sexta-feira, maio 16, 2008

O voto dos evangélicos americanos

"A DANÇA DO VOTO EVANGÉLICO"
Tradução: João Cruzué
Christine Wicker

A direita religiosa americana está mais uma vez confundindo propositalmente a imprensa e o público com um brilhante truque de mágica. Ela está distraindo-nos com a idéia de que se transformou em uma força mais gentil, amável, esperando que, enquanto estamos ponderando sobre esta "feliz" mudança, esqueçamos sua verdadeira mudança de posição.

O que realmente está acontecendo é que a direita religiosa não controla a grande percentagem de eleitores evangélicos que ela garantia ter. Esses evangélicos votaram com essa direita religiosa por algum tempo, mas nunca formaram um bloco político
sólido na hora de votar. Nesta eleição eles são o fiel da balança.

A direita não-religiosa e o voto evangélico do fiel da balança são de três a cinco vezes mais numerosos que os evangélicos que pisam na linha política da direita religiosa.

Quem diz isto?

Os próprios evangélicos. Só 20% dos evangélicos dizem que estão entre a direita religiosa, segundo a revista evangélica mais conceituada do país, “Christianity Today”. Outras pesquisas mostram que a grande maioria dos evangélicos nem mesmo sabe quem são seus representantes, que a imprensa sempre procura em busca de opinião. Diante de uma lista de nomes, eles encolhem os ombros e respondem: Não fazemos a mínima idéia de quem seja esse cara”.

Estes não são dados estatísticos novos. São as estatísticas ignoradas.

Setenta a 80 por cento das pessoas que os pesquisadores classificam como o evangélicos não crêem de forma igual, não se comportam da mesma forma, e nesta eleição, eles não estão seguindo o voto da direita religiosa. Estes evangélicos são muito parecidos com o americano médio. Eles gostam que seus líderes acreditem em Deus, orem por orientação divina, e que sejam boas pessoas. Eles incomodam-se com o aborto, mas não querem que fazer dele um crime. Eles não estão prontos para o casamento gay, mas não estão xingando ninguém de abominação aos olhos de Deus. A discriminação de qualquer espécie não cai bem entre eles.

Eles são culturalmente conservadores mas não tão reacionários, senão simplesmente cautelosos. Atuam como uma âncora em tempos de tempestade para um país que é agitado de todos os modos por mudanças. Às vezes, eles votam com os Republicanos. Outras vezes para os Democratas.

Os líderes da direita religiosa, por outro lado, querem ainda que seu Deus seja o único Deus permitido em público, em todo lugar, todo o tempo. Eles se opõem a legalização do aborto e direitos gays tão ferozmente como nunca. Eles ainda querem que a educação sexual seja apenas pela abstinência. Eles ainda se opõem aos serviços de proteção infantil, ao ensino da evolução [Darwin], odeiam a legislação sobre crimes, a distribuição de preservativo para combater a AIDS ...e a lista continua. Nada mudou.

Os líderes da direita religiosa simplesmente deslocaram a atenção pública acrescentando questões mais palatáveis. O meio-ambiente e os pobres.

É um bom truque.

Os jornalistas, muitos dos quais pensam como nascidos de novo e pegadores de cobras, estão bem entre seus pares, nunca observaram bastante que dois grupos de evangélicos tão diferentes existem. Os repórteres muitas vezes foram atrás do caráter extravagante e de citações ultrajantes mas não houve interesse nas histórias para o resto dos evangélicos, a maior parte deles.

Pessoas eruditas que se incomodam achando que John McCain perderá o voto da direita religiosa ainda não entenderam o quadro. John McCain não tem nenhum rival quanto ao voto da direita religiosa. Boa parte daqueles eleitores está convencida de que Obama é um candidato muçulmano enrustido, que Hillary Clinton é o Anti-cristo de terninho. Considerando tais sentimentos, McCain não precisa cortejá-la. Ele simplesmente tem que manter aqueles 5 a 8 por cento da população acordada e alarmada o bastante pqra que eles não fiquem [no dia das eleições] em casa.

Somente esses 5 a 8 por cento. Os outros 17 a 20 por cento dos americanos que se chamam evangélicos estão por demais ocupados abrindo bocas de burros com alicate para dar uma examinada nos dentes. Os Democratas têm este voto se se lembrarem de ser moderadamente pios - como eles estão sendo - e principalmente, se mostrando preocupados com questões triviais: saúde, emprego, energia.

Quanto à guerra, ninguém sabe muito o que fazer com ela. Ninguém quer pensar nisso. Ela pode ser seguramente ignorado por enquanto.

Os líderes da direita religiosa pararam de falar sobre as suas questões principais - publicamente, pelo menos - somente porque temem ser expostos por aquilo que eles são. Negociantes de ódio. Isto não os incomoda. Anti-cristãos. Que não os incomoda também.

O que eles temem é ser expostos como a pequena minoria de evangélicos que eles de fato são.

Esta é a importante história da direita religiosa americana deste ano. Por enquanto, a imprensa está se esquecendo dela".

Fonte: Blog Huffingtonpost.com

Tradução: João Cruzué.
SP -16/05/2008

Christine Wicker é autora do livro “Queda da Nação Evangélica: a Surpreendente Crise dentro da Igreja" e uma antiga repórter sobre religião do jornal Notícias da Manhã de Dallas. Salva em uma igreja Batista do Sul aos nove anos de idade, ela vem de uma família de seis gerações de evangélicos. Seu avô materno foi pregador Batista itinerante e seu avô paterno trabalhou nas minas de carvão do Kentucky e crente da Igreja Batista do lava-pés. O endereço de seu blog é www.christinewicker.com.


O formigueiro gospel

UMA PARÁBOLA ATUAL

formigueiro jovem

Não deixe de ler: as mensagens de João Cruzué

JOÃO CRUZUÉ - 06.02.2007

Certa jovem formiga era muito ardorosa em suas convicções cristãs. Ela trabalhava, fazia faculdade e nos finais de semana, além de cuidar das tarefas caseiras, se envolvia com mil atividades na sua Igreja. Era feliz e entusiasmada. A alegria do Senhor era sua força e Sua Igreja o lugar mais amado entre todos.

Sábado, pela manhã, cuidava das roupas. À tarde, freqüentava reunião de professores de Escola Dominical, participava dos ensaios da mocidade, às vezes tinha visitas a fazer com a mocidade em festas de outras congregações. Aos domingos, havia os ensaios da banda, com a formação clássica de seu tempo: duas guitarras, baixo e bateria. Por se envolver tanto com as atividades da Igreja, orou a Senhor, certa feita, para que tudo que ouvisse nas aulas da Universidade ficasse bem gravado e com pouco tempo extra de estudos, fosse o suficiente para tirar boas notas.

E Deus ouviu aquela oração.

As lideranças das Igrejas do seu tempo eram pastores sóbrios, rígidos na disciplina, bons de oração e levavam uma vida simples. Era possível visitá-los e até mesmo tomar um cafezinho em suas casas. A ênfase das pregações era centrada em Cristo. Ganhar almas, andar em santidade, buscar o batismo com o Espírito Santo, ser fiel e missões. Os missionários e pregadores ungidos eram ouvidos com atenção por uma Igreja que às vezes se esquecia até mesmo de se assentar, por tal encanto com a Palavra de Deus.

Aquela formiga, igual a tantas outras, trabalhava para Deus junto a sua Congregação. Ele recompensou seus esforços mostrando-lhe a jovem que foi sua noiva e depois, Esposa. Ainda a abençoou com uma casa, um bom trabalho, carro e duas lindas filhas. Seus pais, a princípio, odiaram que ela se tornasse um crente. Perseguiram-na. Humilharam. Mas depois de 12 anos, também se converteram. Em cada conversão, um detalhe: a formiga estava muito ocupada em ganhar almas montando grupos de evangelização em dezenas de Igrejas, realizando congressos. Um deles pagou 90% da despesa do próprio bolso. Em troca, o Senhor salvou os pais dela nas mesmas semanas daqueles eventos.

Passou-se o tempo. Ela deixou sua guitarra; foi se envolvendo cada vez mais com evangelismo. Foi fincando velha. Vieram 11 anos de grandes dificuldades financeiras. Foi lhe dado a oportunidade de cuidar de uma congregação. Cuidou dela por seis anos. Orava muito, pois era difícil cuidar do povo. Sua esposa e filhas eram seus dois braços. Sua família amava trabalhar para o Senhor; a filha mais velha era um bênção ajudando com o grupo infantil, e a mais nova foi presenteada pelo Senhor com unção no cantar.

O pastor que cuidava dela, era um ancião português que carregava nas costas a tudo e a todos em orações freqüentes, constantes, pelas madrugadas. Homem de Deus. Dois anos antes de falecer, nas festividades dos 90 anos da Igreja, uma pomba branca veio voando pelo ginásio, sozinha, e entre a grande multidão, escolheu o ombro dele para pousar. Deus honrou seu ministério! Bom exemplo.
.Avareza

Muitas outras Igrejas - formigueiros - surgiram. A pregação do evangelho adquiriu novas formas e antigas heresias. Cristo saiu do centro. Não abria o bolso dos pecadores. Em seu lugar, colocaram as necessidades humanas. O pensamento farisaico antigo voltou com força: "Se você não é próspero, das duas uma: ou sua igreja é fraca ou você tem pecado não confessado. Todo cristão deve ser próspero e isso é o sinal da aprovação de Deus".

Os grandes "formigueiros" agora tinham outros interesses. Homens pios, não mais serviam para pastorear. Tudo agora era planejado, orçado, comparado, metas financeiras; a prata tornou-se a meta principal por detrás das cortinas. O peso foi trocado - a unção cedeu lugar a um canudo de teologia. A separação pelo canudo. O Espírito Santo, o orientador e conselheiro foi deixado de lado - é muito custoso passar horas, dias e anos buscando respostas de Deus. É muito mais fácil, por outro lado, recorrer aos serviços de fofoqueiros oficiais e aduladores.

A política, não a política verdadeira, mas o "toma lá da cá", veio para ficar. É praticamente impossível não ver, entre os exércitos de auxiliares de políticos ditos evangélicos, filhos e filhas de líderes religiosos evangélicos - é o famoso e anti-bíblico: "É dando que se recebe", conforme saiu na imprensa (2005) dois casos de funcionários fantasmas. A lei de "Gerson" caiu bem ao gosto dos novos líderes "gospel" emergentes: "Levar vantagem em tudo". Santidade para essa gente, nem pensar: é motivo de risos. São legítimos caras de paus, "ungidos" com óleo de peroba.
.Sanguessugas

Como os novos formigueiros se "deram bem", os antigos não ficaram de braços cruzados. Pregadores surgiram com mensagens contextualizadas aos "interesses" dos pecadores. Trocaram a mensagem cristocêntrica pelos testemunhos impessoais de A ou de B, cuja a casa é uma mansão de cinco andares e o possante, um Toyota Corolla. E foram tolerados. E foram aceitos. E os valores foram invertendo-se, e uma nova nata de "pregadores" se formou. Visitas da "gentalha" nas casas dos líderes desses formigueiros, para uma oração ou cafezinho, nem pensar! Por causa do cheiro - de suor.

Conversão de almas? Batismo com o Espírito Santo? Isto não lhes pertence mais... A custa de muito esforço apenas os filhos dos crentes estão sendo induzidos ao batismo, pois esta nova geração é crítica e observadora da hipocrisia paterna. A avareza e a hipocrisia e a insistente divulgação de má fama dos iguais, dentro de casa, estão matando a fé dos próprios filhos. Ação e reação. Lei divina da semeadura e da colheita em funcionamento.

Diante dessas coisas, nossa formiga um dia parou para pensar e chegou a seguinte conclusão: há loucura no comportamento do "Sinédrio" desses formigueiros. Abandonaram a simplicidade dos apóstolos. Trocaram a presença do Senhor por carros blindados, por haras de cavalos e éguas, por filhos pendurados como funcionários fantasmas de corruptos. A moral e a paz da igreja por apego exagerado ao poder. Deixaram a oração, pois já se julgam deuses. E, assim como aconteceu no passado vai se repetir no futuro. Tal como um formigueiro que pode ser aniquilado por um simples tatu, os dias de esperteza e a fonte de sustento dos novos "brâmanes" vai secar, pois o Senhor não se deixa escarnecer. Assim está escrito em Ezequiel, capítulo 34. E quem tem ouvido ouça o que o Espírito diz.

Por outro lado, todo cuidado é pouco para não se deixar levar em redor e beber deste pensamento "gospel" envenenado, nem cair na frieza. Quem ainda tem Temor de Deus, se afaste deste tido de companhia. Quanto a mim, diz a formiga: "A vida continua. Há muitas almas perdidas para ser salvas, o Evangelho precisa ser pregado, muitas ovelhas a beira do abismo, o Espírito deve continuar falando e sendo ouvido. O pecado de uns não pode ocupar, todo o tempo, o pensamento de outros, para que ninguém perca a coroa que está preparada para quem vencer a maratona. E só se ganha esta maratona rompendo a fita de chegada nos portões celestiais.

"Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus".
Filipenses: 3:13-14

Joao Cruzue
Escrita em 06.fev.2007