terça-feira, fevereiro 12, 2008

Curso de engenharia de petróleo


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PRA-1 da Petrobrás

Recém-criado nas universidades brasileiras, o curso de engenharia de petróleo já atrai uma grande quantidade de vestibulandos. A graduação é a mais concorrida do processo seletivo 2007 da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desbancando medicina - tradicionalmente a mais procurada. Engenharia de petróleo tem 28,4 candidatos por vaga, enquanto medicina possui 28,06.

Um engenheiro de petróleo atua na área de exploração e produção, construção de poços, desenvolvimento de campos de prospecção, dimensionamento, avaliação e exploração de jazidas, transporte, refinamento,industrialização e atividades afins como processamento de gás natural.

Para especialistas, a grande procura pela graduação reflete o crescimento da demanda por profissionais no mercado de trabalho. “A área está em ampliação no país e não há um número suficiente de pessoal capacitado. Se fizerem um concurso hoje para contratar 200 pessoas, não vai haver concorrentes”, afirmou o professor universitário Virgílio José Martins Ferreira Filho, um dos fundadores do curso da UFRJ.

A falta de mão-de-obra qualificada faz com que empresas que precisem contratar engenheiros de petróleo tragam pessoas do exterior. A Petrobras criou há 50 anos uma universidade institucional para capacitar seus funcionários. A empresa contrata pessoas formadas em várias engenharias e dá treinamentos que duram 11 meses.

Segundo o gerente de gestão do efetivo da empresa, Lairton Corrêa de Souza, apesar de não ser pedida formação específica, o candidato graduado em engenharia de petróleo terá mais chance de se sair bem nos concursos.

A indústria de petróleo representa hoje 9% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional é uma das áreas que mais tem avançado no país. O setor cresceu 318% entre 1998 e 2004, contra apenas 14,2% da economia brasileira, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo. Só a Petrobras - a maior do país no setor - lucrou R$ 23,7 bilhões em 2005 e pretende investir US$ 87,1 bilhões no setor entre 2007 e 2011. A meta da empresa é dobrar de tamanho até 2015.

Mercado de trabalho

Segundo especialistas o salário inicial de um engenheiro de petróleo fica entre R$ 3.300 e R$ 3.500. Quem trabalha em campo, como nas plataformas, recebe um acréscimo de 30% de adicional de periculosidade.

A graduação também abre possibilidades para quem quiser atuar fora do país, pois o mercado mundial precisa de profissionais da área, segundo afirmam especialistas. “Levantamentos estimam que faltam cerca de dois mil engenheiros de petróleo por ano, no mundo”, diz o professor Ferreira Filho.

Não há dados sobre a demanda no Brasil, mas a Petrobras, por exemplo, selecionou 760 pessoas para atuar como engenheiros de petróleo entre 2000 e 2006. Neste ano, outros 337 que foram aprovados em concurso público devem ser admitidos. A projeção da empresa para o período de 2005 a 2008 é contratar 11.286 pessoas. Só neste ano, foram sete mil contratados. No entanto, a instituição não sabe dizer quantas dessas vagas são para engenheiros de petróleo.

A entidade conta com 45 mil funcionários em todas as suas unidades espalhadas no país. Desses, 1.838 são engenheiros da área.

Após a quebra do monopólio do petróleo no Brasil, em 1997, outras empresas além da Petrobras podem atuar no setor. Atualmente, são 55 concessionárias. Essas instituições devem gerar mais vagas no mercado, pois precisarão de pessoas especializadas para trabalhar na área. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), as concessionárias devem aplicar US$ 25 bilhões entre 2006 e 2011. Há ainda empresas que prestam serviços para as concessionárias.

http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,AA1295359-5604,00.html


A educação brasileira em debate


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por Gustavo Iochpe
especialista em educação

"Já virou clichê afirmar que a educação é uma das ferramentas estratégicas mais importantes – provavelmente a mais importante – para um povo que queira se desenvolver nos dias que correm. Algumas pesquisas da década de 90, olhando para o crescimento econômico dos trinta anos anteriores, apontavam que a educação secundária era significativa para o crescimento, mas não a primária. É muito provável que os pesquisadores de 2040 identifiquem o ensino superior, e não mais o secundário, como a variável relevante para explicar o desenvolvimento dos países no começo deste milênio.

Nos países mais avançados, a educação secundária já foi massificada há tempo, e vários desses países caminham rapidamente para 100% de matrícula no ensino universitário. Segundo os últimos dados da Unesco, a Coréia e a Finlândia já passaram dos 90%; a Suécia, a Dinamarca, os Estados Unidos e a Nova Zelândia já superaram os 80%. A média dos países da América do Norte e da Europa está em 70%. É no nível de ensino superior, portanto, que os países cada vez mais se diferenciarão.


Esse é um fenômeno recente, ocorrido nos últimos 25 anos. Os países que buscavam o desenvolvimento rápido entenderam que a qualificação de suas populações era um caminho obrigatório e trataram de criar mecanismos que permitissem a massificação do conhecimento em seu nível mais alto. Entre 1980 e 1997, por exemplo, a Coréia aumentou sua taxa de matrícula universitária em 353%, a Turquia em 320%, Portugal em 255%, e assim por diante.

O resultado é que vários países, inclusive aqueles que partiram de um patamar muito baixo, chegaram aos dias de hoje em condições de sonhar. O Chile, por exemplo, tem atualmente 48% dos seus alunos em idade universitária no ensino superior. O Líbano tem 46%. O Panamá tem 44%, o Uruguai tem 42%, a Venezuela tem 41%. A China vem assombrando o mundo com a rapidez da sua ascensão: de 6% de matriculados em 1999, passou para 22% em 2006.


O Brasil foi mais uma vez a exceção negativa. Apesar de termos universidades tradicionais, no período 1980-1997 aumentamos nossa matrícula em apenas 36%, e mesmo o crescimento acelerado nos últimos dez anos ainda nos deixa com apenas 24% de matrícula no ensino superior. Praticamente um terço dos países desenvolvidos e metade de vários dos nossos vizinhos continentais, portanto.

Estagnamos por três razões. A primeira é a péssima qualidade da educação básica, que gera um número pequeno de concluintes aptos a entrar no ensino superior. A segunda é o estrangulamento do modelo financeiro: as universidades públicas brasileiras estão entre as mais caras do mundo e sua replicação em escala é inviável, e falta renda na população para custear mais ensino privado.

Finalmente, faltavam até há pouco opções de cursos superiores mais adaptadas às demandas desse novo contingente de estudantes, que querem programas mais curtos e mais direcionados às necessidades do mercado de trabalho, sem ter interesse em uma formação acadêmica, humanista. Nos países desenvolvidos, entre 15% e 30% da matrícula costuma ser nesses cursos mais curtos e profissionalizantes, contra 4% no Brasil.


Em um cenário como esse, de tremenda defasagem do Brasil em relação ao resto do mundo, deveríamos estar correndo a todo o vapor para recuperar o tempo perdido, focando na melhoria do ensino básico, na expansão das vagas em universidades públicas, na criação de mecanismos de financiamento das universidades privadas e em campanhas antievasão dos alunos já matriculados.

Causa estranheza e certo desalento, portanto, que nesse cenário o Ministério da Educação tenha iniciado uma campanha para monitorar e eventualmente fechar os cursos de baixa avaliação institucional, primeiro na área de direito, agora na área de pedagogia".

continua: www.veja.com.br/gustavo


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