sábado, outubro 10, 2009

Uma escada para Jacó


Jacob's Ladder
João Cruzué

O testemunho de vida de Jacó é mesmo fascinante. Em nosso tempo ele é (indiretamente) mais conhecido como um malandro trapaceiro. Corrente de pensamento da qual não faço parte. Jacó é um personagem bíblico firme, obediente, que falhou e teve uma grande queda. Depois se levantou, tomou juízo e cresceu na comunhão com Deus. Um grande exemplo para adolescentes, jovens e cristãos adultos de nossos dias.

Quando a tentação vem, nosso adversário não escolhe qualquer área de nossa vida para seu ataque. Com a experiência de milhares de anos em derrubar homens e mulheres, ele arma o seu laço fulminante não exatamente sobre às fraquezas do caráter de cada um, mas onde está nossa maior força.

Jacó casou-se velho. Por volta dos 76 anos. Podemos dizer, com isso, que a maior virtude de seu caráter era a paciência. Eis os fatos. Quando foi levado à presença de Faraó tinha 130 anos. Seu filho José estava com quase 39 anos de idade reencontrou o pai. Isto significa que Jacó tinha cerca de 91 anos quando José nascera. E, considerando que José nascera ao final dos 14 anos de serviço gratuitos prestados ao sogro Labão, podemos afirmar que Jacó se manteve puro até 76 anos, aguardando a direção de Deus. Isto significa que a paciência era a maior virtude de Jacó. Esaú, o irmão gêmeo, era bem diferente. Aos 40 anos já estava amasiado com duas mulheres heteias.

Jacó continuava solteiro, pacientemente, esperando no Senhor. E eis que em apenas um dia ele quase pôs tudo a perder. Aconselhado pela mãe, usurpou a bênção da primogenitura de Esaú. Mentiu por três vezes e enganou o velho Isaque. Isso era plano de Deus? Não! Seria muita tolice imaginar que, no ato da bênção de primogenitura, a vontade de Deus precisasse de um empurrãozinho. Certamente, quando Isaque fosse pronunciar a bênção, o Espírito de Deus não iria se enganar, uma vez que Esaú estava caído da graça.

Jacó perdeu a paciência, mentiu e enganou. Com isso permitiu que uma porta se abrisse ao inimigo. Se não tivesse recuperado sua comunhão com Deus, Jacó não ira suportar a opressão do inimigo pelos próximos vinte anos, até o reencontro com Esaú. O que estava em jogo não era apenas a família de Jacó, mas os 12 pilares da nação de Israel. O diabo deveria saber disso.

Outros personagens Bíblicos também caíram quando tentados no ponto de suas maiores forças. Onde Abraão caiu? Ele foi tentado em sua fé. Quando Deus lhe prometeu um herdeiro, não acreditou. Deu mais ouvidos à voz de Sara do que a JEOVÁ. Ismael foi o fruto da sua incredulidade.

Moisés foi criado em toda ciência do Egito, jovem poderoso em palavras e obras. Admite-se que Moisés era entendido na arte da guerra. Se a estratégia de guerra era o seu forte, foi nela que foi derrubado. Pensou em conquistar a libertação de seus irmãos hebreus pela força das armas, mas sua estratégia falhou. Deus tinha outros planos. A libertação não seria pela força das armas, mas por prodígios, quebras de sofismas, e pragas devastadoras e milagres.

O apóstolo Pedro tinha a coragem como seu ponto mais forte. Confiava tanto em si mesmo a ponto de afirmar que estava pronto para seguir Jesus à prisão e até à morte. Jurou que nunca o negaria. Pedro não resistiu nem mesmo à pergunta de uma simples criada.

A força de Saulo de
Tarso estava na teologia. Passou anos e anos estudando com os melhores mestres. Entre eles, Gamaliel, o mais sábio dos rabinos de sua época. Paulo falhou. O teólogo instruído em todo o conhecimento para ensinar a Lei e discernir a voz de Deus, falhou. Havia lógica na sua teologia, mas estava distanciada dos propósitos de Deus. A letra mata, o Espírito vivifica. Paulo usou a lei para matar Estevão e outros cristãos.

E o que dizer do Rei Davi e de seu filho, o Rei Salomão? Davi aparece na Bíblia como um moço trabalhador, inimigo do ócio. Mas bastou um dia de ócio, para que o diabo o derrubasse por terra e perturbasse a sua família pelo resto da vida. E de que serviu toda a sabedoria do Rei Salomão? Mesmo com tanto conhecimento, não soube governar a si próprio e tornou-se um idolatra ao agradar mulheres e concubinas.

Que paradoxo mais perturbador. Por que podemos ser derrubados pela tentação do diabo no atributo mais forte de nosso caráter? Posso responder a isso usando a palavra de Deus: É para que nenhuma carne possa se gloriar diante de Deus; e porque o diabo tem uma vasta experiência em derrubar os homens acumulada em milhares de anos.

Se conseguimos ficar de pé, é pela graça. Pela graça de Deus. Paulo sabia disso quando escreveu: " E [o Senhor] disse-me:" A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. "De boa vontade, pois, me gloriarei em minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, por amor de Cristo. Porque, quando eu sou fraco, então, sou forte" 2 Coríntios 12:9 -10. Ô glória!

E lá estava Jacó a caminho de Padã-Arã. Sozinho. Longe de casa. Dormindo no relento. Idade: 75 anos. Com a roupa do corpo e uma pedra por travesseiro. Jacó estava em crise. Sua consciência estava conturbada pelos acontecimentos recentes: mentira ao pai e furtara a bênção da primogenitura do irmão. Jacó se sentia sozinho e sozinho.

O que pode significar a visão daquela escada? A Bíblia não faz nenhuma menção aos sentimentos de Jacó diante da escada. Ele estava angustiado. No confronto com a solidão ele começou a orar. Para mim a visão da escada significava uma oportunidade. Oportunidade de recuperar e crescer na comunhão com Deus. A mão do Senhor estendida a um Jacó caído, deitado na poeira do chão. Ele que esperara pacientemente pela bênção de Deus por 76 anos, sem nenhum vacilo. O sonho o fez despertar. E despertado ele orou: Na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia.

Jacó tomou a pedra que lhe serviu de travesseiro, e a colocou sobre uma coluna de pedras. Derramou azeite sobre ela; e chamou aquele lugar Betel - a Casa de Deus. E ali fez um voto: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem, e me der pão para comer, vestes para vestir e preparar o caminho de volta para a casa de meu pai, o Senhor será o meu Deus. De toda riqueza que me deres, certamente te darei o dízimo.

Jacó nunca mais tocou no assunto da escada, mas daquele dia em diante a presença do Senhor nunca mais o abandonou nem ele tornou a mentir para ninguém.

Esta mensagem é para você que está sozinho. Sozinho porque pecou. Falhou com Deus. Falhou com a família. Nesta crise de solidão você já se cansou de ir à frente de púlpitos para receber oração. Uma oração que mudasse, que apagasse o passado, as marcas vivas no seu coração. Ou quem sabe, faz anos que você passa bem longe de uma Igreja porque se decepcionou com homens. e mulheres. Sua crise de solidão, de vazio, pode ser diagnosticada como um sentimento de abandono. Mas Deus não o(a) abandonou. Seus sentimentos, sim, podem estar sendo manipulados, fermentados pelo adversário.

Aproveite também a mesma oportunidade de Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão. Se você nunca falhou com Deus, não se desespere e fique atento. Você quer um conselho? Você quer ouvir uma palavra de Deus? Então escute isso: Os anjos subindo na escada que leva da terra ao céu estão ali para levar suas orações até o trono da graça de Deus. E os que estão descendo vêm com as respostas, com as vitórias que Cristo conquistou e serão entregues nas mãos daqueles que oram. A escada que vai da terra ao céu é Jesus Cristo, o caminho, a verdade e a vida.

Faça um concerto com Deus agora, confesse ao Senhor Jesus, nosso advogado, onde foi que você falhou. Não fique em casa depois disso. Se você já é um crente em Jesus, volte a frequentar os cultos da sua Igreja. Se ainda não aceitou Jesus, vá ainda esta semana a uma Igreja Evangélica e aceite Jesus como aquele que vai governar a sua vida. O Senhor da sua Vida. Assuma um compromisso de fidelidade com o Senhor.

E eu posso dizer para "você": ainda que não tenha nada, nem uma pedra para travesseiro, eu sei que o Senhor é fiel e aos poucos vai colocar "você" por cima. Em uma altura que você nunca sonhou. Ande na presença do Senhor e Ele vai cuidar de você, da mesma maneira que cuidou de Jacó.


Blog Olhar Cristão


Se você gostou deste blog, ore por mim.

cruzue@gmail.com


.

O diálogo entre adolescentes e seus pais

Photobucket

João Cruzué

Como pai, posso dizer algumas palavras para facilitar o diálogo entre “teens” x pais porque sei que a razão não está em um dos lados da questão. Minha filha e eu convivemos com as mesmas dificuldades. Na idade dela, meus defeitos são maiores que minhas virtudes – talvez nem virtude eu tenha e pelo meu olhar, também não é muito diferente. Com isso quero dizer que minha casa deve ser o espelho de milhares de outros lares onde há adolescentes incompreendidos filhos de pais rabugentos.

Se eu dissesse que sou um pai perfeito, compreensivo, paciente, o Prêmio Nobel da virtude cristã, estaria usando de grande hipocrisia. Mas é difícil expressar e aconselhar dentro da própria casa, ainda mais que o aprendizado de hoje (ou de sempre) é acumulado mais por tentativas pessoais que por audição de conselhos. Um fato é indiscutível eu amo minha filha e tenho certeza que ela também me ama.

Um pai do 3º milênio sabe que sem um poderoso foco na educação, o sustento, a independência, a situação econômica de um adolescente hoje – um adulto no dia de amanhã - pode estar em desvantagem em relação a outros adolescentes mais comprometidos com o estudo. Neste ponto, posso errar na ânsia de querer acertar. Explico: posso matar os sonhos de um adolescente com a dura realidade, e sonhar é um atributo importante, para o trabalhar de Deus. Sonhar de mais e estudar de menos é um extremo do assunto e estudar de mais e sonhar de menos, o outro extremo a ser evitado.

Como trabalhar neste diálogo? Bom, podemos emitir sinais para a melhoria do relacionamento. Uma barra de chocolate é uma boa atitude para mostrar uma abertura, e uma pergunta sobre carreira ou estudos o quanto basta para um pai “dissertar” por uma meia hora seguida! A importância do diálogo pode ser explicada de uma forma bem concreta. Quando você usa apenas um lado do fone de ouvido, a música fica desagradável. A música só fica perfeita quando os dois ouvidos trabalham em conjunto.

Existem pais que não gostam de filhos? Aqui está uma resposta que tenho meditado nela há um bom tempo. Nem os pais nem os filhos adolescentes se detestam em qualquer momento. Minha interpretação é que as atitudes de uns e de outros é que são detestadas. Como pai amo minha filha, como filha eu sei que ela me ama – mas nossas atitudes e idiossincrasias é que são os motivos de nossa intolerância.

Um adolescente com caráter firme é um bom sinal de liderança. Pior seria se fosse uma pessoa com um espírito não-voluntário, que para se mover precisa de ordens para qualquer coisa. Um pai rabugento (como eu) pode mudar da água para o vinho pela ousadia em conversar sobre determinado assunto. E voltar a conversar, e se não der certo, voltar outra vez. É assim que Deus recomenda: insistir sem confrontar.

O que é o confronto? É uma forma de matar o diálogo por uma posição radical e inamovível. A pessoa não se move um centímetro de sua posição não está exercitando positivamente para dialogar.. No que diz respeito ao pecado e racionalização temos mesmo que ser inflexíveis. Mas se a questão é de outra natureza, é vantajoso buscar o diálogo, porque enquanto a dificuldade está a nossa frente, ela pode ser comparada com um obstáculo, com um muro. Mas depois de vencida a dificuldade, o muro passa a nos proteger e se torna uma segurança nossa.

Vale a pena trabalhar pelo diálogo? Vale. Se você conseguir dialogar com seus pais com desenvoltura, também conseguirá dialogar com colegas na escola, no trabalho, em qualquer tempo de sua vida, em qualquer lugar e com qualquer pessoa. Nossa casa é o nosso melhor laboratório.


Leia também:

1. Carta para uma adolescente

2. O que desejam os adolescentes

3. Adolescentes - verdades sobre o sexo


.