terça-feira, janeiro 10, 2017

Barack Obama em junho de 2008


O que se pensava dele em 2008

"O APELO DE OBAMA NO MUNDO MUÇULMANO"

Barack 4 peace

Obama para a paz

AUTOR: YASSER KHALIL

Tradução: João Cruzué

"Cairo – O Senador Barack Obama representa um fenômeno que tem chamado a atenção global e cativado as mentes de muçulmanos pelo mundo pois ele empreende uma campanha animada para se tornar o próximo presidente dos Estados Unidos.

Apesar do debate aquecido da campanha e um pouco de retórica controvertida quanto ao Islã, grandes segmentos da população muçulmana aqui permanecem fascinados com a eleição e se tornaram grandes fãs do Senador Obama.

Este nível de apoio a um candidato presidencial americano é sem precedentes no mundo muçulmano. Que isto venha no meio de uma sensação quase unânime de indignação e raiva quanto à política exterior dos Estados Unidos – em particular no Iraque e os territórios palestinos – torna isso ainda mais notável.

A explicação é simples: muitos muçulmanos vêem uma nova razão para esperança na aproximação política de Obama e de seus conselheiros. Sua ânsia evidente para reunir mais suporte internacional à política dos Estados Unidos, e até falar "com os inimigos" da América, é a causa do otimismo. Imagine o que a política global pareceria no Iraque, Sudão, Afeganistão, se uma visão como a de Obama tivesse influenciado as lideranças dos Estados Unidos, antes.

Como um árabe muçulmano do Egito, afetado pela política externa dos Estados Unidos, acredito que uma aproximação de Obama ajudaria a resolver os problemas acumulados entre muçulmanos e americanos que ficaram ainda mais agravados desde os ataques terroristas de 11 de setembro. Técnicas novas e mais criativas para tratar com extremistas em lugar dos métodos controvertidos usados pela administração atual dos Estados Unidos também podem tirar da Al-Qaeda e de outros grupos iguais o pretexto para recrutar novos membros. Então, talvez, os extremistas perderiam os argumentos que fornecem o combustível a sua máquina criminosa que os leva a destruir a gente inocente.

Existem, naturalmente, aqueles no mundo muçulmano que se opõem a Barack Obama. Eles argumentam que a Política dos EUA não mudará com um novo presidente. Para eles eu digo que Obama tem já provado há espaço para balançar o barco. Ele se opôs à decisão de invadir o Iraque e está fazendo recomendações lógicas e concretas para que se retire as tropas dos Estados Unidos de lá.

Os muçulmanos cínicos argumentam que todos os políticos americanos, inclusive Obama, são influenciados na direção de Israel à custa de Árabes. Mas nós devemos diferenciar entre o suporte de um candidato por um estado judaico e um viés inerente em direção a ele. A amizade dos Estados Unidos com o Israel não tem de ser uma ameaça, especialmente se ele tomar uma posição mais ativa ao criar tão somente uma política justa para o resto do mundo árabe.

Depois houve o debate apóstata. Quando Obama foi descrito como um apóstata muçulmano em potencial, muitos muçulmanos reagiram com espanto e curiosidade. Obama disse que nunca foi muçulmano, em primeiro lugar, ainda que algumas pessoas o consideraram assim, por parte de pai. Para mim, é claro que o Islã é um ato de livre escolha, não hereditário.

Outras campanhas pela Internet exploraram pretensos links muçulmanos de Obama retratando a América como "um país racista" cujos cidadãos e os políticos nunca permitiriam a Obama ganhar, porque ele é negro e tem raízes muçulmanas. O esforço malogrou-se, mas todavia trouxe para o candidato até mais compaixão entre mundo muçulmano.

A negativa de Obama de ser um muçulmano não significa que ele o vê como uma acusação, em vez disso, ele está distanciando-se de acusação formal de engano e hipocrisia. É tempo de sair desses debates desnecessários e julgar este promissor candidato presidencial sobre suas visões políticas e capacidade para equilibrar os interesses globais muçulmanos com aqueles deseus partidários e amigos.

Abraçando o diálogo com países muçulmanos como a Síria e o Irã, e saltos iniciais dos esforços diplomáticos dos Estados Unidos , Obama abrirá portas que foram fechadas – e trancadas– nos últimos anos. É do interesse de todos os países muçulmanos que o presidente dos Estados Unidos tenha tal aproximação construtiva, mesmo enquanto mantém um alto grau de amizade com o Israel e poderes que o apoiam nos EU e exterior.

Em desempenho racional, abrangente, e políticas criativas, Obama pode continuar eficaz enquanto ainda supera obstáculos que impedem o caminho da coexistência e de uma paz global."


Tradução: João Cruzué

Yasser Khalil é pesquisador e jornalista egípcio.Artigo do The Christian Science Monitor

A difícil escolha de Rebeca


.

Isaac and Rebecca
Isaque e Rebeca

João Cruzué


Hoje à tarde, no intervalo do trabalho no Hospital, saí para caminhar um pouco e estive pensando em escrever um texto sobre as experiências de Jacó, suas escolhas, suas tribulações, coragem e atrevimento de lutar com o anjo de Deus em favor de sua família. Prometo que isto ficará para os próximos dias, porque em meio aos nossos pensamentos, antes de escrever sobre Jacó, julgamos conveniente meditar um pouco sobre esta mulher corajosa, de escolhas surpreendentes. E foi assim, que ao chegar em casa, à noite, deixei de assistir o "Jornal Nacional" para me dedicar à redação de A escolha de Rebeca.

Rebeca era a mãe de Esaú e de Jacó. Uma mulher acostumada a tomar grandes decisões desde jovem. Ela não hesitava e sempre acertava em suas decisões. Em determinado momento, porém, quando aconselhou o filho mais novo a enganar e usurpar as bênçãos da primogenitura do irmão, seu conselho trouxe cizânia e ódio e ameaças de morte. A Rebeca que sempre acertava, agora estava em apuros vendo sua casa açoitada pela "tempestade". Na sua preocupação com a bênção da primogenitura ela perdeu a paz de espírito, e sem paz, é impossível ter comunhão com Deus para decidir corretamente.

Rebeca revela-nos seu caráter em sua primeira aparição na Bíblia. Ao tempo que Eliezer viajou para Harã, onde morava a parentela de seu senhor, ele foi preocupado. Em meio à dúvidas e incertezas, orou. Como poderia ter êxito na viagem em busca de uma esposa para o filho de seu senhor Abraão? E nem bem terminara a oração, quando uma jovem formosa subia da fonte trazendo um cântaro cheio. Mau humorada? Não! Atendeu um pedido impertinente. Preguiçosa? Não! Surpreendentemente, ofereceu-se para dar de beber também aos camelos. Medrosa? Não! Aceitou sair da segurança do lar paterno para viajar com um desconhecido rumo a uma terra distante. Indecisa? Não! Viajou para se casar com um moço que nunca antes vira. Rebeca era muito especial: ela era a resposta de Deus às orações de Abraão - o homem mais abençoado da terra.

Se Rebeca era resposta de oração, seu noivo precisava saber disso. E diz a Bíblia que Isaque saíra à tarde para orar no campo quando avistou a caravana que trazia sua noiva. Eles casaram-se. E esperaram 20 longos anos para terem os primeiros filhos. Um tempo longo demais. Isaque orou, e orou, e orou. Orou até que Deus respondesse e Rebeca ficasse grávida. Grávida, sim! De gêmeos. E eles se mexiam e lutavam dentro dela. Preocupada, ela orou: "Senhor o que significa isso?" E Ele lhe respondeu algo que nunca mais se esqueceu: "Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão nas tuas entranhas: um povo será mais forte do que o outro e o maior servirá ao MENOR. Jacó e Esaú.

Esaú cresceu e não tinha temor de Deus. E eis as provas: ele conhecia muito bem a história do casamento dos pais, no entanto, para desgosto deles, amasiou-se com duas mulheres ao mesmo tempo. E elas foram causa de amargura de espírito para Isaque e Rebeca. Esaú dava tão pouco valor ás coisas de Deus que certa vez aceitou negociar os direitos de sua primogenitura, as bênçãos de Deus, em troca de um prato de lentilha por causa de algumas horas de fome. Na sua hierarquia de valores Deus estava mesmo em último lugar.

Jacó, o irmão mais caçula, era diferente. Foi ele que propôs o negócio do prato de lentilhas em troca dos direitos da primogenitura: ele tinha interesse nas coisas de Deus. Acreditava nelas. Jacó esperou 70 anos para se casar. Não se prostituiu nem amasiou-se. Entretanto, um dia, seguindo os conselhos e ordens de Rebeca, mentiu, enganou o pai e usurpou a bênção da primogenitura do irmão. Três vezes o pai duvidou, cheirou e perguntou: És tu mesmo meu filho Esaú? E Jacó mentiu, mentiu, e deixou de falar a verdade.

Por que Rebeca instruiu o filho mais novo a se disfarçar, enganar e usurpar a primogenitura de Esaú? A Bíblia diz que Isaque perdera a capacidade de enxergar. E sua cegueira não era apenas física - ele via as atitudes ímpias do filho mais velho mas fingia que não estava vendo nada. Não há uma linha sequer na Bíblia que registra qualquer repreensão sua contra Esaú: o "filhinho do papai". Isaque amava mesmo Esaú pelas afinidades com a caça. Já Rebeca amava a Jacó, porque guardava em seu coração a profecia que Deus lhe dissera quando estava grávida: "Que o maior servirá o MENOR".

Era um lar dividido. Os pais e os filhos pensavam e julgavam coisas de maneiras diferentes. Rebeca fez o que fez porque temeu que seu esposo orasse e abençoasse um filho que não merecia, com isso passou adiante de Deus. O que aconteceria se Jacó, num momento de franqueza falasse a verdade no ato da oração da bênção da primogenitura? Para esta pergunta não tenho resposta, mas Rebeca chamou para si a responsabilidade da maldição caso o logro fosse descoberto.

Foi uma escolha muito difícil: levar o filho mais novo ao caminho da mentira, agir contra a decisão do esposo e causar prejuízo e revolta ao filho mais velho. Pela primeira vez o lar de Rebeca passava por um grande reboliço. Foi tal as conseqüências do roubo da primogenitura que um espírito de vingança e morte pairou sobre a sua casa. O lar de Rebeca ficou desconcertado.

Rebeca, pela profecia, sabia que Jacó seria maior que Esaú. Mas, imaginou que a sorte de Jacó estaria nas palavras de Isaque e não nas mãos do Abençoador. Como Deus estava no controle, sua misericórdia não permitiu que Esaú matasse o próprio irmão. Se Rebeca julgou que o fim justificava os meios, estava errada. O pecado nunca serve de atalho para a bênção, e "Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte".

A escolha de Rebeca nos traz uma lição: diante de uma circunstância que envolva uma escolha difícil é preciso ter o coração em paz para decidir. É assim que está escrito em Colossenses 3:15: Que a paz de Deus domine em vossos corações! Quando Rebeca deixou a casa dos pais, para viajar em companhia de um estranho a fim de se casar com um noivo que nunca vira, decidiu com um coração equilibrado e em paz. Mas, quando os dias da bênção da primogenitura de Esaú chegaram, em sua preocupação de não concordar com uma injustiça, por causa da profecia, Rebeca andava atribulada e aflita. Foi por isso que perdeu o equilíbrio, em nenhum momento buscou orientação do Senhor, e o resultado foi uma escolha errada.

Que Deus nos guarde de tomar decisões com um coração atribulado.

João Cruzué

Escrito em SP 17.06.2008
cruzue@gmail.com