns, como o pai do reavivamento Pentecostal/carismático moderno, pois foi  Na Escola Bíblica de Topeka, estado do Kansas, que seus seguidores receberam o batismo no Espírito Santo com a evidência bíblica de falar em outras línguas.

Por causa das leis de segregação racial da época, Seymour foi forçado a se assentar no corredor, do lado de fora da sala de aula. O humilde servo de Deus suportou a injustiça com graça. Em poucas semanas ele se tornou bastante familiarizado com os ensinos de Parham, que observou que ele também poderia ensinar. Entretanto, ainda não recebera o batismo com o Espírito Santo com a evidência de falar em línguas.

Continuando.

Parham e Seymour dirigiam reuniões juntos.  Em Houston, enquanto Seymour pregava para auditórios negros, Parham pregava para brancos. Parham tinha planos de enviar Seymour para espalhar a mensagem da Fé Apostólica para os afro-americanos do estado do Texas.

Mas foi Neely Terry, uma convidada de Los Angeles, quem se encontrou com Seymour, quando ele pregava numa Igreja regular pastoreada por Lucy Farrar,  empregada da família de Parham no Kansas.

Quando Nelly Terry retornou a Los Angeles, persuadiu os dirigentes  da pequena  Igreja que frequentava para convidar William Seymour para ir até Los Angeles para uma reunião. Sua pastora, a Sra. Julia Huthinson,  foi quem oficializou o convite.

Foi assim que Seymour chegou a Los Angeles, em fevereiro de 1906.

Seus primeiros esforços para pregar a mensagem pentecostal foram impedidos.  Ele foi expulso porta à fora da igreja pastoreada pela Sra. Huthinson. Ela tinha suspeitas da doutrina de Seymour, pois  estava convencida de que pregava sobre uma coisa que ainda não tinha recebido.

Seymour mudou-se para a casa de Edward Lee, um zelador de um Banco local. Dali, começou a ministrar para um grupo de oração que se reunia regularmente na casa de Richard e Ruth Asbery, na Rua Bonnie Brae nº 214. 
Bonnie Brae House  nº 216 - Los Angeles/Califórnia
O Sr. Asberry também tinha um emprego de zelador. A maioria dos adoradores eram afro-americanos, com algumas visitas ocasionais de brancos. À medida que o grupo foi buscando a Deus por reavivamento sua fome foi se intensificando.  

Finalmente, em 19 de abril, Edward Lee foi batizado no Espírito Santo com a evidência de falar em outras línguas. Quando as novas de seu batismo foram contadas aos crentes da Rua Bonnie Brae, um poderoso derramamento se seguiu. Muitos receberam ali o Batismo do Espírito Santo. Foi dessa forma que o reavimento pentecostal chegou à Costa Oeste.

O culto de oração daquela tarde poderia ser descrito assim: gente caindo pelo assoalho, parecendo inconsciente, outros clamavam e corriam pela casa. Uma vizinha, a Sra. Jennie Evans Moore, tocou piano sem nunca ter tocado antes.

Em poucos dias de continuo derramamento, centenas de pessoas se ajuntaram. As ruas ficaram cheias e Seymour pregava do alpendre da casa dos Asbery. Mas foi somente em em 12 de abril, três dias depois do derramamento inicial, que William Joseph Seymour recebeu seu próprio batismo de poder.

Como a casa da Rua Bonnie Brae nº 214 não mais podia receber tanta gente, rapidamente, o Pregador foi à procura de um local mais amplo abrigar a  igreja. 

Foi assim que eles encontraram um prédio localizado na Rua Azusa nº 312.





terça-feira, julho 26, 2022

Pensar pode ser perigoso

 

Gnus

João Cruzué

De repente, percebo que estou ficando mais velho e solitário. Talvez por isso, possa perceber com mais clareza muitas coisas. Sabe, cresci em um mundo menos complexo e mais solidário, com famílias maiores, a disciplina dos pais, uma boa infância,  os padrões morais do certo e errado mostrava o rumo. Muitos livros, nada de smartphones nem  WWW. A Igreja e a Escola ajudavam muito nossos pais a conseguir um forte estrutura familiar, que por sua vez, as retroalimentava. Sendo a família como uma célula, unida a outras, cria e mantém um corpo, um povo uma nação em busca de prosperidade em tempos de paz.

Não tão de repente, pois nisso temos uns 30 anos, começei a notar o surgimento de velhas ideologias, embrulhadas com papéis brilhantes, utilizando-se do potencial de todos os conflitos, para introduzir um código de comunicação parecido com o a Torre de Babel. Ninguém consegue entender ninguém. Muito individualismo, consumismo e um desejo não contido de virar pelo avesso, a família, a escola,  a pessoa, a  nação, estabelecendo conflitos em um plano sorrateiro (mas não tanto) para desconstruir tudo que estiver de pé.

Quando o ser não mais souber se é homem ou mulher, quando a Igreja perder a presença de Deus por inércia ou poder, quando a Escola for o berço para embalar todo tipo de filosofia, quanto os políticos só pensarem em si mesmos, quando for costume de uma nação pisar sobre uma Bandeira como se fosse um tapete na porta da sala, quando o bem for chamado de mal e todos os valores ficarem invertidos, então,  essa nação terá todos seus muros de proteção derrubados e qualquer hiena que aparecer vai reinar e se alimentar fartamente de uma grande manada de "gnus'.

Pensar pode ser perigoso, pois aguça a visão. 

E quando a visão se torna mais clara, podemos enxergar  com clareza uma cobra à beira do caminho ou uma "hiena" falando na TV. Se a visão da realidade nos choca,  é bom sair da inércia,  abrir a boca com a vizinhança, não aceitar velhas ideologias que pertubam a aprendizagem na escola,  exigir mais Evangelho e menos política dentro Igreja e, principalmente, para mostrar os perigos do caminho largo e a segurança da porta estreita no seio da  nossa família. 

Ebenezer. Maranata.



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