sexta-feira, abril 11, 2014

A maldição da cor negra não tem sustenção bíblica

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A negra jabuticaba
POR JOÃO CRUZUÉ


Meu Comentário Inicial:  A pele negra, os olhos e  cabelos negros têm tudo a ver com Melanina. Isto pode ser explicado cientificamente e nunca foi consequência de  maldição divina. Esta conversa fiada de que a cor negra dos africanos é decorrência da maldição de Caim, no passado era fundamento para escravagistas e hoje, preconceito de cérebros de ameba.  

Pesquisando a Bíblia, ao meu ver, nunca houve esta associação. E quando aparentemente ela veio, parece que teve uma resposta dura de Deus.  É muito provável que a sedição de Miriã e Arão em Números 12:1 tenha tido origem na cor da pele da mulher cuxita (etíope de Moisés. Se assim foi, Deus não deixou isso sem castigo. A lepra de Miriã  a deixou branca como a neve. Teria este castigo alguma repreensão contra a manifestação de racismo?  Não há detalhes no texto, mas o contexto  traz grande  possibilidade  desta interpretação. 


Já pensou, se na Bíblia, a lepra tivesse uma cor escura? Seria um prato cheio para a fundamentação do racismo. 

Alguns orelhudos dizem por aí que Noé amaldiçoou a descendência de Cã com a cor negra. Outros, linguarudos,  especulam que uma das noras de Noé era negra. De qualquer forma,  creio que esta difamação era fruto da hipocrisia dos evangélicos (Batistas) americanos do começo do século XX. Eles andavam com a Bíblia na mão e o ódio aos negros no coração. Se não fora DEUS, comissionando o  Pastor Martin Luther King, Jr. os negros americanos, ainda  hoje, estariam oficialmente debaixo da segregação racial  na América.  


Este assunto besta, dizem,  foi desenterrado há pouco tempo de uma pregação antiga do polêmico Deputado Federal, Pastor Marcos Feliciano. 


Tenho uma curiosidade: gostaria de saber de que versão da Bíblia seria a literatura deste texto apócrifo: “Você e todos os seus descendentes serão eternamente amaldiçoados, e para diferenciá-los dos demais lhes darei a cor negra, a cor das trevas e do eterno pecado”.  Distorção grosseira de Gênesis 9:25 que NUNCA relacionou a maldição com a cor da pele de Cã ou de Canaã. (Fim do comentário inicial).

Veja agora o texto da Revista Despertai,  e lá no final vou deixar minha conclusão com com meu entendimento sobre a verdadeira origem da raça negra.


REVISTA DESPERTAI/TORRE DE VIGIA

Edição;  22 março 1978

[FORAM OS NEGROS  AMALDIÇOADOS NA BÍBLIA?]



"MUITOS líderes religiosos respondem que “Sim”. Os clérigos Robert Jamieson, A. R. Fausset e David Brown, em seu Comentário Bíblico, asseveram: “Maldito seja Canaã [Gênesis 9:25] — esta maldição se tem cumprido na . . . escravização dos africanos, os descendentes de Cão.” — Comentary, Critical and Explanatory, on the Whole Bible (Comentário, Crítico e Explicativo, de Toda a Bíblia).

Afirmaram que não só a escravização dos negros cumpria tal maldição bíblica, mas que sua cor negra também. Assim, muitos brancos foram levados a presumir que os negros fossem inferiores, e que Deus propôs que fossem servos dos brancos. Muitos negros ficaram amargurados pelo tratamento recebido, em resultado desta interpretação religiosa. Uma delas observa:

[Testemunho de uma vítima do preconceito]:
“Era o verão de 1951 quando eu, menina curiosa de 7 anos, sentei nos degraus da Primeira Igreja Batista em ‘Sheepshead Bay’, Brooklyn, e chorei. Tentara diligentemente esfregar a negritude de minha pele até ela sair, porque minhas coleguinhas brancas tinham comentado que era repulsiva. Esfregá-la com detergente Ajax apenas deixou uma mancha vermelha, inchada, que doía, quase tanto quanto meu coração infantil, quando comecei a ponderar por que um Deus de amor me tinha feito negra, a menos que não me amasse.

“Tinha ouvido dizer que isso era devido a uma maldição imposta por Deus à nossa raça. Mas, não conseguia entender ou compreender o que havíamos feito a Deus, para merecer tal castigo. E acho, refletindo, que no fundo do coração eu sempre nutri um ressentimento particular contra Deus por me fazer negra e me colocar em mundo de brancos.

“Nos distúrbios esmagadores das zombarias e epítetos raciais de minhas coleguinhas, tais como: ‘Se é branca,  criança é linda. Se é morena, só nos dá pena.  Se negra é, aqui não ponha o pé’.  Surgiu uma condição marcada, em que comecei a ferver de raiva, especialmente diante de meninas brancas da minha idade.”

Que dizer dessa maldição bíblica? 

São negras as pessoas por causa duma maldição imposta por Deus a algum ancestral delas? E sofreram os negros séculos de escravidão em cumprimento desta maldição? Ensina realmente a Bíblia tais coisas? Vejamos. O relato bíblico que em pauta reza:

“E [Noé] bebeu do vinho, e embebedou-se. E descobriu-se no meio de sua tenda. E viu Cã, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos os seus irmãos fora.  E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera. E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos. E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.” — Gên. 9:21-27, Tradução Almeida.

Tem-se afirmado que esta maldição bíblica marca os negros para a servidão perpétua. Com efeito, em 1838, o realizador duma cruzada anti-escravista, Theodore Weld, escreveu num tratado popular: A “profecia de Noé [supracitada] é o vade-mécum [companheiro constante] dos senhores de escravos, e eles jamais se aventuram a sair sem ele”. — The Bible Against Slavery (A Bíblia Contra a Escravidão), página 66.

Mas, primeiro de tudo, queira notar que nada se diz neste relato bíblico sobre alguém ser amaldiçoado com a negritude de pele. E, observe, também, que foi Canaã, e não seu pai Cã, que foi amaldiçoado. Canaã não tinha pele negra, nem seus descendentes, que se fixaram na terra que se tornou conhecida como Palestina. (Gên. 10:15-19) Os cananeus, com o tempo, foram subjugados pelos israelitas, descendentes de Sem, e, mais tarde, pela Medo-Pérsia, Grécia e Roma, descendentes de Jafé. Tal subjugação dos cananeus cumpriu a maldição profética sobre seu ancestral, Canaã. A maldição, assim, nada teve que ver com a raça negra.

De onde, então, veio a raça negra? Dos outros filhos de Cã, Cus e, provavelmente, também de Pute, cujos descendentes se fixaram na África. Mas, como vimos, a Bíblia não diz absolutamente nada sobre os descendentes negros se tais homens serem amaldiçoados! Todavia, presumiu-se incorretamente que assim o foram. Quando é que os comentaristas eclesiásticos começaram a aplicar a maldição a Cã?

Um eclesiástico de uns 1.500 anos atrás, Ambrosiaster, aplicou-a assim, dizendo: “Devido à sua tolice, Cã, que tolamente zombou da nudez de seu pai, foi declarado escravo.” E John F. Maxwell observa em seu recente livro Slavery and the Catholic Church (A Escravidão e a Igreja Católica): “Este exemplo desastroso de exegese [explicação] fundamentalista continuou a ser usado por 1.400 anos e levou ao conceito amplamente expandido de que os negros africanos foram amaldiçoados por Deus.”

Até mesmo há uns cem anos, a Igreja Católica detinha o conceito de que os negros eram amaldiçoados por Deus. Maxwell explica que este conceito “aparentemente sobreviveu até 1873, quando o Papa Pio IX associou uma indulgência à oração em favor dos ‘desgraçados etíopes da África Central, para que o Deus Todo-poderoso removesse inteiramente a maldição de Cã de seus corações"

Todavia, mesmo antes do começo da cristandade há mais de 1.500 anos atrás, sim, possivelmente mesmo antes de Jesus Cristo viver na terra, os rabinos judeus ensinavam uma estória sobre a origem da pele negra. Afirma a Encyclopœdia Judaica: “O descendente de Cã (Cus) tem pele negra como castigo por Cã ter tido relações sexuais na arca.”

“Estórias” similares foram inventadas nos tempos modernos. 

Os defensores da escravidão, tais como John Fletcher, de Luisiana, EUA, por exemplo, ensinavam que o pecado que motivou a maldição de Noé fora o casamento inter-racial. Afirmava que Caim fora assolado com a pele negra por matar seu irmão, Abel, e que Cã pecara por se casar com alguém da raça de Caim. 

É digno de nota, também, que Nathan Lord, presidente da Faculdade Dartmouth, que no último século atribuiu também a maldição de Noé sobre Canaã, parcialmente, ao “casamento misto proibido [de Cã] com a raça previamente iníqua e amaldiçoada de Caim”.

Mas, tais ensinos não têm nenhuma base na Bíblia. 

E houve gente, nos séculos passados, que mostravam que a maldição proferida por Noé estava sendo aplicada erroneamente aos negros. À guisa de exemplo, em junho de 1700, o Juiz Samuel Sewall, de Boston, EUA, explicou: “Pois Canaã é a pessoa amaldiçoada três vezes, sem se mencionar Cã. . . . Ao passo que os da raça negra [em inglês, Blackmores] não descendem de Canaã, mas de Cus.”

Também, em 1762, certo John Woolman publicou um tratado em que disutia a aplicação desta maldição bíblica, de forma a justificar a escravização de pessoas e privá-las de seus direitos naturais. “É uma suposição embrutecida demais, para ser admitida pela mente de qualquer pessoa que sinceramente deseje ser governada por sólidos princípios”.

Imensos danos resultaram da aplicação errônea, por parte de eclesiásticos, desta maldição bíblica! A escravização dos negros africanos, e os maus tratos que lhes impuseram, desde os dias da escravidão, não podem de forma alguma ser justificados pela Bíblia. A verdade é: Os negros não são, e jamais foram, amaldiçoados por Deus!"


---fim---

Conclusão e entendimento do Blogueiro sobre a origem da raça negra:

Na minha vida de cristão  ouvi muitas vezes, sempre de pessoas iletradadas, que nem pensavam direito no que repercutiam, que a cor negra da pele era maldição de Caim. Sem ficar repetindo esse assunto, e indo direto ao ponto, a pessoa que ressuscita este tipo de  texto em pleno século XXI está procurando encrenca.

A Genética, um ramo da verdadeira Ciência que trata, entre outras coisas, do estudo do DNA, genes, cromossomos, bases de ligação, já jogou luz suficiente neste assunto, para dar a entender a quem investiga a beleza da criação de Deus que este tipo de comentário não resiste à mais simples lógica científica. Se Caim ou Canaã foi amaldiçoado com a pele negra, como ficaria explicada a cor negra das aves, dos peixes, gatos, cachorros, patos, árvores e frutos? Será que somente o homem possui a cor da pele negra? 


Haveria um caim também em todo reino animal e também no reino vegetal?

Se nós cristãos cremos pela fé que Deus criou o corpo do homem e da mulher, também devemos crer que Ele potencializou sua genética (DNA) para produzir filhos e filhas com diferentes cores de pele, olhos e cabelos. A esta opinião devo acrescentar as Leis de Mendel, que trataram do estudo das características recessivas e dominantes transmitidas pela união de indivíduos diferentes dentro da mesma espécie.

A pele negra, os olhos e  cabelos negros tem tudo a ver com  Melanina e nunca foi uma maldição divina. Sua origem é genética e tem perfeita explicação na Biologia.

Pesquisando a Bíblia, é muito provável que a sedição de Miriã e Arão em Números 12:1 tenha tido origem na cor da pele da mulher de Moisés que era cuxita (etíope). Se assim foi, Deus não deixou isso barato. A lepra de Miriã  a deixou branca como a neve. Teria este castigo alguma repreensão indireta contra racismo?  Por que uma doença que mudasse a cor da pele para um branco extremo?

Bem, se em nossos dias, alguém ainda fica falando ou citando abobrinhas racistas nos púlpitos de Igrejas, talvez esteja mesmo procurando sarna para se coçar. Depois não me venha com conversa de perseguição injusta por causa da fé... Pois  em Provérbios 26:3 está escrito: "O açoite é para o cavalo, o freio é para o jumento, e a vara é para as costas dos tolos." 


Ô Glória!



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quinta-feira, abril 10, 2014

Entrevista com o Pastor Guedes


POR JOÃO CRUZUÉ


Entrevista gentilmente concedida pelo Pastor Francisco Guedes Maia, o PASTOR GUEDES, à Associação de Blogueiros Cristãos. O Blog do Pastor Guedes é seguido por muitos leitores e também por muita gente, um referencial para quem  publica conteúdo cristão na Internet. Os assuntos comentados, ali,  são sempre atuais, interessantes, inteligentes e tratados com extremo bom senso. Os assuntos são variados e as opiniões do Pastor Gudes  são claras.  Quero agradecer publicamente o tempo que o Pastor Guedes tirou de suas atividades mais importantes, para responder a a tantas perguntas. Creio que é muito importante a publicação desta entrevista, porque é desta forma que conhecemos o pensamento dos melhores Blogueiros Cristãos para  aprendermos com eles. (João Cruzué)

Quem é o Pastor Guedes?  Esta é a pergunta que muitos leitores do seu Blog gostariam de fazer.

PASTOR GUEDES: Sou cearense com muito orgulho, nascido em berço católico, na cidade de Jaguaribe. Tive um encontro com o Senhor Jesus  aos dezoito anos. Sempre trabalhei. Desde os meus nove anos de idade. Entre muitos empregos, fui bancário onde cheguei até a gerência. Ultimamente, trabalho em um site evangélico (assembleia.org.br) cujo responsável é o honrado e respeitado Pastor Flauzilino Araújo dos Santos. Sou Bacharel em Teologia pela Faculdade Metodista de São Paulo. 

Gosto de ficar com minha família e com minha igreja, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério de Messejana. Na vida religiosa, descobri o chamado de Deus, logo no início, aos dezenove anos quando entendi que Deus já me chamava para o Ministério da Palavra.

Dirijo a Igreja que Deus colocou sob minha responsabilidade. Minha esposa e filhos me acompanham todos os dias, em todos os cultos. O maior, Daniel, auxilia na sonoplastia na hora dos cultos e tem sido um braço amigo nas horas difíceis. Minha esposa cuida do louvor e do Departamento Feminino. A Sarinha, bem, a Sarinha tem apenas cinco anos. Ela me auxilia a organizar as cadeiras antes do culto começar.  Rsrsrs.

Qual é a preocupação do Pastor Guedes quanto a sua família no ambiente religioso de hoje?

PG: Minha preocupação tem sido com as novas igrejas que não dizem “não” para nada. Quero uma Igreja que também diga não e não um “sim” para tudo. Nosso tempo é marcado pela escassez e estiagem espiritual como a muito não se vê, por isso temos que nos precaver quanto ás futuras gerações.

O que pensa o Pastor Guedes sobre o momento que a Igreja Evangélica está passando, em  pleno 2014?

PG: Ambíguo. Por um lado cresce assustadoramente. Por outro, diminui acentuadamente em qualidade e genuinidade.

Muitos líderes assumem um papel importante à frente de suas igrejas, levando a verdadeira mensagem do evangelho aos quatro cantos da terra. Outros, porém, envergonham a nação evangélica com novas teologias e inovações litúrgicas que visam somente aumentar o público e os lucros.  A famigerada visão mercantilista e mercadológica nas igrejas têm diminuído o efeito do Evangelho na vida dos seguidores.  

O sucesso de alguns líderes serve de paradigma de aceitação de que tudo o que eles fazem é correto? Podem ser seguidos apenas porque estão fazendo sucesso?

PG: De maneira nenhuma. Esse pragmatismo e utilitarismo que temos visto em muitas Igrejas, ditas evangélicas, não servem de modelo algum para as Igrejas cristãs genuínas. O modelo ainda é o da igreja primitiva, o modelo de Cristo e dos apóstolos. Toda igreja e todo líder de sucesso que faltar as características do modelo bíblico e não repousar sobre esses parâmetros, estarão reprovados diante de Deus. Aprovados, quiçá, pelos homens, porém, réprobos quanto ao Senhor.

O que o Pastor Guedes pensa sobre a Teologia da Prosperidade? Ela atrai muito gente porque é humanista ou porque é cristocêntrica?

PG: A Teologia da Prosperidade atrai pessoas que são carentes de sucesso em sua vida financeira e material. Não digo que não tenha nenhum valor. Creio que muitos adeptos, leia-se pregadores e líderes dessa onda teológica (que um dia vai passar), são sinceros em seus posicionamentos e acreditam no que ensinam. Outros, não. Ensinam o que não creem e veem a TP. como uma forma de lucrar com a fé alheia. É, portanto, humanista, contudo, existem outras formas de humanismo muito mais letais à fé cristão que a teologia da prosperidade. Definitivamente Cristo não é o centro, posto que suas mensagens sobre Cristo, Cruz, Expiação, Salvação e Segunda Vinda de Jesus, são escassas. Além do mais, deturpam o ensinamento da sã doutrina.

O que o Pastor Guedes pensa do recente escândalo da Igreja Assembleia de Deus da Coreia do Sul, do famoso Pastor Cho? Por que ele deixou que sua família usasse as finanças da Igreja como se fosse as finanças pessoais?

PG: Uma lástima. Um escândalo sem nome. Serve de exemplo para os grandes líderes, megalomaníacos e detentores de grandes ministérios em seus próprios nomes. Quanto à família do pastor usar as finanças da Igreja, vê-se um grande mal em nosso meio que é o nepotismo generalizado. Os pastores, por falta de confiança em outrem, e por desejarem controlar todas as áreas da Igreja, principalmente, aquelas que envolvem poder e finanças, nomeiam familiares com a finalidade de não perder o controle.

Os problemas da Coreia foram expostos porque a Igreja tinha um conselho de governança (presbitério) A Igreja Brasileira tem órgãos de controle para evitar que seus líderes não sejam DONOS dela?

PG: As igrejas, no caso da denominação a que pertenço, têm as Convenções gerais, estaduais e locais. As diretorias são constituídas de forma que esse problema não ocorra, tendo, inclusive, um Conselho Fiscal. O problema está na conivência e conveniência de alguns que eleitos, nomeados ou designados. Eles se deixam levar e fazem vistas grossas, reconhecendo uma liderança que, por vezes, moralmente, já está reprovada por Deus.

É bom para o governo de uma Igreja que ela tenha um órgão ao qual o Pastor Presidente deva prestar contas?

PG: Sim. Sem dúvida que é.  Mas o que vemos são desmandos e nenhum líder prestando conta a Conselhos de Pastores,  Conselho de Ética ou mesmo ao Conselho Fiscal.

O Pastor Guedes entende que a falta deste controle não pode ser a causa do estouro dos grandes escândalos? 

PG: Claro que sim. Vejamos o caso do Pr. Cho. Ele só foi descoberto por conta de uma denúncia de um diácono. Isso significa dizer que esse caso já vinha se arrastando nos bastidores da igreja, tendo notoriedade somente quando veio a se tornar público.

Evangelização. Qual é a opinião do Pastor Guedes: As grandes denominações brasileiras têm como prioridade 
(a) Um projeto de Evangelização? 
(b) Um projeto político, 
(c) Um projeto de manutenção do poder?

PG: Definitivamente não têm um projeto de evangelização, sobrando, assim, as outras opções: projeto político e manutenção no poder. Vejo pastores correndo atrás de políticos e  palanques para se associarem ao poder. Outros, por sua vez, querem eleger alguém de sua igreja a todo custo,  para não ficarem for da esfera do poder político. 

Não sou apolítico, mas só vale a pena fazer política se for de boa qualidade, pensando no povo, na sociedade, debatendo as questões sociais com transparência. Nossas experiências com os políticos evangélicos têm sido em sua maioria desastrosas.

Todo tipo de evangelização é válida se visar a salvação das almas e sua discipulação, seguindo os padrões encontrados nas Escrituras. Admito outras formas não bíblicas, todavia, sou contra toda forma anti-bíblica, que, aliás, têm crescido nos arraiais evangélicos. 

A visita de casa em casa, de porta em porta, hospitais, prisões, etc. Distribuição de folhetos, cruzadas, redes sociais, entre outros. As redes sociais são, hoje, o melhor meio de evangelizar o mundo. Contudo, os cristãos ainda não aperceberam disso e se demoram perdendo tempo com tolices e coisas sem valor moral e espiritual. 

Acredito na evangelização de massa, seja por blog, TV,  rádio, mas não excluo, a divulgação na vizinhança: a eficiente boca a boca.

A mulher na Igreja Evangélica. A Bíblia proíbe o ministério feminino?

PG: A Bíblia não proíbe, mas também não confere. Ninguém pode negar o valor do trabalho das mulheres na Igreja desde sempre e o quanto elas são mais esforçadas que os homens para realizar a Obra. Haja vista, o esforço e a determinação das “Marias” no dia da ressurreição, para ficar somente nesse texto. Também na História da Igreja, no livro de Atos dos Apóstolos, vemos as mulheres agindo de forma muito positiva e operosa.

A mulher no contexto bíblico era entendida como um reflexo do que as culturas da época? Cultura grega, romana, judaica, egípcia?

PG: Não resta dúvida que a mulher é tratada na Bíblia sagrada dentro de um contexto judaico, portanto, patriarcal.  As demais culturas,  Romana, a Grega e Egípcia, tratavam a mulher de forma mais distinta. Ao ler o Evangelho de Lucas, por exemplo, vemos na narrativa lucana, a preocupação de explicitar a valorização da mulher no ministério do Senhor Jesus.

O que o Pastor Guedes pensa de um Ministério Feminino?

PG: O ministério feminino tão contestado por muitos, é uma realidade que não se pode negar. Como já disse, as mulheres realizam mais que os homens, todavia, não vejo nas Escrituras, nenhuma passagem, seja no Antigo, seja no Novo Testamento, que promova o Ministério Pastoral às mulheres. Respeito, porém, as Igrejas que pensam o contrário e que  já abriram as portas, aderindo a esse conceito. E se alguém me apresenta uma pastora, a cumprimento como tal. Não tenho problemas de relacionamento com Igrejas dirigidas ou presididas por mulheres.

Publicação de Conteúdo Cristão. A partir de quando começou a se interessar por publicação de textos na Internet?

PG: Um amigo com quem discutia e fazia abordagem sobre assuntos bíblicos, sugeriu que eu escrevesse o que penso e publicasse. No momento achei tolice, mas depois comecei a escrever alguns textos. Decidi criar um blog para homenagear minha filha, hoje com cinco anos, e aí nasceu o  blog do Pastor Guedes.

Como e onde aprendeu a publicar um Blog?

PG: Os blogs são fáceis de manipular. Acredito que sejam necessárias técnicas para aperfeiçoamento da escrita e como postar, principalmente, as imagens. Aprendi com a máquina mesmo, mas ainda não sei tudo e preciso do curso do Irmão Cruzue para aperfeiçoar o meu espaço.

Quais os autores de blogs que mais aprecia?

PG: Fui admirador de muita gente que hoje me causa desencanto. Gosto do Púlpito Cristão, do Teologia Pentecostal (Gutierrez), Olhar CristaoOlhar Cristão, do Alberto Couto, entre outros. Gosto também do  Teologia da Graça, do Esdras Bento, da Micheline Gome. Seguia outros, mas comecei a perceber algumas incongruências e excesso de ironia ou humor sem ética ou qualidade, então deixei de segui-los.

Tem muitos amigos que também publicam conteúdo na Internet?

PG: Sim, muitos. Mas, estou meio distante deles agora.

O que o Pastor Guedes pensa de um encontro anual de publicadores de conteúdo cristão, para fortalecer a participação dos crentes na escrita, publicação de livros e formação de opinião?

PG: É perfeitamente possível, se os editores se despirem de suas vaidades, pois vejo, infelizmente, que muitos ainda escrevem para combater o texto de outros e assim tecem uma rede rasgada que precisa de conserto. Um projeto para dez anos é possível e viável se começarmos hoje.

Por natureza e pesquisa, um blogueiro evangélico geralmente é uma pessoa com tendência de ação isolada e individualista. O que pode ser feito para tornar um universo individualista em uma comunidade com objetivos comuns?

PG: É preciso trazer à tona uma consciência de unidade para traçar um objetivo comum. Promover blogs que falem a mesma língua e estejam dispostos a discutir e abordar os acontecimentos contemporâneos visando um bem comum, um fim comum, um ideal comum.

O Pastor Guedes está disposto a aceitar o desafio de trabalhar no sentido de tornar estas comunidades  virtuais de blogueiros isolados em uma comunidade social e coesa?

PG: Claro. Vamos dar as mãos. Contem comigo no que diz respeito à colaboração desse projeto.

O que o Pastor Guedes tem a dizer para seus leitores e aos colegas de Blogs?

PG: Quero agradecer a oportunidade de dizer quem sou e o que faço. Gostaria somente de lembrar aos irmãos que a internet e a blogosfera é um instrumento que Deus colocou gratuitamente em nossas mãos. Os blogs são instrumentos poderosos para mudar o mundo, influenciar positivamente a sociedade e evangelizarmos o mundo. 

Pensemos nisso e não desperdicemos a preciosa oportunidade, posto que precisamos remir o tempo posto que os dias são maus (Ef. 5.16).

Fim.

Nota: Francisco Guedes Maia, 49 anos, casado com Regeane, têm um filho de 13 anos, Daniel e uma filha de 5 anos,Sara Monalisa. Pastor da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, Professor de Teologia, trabalho com Aconselhamento Pastoral nos sites www.assembleia.org.br e www.telepaz.com.br.