quarta-feira, maio 16, 2012

Para que servem os dias de tribulação

.João Cruzué

Para que servem os dias de angústia e desassossego que nos sobrevêm com a força de uma tempestade e nos fazem chorar, soluçar, sofrer e desesperar...? Diante deles nós paramos e perguntamos: Por que o Senhor permite tempos tão difíceis? Olhando para trás, hoje eu posso ver que Deus prepara consoladores em meio às tribulações, para consolar outros com as mesmas consolações maravilhosamente descritas no primeiro capítulo da segunda carta de Paulo aos Coríntios.

Os dias de tribulação
não são de forma alguma agradáveis. Eles são permitidos por Deus para nosso crescimento como pessoas e como cristãos. Somos tentados a levar uma vida sem compromisso, pouco compromisso ou satisfeitos com os objetivos que temos. Deus, por outro lado, tem plano, missões especiais para cada um de nós. Sem tribulações, talvez, não cheguemos ao belvedere de onde podemos avistar ao longe os propósitos dele.

Quando me lembro dos anos de prejuízoS e tribulações passados eu não mais me sinto deprimido, mas agradecido e, não raro, meus olhos molham de gratidão. É pura realidade que as Igrejas onde congregamos e servimos nos serviram de telhados de vidro. Críticos. Em tempos ruins a Igreja tem defeitos que crescem aos nossos olhos. Nos sentimos pequenos e abandonados pelos irmãos. Coisa parecida sentiu Jesus no Getsêmane. A mesma solidão e a sensação de desamparo. A missão de Jesus era redimir e reconciliar homens e mulheres distanciados com o Criador. Nós nem sempre sabemos para onde vamos e qual é o grande propósito de Deus para nossas vidas.

É durante a tribulação que os espinhos nos ferem, que as humilhações nos dobram o pescoço e podemos contemplar a poeira e o chão. Debaixo desse temporal as sementes enterradas mais profundamente vêm aflorar à superfície. É nesse tempo que nós costumamos conversar mais com Deus. Perdemos a timidez. Até chamar nosso Deus de Paizinho. Aba Pai. Lembrei-me disso ao reaver de memória aquela carta de uma senhora judia mandou aos filhos, a poucos dias da deportação para os campos de concentração da Polônia. "Filho" não se esqueça de orar ao nosso Paizinho...

Deus é especialista
em trabalhar com sementes. Sementes de salvação, sementes de sonhos, sementes de missões. É mais cômodo e menos doloroso deixar os talentos nos seus lugares. Enterrados. Quietos. Assim eles não nos perturbam. Não exigem concertos nem compromissos. E dessa forma desejamos prosseguir sem grandes ou pequenas responsabilidades até o fim.

Mas o nome do Senhor é glorificado diante dos homens pela vida de cada um de nós, que chega ao conhecimento e ao compromisso de amor por Ele. Miremos no testemunho de Moisés. Aos 40, ele sabia do chamado de Deus. Aos 80, ele não mais se importava. Quarenta anos de deserto, ao seu ver, tinham liquidado de vez com o sonho de libertar Israel. Um sonho que fazia parte do passado. Mas não eram assim os pensamentos de Deus. Era presente e futuro. E a contragosto, lá se foi Moisés pelo caminho de volta para o Egito. E de lá saiu vitorioso. Com muitos outros aconteceu a mesma coisa.

É no tempo da tribulação que os olhos de Deus estão mais perto. É também no mesmo tempo que deixamos de lado nossa auto-suficiência para abri a boca para orar. Reclamar, chorar, lamentar. Não gostamos de nos humilhar. Não gostamos de depender apenas de Deus. Como meninos minados não queremos mudar nossas idiossincrasias e aceitar o jugo do Senhor. Mas isso não é o que precisamos. Nossos dias ocultos na penumbra da inércia abrigam uma tristeza atrás de nossos olhos. Podemos até ter tudo. Menos a alegria verdadeira da presença do Espírito. E não tempos por que? Porque estamos distanciados da vontade dele.

E quando reavemos nossos antigos compromissos, e subjugamos nossa vontade perante o Senhor, podemos não ter nada, mas se o Espírito de Deus se move em nós, somos as pessoas mais felizes da terra. O que vale é estar perto do Senhor. Todavia, o Senhor não nos quer ver sem nada. Ele quer que saibamos que nos ama, espera que Ele seja o nosso maior tesouro. Deseja que estejamos prontos para vir. E para ir. Importa que sua presença esteja conosco.

No tempo
da angústia é tempo de conversar com o travesseiro. De contar as estrelas do céu. De perguntar ao Senhor por sonhos e visões. Nosso cotidiano muita das vezes nos faz perder o foco. E os espinhos das preocupações dessa vida sufocam as flores das espigas. É por isso que Deus permite na minha e na sua vida as tribulações e o clima do deserto. Assim como escreveu salmista experiente "Como o servo brama pela corrente das águas, a minha alma suspira por ti, ó Deus! É nas tribulações que nossa alma chega a maior sede pelo socorro de Deus.

Deus não se esquece de nossos sonhos, nem do seu propósito para nossa vida. Se você estiver passando pelo vale da sombra da morte, não se desespere, nem se atemorize. O Senhor não estará longe. Saiba que os dias tormentosos vão passar. Que a presença do Senhor se fará mais constante em sua vida. E então já consolado de seus dias de aflições você vai orar, e vai derramar suas lágrimas diante do Senhor. Não de reclamações nem de lamentos, mas de gratidão de filho, de filha, que encontrou o caminho da presença cotidiana do Senhor.

Aleluia!

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"Muitas vezes não conhecemos nosso coração, nem percebemos quão falso, tortuoso e rebelde ele é. Queremos obedecer à vontade de Deus, mas não percebemos que nos recessos mais íntimos de nosso coração, estamos cheios de opinião própria."
(Watchman Nee)

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segunda-feira, maio 14, 2012

A Igreja cristã e o casamento homossexual

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Barack Obama e o Pastor Rick Warrem



João Cruzué

Tenho acompanhado a movimentação das peças de xadrez das eleições majoritárias  americanas de novembro próximo. Enquanto no Brasil os evangélicos peitaram as propostas antibíblicas e foram bem-sucedidos com Lula e Dilma, quem está sendo cortejado pelo presidente Obama nos Estados Unidos é o movimento gay. Isto mostra que o deus dos políticos não é YHWH, mas o poder.

A grande Igreja cristã que revolucionou o mundo com a moral bíblica, depois de dois milênios, tem se mostrado débil, perdendo espaço em todo mundo até para o movimento homossexual. O casamento gay é hoje uma realidade em ascensão em todos os países chamados cristãos, e no Brasil, inclusive, é só uma questão de tempo.

Não sou um "cara" pessimista. Lido com  fatos e com a realidade.  Na posse de Obama em 2009, os pastores Rick Warrem e Joseph Lowery foram convidados para celebrar a liturgia religiosa cujo ápice foi a oração da bênção da posse. O sagrado e o político. Quase quatro anos depois, Obama provoca a ira dos cristãos, dizendo-se favorável ao casamento gay para agradar, com base em pesquisas, a 52% dos americanos.
Curiosidades. Enquanto George W. Wood, superintendente das Assembleias de Deus americana, se manifestou publicamente contrário à opinião do presidente através de comunicado formal, Kelly Boggs - um colunista da imprensa Batista americana apenas comentou a contradição entre opinião pública (favorável) e resultados de referenduns populares (desfavoráveis) à união civil de pessoas do mesmo sexo.

Faço a seguinte análise: Será que o presidente não sabia da reação dos líderes das Igrejas cristãs americanas? É claro que sabia, mas algum conselheiro da sua campanha levou em conta que os homossexuais americanos são quase 25% da população. 

A mesma decisão foi feita nas eleições presidenciais de 2008 no Brasil, só que os quase 25%  da população daqui - que decidiriam a vitória de Dilma Roussef - eram os evangélicos.

 A grande nação evangélica americana, infelizmente está caída diante de Deus. 

E na raiz deste fato uma verdade não pode ser negada: Os escândalos de prostituição de pastores e pedofilia de padres foram solapando a cada década o depósito moral da Igreja. Se no Brasil de hoje os evangélicos são a força que decide nas urnas os mandatos de presidentes, governadores e prefeitos, nos Estados Unidos esta força não está na Igreja. E não está por que suas lideranças perderam a força moral tal como Sansão depois que ficou sem os cabelos. Com a perda do respeito diante dos membros por deslizes vários, os cristãos americanos relativizaram as verdades Bíblicas e racionalizaram a constituição de uma família.

A Igreja evangélica brasileira caminha na mesma direção.

Diante dos assuntos que interessam aos crentes, as lideranças das Igrejas estão indiferentes. Vivem em um mundo de faz de contas. Igreja de faz de contas. Seus maiores expoentes: Bispo Macedo, Apóstolo Valdemiro, Estevam Hernandes, Missionário R. R. Soares não dão um pio sobre casamento gay. Minha impressão é que estão encantados pelos feijões milagrosos que os levaram ao palácio do gigante onde há uma gansa que põe ovos de ouro. Diante disso os membros das Igrejas estão ficando decepcionados. Frustrados. 

O que era tão combatido como pecado há décadas, hoje já foi tudo racionalizado - não faz mal! Os pecados bombásticos de prostituição é só uma questão de tempo. A relativização dessas prostituições de líderes entre seus pares também é um fenômeno que vai ser copiado dos pastores americanos. 

Com a credibilidade lá embaixo e os crentes se sentindo como otários, não me admira nem um pouco que o casamento gay é - infelizmente - uma realidade a ser esperada nos próximos anos.  Quando Paulo escreveu a Timóteo: "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus..." não estava desconsiderando os novos "emergentes" à testa das Igrejas brasileiras, encantados com riquezas e poder político secular.

Se no dia de amanhã o pastor de uma grande denominação for obrigado, por força de  lei, a celebrar um casamento gay dentro da sua  Igreja (e isso já acontece na Suécia e no Canadá) não me venha colocar toda culpa na secularização dos crentes. Uma frase do Pastor Martin Luther King resume bem a omissão destes pastores: "Nossas vidas começam a perder o sentido, no dia em que ficarmos calados diante de coisas que importam".

E como estão ficando  calados perante a  opinião pública (excluindo os de sempre) no tempo emque se deve falar, quando o momento conveniente chegar, os inimigos da família heterossexual não hesitarão nem se manterão indiferentes.  Não é assim que eu desejo, mas os fatos apontam para uma realidade global.  Escrevi esta crítica porque ainda creio em mudanças e no avivamento da Igreja - conforme está escrito em  II Crônicas 7:14.

Samuel diante do Sacerdote Eli























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