domingo, março 15, 2009

Pastor Itamar Fernandes - Missões em Moçambique

Joao Cruzué

Em 1998 o pastor Itamar Fernandes, da Igreja Assembléia de Deus em Feira de Santana, então com 35 anos, arrumou as malas e junto com a esposa e três filhos foram cumprir o sublime chamado de Jesus para pregar o evangelho em terras moçambicanas. O tempo passou, mas sua paixão pelas almas dos moçambicanos continuou. Hoje 11 anos depois, o Pastor Itamar e sua família trabalham firme na liderança da Missão PIEIA desenvolvendo muitos projetos com boas perspectivas. Pastor Itamar é casado com a Irmã Alda Fernandes, e juntos têm três filhos: Brunno - 22, Thayane – 20 e Thaymires – 15 anos. A Igreja Assembléia de Deus em Feira de Santana, pastoreada pelo Pr. Joezer Santana, é responsável pelo sustento da família do missionário em Moçambique.


Olhar Cristão - Como se converteu a Cristo, e como foi sua chamada missionária?
Pastor Itamar - Eu nasci em um lar cristão e quando tinha 10 anos de idade tive um sonho que eu estava em uma aldeia. Passaram-se os anos e um dia eu estava em uma aldeia africana e Deus me abriu os olhos e disse - Veja ai o que eu te mostrei quando tinhas 10 anos. Ai eu tive certeza que estava no lugar de Deus. Agora estamos completando 11 anos aqui em Moçambique.

Qual é sua cosmovisão sobre o Moçambique atual, nos aspectos social, político e espiritual?

Quanto ao aspecto social nos últimos anos depois da guerra que durou 16 anos, o país tem crescido consideravelmente a uma taxa de 7% ao ano. Podemos ver esse desenvolvimento no comércio, na área tecnológica, na cultura, educação, na saúde e na mentalidade das pessoas que têm a sua auto-estima renovada.

Na política, o país caminha para um mono-partidarismo esmagando violentamente as forças políticas da oposição. Mas por outro lado, a abertura democrática não para, o país está, apesar de passos lentos, caminhando para uma democracia madura e definitiva. Falar em guerra civil aqui é motivo de piada e risadas, graças a Deus.

No aspecto espiritual, como em todos os países africanos, o ocultismo alinhado a uma cultura rígida e resistente à mudanças formam uma barreira de oposição às igrejas evangélicas e missões. O cristianismo nominal atrapalha em muito a verdadeira Igreja e o verdadeiro Evangelho do senhor Jesus. A falta de visão missionária das igrejas enviadoras que estão principalmente no ocidente, faz com que muitos missionários voltem para casa por falta de sustento. Outros ficam sem condições financeiras de trabalhar, enquanto que o processo deficitário de envio de missionários permite que muitos venham ao campo sem sem nenhum preparo, e portanto, sem condições de desenvolver um trabalho sério - servindo apenas de objeto de zombaria. Costumamos brincar e dizer que o missionário come um leão por dia, isso porque temos um problema sério todos os dias para resolver. Ontem mesmo roubaram nossa única moto que nos foi doada por um irmão no Brasil. Só pra vocês terem uma ideia, na minha família já aconteceram 72 malárias, eu já estive a beira da morte por 3 vezes, meu filho já esteve em coma por causa da malaria, e minha filha já deitou sem nenhuma esperança de viver porque há muitos dias não comia, porém em tudo isso Deus nos deu vitórias tremendas.

Como foi parar em Moçambique?

Minha vinda a Moçambique foi interessante. Eu estava servindo a Deus como copastor e vice-presidente da igreja AD em Feira de Santana na Bahia, na época eu dirigia o culto de libertação e numa dessas noites Deus levantou um vaso que disse que eu iria ser enviado a um lugar muito distante dali e que ele iria mudar meu ministério. Alguns dias depois Deus me desafiou a dar todo o meu salário para obra missionária que estava sendo desenvolvida na Rússia e eu obedeci a Deus dando todo meu salário durante um tempo. Imediatamente fui a escola de missões e um ano depois estava chegando a uma aldeia africana aqui em Moçambique.Onze anos já se passaram; eu que pensei que voltaria um ano depois, agora já nem sei quando vou voltar.


Fale sobre a Missão PIEIA?

O objetivo da Missão PIEIA - Projeto Internacional para Evangelização do Interior da África é essencialmente plantar Igrejas em aldeias de solo africano, mas Deus também nos deu outros ministérios:

1- Projeto PAI-(projeto de amparo infantil) - alimentamos com a palavra de deus e com pão material cerca de 250 crianças diariamente.
2- Projeto Filemon- evangelização das presídios. Temos 150 novos-convertidos estudando a palavra de deus semanalmente
3- CASE - evangelização das feiras livres
4- Igrejas nas aldeias - são 117 igrejas nas aldeias
5- Radio - deus nos deu uma radio 100% evangélica que evangeliza mais de 600 mil pessoas diariamente. Além de outros projetos.

Como tem sido a aceitação do povo evangélico em Moçambique, e que autonomia a Igreja tem para fazer cultos, construir templos... existe Lei de Religião?

Não percebemos nenhuma rejeição visivelmente. Na cidade e fácil as pessoas se decidirem por Jesus, porem o difícil esse manterem na igreja. O mesmo acontece nas aldeias, principalmente por causa da força da cultura que e muito resistente e fixa.

A dificuldade reside no registro legal da denominação, porque o Governo exige que a igreja tenha no mínimo 500 membros ,e esta exigência e válida até mesmo para as aldeias mais distantes, e o Governo mantém controle de suas leis em todo o território nacional não importando se é na cidade ou no interior. Uma vez que a denominação esteja legal, ela pode abrir representações em qualquer parte do país sem nenhuma perseguição governamental, porém no Norte do país existe sim uma forte resistência do povo muçulmano.

O Governo estabeleceu uma direção chamada Assuntos Religiosos que trata de toda a questão religiosa, inclusive recebimento, permanência e expulsão de missionários. É bom citar que em Moçambique não se compra terreno, ele é doado pelo Estado, e a facilidade de liberação para construir templos depende da boa vontade e da estrutura administrativa de cada localidade. Moçambique é um país regido por uma constituição democrática, fora isso temos as leis tradicionais que mudam de região para região.

Seu trabalho em Moçambique fica em que província ou estado? É ligado a Assembléia de Deus em Feira de Santana?

A Missão PIEIA tem registro nacional podendo operar em todo Moçambique. Neste momento já alcançamos quatro províncias e temos representação em mais dois países vizinhos. Estas representações são consideradas campos missionários da nossa igreja-sede. Em Moçambique temos mais de uma centena de igrejas espalhadas pelas aldeias.

Nossa Missão apesar de ser fundada por um missionário enviado e mantido até hoje pela Igreja de Feira de Santana, é uma missão inter-denominacional na sua totalidade. Recebemos ajuda de qualquer denominação, recebemos missionários de qualquer denominação e cooperamos aqui no com igrejas de qualquer denominação evangélica. A igreja de Feira de Santana é a igreja mantenedora da nossa família e nos somos seus missionários, porem a Missão é um órgão, como disse antes, inter-denominacional de tal forma que a responsabilidade de Feira de Santana é apenas em manter seus missionários que desenvolvem funções na Missão PIEIA, porem a manutenção dela vem de pessoas e igrejas amigas, não sendo assim de responsabilidade da Igreja Assembléia de Deus de Feira de Santana.


Pr. Itamar Fernandes

email: mpinternacional@hotmail.com
Tel. 00xx258.825678109 - Moçambique – África

Plante sua semente missionária:
BRADESCO AGENCIA 239-9 C/CORRENTE 49700-2 - Itamar Fernandes.



Visite o site: Missões PIEIA

Referências: Pr. Joezer Santana – AD Feira de Santana - joezer@bol.com.br


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Aborto - o Caso Alagoinha e as posições da Igreja Católica

EFE
Menina grávida de gêmeos aos 09 anos

João Cruzué

Em 27 de fevereiro/09 o Conselho Tutelar de Alagoinha-PE assumiu um caso de uma menina de nove anos, 33kg, 1,36m, grávida de gêmeos depois de ter sido estuprada pelo padrasto, por mais de três anos . O caso evoluiu para uma recomendação de aborto clínico, o que atraiu a atenção e a pressão da Igreja Católica. O que não se imaginava era a tamanha proporção que o Caso de Alagoinha viria a se tornar. Sua evolução foi tão rumorosa que a fumaça atingiu o a imprensa mundial e as portas do Vaticano.

O pároco de Alagoinha, Padre Edson Rodrigues, resumiu com riqueza de detalhes o acompanhamento do caso e as ações da ICR em sua carta à imprensa publicada na primeira semana de março. À medida que o desfecho evoluia para um aborto clínico com amparo legal, o Pe. Edson e o bispo da Diocese de Pesqueira, Dom Francisco Biasin, encaminharam a batata quente para as mãos do arcebispo Metropolitano de Olinda, Dom José Cardoso.

Mas o caso fugiu ao controle da Igreja Católica local quando o Arcebispo de Olinda anunciou à imprensa a posição da Igreja: a excomunhão da mãe da menina e da equipe médica por causa do aborto. A sociedade não gostou principalmente ao ficar claro que o estuprador, no caso o padrasto, não seria excomungado. A temperatura ficou ainda mais quente quando o Presidente Lula se manifestou sobre o assunto e houve réplica do arcebispo Cardoso. Por causa desses fatos o Caso Alagoinha repercutiu na imprensa mundial e bateu às portas do Vaticano.

Com receio de aumentar ainda mais o distanciamento que vem se estabelecendo entre a sociedade cristã e as posições religiosas da Igreja Católica o Vaticano publicou uma
"nova interpretação" (política) para o caso, assinada pelo Monsenhor Rino Fisichella - Presidente da Academia Pontifícia para a Vida. Na opinião de M. Fisichela o anúncio da excomunhão por parte do arcebispo de Olinda, D. Jose Cardoso Sobrinho, colocou em risco a credibilidade da Igreja Católica.

Na avaliação de M. Rino Fisichella, o arcebispo de Recife e Olinda, José Cardoso Sobrinho, se apressou e deveria primeiro ter se preocupado com a menina. "O caso só ganhou as páginas dos jornais porque o arcebispo de Olinda e Recife se apressou excomungar os médicos que fizeram o aborto clínico. Uma história de violência que, infelizmente, teria passado despercebida se não fosse pelo alvoroço e pelas reações provocadas pelo gesto de dom José Cardoso.

"Como agir nesses casos? É uma decisão difícil para os médicos e para a própria lei moral. Não é possível dar parecer negativo sem considerar que a escolha de salvar uma vida, sabendo que se coloca em risco uma outra, nunca é fácil. Ninguém chega a uma decisão dessas facilmente, é injusto e ofensivo somente pensar nisso" - racionalizou M. Fisichella.

"Era mais urgente salvaguardar a vida inocente e trazê-la para um nível de humanidade, coisa em que nós, homens de igreja, devemos ser mestres. Assim não foi e infelizmente a credibilidade de nosso ensinamento está em risco, pois parece insensível e sem misericórdia", continuou o Monsenhor.

Dom Rino Fisichella ainda opinou que, levando em conta a idade e às precárias condições de saúde, a menina corria sério risco de morte por causa da gravidez. E justifica que os médicos, neste caso, merecem respeito profissional."

O
Vaticano desautorizou as declarações de excomunhão de Dom José Cardoso e as primeiras posições da CNBB porque eram "imprudentes." Dom Fisichella sabe que dependendo da forma que um caso atinge a opinião pública, a parte ofendida na ânsia de defender uum direito pode se tornar o agressor. O Vaticano fez a Igreja Católica brasileira mudar o discurso no Caso Alagoinha porque sua credibilidade foi atingida, principalmente quando Dom José Cardoso declarou excomungados a mãe da criança e a equipe médica, mas não excomungou o padrasto pedófilo que estuprou duas crianças por mais de três anos.

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