segunda-feira, maio 17, 2010

O olhar de Jesus

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Ator Robert Powell - Filme Jesus de Nazareth (1977)

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"Eu sou a luz do mundo; quem me segue

não andará em trevas, mas terá a luz da vida."

João 8:12
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João Cruzué

É notável a diferença entre o olhar de Jesus e a visão dos homens. Nascidos em pecado estes se habituam desde cedo ao pessimismo, a desconfiança. Ajustam o foco sobre as fraquezas, defeitos, explorando o lado mesquinho das pessoas. Jesus Cristo, a expressão viva do amor de Deus não segue este padrão, quando miramos em sua maneira de olhar, folheando as páginas do Evangelho.

Quando Jesus viu Simão pela primeira vez não criticou suas fraquezas, nem profetizou que seria um um discípulo tímido, para não dizer covarde. Em lugar de uma taquara ( significado do nome Simão) Cristo viu uma rocha - Cefas. É assim que Deus nos vê. Ele não aponta o dedo para nossas fraquezas para que murchemos e desanimemos. O olhar de Jesus procura por aquilo que há de bom em nosso interior, ainda que seja uma partícula do bem em um milhão de defeitos.

Quando Jesus viu o baixinho Zaqueu no alto da figueira, não zombou dele perante a multidão. Poderia ter dito: Eis aí, o chefe dos coletores de impostos mais corrupto de nossa nação. Ele não fez isto. Era assim que todos diriam. Jesus olhava com amor. Foi por isso que disse: Zaqueu, desce depressa, pois hoje vou jantar em tua casa". Foi com apenas um olhar e algumas palavras que produziram a grande mudança na vida do chefe dos publicanos de Jericó.

Quando Jesus viu o coxo junto ao Tanque de Bestesda, ele não viu um aleijado. Ele viu um homem que depois de 38 anos doente ainda esperava pela cura. Todos viam um coxo, mas Cristo enxergava um homem de pé, levando embora um leito sobre as costas.

Quando Jesus olhou para a mulher adúltera diante daquele grupo de apedrejadores, ele não viu uma prostituta, mas uma jovem que precisava apenas de uma oportunidade para se levantar e nunca mais pecar.

Quando Jesus mandou retirar a pedra do túmulo de Lázaro, ele não enxergava um cadáver mal-cheiroso, mas via um amigo caminhando diante de uma família de pessoas críticas.

Jesus vê uma rocha enquanto todos veem só uma taquara. Jesus vê um convertido sincero enquanto todos enxergam um fiscal corrupto sem possibilidades de recuperação. Jesus vê um homem correndo e saltando, enquanto os conhecidos o enxergam como um coxo inútil e teimoso. Jesus não atira pedras em quem está caído. Jesus enxerga vida, onde todos já desistiram ou taparam o nariz por causa do mau cheiro.

Essa fixação em procurar os defeitos e descobrir os erros das pessoas para depois dizer para todo mundo. Esta ânsia de difamar, de derribar para produzir no criticado um sentimento de pequenez, de frustração, de desânimo revela, na verdade, algo interessante sobre a pessoa do crítico. Mostra sua necessidade premente de manipular as faltas alheias para dispersar o foco sobre si. Usa a crítica como capa para cobrir a própria nudez. Era porisso que o diabo só enxergava maldade no caráter do patriarca Jó.

Em tempos em que é tão fácil descer a "lenha" na vida de nossos irmãos, não custa perguntar: de que maneira estamos vendo a vida de nossos irmãos? Se apenas conseguirmos enxergar defeitos, e nada mais que isto, tempos um problema grave problema de miopia espiritual.

O olhar de Jesus é misericordioso. Ele procura em nós coisas boas para apreciar. Se se nossas virtudes resumissem a uma única gota d'água em um copo vazio, Ele voltaria seus olhos para ela e diria: Me alegra que isto esteja em teu coração. Este é o olhar de Jesus.




A parábola do filho mais velho.

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A volta do Filho Pródigo

João Cruzué

Eis o texto da Parábola que tem por título: A Parábola do Filho Pródigo, quando na verdade o objetivo do texto era uma crítica bem formulada contra o pensamento farisaico, que desprezava Jesus, porque ele conversava e comia com os publicanos - a "gentalha" da sua época.

"E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou, e não queria entrar.

E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

E o Pai lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se." (Lucas 15: 25-32).


O texto da Parábola começa com a ação do filho mais novo que cobrou sua herança antes da morte do pai, para torrá-la com bebedices, falsos amigos e meretrizes. Este filho volta, e é recebido com alegria pelo pai, que para expressar seu contentamento mandou chamar todos da casa e deu uma grande festa com "churrasco" e música e danças.

O filho mais velho, era o contraste em pessoa. Quando soube do regresso do irmão, e da festa preparada pelo pai, irritou-se ao ponto de se recusar a entrar para abraçar o irmão. Era um apologeta dos bons costumes. Cobrou coerência do pai: um tratamento duro e exemplar para aquele irmã devasso, dissipador dos bens paternos.

Foi com esta analogia que Jesus criticou o comportamento dos fariseus, autoridades religiosas do seu tempo. Eles passavam muito tempo dentro da casa de Deus, mas Deus não estava dentro de seus corações. Eram frios, não conheciam a verdadeira face de Deus. Uma face de misericórdia, que oferecia uma nova oportunidade aos pecadores. O amor como forma de produzir gratidão e garantir o perdão.

O filho mais velho reclamou que em todo aquele tempo nunca tinha recebido um festa, nem celebrado com um "churrasco". Não recebeu, porque tinha uma imagem muito diferente da pessoa de seu pai. Achava que tinha um pai austero e mesquinho. Um pai que castigava o erro das pessoas, que a todo momento lançava em seus rostos a falha cometida.

Ele estava muito enganado.

Preocupado com o trabalho, não tinha tempo para conversar com seu Pai. Por isso não via que seu "velho" todo dia caminhava até os limites de suas terras para ver se o filho caçula estava voltando. O filho mais velho nunca percebeu isso. Não sabia que tinha um pai generoso, disposto a perdoar, esperançoso da volta do filho.

E no dia que o pródigo voltou, o primogênito voltava do trabalho, quando ouviu um barulho de música e o cheiro de "churrasco". Ao saber do que se tratava, não quis entrar e festejar.

O filho mais velho é o tipo de crente que trabalha dedicadamente nas Igrejas hoje. Prestam um serviço de excelência há muitos anos, mas é pura formalidade. Em seus corações são críticos ácidos. São perfeitos em serviço, mas mesquinhos interiormente.

Estão todos os dias dentro da casa do Pai, mas o Espírito Santo não está mais dentro de seus corações. Porque a boca fala da abundância que há no coração. Um coração predominantemente crítico espelho a ausência do Espírito. E sem o Espírito não há misericórdia. E perante os olhos do Senhor a misericórdia prevalece sobre o fundamentalismo farisaico.

O filho primogênito queria ver seu irmão pelas costas. Aliás, se fosse por ele, o irmão somente botaria os pés dentro de casa na condição de jornaleiro.

E com esta crítica sutil na forma de uma parábola, Jesus Cristo mostrou aos fariseus, e mais tarde aos judeus, que o amor de Deus transcende à justiça dos homens. Que para Deus o arrependimento de um pecador é motivo de festa entre os anjos do céu, porque Deus não enviou seu Filho ao mundo para chamar os justos ao arrependimento, mas para anunciar aos pecadores uma nova oportunidade de per
dão - O Ano aceitável do Senhor.