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sábado, junho 14, 2008

Barack Obama sob um olhar muçulmano


"O APELO DE OBAMA NO MUNDO MUÇULMANO"

Barack 4 peace
Obama para a paz

YASSER KHALIL

Tradução: João Cruzué

"Cairo – O Senador Barack Obama representa um fenômeno que tem chamado a atenção global e cativado as mentes de muçulmanos pelo mundo pois ele empreende uma campanha animada para se tornar o próximo presidente dos Estados Unidos.

Apesar do debate aquecido da campanha e um pouco de retórica controvertida quanto ao Islã, grandes segmentos da população muçulmana aqui permanecem fascinados com a eleição e se tornaram grandes fãs do Senador Obama.

Este nível de apoio a um candidato presidencial americano é sem precedentes no mundo muçulmano. Que isto venha no meio de uma sensação quase unânime de indignação e raiva quanto à política exterior dos Estados Unidos – em particular no Iraque e os territórios palestinos – torna isso ainda mais notável.

A explicação é simples: muitos muçulmanos vêem uma nova razão para esperança na aproximação política de Obama e de seus conselheiros. Sua ânsia evidente para reunir mais suporte internacional à política dos Estados Unidos, e até falar "com os inimigos" da América, é a causa do otimismo. Imagine o que a política global pareceria no Iraque, Sudão, Afeganistão, se uma visão como a de Obama tivesse influenciado as lideranças dos Estados Unidos, antes.

Como um árabe muçulmano do Egito, afetado pela política externa dos Estados Unidos, acredito que uma aproximação de Obama ajudaria a resolver os problemas acumulados entre muçulmanos e americanos que ficaram ainda mais agravados desde os ataques terroristas de 11 de setembro. Técnicas novas e mais criativas para tratar com extremistas em lugar dos métodos controvertidos usados pela administração atual dos Estados Unidos também podem tirar da Al-Qaeda e de outros grupos iguais o pretexto para recrutar novos membros. Então, talvez, os extremistas perderiam os argumentos que fornecem o combustível a sua máquina criminosa que os leva a destruir a gente inocente.

Existem, naturalmente, aqueles no mundo muçulmano que se opõem a Barack Obama. Eles argumentam que a Política dos EUA não mudará com um novo presidente. Para eles eu digo que Obama tem já provado há espaço para balançar o barco. Ele se opôs à decisão de invadir o Iraque e está fazendo recomendações lógicas e concretas para que se retire as tropas dos Estados Unidos de lá.

Os muçulmanos cínicos argumentam que todos os políticos americanos, inclusive Obama, são influenciados na direção de Israel à custa de Árabes. Mas nós devemos diferenciar entre o suporte de um candidato por um estado judaico e um viés inerente em direção a ele. A amizade dos Estados Unidos com o Israel não tem de ser uma ameaça, especialmente se ele tomar uma posição mais ativa ao criar tão somente uma política justa para o resto do mundo árabe.

Depois houve o debate apóstata. Quando Obama foi descrito como um apóstata muçulmano em potencial, muitos muçulmanos reagiram com espanto e curiosidade. Obama disse que nunca foi muçulmano, em primeiro lugar, ainda que algumas pessoas o consideraram assim, por parte de pai. Para mim, é claro que o Islã é um ato de livre escolha, não hereditário.

Outras campanhas pela Internet exploraram pretensos links muçulmanos de Obama retratando a América como "um país racista" cujos cidadãos e os políticos nunca permitiriam a Obama ganhar, porque ele é negro e tem raízes muçulmanas. O esforço malogrou-se, mas todavia trouxe para o candidato até mais compaixão entre mundo muçulmano.

A negativa de Obama de ser um muçulmano não significa que ele o vê como uma acusação, em vez disso, ele está distanciando-se de acusação formal de engano e hipocrisia. É tempo de sair desses debates desnecessários e julgar este promissor candidato presidencial sobre suas visões políticas e capacidade para equilibrar os interesses globais muçulmanos com aqueles deseus partidários e amigos.

Abraçando o diálogo com países muçulmanos como a Síria e o Irã, e saltos iniciais dos esforços diplomáticos dos Estados Unidos , Obama abrirá portas que foram fechadas – e trancadas– nos últimos anos. É do interesse de todos os países muçulmanos que o presidente dos Estados Unidos tenha tal aproximação construtiva, mesmo enquanto mantém um alto grau de amizade com o Israel e poderes que o apoiam nos EU e exterior.

Em desempenho racional, abrangente, e políticas criativas, Obama pode continuar eficaz enquanto ainda supera obstáculos que impedem o caminho da coexistência e de uma paz global."

Tradução: João Cruzué

Yasser Khalil é pesquisador e jornalista egípcio.
Artigo do The Christian Science Monitor

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cruzue@gmail.com