domingo, agosto 11, 2013

Café com Jesus

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Planos de Envolvimento
Café com Jesus
João Cruzué

A Paz do Senhor Jesus Cristo!

É muito bom chegar o sábado, depois de uma semana de bastante trabalho. E esta semana marcou minha volta das férias. De segunda à sexta-feira eu prossegui com meu plano de caminhadas. cinco vezes, da Estação da Luz à Rua São Caetano, Cantareira, Mercado Municipal, 25 de Março até à Praça da Sé. Mais ou menos três quilômetros, aproveitando o tempo, isto é, levantando mais cedo e descendo longe do trabalho. Com este plano, pretendo, durante o inverno, perder um pouco de peso. Aproveitei o assunto para estabelecer uma analogia entre planos pessoais e planos de serviço na obra do Senhor. E se você tem pensado, e ainda não foi adiante, em fazer alguma coisa que tem desejado para glória do nome do Senhor, venha tomar este café comigo, a três, porque Jesus vai estar presente.

Lembro-me de um episódio registrado no Livro "A Cruz e o Punhal", best seller escrito pelo Pastor David Wilkerson, recentemente falecido em um acidente de carro nos Estados Unidos. Ele contou que tinha uma vida pastoral confortável e tempo de sobra para assistir a umas quatro horas de TV, à noite. Então ele estabeleceu um plano: Iria deixar, por uma hora, de assistir Televisão, para se dedicar à oração. Isso: deixar por uma hora a TV para orar. Parece tão pouco, mas foi isso que produziu uma mudança radical em sua vida para sempre. . Aquelas orações deram início ao Desafio Jovem (Teen Challenger) as Casas de Recuperação de pessoas com problemas com drogas. Seu plano estava dentro da vontade de Deus, e foi uma bênção.


Vou escolher um assunto bem parecido na Bíblia Sagrada. Neemias era um judeu expatriado e servia como copeiro do Rei Artaxerxes, da Pérsia. Um dia ele soube que alguns amigos seus tinham voltado de Jerusalém e foi conversar com eles. Foi aqui que ele ouviu que: Jerusalém estava com os muros fendidos, os portões queimados e os judeus que não foram deportados em grande miséria. Aquelas más notícias doeram seu coração. E ele chorou muito ao ouvir aquilo. E no último verso do capítulo 1, mostra que este trecho de oração: Faze prosperar hoje teu servo e dá-lhe graça perante este homem (o Rei). Ele também tinha um plano no seu coração, aquele plano estava e-x-a-t-a-m-e-n-t-e dentro da vontade de Deus.

Causa e consequência.

E por último vou acrescentar algo parecido em minha experiência de vida. Eu sempre gostei muito de evangelizar com literatura. E certa vez, recebi 500 livretos do Evangelho S. João enviados pela Sociedade Bíblica Trinitariana de Londres. Reparti os 500 em três volumes - de 150, 150 e 200 e os levei para distribuição em cadeias de três distritos policiais da Zona Sul de São Paulo. Isso foi em janeiro de 1995. Seis anos depois veio a primeira notícia.

Um presidiário da "P1" de Avaré escreveu-me uma carta e como envelope dobrou uma folha de papel sulfite cor-de-rosa. Naquela carta ele contava que havia uma congregação de 70 detentos naquele lugar. Que eles precisavam de orações, folhetos para evangelizar e algumas Bíblias. E esta carta veio com uma conclusão muito educada. Ela dizia assim: ...Se fosse possível atendê-lo, muito obrigado! E se não fosse possível, obrigado do mesmo jeito. Esta forma humilde de agradecimento levou a traçar um plano, que vingou, prosperou, e me levou a enviar mais de 500 kg de literatura cristã USADA para mais de 30 penitenciárias paulistas, mais de 500 cartas recebidas de pedidos e agradecimentos. E mais uma coisa, comecei bem no tempo mais complicado - no começo de 2001, o ano que explodiram as rebeliões do PCC. De 2001 a 2003 - dois anos e meio coletando e remetendo caixas de Lições de Escola Dominical, usadas, e Bíblias.

E como foi o meu planejamento? Depois de ter enviado a primeira caixa, com 13 quilos, eu me senti compelido a continuar. Era madrugada em abril de 2001. Como não achei o caderno, peguei uma agenda antiga e fui escrevendo nela: Em dois anos queria ter endereços de dirigentes de congregações do cárcere em 50 prisões paulistas. Em dois anos, fiz uma previsão para enviar uma tonelada de literatura usada. Resultado: no final dos dois anos, tinha 50 endereços completos e comunicação com dirigentes de 48 "igrejas do cárcere". Apenas de meu empenho pessoal consegui remeter meia tonelada, mas tem um detalhe: O Jornal "Mensageiro da Paz" divulgou este trabalho. Eu cheguei a receber caixas de literatura usada/nova de estados com o Pará e o Rio Grande do Sul, daqueles que não quiseram fazer a remessa direto às prisões. E disso não tive como conferir a quantidade. Posso dizer sem receio, que era algo da vontade de Deus que veio ao meu coração para fazer - e prosperou porque foi detalhado em um plano.

Deus trabalha com planos.

No post anterior, "A alegria do Senhor é a nossa força", eu escrevi sobre a bênção de estar trabalhando em algo que glorifica o nome do senhor. No tempo e no lugar certos. E quando você está OCUPADO com algo, que vem do coração DEUS, com CERTEZA, a alegria do ESPÍRITO SANTO fica refletida em seu rosto. O Seu rosto brilha e irradia felicidade, mesmo em dias de lutas ciclópicas.

É para conversar sobre isso que convidei "você" para tomar este cafezinho, juntos, na presença de Jesus. Daí, a explicação de "Café com Jesus".

Não sei se você já notou, que dependendo da Igreja, quando você olha para o rosto dos crentes vê aquela multidão de pessoas com os semblantes preocupados, sóbrios, com testas franzidas, sem nenhum traço de felicidade. Eu sei que não é assim na sua Igreja, mas acontece muito disso por aí... E eu preciso falar sobre este assunto, porque passei por eternos onze anos de desemprego e muitas lutas, para sobreviver. O final deles coincidiu com meu envolvimento com a missão de enviar literatura para presídios.

A alegria do Espírito Santo surge em nossa vida quando nós fazemos algo que alegra o SENHOR. Por exemplo: quando aceitamos Jesus, quando nos batizamos. Se dermos ouvidos à voz do Espírito de Deus, esta alegria aumenta e o brilho em nosso rosto permanece. Mas por falta de discernimento e falta de zelo de muitos pastores, você não é incentivado ou cobrado, para encontrar o propósito de Deus para sua vida. Tem o propósito de cada dia, o propósito para um ano, as missões especiais, e um ministério para uma vida toda. Mas tem que ser com CERTEZA. Estar no lugar certo, fazendo a coisa certa e no tempo certo. Lugar, objetivo e ocasião.

Para ficar por aqui: a maioria dos crentes que anda com "cara" de quem chupou limão ultimamente tem duas explicações: ou eles preferem a zona de conforto de não se envolverem com nada - e por isso vão mesmo perder o brilho do Espírito Santo, ou eles não têm pastores para ensiná-los e cobrá-los de envolvimento.

Sem agradar o Senhor, você vai perder o brilho do rosto, porque o Espírito Santo quer agitar seu coração, tinir os seus ouvidos, para trabalhar em coisas que honrem e glorifiquem o nome do Senhor. Se isto não é feito, ele se entristece em você. E um dia vai embora e deixa para trás um rosto triste, sem brilho e sem graça. Aí, você não mais vai poder dizer "A Alegria do Senhor é a minha força."

Faça planos para agradar o Senhor. Quem sabe hoje de madrugada você vai se sentar à mesa, pegar um caderno e escrever algumas linhas para ações nos próximos meses? Se os olhos do Senhor nesse momento se voltarem para você e contemplar isso, você não imagina do que Deus é capaz.

Foi assim que Deus me ensinou. E foi fazendo assim que o Senhor deu-me vitória depois de onze anos de desemprego - estando na idade dos 50. Quero terminar este café, orando com você.

Senhor Jesus Cristo, aí está meu irmão do outro lado dessa mesa. O Senhor conhece cada dia seu, cada luta e cada necessidade. Se ele estiver triste e sobrecarregado com pesada luta, da mesma forma que o Senhor cuidou de mim, cuida dele, Senhor. Mostre ainda hoje, ou nesta semana, algo que vai depender dele para fazer. Para que ele conheça os detalhes e possa planejar ações que levem o teu amor, Senhor, aos mais necessitados que ele. Amém.


Em Cristo,


Irmão João Cruzué



Se você gostou deste texto, ele é consequência deste outro: A alegria do Senhor é a nossa força



cruzue@gmail.com
















segunda-feira, agosto 05, 2013

Por que Deus permite a depressão?

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Vale da Morte - Califórnia


"Faze-me saber os teus caminhos Senhor; ensina-me as tuas veredas.
Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação; 
por ti estou esperando todo dia" Salmo 25: 4-5.




João Cruzué  


Um fato é inegável: nós cristãos não estamos livres da crise nem da depressão. Elas podem atingir a todos, crentes e descrentes, sem distinção. Já tenho escrito algumas vezes sobre isso, porque eu estive lá, foram 11 longos anos de desemprego, onde o pão de cada dia da minha casa foi diminuindo, diminuindo, até quase secar. Apesar ser graduado, falar duas línguas, ter trabalhado com estrangeiros por mais de dez anos, quando a porta se fechou, parece que alguém jogou a chave fora. Eu fiquei sozinho. 

O conteúdo deste texto não vai ser técnico. Não vou dissertar sobre os "n" passos para vencer a depressão. Vou, sim,  dar meu testemunho de como passei por ela e que lição tirei dessa experiência muito difícil, para compartilhar com você - que está lendo isso agora e precisa ouvir uma palavra de Deus.

Sem rodeios. Deus permite que passemos alguns dias (ou anos) no vale da depressão porque tem um propósito especial em nossa vida. Para encontrar este caminho e conhecer este propósito temos um problema: nós mesmos. Somos por demais vaidosos, nossa vontade costuma prevalecer sobre a vontade de Deus, nossa oração é pouca, nossa zona de conforto, esplêndida e nossos planos, humanos. Com tantos cuidados desta vida, perdemos o foco e nos desgarramos do caminho da vontade de Deus - o nosso SENHOR.

De repente, eu comecei a enviar currículos. Diquei desempregado em 31.07.1992. O ano de 1992 se passou e nada de uma porta de emprego aberta. Veio 1993, continuei enviando currículos. Sem nada à vista, apesar de ser contador graduado, profissional competente para fazer balanços em português e inglês, lá fui eu para o sítio. Fui plantar tomates. Preços ruins, 800 km longe de casa. Longe da família, uma senhora luta. Não deu prejuízos, ganhei o suficiente para alguns meses. Veio 1994; refiz e enviei outros currículos. Nada!

Em 1994. Se de um lado os ventos da luta financeira sopravam trazendo a secura do deserto, na vida espiritual as coisas não estavam no mesmo plano. Comecei a dirigir minha primeira congregação, cooperando com o saudoso pastor Luiz Vicente Branco. Foram 67 meses cuidando da congregação da Assembleia de Deus do Parque Santo Antonio. Sim, sessenta e sete, porque eu não sairia com "66". A Igreja não percebia tanto a luta que passávamos, pois os cultos eram muito bons. As festas de Círculo de Oração e de grupo de Crianças, maravilhosas.

Em 1995, meus pais nos emprestaram uma quantia para o início de um comércio. A recessão pós-Collor estava só começando e não sabíamos. Prejuízo de 30 mil reais. Nossa filha mais velha, estava em colégio particular. Tiramos. Nossos móveis de quarto, sala e cozinha, todos velhos, nós deixamos. Nossa linha de telefone fixo, que valia na época R$5.200,00, nós a vendemos para pagar dívidas. Nosso carrinho velho, um Chevette Hatch ano 80, sem licenciamento desde 1992. Bebia um litro de óleo por semana. Em 1996, durante cinco meses do ano não tínhamos como fazer compras no supermercado. Foi neste ano que, certo dia, voltei para casa com meio quilo de café. Eu orei, dei graças, e aprendi o valor das pequenas coisas.

Por algum tempo busquei ouvir uma palavra do Senhor para mim nas casas de três irmãs "profetas", como não havia resposta à vista, fiquei dependendo apenas das minhas orações e das orações dos mais íntimos. Quando o dinheiro falta, nós orávamos. Invariavelmente, minha mãe ou minha cunhada se comunicavam conosco. Deus falava com elas, e elas nos socorriam.

Em 1997, nós não tínhamos dinheiro para pagar as últimas prestações da nossa casa. Era o 15º ano. O último. O Bradesco contratara um escritório de cobrança e fizemos um acordo para pagar os atrasados. Não pudemos honrar o compromisso ajustado. Se não fora a ajuda de uma amiga de minha esposa, nossa casa tinha ido para Leilão. Já tínhamos recebido o aviso. Esta irmã, tirou seu dinheiro da poupança e nos entregou faltando um ou dois dias para o prazo fatal. Aqui, Deus cumpriu sua promessa que está escrita no salmo 23 - Senhor é meu Pastor, e as coisa básicas para a sobrevivência da minha casa Ele não deixará faltar.

A luta não diminuiu. O pão continuava escasso. Em agosto de 2000, eu precisei pedir licença ao Pastor Luiz para cuidar de assuntos familiares. Minha mãe estava precisando de cuidados, e minha família também. Não tínhamos nenhuma porta aberta e eu tive que me "virar". Enquanto atendia a minha mãe, me dediquei ao plantio de um hectare de mandiocas. Veio a seca e levou 1/3 do que havia nascido. Replantei e aguei por 45 dias. A chuva veio e com ela as ervas daninhas, mais altas que os pés de mandioca. Eu chorei. Mas em duas semanas tudo ficou limpo. Tempos de chuva, muito barro, e uma nuvem de mosquitinhos pólvora picando as duas orelhas. A seca e o mato ficaram para trás. O mandiocal cresceu tanto e era tão verde que parecia a "Floresta Amazônica." Meu pastor havia me dado um versículo, que dizia que Deus estava comigo. E estava. Vendi mandiocas por quase dois anos. Foram mais de 50 toneladas.

No começo de 2001, eu acabara de voltar da limpeza das ervas daninhas do mandiocal. Não preciso nem dizer que todo ano, eu continuava enviando currículos, fazendo alguns bicos como contador, com muito pouco resultado. Mas aí, eu entrei na reta final dos onze anos de muitas lutas e aflições financeiras. Ainda faltavam dois anos para os dias no vale terminarem. Não estava mais dirigindo congregação. Também não era mais preciso ficar olhando os pés de mandioca crescerem. Era ano novo e eu estava sozinho em casa. Em São Paulo. A família estava com meu sogro, em outro estado. E foi exatamente na primeira semana de janeiro de 2001 que eu recebi uma carta de um presidiário crente da Penitenciária I de Avaré.

Era o primeiro retorno em seis anos, de alguns folhetos que distribui para ser entregues aos presos dos três distritos policiais próximos de minha casa. Eu estava começando a acertar o caminho da vontade de Deus para mim.

Sim, eu estava deprimido. Desconheço alguém que fique desempregado por nove anos seguidos, que não esteja abalado em todas as áreas de sua vida. E estes abalos vêm principalmente da frustração de querer, mas não poder trazer o pão para dentro de casa. Não me esquecendo de mencionar as palavras ruins que nos momentos de grande angústia, nossos familiares e vizinhos valam. Você já foi chamado de lixo? Você já perdeu toda moral diante da família, por ser um imprestável? Você já foi para uma entrevista suando, tremendo e sabendo que vai ser mais uma portada na "cara"? Sim eu me especializei nestas coisas. Podem não ser as mesmas pelas quais você passa, mas elas produzem as mesmas feridas.

Embora todos me aconselhassem do contrário, o Espírito Santo me convenceu de uma maneira que eu comecei a ajuntar literatura evangélica usada. Depois eu as embalava em caixas de 13 ou 18 ou 23 kg. E as mandava para os presídios onde conhecia os dirigentes das "igrejinhas" do cárcere. Todos tinham medo, mas o Espírito me disse no início: "Lança o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos dias o acharás." Eu mandava as caixas depois de cheias pelo correio, e pelo sistema de encomenda normal. Para conhecer os nomes de presos que lideravam os grupos que eram as Igrejas dentro dos presídios, eu escrevia cartas sociais. A primeira caixa com 13,600 kg seguiu para a PI de Avaré com 150 revistas usadas de Escola Dominical e uns 16 Bíblias. Durante dois anos e meio eu continuei firme nesta missão. Eu orei e planejei descobrir o nome de presos dirigentes de congregações em 50 cárceres em dois anos. Fiquei a duas congregações desta meta. Foram mais de 500 kg de revistas e bíblias para cerca de 30 penitenciárias diferentes, a maioria no Interior paulista. Escrevia muitas cartas de aconselhamentos. Quase tantas quantos foram os currículos que enviei.

Eu comecei no ministério de literatura para presos no mesmo período que explodiram as 29 rebeliões do PCC no Estado de São Paulo. Eu recebi minha primeira carta de preso em janeiro. Em 18 de fevereiro de 2001, as rebeliões vieram. A primeira caixa de literatura seguiu em março do mesmo ano. A assistência religiosa nos presídios do Interior paulista cessou por causa das rebeliões. Era muito arriscado. As autoridades fecharam as portas. E Deus me preparou para atender com literatura neste tempo.

Se eu estivesse na minha vida confortável e próspera dos anos 80, eu jamais teria coragem de recolher literatura para presos. Meu próprio pastor me avisou que aquele trabalho não iria me dar nenhuma projeção ministerial. Eu continuei, porque sentiu a alegria do Espírito em mim. E se não fora esta ocupação, o gelo que levei dos colegas de ministério depois que saí de licença da congregação que dirigia para atender minha mãe, minha fé não teria sobrevivido. Deus me ocupou nisso para dar alguma relevância para uma pessoa que se sentia exatamente um lixo.

Na Estrada de Itapecerica tem um CDD - Centro de Distribuição Domiciliar dos Correios. Ali, durante dois anos e meio eu postei centenas de cartas de aconselhamento e comunicação com presos crentes. Ao lado deste CDD tem o Hospital Municipal do Campo Limpo. E Deus olhou para mim, e quando eu estava indo para o terceiro ano de ministério com literatura usada para presos, Deus me abriu a porta para trabalhar como contador em regime de emergência. Depois veio o concurso e eu passei em primeiro lugar. Contador concursado. Fiquei ali até o início deste ano - 2009. Pertinho da minha casa. Ia a pé. Depois de seis anos naquele lugar, fui trabalhar no Centro. E a Prefeitura de São Paulo gostou do meu trabalho, e convidou-me (três vezes) para fazer parte do time de contadores da Secretaria de Finanças. Fui aprovado em três entrevistas. A última, com o próprio Secretário. E ele me deu a boas vindas à nova Casa.

E o que tem o Salmo 25 com tudo isto?

A partir do momento que eu percebi que o desemprego começou a ficar longo, eu invadi o meu coração. E procurei em todos os cantinhos onde estava o pecado que me impedia de orar e ser ouvido por Deus. E eu tomei a "vassoura" do concerto e comecei a varrer e a perguntar: Senhor onde está esse pecado, para que eu possa confessá-lo e me endireitar diante de Ti? Ele nunca me falou. Só muitos anos depois eu entendi o seu propósito. Foi a partir desses 11 anos de deserta que eu aprendi que o Senhor é o meu SENHOR. Ele manda em mim, e eu obedeço. Ele tinha um segredo para me dizer, mas eu não tinha tempo nem ouvidos. Mas um dia, nove anos depois, quando eu abri a primeira carta de um preso e vi que tinha o mesmo carimbo que eu havia perdido há seis anos, eu percebi que Deus estava falando comigo. E quando eu entendi o espaço de tempo que aquela carta representava, os pelos dos meus braços deram glória a Deus, meu coração se encolheu e eu ouvi uma voz dentro do meu espírito que dizia: "Lança o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos dias o acharás"

E por dois anos e meio eu lancei o pão. Fiz o que Deus queria que eu fizesse. E fiz com paixão. Quando eu chegava em alguma congregação ou na reunião dos obreiros, os crentes olhavam para o meu rosto e se lembravam das literaturas dos presos. Até hoje ainda me dão revistas para o cárcere.

O tempo de chorar terminou em 14 de julho de 2003. De lá para cá, nestes últimos seis anos, minha família e eu temos sido muito abençoados. A cada ano, as bênçãos aumentam. Mas eu não me alegro tanto por elas, mas por saber que a presença do Senhor está conosco. Que ele me mostrou um caminho mais excelente. Ele me corrigiu e mostrou que havia um serviço especial que era de minha responsabilidade fazê-lo. E como recordação me deixou mais de 500 cartas do cárcere.

Por que Deus permite a crise, a depressão ou um duro quebrantamento em nossa vida?

Eu entendi que ele queria que eu o chamasse de Pai. Que sua vontade era diferente da minha. Que para me mostrar o caminho era preciso 11 anos de desemprego e outros abalos. Que ele estava cuidando para que tivesse raízes mais profundas, para alicerce das grandes bênçãos e pelas outras maiores que Ele me dará. É no vale que se aprofundam as raízes. Hoje eu olho para aqueles anos e dou graças a Deus por eles. Eles não me aniquilaram, senão me tornaram mais humilde, servil, e apaixonado pelo serviço dele.

Não tomei nenhum calmante, nem qualquer medicamento para vencer a depressão. Usei uma receita que funcionou muito bem comigo e vai funcionar com você. Eu fazia longas caminhadas. Todo dia. E durante as caminhadas eu orava. O exercício físico resolve os problemas de ordem física. A oração vai até o trono da Graça de Deus. Do possível você cuida, e Deus cuida do impossível. Você somente vai conseguir arrancar a tristeza cotidiana com exercícios e oração. É no campo espiritual que você renova suas forças, quando fala com Deus, quando pede ajuda, quando chora nos ouvidos dele. Ele não vai interferir nem tirar você do deserto enquanto não for o tempo. A companhia dele você vai ter. Saiba disso, agradeça por isso, e se alegre pela resposta, pois cada dia no vale também significa menos um dia para a sua virada.

Não vá sair por aí ajuntando literatura para presos como eu ajuntei. Enquanto não ouvir a voz de Deus claramente em sua alma não arrisque em coisas incertas. Enquanto não souber o ministério especial que Deus, porventura, queira que você trabalhe, cuide normalmente de sua fé indo e participando das atividades da casa do Senhor onde você congrega.

Desejo, sinceramente, que seus dias no vale não sejam de forma alguma tão longos quanto o meu. E para terminar vou repetir: Quando Deus permite que um Cristão passe por períodos difíceis, com certeza é para que fique preparado para bênçãos maiores e ministérios maiores.

Quem diria que daquela atividade de escrever cartas para presos, Deus me ensinaria escrever um blog que hoje recebe mais de 1.000 leitores em média por dia? Pense nisto. Foi uma mudança e tanto.



"Qual é o homem que teme a Deus?
Ele o ensinará no caminho que deve escolher. 
O segredo do Senhor é para os que o temem; 
e Ele lhes fará saber o seu concerto."
Salmo 25: 12 e 14.
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