quinta-feira, dezembro 06, 2012
sábado, dezembro 01, 2012
UD 3191 UMA CRÔNICA DA FIDELIDADE DE DEUS
Chevette Hatch 80 |
Por João Cruzué
UD 3191
era a placa, amarela, de nosso segundo carro, um Chevette Hatch cinza
80, comprado em 1987 por Cz$4.100.000,00 e vendido em 2002 por R$200,00. Se você estiver passando por um período muito difícil e quiser ouvir a voz de Deus, sem ser pretensioso, peço que leia este testemunho. Tenho certeza que ele vai fortalecer seu coração até o dia da chegada da sua bênçao. Os protagonistas desta história foram minha esposa e eu.
Em 1987 ela vendia bordados. Bordados de Ibitinga, uma cidade do interior paulista, próxima de Araraquara; famosa pelas colchas, toalhas, lençóis e todo tipo de bordados. Ela orou por um carro, pois desejava vender de porta em porta.
Alguns dias depois procurando... Achamos um Chevette Hatch usado, prateado, lindo, pelo preço Cz$4.100.000,00. Havia tantos zeros na moeda que não mais me recordo se eram milhões cruzados ou cruzados novos. Uma época em que o ex-presidente José Sarney começava seu discurso assim: "Brasileiras e Brasileiros..." E quando ele fazia discurso na TV, todo mundo saía correndo para os postos porque o preço da gasolina ia aumentar.
De agosto de 1992 a julho de 2003, por onze longos anos, eu fiquei desempregado. Nesse tempo, minha casa e eu passamos por muitas provações e privações. Atrás de trabalho, devo ter enviado mais de 800 currículos e participado de uma meia dúzia de entrevistas cujo resultado eram sempre portas fechadas. Daí, procuramos nos virar das mais diversas e possíveis maneiras, à medida que alguma oportunidade ia aparecendo. Três anos depois, em 1995, abrimos um armarinho (em tempo errado) que depois não deu certo. Trinta mil reais foi o prejuízo. Voltei para o sítio de meus pais. Plantei tomates, Plantei mandiocas, andei em carroceria de caminhão, bati pedra no Ceasa... sempre evitando a ociosidade.
Depois da fase dos "bordados", ajudei minha esposa a levar pessoas em excursões "bate e volta" para o Paraguai. Depois ganhamos nosso pão ornamentando eventos. Fui vendedor de planos de saúde da Unimed Paulistana, atividade que o Senhor preparou para fazer de mim uma pessoa mais otimista. Eram muitas aflições, e também muitas orações.
De volta ao Chevette.
Minha esposa aprendeu ornamentação para eventos e muitas vezes fomos com noso Chevette na "Feira de Flores" que acontece nas madrugadas das terças e sextas-feiras no Ceasa de São Paulo, às duas da madrugada. Ao dobrar o banco traseiro, cabe um mundo de flores em um Chevette Hatch. Rosas vermelhas: "dalas" e "vegas"; rosas champangne: "oceânias" e "versilhas". Crisântemos: "margarida" e "polar". Lisiantos brancos e lilazes. Tuyas, maços de gipsófila, paulistinhas, smylacs, heras, tangos, flores do campo, caixas de espuma florais, orquídeas, lírios para buquês, cestas, argila. Ufa!
De 1992 até 2002, nosso carro não foi licenciado. Isto mesmo, durante dez anos! Com as finanças sempre lá embaixo... lembro-me bem do dia que orei ao Senhor: "Pai, eu preciso de ajuda. Nosso dinheiro dá suprir apenas nossas necessidades básicas. Licença de carro agora é luxo. Gostaria que o Senhor cuidasse deste aspecto para nós e o dinheiro do licenciamento vai nos fazer falta em outra despesa.
E Deus foi fiel.
Nunca fomos abordados em nenhuma blitz, em idas e vindas para levar nossas filhas, todo dia, para suas escolas. Plínio Negrão na Bragança Paulista e Luiz Arrobas Martins na R. Visconde de Taunay - em Santo Amaro. Também íamos aos cultos da Igreja. E ao Largo do Cambuci de vez em quando para comprar roupas na Granata, para revender. Enquanto o modelo das placas dos carros já eram brancas de três letras a do nosso Chevete ainda era amarela.
Um dia, precisando ir na Vila dos Remédios para buscar um arcoenorme de ornamentação eu orei. "Senhor, a Vila dos Remédios é muito longe, fica prá da entrada da Castelo. Nosso carro ainda está com essas placas amarelas... e eu preciso pedir uma bênção. Quero ir e voltar em paz e sem cruzar com guardas. À noite eu darei um oferta de agradecimento. E fui buscar o tal arco lá na Rua Bem-te-vi.
Passando pela Avenida João Dias, depois da ponte parei para abastecer. Adiante, antes do HSBC, dobrei à direita na Rua Gilbratar para pegar a Marginal de Pinheiros. Sabe quem estava bem depois da esquina? Um guarda de trânsito. Voltar eu não podia; correr não ia dar certo. Então eu vi um motorista parado junto ao guarda. Tive uma idéia. Também parei ao lado do guarda e perguntei: Seu guarda, como faço para pegar a Marginal? E ele, muito prestativo ensinou: vai em frente, dobra para a direita depois esquerda,...faça assim e assim. E foi desse jeito, que passei com um carro velho, de placas amarelas diante do guarda. Não estou me gabando de esperteza, mas testemunhando que Deus é fiel e responde orações.
Fui à Vila dos Remédios. Trouxe o arco, as duas colunas de ornamentação, enormes.. dentro daquele Chevette. Não sei como, mas coube. Voltei em paz, feliz da vida e cumpri meu voto, uma singela oferta de gratidão na Igreja. Deus não precisava do meu dinheiro, mas aprovou minha liberalidade.
O Chevette foi se deteriorando à medida que a "grana" ficava ainda mais curta. A ferrugem foi aumentando e comendo tudo. Era viciado em óleo. Toda semana bebia um litro de óleo grosso. Tornei-me um mecânico razoável. Sabia trocar velas, pastilhas de freio, sangrias, esquentar vela encharcada de óleo no fogão... mecânica era por minha conta. O carro piorou tanto que depois de cedrto tempo pedaço de ripa de madeira ocupou o lugar da máquina de vidro da porta do motorista.
O escapamento eram ruim. Quando minha esposa saía da garagem acelerando aquela "bagaça," o ronco era ensurdecedor. Em 1994 fomos cuidar de nossa primeira congregação - a Assembléia de Deus do Parque Santo Antônio. Nosso carro era o mais feio de todos. Eu cheguei a ouvir um comentário de um ex-supervisor da Igreja que era possível saber quem está chegando à Igreja só pelo barulho do carro. Ele com certeza estava falando de nosso carro, que tinha um ronco inconfundível.
E nós continuávamos esperando com paciência pelas bênçãos que "nunca" chegavam. Infelizmente, de vez em quando também ouvíamos pregações que nos cotovelavam quanto ao testemunho de certos crentes que nunca saíam de baixo das lutas.
Eu não gosto de dizer isto, mas se era o diabo que nos oprimia, ele não gostava de nosso carro. Pasme! O velho chevette caindo aos pedaços foi roubado. Isso mesmo roubado! E achado, uma semana depois na calçada da subida da curva da Figueira Grande, na Estrada do M'Boi Mirim. E passou mais uma semana. Como ninguém mexeu no carro, nem puseram fogo nele, fomos lá, pusemos gasolina, repusemos a bateria, e ainda por quase um ano, aquele carro nos serviu para buscar flores do Ceasa e carregando os equipamentos de decoração.
Eu estive caminhando nessa curva em 2009 e aquele montinho de concreto onde o diferencial do Chevette ficou preso - ainda está lá. Sete anos! Isto me fez lembrar como Deus é fiel. E por fim, um sitiante comprou aquela "relíquia" por R$200,00. Ele queria dar cem reais, mas minha esposa bateu e pé, e disse que por menos de 200 ele não saía.
Em julho de 2003, depois de onze anos sem emprego, o Senhor nos deu uma oportunidade de ser contador num grande Hospital público do Município de São Paulo. Depois veio o concurso e passei. Seis anos depois eu estava de mudança para a Secretaria de Finanças do Município de São Paulo. Fiz entrevista e passei, com nada mais nada menos que o Secretário de Finanças do Município de São Paulo, Dr. Valter Aluísio de Moraes. Mas não fui para a SF. No mesmo mês recebi um telegrama do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Sim senhor! Concurso feito em dezembro de 2005. Quase quatro anos depois a mão de Deus me buscou para um empregaço. Idade? 53 anos!
Anote aí as placas de nossos últimos carros - todos 0k:
Celta GM 2004 - DMJ 8496.
Corsa GM Classic 2006 - DSM 9976.
Logam Renault 2008- EEL 6258.
Livina da Nissan 2010- EQZ 3684
Livina prata |
Mas foi através daquele Chevette Hatch 80 que Senhor
nos provou e preparou para nós as bênçãos dos anos seguintes. Se não aprendermos a ser
agradecidos nas pequenas bênçãos, creio que não saberemos ser gratos pelas grandes. E da mesma forma que estou aqui dando meu testemunho, dias virão que você também vai voltar aqui para contar o seu.
Ao Senhor Jesus toda glória!
Ao Senhor Jesus toda glória!
Se este testemunho conseguiu falar com você, não agradeça a mim. Embora eu não seja tão humilde quanto deveria, sei muito bem que foi o Senhor que fez isto, e é coisa marivilhosa aos nossos olhos. Irmão João.
Marcadores:
Chevette Hatch,
Cronicas,
Fidelidade de Deus,
Joao Cruzue
Assinar:
Postagens (Atom)